¹³ "Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal. ¹⁴ Quem sabe se não se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, uma oferta de manjares e libação para o Senhor, vosso Deus?" Joel 2.
Quem sabe? A pergunta retórica de Joel. Este é o mais misterioso dos Profetas Menores. Não pelo tamanho e nem pela importância.
Decisivo este livrinho. Ele narra uma calamidade, entre muitas por quais passou o povo de Israel, algumas delas, como esta, descritas nas Escrituras.
A qualificação dela está indicada no início do livrinho:
² "Ouvi isto, vós, velhos, e escutai, todos os habitantes da terra: Aconteceu isto em vossos dias? Ou nos dias de vossos pais? ³ Narrai isto a vossos filhos, e vossos filhos o façam a seus filhos, e os filhos destes, à outra geração." Joel 1.
Das pragas sucessivas, em si, não se identifica a data. Mas o que elas tipificam, pode ter sido ou na época da invasão assíria, em 722 a.C., em Israel do Norte, ou em 587 a. C., na invasão de Judá do Sul.
A descrição dos exércitos, que avançam sem desalinhar as tropas, como gafanhotos em sucessão, é assombrosa. Há, no Apocalipse, um eco escatológico desta descrição.
³ "Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra, ⁴ e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte. Ap 9.
E como nas outras profecias, após a prescrição profética do que é horrendo e destrutivo, assim como a indicação de sua causa, a franca infidelidade ao Senhor, vêm as promessas de restauração.
E também como qualquer outro profeta, aponta a conversão ao Senhor como única saída, como início de toda a restauração. Perante o Senhor, perante Jesus, o seu Ungido, não vale o teatro ou a mistificação:
⁶⁵ "Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia". Mt 26.
Blasfêmia ou pecado sem perdão é não reconhecer a necessidade de converter-se ao Senhor. O livro de Joel foi usado por Pedro, no dia de Pentecoste, para indicar o modo como, cumprida a profecia, é possível converter-se pelo Espírito.
Joel, a partir de uma calamidade, anuncia o tempo de vislumbre da salvação, sem jogo de cena, sem máscara ou hipocrisia. Caem as máscaras. A nossa já caiu, na conversão. Seja esmigalhada, sob os pés, sempre que se insinuar como disfarce.
Porque vem o Espírito que Jesus prometeu derramar. E, por ele, é derramado o amor no coração de quem crer. E sua primeira iniciativa, em nós, é mostrar nosso avesso:
⁵ "Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado." Romanos 5.
Prevenir é o melhor. Porque, por quatro vezes, Joel adverte sobre o Dia do Senhor. É melhor começá-lo pela conversão. E quanto à inevitabilidade desse dia, é melhor estar preparado. Porque a própria garantia vem do Senhor, como único refúgio:
¹⁶ "O Senhor brama de Sião e se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tremerão; mas o Senhor será o refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel."
Joel 3.
Quem sabe após si deixa esta bênção. Tanta chance dada por Deus, que até mencionar o arrependimento dEle, insistente em abençoar, atreve-se Joel. Atrevido esse profeta, irônico em sua retórica. Quem sabe.
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