²¹ "Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril; e o Senhor lhe ouviu as orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu. ²² Os filhos lutavam no ventre dela; então, disse: Se é assim, por que vivo eu? E consultou ao Senhor. ²³ Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço. [...] ²⁴ Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que se achavam gêmeos no seu ventre. ²⁵ Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo; por isso, lhe chamaram Esaú. ²⁶ Depois, nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú; por isso, lhe chamaram Jacó. Era Isaque de sessenta anos, quando Rebeca lhos deu à luz." Gênesis 25.
O nascimento dos gêmeos acontece cercado de mistérios e alguns transtornos. Esterilidade confirmada, intercessão do pai, gravidez difícil para a mãe, que chega a desesperar da vida, nascimento prognosticado dos meninos.
O peludo, desde o nascimento, Esaú, o que "pega no pé", segundo a nascer, Jacó. O direito de primogenitura, que torna o mais velho, nesse caso, Esaú, herdeiro dos bens do patriarca, pertenceu por direito ao cabeludinho.
A profecia que serviu de advertência à mãe, prevenia que os irmãos seriam adversários entre si. O que não indicava determinismo, isto é, uma sina pré definida para os dois, impositiva desde o ventre da mãe.
Porém circunstâncias do temperamento dos dois e outros fatores externos como, por exemplo, a preferência cruzada dos pais, a da mãe dirigida a Jacó, enquanto a do pai dirigida a Esaú, precipitaram os acontecimentos.
Esse preâmbulo da vida dessa família antecipa alguma questão não resolvida. Para se entender que as desavenças entre os irmãos procedem dos equívocos da educação que receberam: era desavença proveniente dos pais, gérmen que neles produziu efeito.
O casamento de Isaque foi cercado de mimos. Abraão preocupava-se com pretendentes da terra por onde peregrinava. Por isso resolveu buscar alguém ligado à sua descendência.
Enviou um servo que, por consagração pessoal, orou e pediu a Deus orientação para trazer a pessoa acertada. Embora a Bíblia não descreva traços da personalidade da escolhida, demonstrou ser atenciosa, cordata e recatada.
Essa moçoila que encontram é filha de Betuel, ou seja, o sobrinho de Abraão, filho do irmão Naor e da cunhada Milca. Isaque vai se casar com a filha do seu primo, ela que tem por irmão o não menos espertalhão Labão.
Mais à frente, quando encontramos a família dividida entre as preferências por um e outro filho, bem delineada no plano de Rebeca e Jacó para enganar Isaque, percebemos um sério problema que vai gerar graves consequências.
Mas os fatores que conduzem a esse racha de preferências, certamente engendrou-se como resultado da relação conjugal entre pai e mãe, muito provavelmente devido à diferença da vivência de fé entre os dois.
Pouco se fala de Rebeca, o que se fala de Isaque apenas pode fazer supor traços de seu temperamento. Uma solidão de cada um dos dois, uma parcela essencial à vida a dois não vivida, deixou Rebeca prisioneira de sua própria índole.
Ela porá em prática um desvio de caráter, além de estimular o próprio filho de sua predileção. Porém Jacó também se faz culpado. Um estimula ao outro na cumplicidade desse engano.
Talvez tenham faltado, à mãe e aos filhos, traços de caráter de Isaque não absorvidos para imitação e conduta. Parece que, nessa família, virtudes de fé que havia no pai, morreram com ele.
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