sexta-feira, 30 de março de 2018

Abençoada verdadeira Páscoa

Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós."
                                   1 Coríntios 5:7

       Jesus é a nossa páscoa. Todo o Antigo Testamento anuncia profeticamente a vinda de Jesus. Personagens, celebrações e acontecimentos foram sinal profético inconfundível.

      A pascoa, celebração da última noite no cativeiro egípcio, reúne pelo menos três indicações muito claras que apontam que, em Jesus, ela se cumpriu profeticamente.

      Jesus é nossa páscoa porque nele reside a distinção entre salvos e não salvos, como ocorreu na noite da páscoa egípcia: quem não estava debaixo da proteção do sangue, não foi poupado do juízo de Deus.

       João Apóstolo escreveu: "Quem nele crê, não é julgado; o que não crê, já está julgado. Porque não crê. Nisto há distinção. Ninguém é condenado pela quantidade ou qualidade de pecado. Mas será se não crer no único modo de expiação: sem derramamento de sangue, não há remissão de pecado.

      Jesus é nossa páscoa também porque foi o cordeiro imolado. Para retirar o sangue, foi necessário ter matado o cordeiro. Morte que apontava para aquela de Jesus, substitutiva: quem em Cristo morre, uma vez batizado nEle pelo Espírito Santo, em Cristo ressuscita.

       E Jesus também é nossa páscoa porque, no poder de seu nome, familias se reúnem, sob a proteção do sangue, para formar a congregação dos libertos.

       Cada família, no Egito, que convidou seu vizinho, cada estrangeiro circuncidado reunido a eles, todo o grupo, todas as casas com a marca do sangue formaram a congregação do deserto.

      Também nós somos a congregação do deserto, uma vez tirada do mundo pelo poder de Jesus e ao abrigo da igreja, casa do Senhor onde estão os marcados pelo sangue de Jesus.

     O que nos torna verdadeiramente igreja, parte integrante dessa congregação, não é qualquer formalidade, herança ou direito adquirido. É o fato de termos sido lavados pelo sangue de Jesus, unidos a Ele, em sua morte e ressurreição, edificados na comunhão com Jesus como pedras que vivem.

       Jesus é a nossa páscoa.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Oração

        Não seja por isso. É que nem sei o número de ordem. Já falei sobre oração aqui. Aliás, essas coisas temos de falar delas. Falar significa compartilhar, refletir e insisitir em praticar, não necessariamente nesta ordem.

        Três estágios para a oração. Aquele que se refere ao tipo de oração do dia a dia. Aquela corriqueira, quase formal e reza obrigatória: quando levanta, quando sai, quando volta, quando almoça, quando deita, quando medra.

       Neemias, por exemplo, dá exemplo de dois tipos: o intensivo, quando recebeu as péssimas notícias sobre os escombros de Jerusalém, e a outra, de súbito, na hora em que o rei identificou sua tristeza estampada no rosto.

       Então orei ao Senhor, disse ele, de imediato. Uma oração ao Deus da minha vida, assim, subindo do íntimo. Essa é a oração respiração da alma, que sobe a toda a hora, no engarrafamento do trânsito, no estresse do trabalho ou no surto do inesperado.

       Outra é a do medo, essencialmente covardes que somos. Como os discípulos, que acordaram Jesus de um sono, cochilo gostoso, por causa do medo do mar. Que nem era um mar, mas era o lago da Galileia. Mas medo sempre é desproporcional: quem o nutre, nutre por qualquer.

        A Bíblia diz que quem teme, teme porque não é aperfeiçoado em amor. Mas medo do assalto, da bala perdida (ou achada), do câncer secreto, enfim, até certo ponto é natural: essa oração caracteriza a nossa fragilidade.

         Somos frágeis em todos os sentidos: estrutural, emocional e moral. Muitas vezes é esse medo que nos move a orar. Não estávamos nem aí pra Deus, vivíamos aquela rotina de reza, repetição de oração por obrigação, quando nos assustamos.

        Às vezes, nessas horas, ficamos até mais "espirituais", mais consagrados para ver se, por agrado e afago (a Seu ego segundo, no íntimo, avaliamos) Deus nos responde. Sim, em todos os sentidos frágeis, até infantis, achando que Deus trabalha na base de trocas: boas intenções de nossa parte, gerando favores da parte dEle. Tolice.

        E a oração que nos coloca diante de nossa missão. Esta precisa ser mais consciente. Necessária, precipuamente, porque igreja tem missão. E se somos igreja, temos missão. Envolva-se nela, seja em que parte do elo dessa corrente. No seu trabalho, na sua casa, em meio a sua família, enfim, onde estamos devemos ser autêntico sinal profético.

      A oração por missão clama por autenticidade. Jesus orava por sua missão. A oração que direciona os vocacionados é por missão. Ide por todo o mundo não é só para pastor, missionário, enfim, a parte "clerical" da igreja. É para toda a igreja. Todos somos profetas e apóstolos destes últimos dias. O tempo está próximo, arrependei-vos e crede no evangelho, como dizia Jesus, no começo de sua missão.

      Ore por missão. Oremos, também, quando dermos de cara com nossa fragilidade. Ela vai se manifestar remota, mediata ou imediatamente. E ore também a toda a hora. Rotina, sim, mas como é rotina a respiração: fôlego de vida.
 

segunda-feira, 26 de março de 2018

        Caprichos do texto.

        Intencional ou não, por parte de Paulo Apóstolo, o autor, na parte doutrinária da Carta aos Efésios, faz caminho dupla via nos capítulos 1 e 4. Explico.

        No primeiro, mostra como, partindo do amor, Deus faz caminho reto até nós. No quarto capítulo, mostra como caminhamos tropegamente até Deus.

        Marque em sua Bíblia, cap. 1: Deus nos escolhe, em amor, antes da criação do mundo e nos predestina em Cristo, no qual obtivemos redenção, por seu sangue.

       Tudo isso riqueza concedida pela graça de Deus. Este capítulo termina com a declaração de que, agora propriedade de Deus, somos selados pelo Espírito Santo. Está descrito aí o empenho da Trindade em nossa salvação.

         Já no quarto  capítulo, tateamos numa direção ao encontro de Deus. E de onde partimos? Paulo esclarece que agora o novo homem em Cristo luta contra o velho homem: ferido de morte, em Cristo, mas que habita em nós.

       No espírito de nosso entendimento, aprendemos que agora, como crentes em Cristo, adquirimos dupla personalidade. Precisamos, então, renovar esse modo de entender.

      O velho homem, em nós, foi ferido de morte. Por isso, devemos vencer-lhe os caprichos, aí então opera-se essa renovação no espírito de nosso entendimento.

       E inicia-se a jornada que ternina com o convite a sermos diletos filhos de Deus imitadores do Pai, do mesmo modo que Jesus o foi. Percorremos uma corrida de obstáculos até alcançar esse nível.

       Conferindo lá, no texto, passamos pela opção entre mentira/verdade, abrindo mão da facilidade de se irar e de dar lugar ao diabo. Somos convidados a não furtar, mas honrar o trabalho digno e diligente com as próprias mãos.

        Freio na língua (dificílimo, como diz Tiago), sensibilidade de nunca entristecer o Espírito e manter longe de nós todo o aparato que costumamos usar para operar dissensões, na contínua tentativa de promovermos comunhão, na manutenção permanente do espírito do perdão.

         Fácil assim. Corrida de obstáculos. Esta é a via que parte de nós, em direção ao Pai, no contrafluxo daquela que o Pai trilhou, em direção a nós.

         Deus parte do amor, em nossa direção, encontra-nos vencidos no nosso pecado. Por meio de Sua graça, como afirma Paulo, "para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado", este é Jesus Cristo, o amor de Deus nos alcança e somos salvos.

         Graça, continua o Apóstolo, "que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência", por meio dessa graça somos resgatados dessa nossa condição abjeta.

         Iniciamos nossa caminhada em direção ao Pai. Despojando-nos, como diz o texto, do velho homem, cuja sina é corromper-se cada vez mais. Lutamos contra nós mesmos (ou não).

         O que nos aguarda, não que seja no fim da jornada, entendamos o texto, mas o que somos convidados a praticar na luta contra o mal em nós é que sejamos imitadores de Deus, como filhos amados, e andemos em amor do modo como Jesus Cristo, agora nosso irmão de sangue, assim o fez.

        Ato contínuo. Seguir o exemplo de Jesus. Sede meus imitadores como imito Cristo, diz Paulo aos coríntios. Igreja é cada um imitando o irmão, na medida em que cada irmão imita Jesus Cristo. Dom do Espírito. Sejamos assim.   

segunda-feira, 12 de março de 2018

        "Contudo o Senhor mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida."

                                     Salmos 42:8

       Este Salmo começa com uma franca confissão: "A minha alma tem sede de Deus" para, logo adiante, espoucar com a pergunta: O teu Deus, onde está?".

      O homem deseja um deus a sua imagem e semelhança, manipulável. Aliás, a falsa sensação de segurança, tão frequente na condição humana, requer imediatismo.

      Deus então teria de ser deus. Ou o próprio homem se fará deus. Aliás, de novo, a mitologia já empresta gancho a esse modo de entender, desde a antiguidade, quando deuses, semideuses, demiurgos e heróis se misturavam.

        Habitavam juntamente o Olimpo, o "céu" da mitologia, e a própria terra.  Aliás, até hoje fazem sucesso entre nós os super heróis, que resolveriam nossos problemas. Doce fantasia. Mas, o teu Deus, onde, então, está? Em Beer-Laai-Roí, Agar não atentava para o Deus que via.

      Em Horebe, só quando tudo estava na mesma, Elias pôde constatar a presença de Deus. Sem os milagres à nossa própria imagem e semelhança. Jesus dizia: "Crestes, porque vistes sinais?".

       Ou então: "Se não virdes sinais, não crereis."  É uma fé que depende dos sinais vistos ou que depende da palavra de Deus? O teu Deus, onde está? Ouviste a voz dele hoje?

      Não atentei para Deus, que me ouve. Que me vê. "Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem afasta de mim a sua graça".
   
      "Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus". Ou, "por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus".