sexta-feira, 30 de novembro de 2018

    Terapia de Jesus.

     Alguém já escreveu sobre a pedagogia de Jesus. Eu, sem que seja psicólogo, vou arranhar esse tema.

     Na conversa com a mulher enjeitada e rejeitada Jesus, ao mesmo tempo, resgata o valor dela e promove cura interior.

     Primeiro, identifica-se: a carência por água e a possibilidade da mulher o socorrer estabelece necessidade e interdependência entre os dois.

      Conversar aproxima, eliminando as barreiras sociais que pesavam sobre ela. A surpresa pelo acolhimento foi tão grande, que ela chegou a duvidar do óbvio.

      Troca. Jesus tinha o de que ela precisava. Aqui entra o específico de Jesus, de que somente ele pode suprir toda a canseira e frustração humanas.

       Ela era sofredora por diversos aspectos: na intimidade, era objeto de relações fracassadas. Socialmente, oprimida como toda mulher e, ainda, considerada fora do padrão destinado às outras.

      À mediada que a conversa com Jesus avança, ela expõe suas tentativas de buscar remédio. A religião também era, para ela, recurso limitado para a solução que buscava.

      Embora sua religião falasse sobre Deus, estava condicionada à disputa entre grupos que aprisionavam e sufocavam, numa polêmica estéril, o benefício de conforto que atenderia à sede que Jesus identificou.

       Só então a revelação sobre quem Jesus é libertou a mulher de suas amarras. O encontro com Jesus é encontro com Deus e isso supre com todo o alívio a condição humana.

      Mesmo que não admita, a vida sem comunhão com Deus frustra o ser humano. Deus é fonte de vida. Quanto ao homem/mulher, indistintamente, seus erros os consomem e sua finitude os deprime.

        Quando reconciliados com Deus, por meio de Jesus, vêm alívio e remédio para o mal intrínseco. Abre-se o portal da eternidade, a experiência da vida autêntica se plenifica, assim como opera-se a terapia do perdão.

      O encobtro com Jesus é completa terapia. Ou começo dela.
   

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

     
Tela "O grito",
Edvard Münch, 1893

 Grita, sabedoria, grita!

      Como protestantes, realmente fazemos algumas afirmações bastante provocadoras que, por puro capricho da história ainda não nos mergulha mais fundo em maior desagrado para quem nos ouve.

     Costumamos falar da facilidade em se ouvir a voz de Deus. Da facilidade em se falar com Deus. Aliás, vivemos espalhando aos quatro ventos que, todo dia, a toda hora, fazemos isso.

     Como assim? Apontamos logo a Bíblia. Realmente, para uma primeira necessidade, economia de emergência, a Bíblia é um kit de primeiros socorros. Não há como prosseguir, como ela mesma diz, sem fé: "Sem fé, é impossível agradar a Deus".

      Portanto e, principalmente, para nós, protestantes, não dá para avançar, em se falando de Deus, sem Bíblia. Dizemos que seu objetivo, precipuo e óbvio, é garantir salvação.

      Que salvação? É radical. Ela mesma afirma e nós aplicamos a nós mesmos e reproduzimos: morte está associada a pecado. Deus se fez homem, em Jesus Cristo, para salvar a humanidade, homem e mulher, desse destino maldito.

       De cara, então, a Bíblia garante salvação. Veja bem. Ninguém aqui está falando de algo mágico, ora, como uma parcela de gente gosta de acolher: pela mágica sois salvos. E também não se fala, aqui, de mérito ou de obras.

      Duas outras coisas também, muito comumente, aceitas: tenho direito de ter minha religião, escolho meu caminho e chamo de "deus" o que (ou quem) eu quiser. Ou então, dizer, ora, "tem de fazer por onde" para se salvar.

       "Deus disse esforça-te, que eu te ajudarei". Mais ou menos assim. Podes crer, como se diz na gíria antiga, porém, sem apoio nosso, porque não vamos te enganar. A Biblia garante, sim, salvação grátis, mas por um único caminho.

      Não virou bagunça. Não está bagunçado, como muita gente quer e anuncia. Por isso que estão querendo mudar o texto, para que melhor se adapte ao desejo do povo. Ora, não vamos enganar você.

         Está claro na Bíblia o modo como Deus estabeleceu a salvação. Se você quer desacreditar ou bagunçar, problema seu. O essencial está posto. Creia e comunique a Deus sua fé. Ele quer ouvir e confirmar. A partir de então, ouça, permanentemente, Sua voz.

      A Bíblia compara a voz de Deus a uma brisa. O vento do Espírito. Que já ventava na Criação, como explica o Gênesis, o Espírito pairava por sobre as águas do oceano primordial, em absoluta solidão.

    Havia comunhão intrínseca entre a Trindade. Mas o homem não havia sido ainda criado. Ora, pela radicalidade que implica afirmar Deus existe/não existe e, se existe, comunica-se, não dá para negar essa ansiedade e presença do Espírito no homem/mulher.

      E será por voz mansa. Ora, então, por que será que grita? Quantas vozes interiores, ou mesmo de fora para dentro, impedem ouvir a mansa voz do Espírito? "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz à igreja".

       Por que grita? Que sabedoria é essa que grita? Que sensação é essa do grito?

domingo, 11 de novembro de 2018

      No Apocalipse, a primeira visão de João predispõe para todas as outras. Porque autentica o emissor da mensagem do livro, Jesus, e o destinatário da mensagem, as igrejas.

      É evidente que Jesus reúne em si todas as características necessárias para cumprir, em relação às igrejas, o seu papel, por excelência, de sumo pastor.

       Daí em cada carta às 7 igrejas, logo na introdução delas, a citação do atributo específico de Jesus que corresponde às necessitadas flagrantes de cada igreja.

       Conferir essa relação é descobrir aspetos comuns não apenas às sete igrejas, mas às igrejas de todas as épocas, relacionados às capacidades de Jesus, como Senhor da igreja, para a solução dos problemas que elas enfrentam.

        JESUS                     IGREJAS

Conserva nas mãos
as 7 estrelas e anda         ÉFESO
em meio aos 7 can-
deeiros.

Primeiro/Último
         A/Z                        ESMIRNA
 Morto/Reviveu

Espada afiada de
  dois gumes                 PÉRGAMO
 
Olhos como chama
de fogo e pés como        TIATIRA
     bronze polido 

Tem os sete
espíritos e tem              SARDES
as sete estrelas 

     Verdadeira
 chave de Davi,
que abre, ninguem       FILADÉLFIA
 fecha; que se fecha,
   ninguém abre

   Testemunha
verdadeira e princípio   LAODICEIA
da criação de Deus

      E que cada igreja reconheça a avaliação que Jesus dela faz. Que avaliação Jesus faz de sua igreja? Que avaliação Jesus faz de você?

ÉFESO - perda de identidade: uma igreja que abandona o amor, deixa de ser igreja; um crente que perde o amor, nunca teve, provavelmente. Confira a identidade em 1 Jo 4,7-21.

ESMIRNA - tribulação, pobreza e sofrimento, neste mundo, enfim, total inconformismo a ele estão associados à identidade da igreja e do crente. É um grau de tribulação a enfrentar, como diz Tiago 1,2-4.

PÉRGAMO - para testemunhar a palavra de Jesus no mundo, com autenticidade, sempre vamos enfrentar oposição, perseguição e até risco de morte: 1 Tm 3,12.

TIATIRA - precisamos conferir doutrinas e os estilos de vida que nos recomendam, diante de Deus: devem ser postos à prova por meio da Bíblia, testando a capacidade de distinguir o falso ou aparentemente verdadeiro. Veja Cl 2,14-19.

SARDES - somente Jesus tem a capacidade de conhecer a diferença entre igreja viva/morta, entre ser verdadeiramente crente ou não. Nunca é tarde para saber. 2 Co 13,5.

FILADÉLFIA - pouca força própria, toda força no Senhor; autenticidade no testemunho; guardar a palavra e não negar o nome de Jesus é o que mantém uma porta aberta que nunca será fechada. Mt 16,18-19.

LAODICEIA - uma igreja na qual seus crentes fizeram a escolha ao inverso: não era aquela riqueza, nem roupa e nem óculos que permitiam enxergar o reino. João 3,3.

       Bom exercício fazer esta relação entre a capacidade de Jesus para conhecer cada problema de cada igreja e Sua única condição de resolvê-los.

      Isso nos alerta para avaliamos nossa condição como crentes e nos colocarmos, com seriedade, diante de Jesus, para que ocorra o nosso aperfeiçoamento. Fp 3,12-16.


Todos os dias são domingo

           Ora, hoje é domingo. Quantos domingos já vivi? Desde que me lembro, domingo, para mim, é dia de igreja.

     Minha mãe conta que me trocava as fraldas, aquelas mesmas, de pano, ainda, nos bancos da Igreja Congregacional de Nilópolis.

      Todo domingo ela ia e, desde recém-nascido me conduzia à igreja.  Que valor isso tinha? Que valor isso tem? Que valor isso terá?

      Tinha, no tempo de minha mãe, muito valor. Por isso ela achava muito importante transmitir isso para mim. Mas, daquele tempo para cá, o valor da ida à igreja, aos domingos, decaiu.

      O valor que isso tem precisa ser resgatado. Às vezes empurramos aos outros ou avaliamos "igreja" como algo fora de nós, como se fosse um programa de shopping, de fim de semana, de que gostamos ou não.

       O valor que terá é voltarmos à Bíblia e ao interesse de aprender dela todos os domingos, contarmos nossos hinos e reencontrar os irmãos na igreja.

      Santa rotina. Se nós mesmos não enterdermos que o valor da igreja existe na proporção do valor que nós mesmos atribuímos, vamos continuar desprezando-a e não a  colocando como prioridade em nossa agenda.

      Igreja é o que a Bíblia define que ela é: cada um de nós, como pedras que vivem, edificados sobre a rocha que é Jesus. Pedras que vivem, aprendeu Pedro e escreveu em sua carta, 1 Pedro 2,1-10.

      Vá lá, agora, pegue sua Bíblia e leia este texto. Feche-a e ore, agradecendo a Deus porque você é pedra edificada sobre Jesus. E esse ajuste de pedra a pedra forma o altar, edifício de Deus, casa do Espírito Santo dedicado ao Senhor.

      E não deixe de estar hoje, a partir das 18h, em sua igreja.