Então, Manoá orou ao Senhor e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus que enviaste venha outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer", Jz 13:8.
A expectativa da criança que vai nascer já é uma dádiva de Deus e revela o desvelo dos pais. No caso de Sansão, ainda antes de nascer, como promessa, os pais foram prevenidos e dedicavam a Deus, por antecipação, o filho que haveria de chegar.
A providência de Deus, quando nos alcança, é restauradora, e mesmo que a criança que veio ao mundo não houvesse recebido a acolhida ideal, haverá, pela graça de Deus, meios de se recuperar para a expectativa correta.
A esposa de Manoá, não nomeada na Bíblia, era estéril. Para ela, já em idade avançada, o anúncio do nascimento de um filho foi grande benção. E feito de modo distintivo e muito especial. O anjo foi designado para fazer.
Deus tinha uma vocação especial para o menino que haveria de nascer. Ela foi instruída para isso. E, quando deu ao marido essa notícia, ele orou ao Senhor para que novamente o anjo o viesse instruir, pessoalmente, do mesmo modo que fizera a sua esposa.
A preocupação de Manoá era saber ser instruído: "...nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer". Todo pai deve ter essa preocupação. Mas saber, da parte de Deus, a instrução é como dedicar ao filho esse mesmo ensino.
Moisés, no Deuterinômio 6,6-9: "Essas palavras que hoje te ordenou estarão no teu coração, tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escrverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas".
Isso mesmo. Exagerado assim. Hoje vivemos um tempo de estresse bíblico. Até os crentes estão enfatuados de Bíblia. Não aguentam mais Bíblia, Bíblia, Bíblia... Então criem seus filhos assim, ao léu, arrisquem e vejam os resultados. Mas não poderão consertar depois. Porque essa chance passa. E tem prazo de validade.
E não será automático: não há como inculcar no filho a palavra que não está no coração do pai (e da mãe). Soa falso para o filho o agir mecânico e formal. Se o pai não se constitui modelo, não terá o que mediar por meio da palavra.
Quando o texto esgota todas as possibilidades, está focando todo o viver. Diária e diuturnamente. Pôr como frontal e nos umbrais, é ter permanentemente diante de si. Caso o pai não dedique a sua própria vida lugar de destaque, para as Escrituras, não poderá, será nulo como exemplo e modelo para o filho, na verdade, para o seu lar, para a sua famiia.
Incomodava Manoá saber que tipo de instrução, proveniente de Deus, poderia e deveria dar ao filho. A ansiedade desse pai foi que obtivesse com clareza essa orientação. Essa manifestação de um desejo, em Manoá, tem três indicadores: 1. Crer que, da parte de Deus, poderia receber orientação; 2. Saber, com clareza, como obtê-la; 3. Reconhecer como aplicável ao filho e pôr em prática.
São três indicadores que, no mundo de hoje, tornam-se desprezíveis, quando nem são levados em conta como exequíveis. Quando se supõe a possibilidade da existência de Deus, talvez se avalie ridículo esperar dEle instrução.
Qual seria, então, instrução e como, portanto, receber: de que fontes, como autenticar, como atualizar no contexto atual? E sua aplicação prática no mundo de hoje. Que valor teriam e, confrontada com a modernidade, dela o que vai prevalecer?
A resposta somos nós que daremos. Não por vencer polêmicas. Nem por impor concepções. Mas por aceitar, crer e promover, no viver, esses três indicadores. A igreja é a única a crer que Deus existe, fala instruindo e que Seu ensino é sempre atual.
E que Seu ensino não é nem acadêmico e nem ciência, no sentido especulativo ou filosófico. Deus ensina a ser humano. Deus resgata a condição de homem e mulher. Onde mais, por que outra fonte existe acesso a essa instrução?
É essa que vamos negar a nós mesmos, assim como negar ser modelo de instrução aos filhos? Pobres, literalmente, pais sería(e)mos.
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