segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Livre em Cristo, sim; sem carga, não

 ²⁴ "Outra carga não jogarei sobre vós". Ap 2.

    Afinal, que tipo de carga queremos? Talvez, nenhuma. Mas liberdade, sem o fardo de Jesus, é prisão dentro de si mesmo.

    Hoje já ouvi de um profissional: "Maravilha! É a semana ideal". Disse, referindo-se ao Carnaval. 🎭  Há quem considere essa sequência que, em alguns lugares (ou mídias) já se iniciou, 1 semana antes, como dias muito leves, de pura 🍃folia, sem nenhum freio.

  Seria muito bom uma vida sem preocupações. Fazer de conta que não há nenhuma carga. A frase lá em cima foi dita por Jesus a Tiatira, uma das 7 igrejas da Ásia Menor nos dias de João, esse mesmo do Apocalipse.

  Quer dizer que Jesus já havia jogado uma (ou mais) carga(s), mas promete não jogar outra. Esse é o mesmo Jesus que também disse, certa vez: ³⁰ "Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." Mt 11.

  Bem, então há jugo, fardo e carga. Embora Jesus tenha, em certas ocasiões, lançado mão de ironia, não é o caso em nenhum desses trechos acima. Então, verdadeiramente, com Jesus há jugo, fardo e carga.

  Podemos até preferir não levar em conta essa advertência e nem desejar entender o que significa essa experiência. Fardo suave e jugo pode até parecer, sim, ironia.

  Porque qualquer um desses três mencionados implicam em peso. Por questão de opinião, voltando à comparação acima, dependendo do ponto de vista, não há nenhum peso na folia.

  Aliás, a própria mídia já veicula opiniões de crentes que renunciam a mencionar nomes de entidades de outras religiões, mas que se mostram inteiros liderando, em parceria, shows de folia.

  Inauguram-se vários tipos de evangelho sem carga, leves, nos quais há escolhas segundo os gostos individuais. Sim, realmente a Bíblia se presta a muitas leituras. Até mesmo religiosas. E religião é algo cultural.

  Pode ser que uma revisão, por imersão numa cultura light, sem freios ou imposições, seja a interpretação preferida. O próprio Paulo, esse "Apóstolo nascido fora de tempo", certa vez expressou-se:

¹ "Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão." Gl 5.

  Aspiramos todos à liberdade. Sem jugo, fardo ou cargas. Sem nenhum peso. Mas há um tipo de prisão, revelada nas páginas na Bíblia, que diz respeito às nossas escolhas erradas.

  Então prefira a carga, o jugo e o fardo de Jesus Cristo. Leiamos todo o contexto em Mateus 11, pondo reparo e fixando com firmeza essa aderência de Jesus:

²⁸ "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. ²⁹ Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. ³⁰ Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve."

   Aprendamos com Jesus, orando para que também nos torne mansos e humildes de coração, para que tomemos, sim, o jugo, o fardo e a carga de Jesus sobre nós.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Separação luz e trevas

 ³ "Disse Deus: Haja luz; e houve luz. ⁴ E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.".

Pela palavra de Deus, criou-se a luz. Deus a avaliou boa. E fez separação entre a luz e as trevas.

Nesse versículo, criou-se a luz em ternos físicos e em termos espirituais. Em termos físicos, Deus cria o fóton, ou seja, a partícula que, segundo  a teoria do Big Bang, é geradora do Universo.

Três nomes são notáveis nessa teoria: Gilbert Newton Lewis que, em 1926, nomeia o fóton. Georges Lamaître, que enunciou a teoria do Big Bang e, mais tarde, Edwin Hubble a confirmou, por suas observações, tendo George Gamow aprofundado esse ideia.

E a luz é o ponto de partida para a ciência. Uma síntese da teoria do Big Bang seria afirmar: "A teoria do Big Bang, segundo informações da Nasa, consiste na ideia de que o universo começou em um único ponto".

Mas para Adauto Lourenço, a constituição da vida é por demais complexa para que demorasse bilhões de anos para se constituir, reunindo uma série conjunta de fatores que seriam, em termos de probabilidade, coincidências impossíveis.

''Se [a terra] fosse um pouco mais próxima do sol, a vida não existiria; um pouco mais distante do sol, a vida não existiria; girando um pouco mais rápido, a vida não existiria; girando um pouco mais devagar, a vida não existiria; se um pouco da proporção dos gases na atmosfera fosse mudada, a vida não existiria, e algumas poucas características dos solos fossem mudadas, a vida também não existiria. São vários fatores, praticamente todos eles, relacionados diretamente com a questão da existência da vida. Quando nós temos um número grande de coincidências, a probabilidade delas terem ocorrido simultaneamente, por meio de processos naturais, é muito pequena."

E Deus também estabeleceu a separação entre luz e trevas no sentido espiritual. Esta palavra constitui-se num termo técnico genérico que define o que existe de imaterial, porém concreto, em sua existência, na constituição do Universo.

A criação de Deus existe para fora dEle. A importância do que existe está na sua origem, a partir de Deus, e na Sua sabedoria, e não em ter agregado a si aspectos da divindade.

O mundo físico se apresenta interconectado, sendo possível deduzir sua formação a a interdependência que existe nos elementos que o constituem, mas Deus não está nem no mundo e nem nas coisas criadas, como também não está contido no universo, ainda que este seja infinito.

Deus é espírito. Jesus mesmo afirmou isso à mulher samaritana: ²⁴ "Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade." Jo 4.

A luz simboliza o lugar onde Deus habita, Sua perfeição e santidade, a constituição de Sua revelação, constiuindo-se no elemento que restaura no homem sua condição original perdida, irremediavelmente imersa em trevas. Paulo assim se refere ao lugar de Deus: 1 Tm 6:

¹⁶ "Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém."

E Judas, por outro lado, assim define a condição oposta, lugar onde estão contidos, sob cativeiro e aprisionados tudo e todos os que se rebelaram contra Deus e não lHe obedecem o senhorio:

⁶ "...e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia." Jd.

Nesse sentido, trevas são o destino e o arcabouço da maldade que, uma vez existindo fora do ser humano, este duma vez a incorporou em si. O que somente existia no íntimo desses anjos decaídos, tornou-se, por opção humana, constituição de sua própria personalidade.

Somente Deus pode separar luz e trevas. Somente Deus pode restaurar o ser humano, separando nele uma e outra. Tão incorporado está o mal no ser humano, que somente a morte dele o livra. Por isso e para isso Deus se fez homem, para morrer a nossa morte e nós vivernos a vida que somente nEle existe.

A palavra de Jesus sobre o cego que curou, registrada em João 9, bem caracteriza o efeito da luz divina sobre as trevas: ⁵ "Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo." E  pergunta final, desafiadora e inconsequente, feita pelos fariseus, demonstra a resistência humana à revelação de Deus:

⁴⁰ "Alguns dentre os fariseus que estavam perto dele perguntaram-lhe: Acaso, também nós somos cegos? ⁴¹ Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado." Jo 9.

Deus nos liberta do império das trevas e nos transporta para o reino de Jesus:  ¹³ "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor". Cl 1. E ao cego da história ele se revelou:

³⁵ "Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem? ³⁶ Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? ³⁷ E Jesus lhe disse: Já o tens visto, e é o que fala contigo. ³⁸ Então, afirmou ele: Creio, Senhor; e o adorou. ³⁹ Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos." Jo 9.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Carentes de visão

 ¹ "No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo." Is 6.

Estar sobre alto e sublime trono, todos cremos, o Senhor está. Ou, pelo menos, para citar outro trecho do livro: ¹ "Quem creu em nossa pregação?" Is 53.

Mas o fato de, naquela circunstância, tê-lo visto foi, para Isaías, inusitado. Havia uma carência que necessitava urgente solução. Tanto para o profeta, quanto para o Altíssimo.

Isaías precisava ver. O Altíssimo ansiava por Isaías, o que é indicado na pergunta, à frente, no texto: ⁸ "Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim." Is 6.

Sempre há essa dupla carência. Deus sempre procura parceria humana, com a finalidade de cumprir os propósitos dEle. Um tal conterrâneo de Isaías, o profeta Amós, expressou-se assim:

⁷ "Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas." Am 3.

Profetas são confidentes do Altíssimo. Que nada faz, não faz coisa alguma sem que revele o que tem no íntimo. Aliás, é Isaías que também fala de intimidade com Deus.

¹⁵ "Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos." Is 57.

Ou demos voz ao salmista, que talvez esteja se expressando sobre esse mesmo assunto: ¹⁴ "A intimidade do Senhor é para os que o temem,  aos quais ele dará a conhecer a sua aliança." Sl 25.

Ver e ouvir o Senhor é ocasional ou contínuo? Essa carência recíproca é eventual ou permanente? O que Deus tem para executar é urgente ou prescindível? Após esse encontro, a vida de Isaías nunca mais foi a mesma.

A pergunta por quem há de ir prevalece. E as tarefas que Deus tem a efetuar também. E a necessidade que temos dEle e a que tem de nós insiste. As visões de Deus são, pelo menos, precisam ser contínuas.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Não escolha o caos

 ² "A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas." Gn 1.

Três condições são definidas antes de Deus dar início à Criação. Deus põe ordem no caos. Porque antes (1) não havia forma e estava vazio; (2) havia trevas sobre a face de um abismo; (3) e o Espírito de Deus pairava por cima, fora, sem nenhum comprometimento com nenhuma obra.

Deus pôs ordem no caos. Mas na queda, homem e mulher trouxeram o caos para dentro de si. O coração sem Cristo é sem forma e vazio, nele habitam trevas e o Espírito de Deus está fora dele.

A opção pela fé signfica invocar Deus, que é chamar para dentro de si. E optar pela ordem que Deus vai implantar na nova vida. Paulo define aos Romanos: ¹³ "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." Rm 10.

E na conversão, o Gênesis se repete. É um novo nascimento e uma nova criação: ¹⁰ "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas." Ef 2.

Deus põe ordem no caos interno. Ser salvo, significa entregar a Deus o viver, para então ter proposta de uma condução interna e completa do viver: ¹⁷ "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas." 2 Co 5.

Além de pôr ordem no caos, Deus ilumina com a luz da salvação. Expulsa definitivamente as trevas: ²² "São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; ²³ se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão." Mt 6.

E somente o evangelho anuncia a expectativa do brilho definitivo do sol de justiça: ¹⁹ "Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração". 2 Pe 1.

E assim como, na criação, toda a Trindade, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo operam, na conversão se dá o mesmo. É Deus quem resgata do império das trevas para o reino do Filho, pelo preço da cruz.

¹³ "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, ¹⁴ no qual temos a redenção, a remissão dos pecados." Cl 1.

Porque em Jesus Cristo, definitivamente, as trevas do pecado foram removidas e a justiça de Deus satisfeita: ¹⁴ "...tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; ¹⁵ e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz." Cl 2.

E o Espírito Santo passou a habitar, para sempre, como selo desse resgate, até que a propriedade de Deus, que somos nós, esteja diante dEle: ¹³ "...em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; ¹⁴ o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória." Ef 1.

Deus restaura à Sua ordem o caos que chamarmos para dentro de nós por ocasião da queda. Não devemos tentar dar a ele a nossa forma. Seria uma caricatura da criação. Vamos permitir que o verdadeiro Autor dessa arte seja quem vai nos criar novo em Jesus.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

(Re)Novo dia

Decorrem e correm os dias
Cada qual um milagre
Há um Autor dos dias
Que neles inscreveu suas ações

Doses de misericórdia
A cada dia elas se renovam
A cada manhã
Pois disse houve tarde, houve manhã

A cada dia.
Um céu para cada dia
Amanhecer, entardecer
O show do sol

Como rei percorre
Repousa numa tenda
Dá lugar à noite
Poético intervalo entre os dias

Cantam aves, anunciando
Vem mais um dia
Cantam aves, anunciando
Entardeceu

Descansem no Senhor
Os dias
Até Deus descansa
Em Seu dia

Desenhou, como poema, cada dia
Houve dano, um dia
Então o Altíssimo trabalha
Todo dia

Por isso enviou o Filho
Que, como o Pai, trabalha
Trabalho como o Pai
Que trabalha até agora

Obra salvação
Anuncia salvação
Opera, em amor, salvação
Todo dia. 

Cântico: A cada manhã

 

A voz do silêncio

 ³ Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; ⁴ no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo." Sl 19.

Há orações que merecem ou precisam ser silêncio. As Escrituras abordam essas tipologias. Ali se encontram modelos diversos de oração.

Fantástica a oração de Ana. Eli, o sacerdote de plantão na Tenda da Congregação, confundiu com bebedeira inoportuna tanta intimidade com Deus. Ela mesma define seu clamor: ¹⁵ "...venho derramando a minha alma perante o Senhor." 1 Sm 1.

Há as que sobem, por assim dizer, espontâneas, naturais como o fluxo da respiração ou batidas do coração, ⁸ "   uma oração ao Deus da minha vida." Sl 42, expressão dos que tem sede de Deus.

Há as que são enormes, como a de Esdras, porém estritamente sinceras, em sua confissão, fruto de uma maturidade a toda prova: ⁶ "Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a face, meu Deus, porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu até aos céus." Ed 9.

E as retóricas, como a de Salomão, na dedicação do Templo, impactantes em seu início, para quem ouve, mas seu portador tem prazo de validade em sua consagração:

¹⁰ "Agora, pois, ó Senhor, Deus de Israel, faze a teu servo Davi, meu pai, o que lhe declaraste, dizendo: Não te faltará sucessor diante de mim, que se assente no trono de Israel, contanto que teus filhos guardem o seu caminho, para andarem na lei diante de mim, como tu andaste." 2 Cr 6.

Esdras, líder da reconstrução do Templo em Jerusalém, usufrui da consagração de Daniel que, anos antes, já no fim do exílio em Babilônia, orava pelo retorno do povo: ⁵ "... temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos". Dn 9.

Há orações, como a de Moisés, interrompidas por Deus, pela fraqueza de argumento, visto a interdição divina pelo mal testemunho prévio do legislador diante de toda a Congregação: ²⁶ "Não me fales mais nisto." Dt 3.

Ou aquela franca, desavergonhada e pública, embutida no diálogo do Centurião, que a todos surpreendeu, até mesmo a Jesus: ⁸ "Senhor, não mereço receber-te debaixo do meu teto. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado." Mt 8.

Paulo Apóstolo menciona que não sabemos orar como convém, por isso somos assistidos pelo Espírito Santo: ²⁶ "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém". Rm 8.

E o Eclesiastes recomenda, diante de Deus, não se precipitar em palavras.: ² "Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras." Ec 5.

Para encerrar, lembrar as orientações de Jesus, em meio as argumentações do chamado Sermão da Montanha, quanto à oração: "Não pensem que, por muito falar, serão atendidos; por falar nisso, cancelem vãs repetições; evitem exposição (e exibição) pública. Orem em secreto, no quarto da casa, que Deus ouve. E, se decidir pelo jejum, por favor, sem publicidade".

E no Salmo 19 menciona-se a oração do silêncio, alcançando a mais vasta comunicação. Não há alarde maior, que alcance tanto quanto todo o planeta. Mais que Internet, por causa da dependência de sinal.

Há eloquência no silêncio. Principalmente, no silêncio de Deus. Assim como no silêncio diante de Deus. O que falar? Por ter Deus falado primeiro, quando revelou a Si mesmo, podemos nos dirigir a Ele. Nossa fala será, então, por antes tê-Lo ouvido, lógica e coerente.

Se acolhemos em nós Sua palavra, seremos instruídos a dar retorno. Teremos segurança e até, como afirma o autor de Hebreus, ousadia no falar. O diálogo é fundamental para a oração. Aliás, ela é puro diálogo. 

No evangelho, há uma recomendação para, uma vez colocando-se diante de Deus, havendo lembrança de um descaso qualquer, retorne ao problema, (re)estabeleça diálogo, então volte e faça oferta.

Na oração do silêncio há comunicação eloquente sem linguagem e sem palavra, por toda a terra reconhecida e autenticada. Impossível, violento e muito danoso negar ser possível ouvir (e falar) com Deus.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

O bom de Deus

 ⁴, ¹⁰, ¹² ,¹⁸, ²¹, ²⁵ "E viu Deus que isso era bom. ³¹ Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia." Gn 1.

O que era bom. O que é bom. Era bom tudo o que Deus criou. Aqui devemos prestar atenção no uso de tempo verbal. Era bom e não é mais? Podemos dizer que tudo o que Deus fez (e faz) continua (sempre) bom. Tem a Sua marca.

Vamos à Criação. Separou luz e trevas. Viu que a luz era boa. Luz e trevas, no sentido físico, são sempre boas e úteis. Por exemplo, o repouso do sono, à noite, é essencial. Há criaturas na escuridão abissal dos oceanos que ainda nem conhecemos totalmente.

No sentido espiritual, as trevas não são boas. Mas cuidado, elas existem dentro de nós. A própria história da criação mostra como o primeiro casal permitiu que elas entrassem em nosso viver. Há duas advertências bíblicas para isso:

²² "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; ²³ Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" Mt 6.

¹⁵ "Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados." Tt 1.

Deus também criou os continentes. Entre eles, estabeleceu oceanos. Além da natural beleza, da variedade de animais, aquáticos e terrestres, proporcionou lugar de habitação para os seres humanos. E aconselhou-os a ocupar com inteligência esses lugares:

²⁸ "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra." Gn 1.

⁴ "Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra." Gn 11.

A lógica da ordem da Criação é a mesma nas Escrituras e na ciência. Na sua continuidade, Deus agora implanta o milagre da fecundação das sementes e o modo como brotam, crescem, florescem e frutificam. Tanto é assim lindo, que frutificar é símbolo da ação do Espírito na vida do crente:

³ "Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido." Sl 1.

²² "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, ²³ mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei." Gl 5.

³⁵ Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? ³⁶ Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer; ³⁷ e, quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. ³⁸ Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado." 1 Co 15.

Outro mega evento foi Deus ter criado os astros. A ciência nos ajuda a descobrir que o mesmo equilíbrio que existe no mundo microscópico, também existe no mundo microscópico. O universo é infinito, estrelas estão agrupadas em galáxias, e, em meio a essa fantástica beleza, está posto o único planeta fértil em vida que existe:

¹⁴ "Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos." Gn 1.

¹² "Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios." Sl 90.

Os astros definem o tempo e as estações, mas também servem como referencial dos sinais estabelecidos por Deus. Por exemplo, o astro que indicou aos pastores o nascimento de Jesus. Os astros vão sinalizar o envelhecimento do universo.

⁴ "Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um pergaminho; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide e a folha da figueira." Is 34.

¹² "Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, ¹³ as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, ¹⁴ e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar." Ap 6.

Hoje à tarde ouvi um breve comentário de um especialista em aves, ornitólogo, falando da variedade do canto dos pássaros. Delimitam território e, é claro, atraem as fêmeas, exibicionistas que são. São tão malandros, que há pássaros que imitam o cantar de outros. Essa variedade de aves, répteis e peixes Deus criou, respectivamente, no quinto e sexto dias da Criação.

Não há limite de estudo para se conhecer suas peculiaridades. Cada pássaro com seu canto, cada réptil, cada animal selvático, casa ser marinho, uma vida só de qualquer humano não basta para conhecer. Acompanhei, pela TV, pesquisadores de São Paulo que, com batalhões do exército, visitaram e arquivaram, para as gerações futuras, várias espécies de vegetais, insetos e aves desconhecidos.

Tudo o que Deus fez é bom. Deixou por último criar homem e mulher. Também avaliou como bom. E tão bom Deus é que, talvez, ainda que soubesse como esse homem e essa mulher poderiam ser tão maus, assim mesmo insistiu na Criação, para fazê-los conhecer Sua bondade.

Quem sabe a razão de Deus levar adiante a ideia da Criação esteja em compartilhar conosco a Sua bondade. Revelar toda essa variedade e beleza. E pôde colocar em nós Sua bondade. Cativar-nos por ela e com ela, fazendo-nos preferi-lá do que a quaisquer outros sentimentos.

"E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era (que é) muito bom".