“Eu quando morrer, não vou embora daqui não: vou ser
enterrado neste seringal”. Assim, como uma gostosa gargalhada, iniciou-se esse
tour de recordações de seu, quer dizer, nosso Alonso sobre sua vida nos
seringais.
Contou sobre sua quarta irmã, Alzenir, que, sim, foi
sepultada num seringal, possivelmente vitimada por febre amarela. Porque não
havia médico no município, somente o farmacêutico, e ninguém soube do que se
tratava. Ele trabalhou no seringal Nazaré, colocação Esperança, município de
Brasileia.
Era com o Sr. Raimundo Siriaco Braga, que dizia a ele que,
já que todos já haviam ido embora, se ele não iria também. Seu Alonso brincava,
então, que não, que seria o último a ficar ali, que seria enterrado nesse cemitério
aí, lá mesmo, onde Alzenir jazia.
Esse era seu pensamento, comenta, mas logo reafirma que não
foi o de Deus. De lá saiu para uma cirurgia do coração, operou e se sentiu bem,
retornou para trabalhar no mesmo ritmo mas, como afirmou, uma coisa mínima o
afetou: as vistas. Sem visão em uma delas, perdeu a nitidez de poder enxergar
com os dois olhos.
As terras que adquiriu, pertenciam ao seringal Barro Alto,
de Severino de Souza Oliveira, o gerente (ou comboieiro), e de um seringalista
por sobrenome Lopes, de Manaus. Esse Lopes, o velho, foi levado pela esposa,
doente, para essa cidade, lá pelos idos de 1926. A esposa escreveu uma carta ao
comboieiro, que ficasse gerenciando o seringal até que ela voltasse.
Gerente honesto, em 1928 pagou precatórias ao Banco do
Brasil, de umas dívidas do Barro Alto. Com a derrocada dos negócios da borracha,
com a Malásia superando o Brasil na produção, assim como pela idade avançada do
Severino, este comprou um maquinário e mudou sua atividade.
Acabamos por comentar sobre o primeiro e o segundo ciclos da
borracha. O primeiro, de cerca de 1877 a cerca de 1920, com o boom da borracha
no mundo. O segundo, devido ao esforço de guerra, encerrado com ela em 1945,
quando vieram para o Acre os denominados “soldados da borracha”.
Aqui entra a história do pai de seu Alonso, um soldado da
borracha, um ex-militar da ex-polícia territorial do Acre, época da construção
do Palácio do Governo, do quartel da PM, da construção da penitenciária, onde é
a atual prefeitura, quando foi transferido para Brasília, antigo nome de
Brasileia, em 1935.
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