⁸ "E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado." Gn 2.
Essa ideia do jardim é divina. Criar homem e mulher e pô-los nele, também foi ideia divina. Essa é a história inicial do Gênesis.
Talvez seja essa, e para começo de conversa, nas Escrituras (aliás, o nome já diz, Gênesis é início) a história mais debochada, principalmente, no meio dito "acadêmico".
Não que eu desmereça esse círculo. Ao contrário, reputo-o essencial. Muita, mas muita coisa boa provém desse circuito. Mas muita micagem também. Por causa de certas pessoas desentendidas, porém metidas a, como diz a esposa de um amigo, galo cego.
Pois cuidar e guardar o jardim foi uma das primeiras ordens de Deus ao primeiro casal, afeita à própria vocação e preservação deles e do jardim. Muito teriam de aprender juntos, o casal e o Criador.
A quebra dessa comunhão tumultuou essa relação, consequentemente, com Deus, entre si e com tudo à volta. A expulsão do jardim não evitou neles, homem e mulher, a gana estúpida pela destruição do jardim, que eu reputo ser toda a natureza em todo o planeta.
⁸ "Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim." Gênesis 3.
O Deus que andava pelo jardim, na viração de (todo) dia. A proposta de teologia que Deus havia feito, de conversas ao entardecer, pela viração do dia, no jardim, não surtiu o efeito por Deus esperado.
Ao casal faltou buscar o Senhor. A sede de Deus, a mesma que Deus tinha por conversar com eles, não se mostrou, da parte do casal, tão intensa. Foi este o principal erro, fonte de todos os outros.
Conversas com Deus, também chamado oração, é fundamental para confabular, a fim de aprender a obedecer e amar (não necessariamente nesta ordem).
Um salmista chegou a dizer: "A minha alma tem sede de Deus". Essa mesma, da conversa de Jesus com a samaritana. Essa mulher tinha expectativa pelo Messias. Jesus, depois da conversa em torno da sede, revelou-se a ela:
²⁵ "Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas. ²⁶ Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo." João 4.
Na pessoa de Jssus, Deus se fez homem para aproximar a conversa, a ponto de se revelar todo. Por meio de Jesus, conversamos com Deus. Todo dia, pela viração do dia.
Ou como diz outro autor, no Salmo 55:
¹⁶ Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará. ¹⁷ "À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz."
Conversas o dia todo. Aliás, há um engano relativo a Eva que, ainda que fora do jardim, aprendeu a orar. O escritor sagrado diz, sobre Enos, o neto de Eva:
²⁶ "A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do Senhor." Gênesis 4.
Daqui, não: Eva sempre invocou o nome do Senhor. E como essa mulher, ainda que fora do jardim e, como diz o autor de Hebreus, "tenazmente assediados pelo pecado", haja em nós sede de Deus.
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