¹⁹ "Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz. ²⁰ Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis." Jo 5.
Está palavra de Jesus destaca traços da relação entre pai e filho. Ele aplica, de modo pessoal, a sua relação com o Pai, em tudo perfeita.
Porém, essa perfeição existe como aplicação à nossa própria relação com o Pai, por meio de Jesus, o Filho, visto que também somos, por Deus, feitos seus filhos.
A palavra "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei", específica a Cristo, também se aplica a nós, por termos sido, cada um dos que cremos, feitos Filhos de Deus, por Ele mesmo, batizados pelo Espírito em Cristo Jesus.
Pois a primeira observação de Jesus a seu próprio respeito é de que era totalmente obediente ao Pai, imitador em perfeição do Pai e amando intensamente, do mesmo modo que o Pai.
Amor e obediência andam juntos. O próprio Jesus assim ensina:
¹⁰ "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço." Jo 15.
Neste texto, o Filho afirma que amor e obediência andam juntos, tendo ele aprendido os dois com o Pai. O autor de Hebreus complementa dizendo:
⁸ "...embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu". Hb 5.
Com Deus, portanto, inicia-se a nossa filiação, o aprendizado do amor, sempre ligado à obediência, somente agora iniciada em nosso viver, como elemento obrigatório para a santidade e perfeição.
¹² "Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus." Fp 3.
Em Cristo, como filhos de Deus, somos exortados a imitar Jesus, tendo-o como alvo. E o ministério da Igreja é nos formar à imagem e semelhança do Filho.
¹ "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo." 1 Co 11.
²⁸ "... ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo". Cl 1.
Herdamos as perfeições do Pai. Deus reparte conosco, por amor, os seus atributos. Pedro, em sua 2ª carta, demonstra um percurso a percorrer, que nos faz coparticipantes da natureza divina. E coloca esse alvo não como opção, mas como identidade.
E ele mesmo afirma que esse conjunto de elementos da vida cristã concorrem para que, em nós ocorra: (1) libertação das paixões do mundo; (2) não ser infrutuoso ou inativo em Cristo; (3) não sejamos cegos ou relaxados com o pecado; (4) não haver tropeço; e (5) ampla suficiência na entrada no reino.
Pedro indica como o produto final dessa sequência de fatores é o amor. Começa, como tudo com Deus, pela fé. Segue-se a virtude, a marca dos padrões na nova vida em Jesus.
Então prossegue-se, como Paulo indica aos Efésios, pelo conhecimento. Aliás, ele diz que conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, torna possível sermos tomados de toda a plenitude de Deus.
Essa maturidade nos confere o fruto do Espírito, o domínio próprio. Todo o conjunto requer perseverança, a cada passo, para que se reconheça que esses elementos pertencem à vida que provém de Deus.
Por isso, somente por piedade cristã eles se mantém. E ela somente existe no contexto fraternal da comunhão em igreja. Daí que todos esses fatores, em conjunto, implicam, ou seja, resultam no amor.
E com o Pai, e como o Pai, do modo como Jesus define sua identidade com ele, realizar as obras de Deus. E Jesus já as definiu num texto desse mesmo evangelho de João:
²⁸ "Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus? ²⁹ Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado." Jo 6.
¹² "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai." Jo 14.
Para logo abaixo dizer:
³⁸ "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. ³⁹ E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. ⁴⁰ De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia." Jo 6.
Nossa identidade é ter sido gerado pelo Pai, experimentar e vivenciar o amor do Pai e, para a glória do Pai, realizar, em nome de Jesus, as mesmas obras do Pai.
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