quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Visão e identidade da igreja

 6 "E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. E, tendo contornado Mísia, desceram a Trôade. À noite, sobreveio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos. 10 Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho." At 16.

      1. Impedidos pelo Espírito

   A visão define a direção a tomar. Ela é para todos os lugares. Há urgência. Deus define quem, quando e onde. Neste caso de Trôade, inédito, porque o Espirito, que é quem escolhe e envia, impediu uma escolha equivocada: "tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra".

2 "E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado." At 13.

     2. Intentavam, mas o Espírito não lhes permitiu

  Destaque-se a inisitência dos apóstolos: "defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia". Movia-lhes a alma uma intenção definitiva para missões. Traziam consigo essa paixão, sem dúvida alguma compartilhada pelo Espírito, permanente parceiro no testemunho de Jesus:

32 "Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem." At 5.

    3. Somente uma visão define a direção

   É necessário se compreender a natureza dessa visão. Porque é pessoal, ao mesmo tempo que legitimadora da vocação. Mas não deve ser alvo de descrédito ou polêmica, mesmo porque nem sempre é mística ou se apresenta de forma idêntica ou previamente esperada.

   4. A visão de Trôade

  Ocorreu a Paulo, à noite, por meio de um varão macedônio, que aparece paramentado como um nativo da região para onde ele e seus companheiros deveriam seguir. Ela foi definidora da rota a seguir. Lucas, o narrador, inclui-se nessa convicção: 

10 "Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho."

 5. A visão de Isaías 6

 Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Is 6.

   Mais elaborada do que a de Paulo, confronta o profeta com a sua responsabilidade e define o seu chamado. A cena se mostra elaborada, com Isaías afirmando ter visto o Senhor, no ambiente do templo, com toda a Sua dignidade atestada por Querubins que, no momento necessário, surpreendem o profeta, lançando mão do braseiro sobre o altar para sanar o impecilho que ele mesmo havia imposto como obstáculo.

  6. A visão a que Jesus se refere

31 Nesse ínterim, os discípulos lhe rogavam, dizendo: Mestre, come! 3,2 Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. 33 Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer? 34 Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. 35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa. Jo 4.

   Essa é a visão que se tem, para tanto, bastando erguer os olhos. Neste caso, Jesus cobrou dos apóstolos previamente ser capaz de avaliar a oportunidade que os campos oferecem. E há outra palavra de Jesus que define (1) o teor de Sua mensagem (o evangelho de Deus), (2) a urgência de seu contexto no tempo (o tempo está cumprido) e (3) a imediata atitude a tomar (arrependei-vos e crede no evangelho) definem essa permanente capacidade de avaliação: 

14 "Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, 15 dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho." Mc 1.

 E no caso da samaritana, exatamenete naquele instante, ocorria Jesus conferir aos apóstlos, consequentemente à igreja, como efeito direto, o modelo de operosidade em relação ao anúncio do evangelho e da salvação. Portanto, enquanto transcorria a conversão da mulher, como resultado, infere-se que: 

1. A comida do Filho, que deve ser a mesma fome da igreja, que é fazer a vontade do Pai; 2. Os campos, permanentemente, estão prontos para essa colheita, que é o anúncio do evangelho, visando a conversão do pecador; 3. As testemunhas de Jesus já trazem consigo, antecipadamente, condições de avaliar essa necessidade urgente e permanente.

  7. A visão é um desafio à identidade da igreja

13 "Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 15 nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. 16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus." Mt 5.

  Essas duas comparações feitas por Jesus, com respeito à eficácia do sal, assim como ao efeito da luz, definem a importância essencial do ministério da igreja. Caso ela não o desempenhe, fica claro, pela palavra de Jesus, que "para nada mais presta". E no cumprimento de sua missão, a qual cabe a cada um de nós, o nome de Deus será glorificado nela.

  Conclusão

  Ser alertado para o cumprimento da vocação, como testemunha de Jesus, pode até depender de visões específicas, em situações distintas e interpessoais, que alertem para a urgência desse chamado. Porém, identificar a necessidade dos campos, mantendo a permanente postura de alerta, da igreja, no cumprimento de missões, é uma característica agregada à sua condição e identidade, com a intensidade com que os homens de Trôade surpreenderam o Espírito Santo.    

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