⁹ "Vendo Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual ela dera à luz a Abraão, caçoava de Isaque, ¹⁰ disse a Abraão: Rejeita essa escrava e seu filho; porque o filho dessa escrava não será herdeiro com Isaque, meu filho." Gn 21.
De novo estamos às voltas com o temperamento de Sara. E de novo não é a Sara que Pedro elogia e apresenta como modelo:
⁵ Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido, ⁶ como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma. 1 Pe 3.
Quase que o que vemos é Abraão obedecendo Sara. Mas desta vez, Deus consentiu:
¹¹ Pareceu isso mui penoso aos olhos de Abraão, por causa de seu filho." Gn 21.
Era de novo uma questão envolvendo as duas mulheres. Desta vez, os filhos de cada uma, com o seu. Provavelmente, um adolescente de 16 ou 17 anos praticando bullying com um menino de 3 ou 4 anos.
Sem saber, Sara sugeria, em sua cultura, o que na prática atual se chama poliamor ou relação aberta, que é quando há consentimento de um terceiro na relação, no caso de Sara uma concubina para seu esposo.
O desfecho não poderia ser pior e mais vexaminoso para a biografia desse casal patriarca. Malaquias, no AT, é Paulo, no NT, denunciam o tamanho desse erro:
¹⁵ "Ele buscava a descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade." Ml 2.
²² "Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. ²³ Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa." Gl 4.
Certamente, após a intervenção do Anjo do Senhor, emergencialmente enviado por Deus para livrar Agar, grávida, da morte certa, no deserto, seu retorno ao arraial de Abrão e Sarai, pelo menos superficialmente, reconciliou os três.
Mas essa lembrança deve ter prevalecido na memória de Agar e a história de seu nascimento Ismael deve ter conhecido. Por isso, desdenhava de Isaque, mesmo porque, na tradição cultural da época, era ele o primogênito de Abraão.
Mas havia um milagre por detrás. Por isso, ainda que revisitando a sua implicância anterior com a escrava, desta vez Sara teve razão. E foi o Senhor que fez Abraão entender:
¹² Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua descendência." Gn 21.
O milagre do nascimento de Isaque preordena a extensão da mesma fé autêntica em Abraão a todos os que creem. Isaque, mais do que o DNA judaico, é sinal profético do DNA do novo nascimento em Jesus.
A "descendência de Isaque" é mais a que provém pelo DNA da fé em Jesus, para o novo nascimento que Jesus descreve ao fariseu Nicodemos, do que somente a descendência étnica, racial e biológica judaica.
⁷ "...nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. ⁸ Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa." Rm 9.
Aqui entramos os que cremos em Jesus. A implicância de Ismael com Isaque afasta as duas nações, mas não desfaz que são irmãs, filhas do mesmo patriarca: árabes e judeus são irmãos da sangue.
Ora, e ainda com ascendência egípcia legítima. Mas o distintivo da fé é que concede acesso ao mesmo Deus. Não é pela opção de nenhum dos dois nem de seus descendentes escolher uma "fé" qualquer ou por que caminho religioso diverso conhecer Deus.
O descendente de Isaque é Jesus, o caminho, a verdade e a vida. Seja para judeus teimosos em admitir isso, seja para a família dispersa de Ismael. E seja para todas as nações.
O bullying de Ismael assinala essa distinção. A implicância de Sara não se justifica, mais uma vez, mas enseja compreender que o propósito de Deus, com relação ao milagre de Isaque, manifesta o seu poder para o mundo.
¹⁴ "Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho." Gn 18.
O riso de deboche de Sarai se tornou riso de alegria pela promessa estendida de salvação a todo o que crê. Não é a mera aliança de Abraão, mas a aliança no sangue de Jesus.
Aleluia! Este descendente de Abraão, Jesus, cumpriu tudo o que, para ele, foi destinado.