⁷ "Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; ⁸ e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, ⁹ e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação ¹⁰ e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra." Apocalipse 5.
Enquanto o primeiro Cântico expressa a santidade de Deus, e o segundo Seu atributo soberano de ser o Criador, este terceiro Cântico exprime outra obra específica de Deus, a salvação.
Porque o Livro aqui mencionado, na mão de Deus, inacessível e para o qual, ao menos nem olhar era possível, da mão de Deus o toma o Cordeiro. E as razões únicas pelas quais pode realizar esse feito exclusivo estão indicadas:
"...porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação ¹⁰ e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra."
Cada etapa dessa justificativa: 1. o Cordeiro foi morto; 2. Com o Seu sangue, comprou para Deus; 3. Os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação; 4. E para Deus são constituídos reino e sacerdotes; 5. E reinarão sobre a terra.
A dignidade do Cordeiro está direta e especificamente condicionada à identidade de Seu sacrifício na cruz. E também vem expressa a finalidade desse sacrifício, que é comprar para Deus o povo salvo. E o que se tornam, diante de Deus, reino de sacedortes que reinarão sobre a terra.
Essa condição confere com os propósitos de Deus, desde o pacto do deserto do Sinal, após o resgate do povo de Israel, saído do Egito, porém não cumprido por esse mesmo povo.
E a revelação de que na e pela igreja de Jesus, como continuidade da obra de Deus, esse objetivo é alcançado. O Apocalipse, numa de suas funções, percorre as páginas das Escrituras, estabelecendo vínculo e continuidade que demonstra o efeito do agir de Deus na história.
O que foi condicionalmente proposto a Israel ser, no Sinai:
⁵ "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; ⁶ vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel."
Êxodo 19.
O que é dito à igreja ser, em sua composição mista, para judeus e não judeus:
⁹ "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; ¹⁰ vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia." 1 Pedro 2.
Desse modo, o terceiro cântico, no Apocalipse, destaca, como num arco estabelecido pela providência de Deus, a vocação para o Seu povo, assim chamado e identificado, como não tendo solução de continuidade.
O que foi proposto a Israel, tem continuidade na igreja, para alcançar, como está expresso, "toda tribo, língua, povo e nação". Tomar do Livro, destaca a enunciação dessa verdade, e toda a ação do Apocalipse se dá pela autoridade do Cordeiro em lhe abrir os selos.
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