quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Malaquias e suas altercações - 1

 A questão é saber o que fazer do evangelho, enquanto o correto seria refletir sobre o que o evangelho deve fazer em nós.

   Somente compreender, processar e falar sobre ele ainda mantém distante do efeito real. Muito embora, evangelho seja para se entender, vivenciar e anunciar.

  Com Malaquias, ainda estamos no Antigo Testamento. Mas autenticidade é o mesmo, neste e naquele tempo. Basta lembrar a instrução a Josué, mais antiga ainda: meditar, fazer e falar:

⁸  "Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido." Js 1.

   E Malaquias, no AT, é tão pragmático, quanto Tiago, no NT: os dois apontam para um efeito somente possível pela ação do Espírito Santo em nós. Ele começa pelo básico, a lição de amor.

²  "Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o Senhor; todavia, amei a Jacó, ³ porém aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança aos chacais do deserto." Ml 1.

   Trata-se de um conflito de interreses. Costumamos calibrar (o que avaliamos ser) o amor de Deus. Meus interesses vão na frente, sou prisioneiro deles. Amor é mandamento, quer dizer, obediência.

   Nem Jacó, o trapaceiro, e nem Esaú, um "nem aí" para o que Deus considerava santo, eram obedientes. Mas o primeiro, também alvo do amor de Deus, converteu-se, a duras penas. Do outro, não sabemos senão a benção que recebeu do Senhor:

³⁹ "Então, lhe respondeu Isaque, seu pai: Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, e sem orvalho que cai do alto. ⁴⁰ Viverás da tua espada e servirás a teu irmão; quando, porém, te libertares, sacudirás o seu jugo da tua cerviz." Gn 27.

   Em sua segunda fala, o profeta denuncia o desprezo pelas coisas de Deus. Foi o caso de Esaú, menosprezando seu direito de primogenitura, negociado com Jacó. Gn 25.

³³ "Então, disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó."

⁶ "O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? — diz o Senhor dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?"

   Não sejamos manipuladores da fé. No tempo do profeta, Deus era desonrado, a começar pelo mau exemplo dos sacerdotes. Consideremos esta exortação, como sacerdotes de nossa própria fé.

    Honremos ao Senhor,  sem desprezo ou descaso pelo culto,  sem protocolo de liturgia ou presença burocrática e vazia no templo. Porém, conteúdo e coerência de uma vida cristã autêntica.

⁶ A verdadeira instrução esteve na sua boca, e a injustiça não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão e da iniquidade apartou a muitos. ⁷ Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do Senhor dos Exércitos." Ml 2.

   Nesta terceira altercação, o profeta ressalta o referencial da instrução, desprezada pela liderança do tempo de Malaquias. Culto deve ser aula e não entretenimento, com manipulação emocional e arrecadação monetária. Fora coaches da fé, prevaleçam os mestres do ensino.

   Paulo Apóstolo demarca o valor da presença evangélica no mundo. Mas sem instrução, será impossível vivenciar esse sacerdócio:

¹ "Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. ² Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel." 1Co 4. (segue...)

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