Alguns versículos da Bíblia beiram paroxismos. Nem sei se a palavra é essa. Nesses casos, para falar de Deus, às vezes faltam palavras.
Mas são situações que beiram o imponderável. Que se não fossem as Escrituras, é os caras que escrevem, sujeitos de uma envergadura como um Paulo Apóstolo, a gente não daria crédito.
Vamos aos fatos, começando por:
⁵ "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus". Fp 2.
Ter em nós o sentimento, aliás, especificado, para não restar dúvidas, o "mesmo" sentimento, beira o imponderável.
A gente vai recorrer aos métodos, ora, hermenêutica, exgese, contexto do texto, enfim, seja o caso. Mas vai retornar à dureza nua e crua do texto. Assim, dependurado e solto, vai se atinar com uma coisas dessas.
Avalie o sentimento de Cristo. Agora, ter o mesmo dEle, não restam dúvidas, em nós. Posto dentro das possibilidades da fé, da piedade cristã, ora, que refinamento.
Resta tentar. Praticar. E não fica só nisso. Há mais do imponderável. Ele, sim, Paulo Apóstolo, volta a afirmar cousas do gênero. Desta vez, o que segue:
¹⁶ "Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo." 1 Co 2.
Certo. Convicto. Compreende-se a primeira parte. A mente de Deus é inescrutável. Mas a afirmação seguinte, decorrente da primeira, inscreve-se nessa categoria.
Imponderável. Seria simples retórica do Apóstolo? Mas ele afirma, peremptoriamente (mais esta palavra), que temos a mente de Cristo.
Evidentemente, refere-se à presença do Espírito em nós, assim faço a leitura, sim, diante de quem, do Espírito, Deus deixa de ser inescrutável.
E sobre essa relação conosco, de tanta fluidez e intimidade, extrema e completa comunhão, a ponto de assim se expressar, ele afirma: "temos". E, o que temos, é a "mente de Cristo".
Mas não satisfeito, com toda essa liberdade, autoridade e atrevimento, Paulo que, até agora falou do sentimento e da mente de Cristo, vai se expressar ao extremo:
²⁰ "...logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim." Gl 2.
Neste trecho Paulo afirma que Cristo vive nele. Ora, evidentemente aqui é necessário avaliar em que sentido disse. Mas está dito e, de antemão, em função, seja do contexto do texto, a quem é dirigido, e do grau do autor, ainda acrescido de constar como Escritura, merece todo o crédito.
Então, mas enfim, o que significa ter "o sentimento de Cristo", ter a "mente de Cristo" e, cúmulo dos cúmulos, ter "Cristo vivendo" em si? Ponderável, agora eu diria.
Porque se consta nas Escrituras, afirmando pela autoridade desse autor, torna-se exequível. Vale a pena ponderar no que plenamente significa.
Trata-se, sem dúvida, de um refinamento de vida cristã. Que eu até diria ser visto em alguns. Posso até afirmar que já cruzei, em vida, com alguns desses.
E também uma postura à qual aspirar.
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