Lendo Naum, não há como não lembrar de Jonas, associado ao fato de que este gostaria muito de dar a notícia do outro, agora intitulada "sentença contra Nínive".
E o livro começa como que, de antemão, indicando o agir de Deus quando se trata de julgar a conduta humana: Na 1:
² "O Senhor é Deus zeloso e vingador, o Senhor é vingador e cheio de ira; o Senhor toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação para os seus inimigos."
Costuma-se, com frequência, inverter uma ordem básica nas Escrituras. Nelas, Deus se revela. Ao contrário de se avaliar que Ele carece de nossas opiniões a Seu respeito, ou de que, o que nelas está escrito é puramente diletante, ou seja, aleatório sobre Deus ou de autoria duvidosa.
E um dos itens que mais causa estranheza é uma atribuição específica dEle, que é exercer juízo, talvez a capacidade em Deus a mais negada por direito, que Ele a exerça.
E Naum avança em seu raciocínio. Aliás, neste início de sua profecia, Naum dá uma aula de exercício do juízo divino à qual, muito infelizmente, Jonas não pôde comparecer: havia falecido mais de 100 anos antes:
³ "O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés." Na 1.
Sim. Deus demora a se irar. Mas jamais inocenta o culpado. Não há ninguém mais apto a exercer juízo do que o próprio Deus. E nenhuma culpa deixará isenta.
Fazendo um parêntese, nenhum/nenhuma são pronomes indefinidos, no caso aqui sinônimo de todos ou de qualquer, signficando que toda e qualquer falta jamais será inocentada.
As Escrituras registram o versículo que afirma "Deus é amor". Porém Paulo Apóstolo recomenda considerar "a bondade e a severidade de Deus". E o autor de Hebreus afirma que "Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo".
Um dos principais, talvez o primeiro sentimento que deve nutrir quem, legítima e verdadeiramente, aproxima-se de Deus é o temor. Paulo chega a mencionar "temor e tremor".
Alguém já disse que medo é segurança. Não o medo doentio, a fobia, mas a consciência do perigo, o alarme pela preservação da vida, reação à buzina que impede a colisão, que pode ser fatal. Fp 2:
Paulo afirma: ¹² "Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor".
E Naum denucia de Nínive: ¹¹ "De ti, Nínive, saiu um que maquina o mal contra o Senhor, um conselheiro vil." Na 1.
Sim, há quem blasfeme de Deus, supondo ou não que ele exista. Ridicularizando Sua pessoa, existência ou ainda os que nEle creem. Ou quem deseja forjar um deus segundo si mesmo.
E há quem pensa poder continuar, pela vida em fora, expressão de Cid, meu pai, sem o temor de Deus, sem a Ele obedecer, sem aspirar a Sua glória e santidade, desejar Lhe ser imitador ou alvo específico do Seu amor.
Melhor que seja assim. Houve um dia arrependimento e oportunidade de Deus para Nínive. Ela não está sozinha. Há nas Escrituras, assim como fora delas, na história, cidades que seguiram ou seguem seu mau exemplo: Na 3:
¹ "Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de roubo e que não solta a sua presa!"
Quando se fala de cidades, trata-se do povo dentro delas. Desde o ajuntamento em Babel, quando a intenção muitas vezes não é boa e nem é inocente.
⁴ "Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra." Gn 11.
Esse desvio prolonga-se pela história afora, em requintes de iniquidade. A elas e a esse povo, por pura misericórdia, Deus envia seus profetas. Que se arrependam, como ocorreu a Nínive nos tempos de Jonas, embora não fosse essa a mensagem que gostaria de ter pregado. Caso não haja arrependimento: Na 3:
¹⁹ Não há remédio para a tua ferida; a tua chaga é incurável; todos os que ouvirem a tua fama baterão palmas sobre ti; porque sobre quem não passou continuamente a tua maldade?"
São os habitantes. Somos os habitantes. Mas se há uma cidade, é aquela que desce do céu, prometida nas Escrituras, a Nova Jerusalém, onde, como aponta Ezequiel, outro profeta, o Senhor está ali. Onde sempre quis e quer estar, habitando no meio dos louvores de Seu povo, repartindo com eles a Sua glória.
Ora, como já afirma o salmista:
² "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo'. E esta é insaciável, porque sempre renovável.
Brilhante estudo! Parabéns!
ResponderExcluirGrato, amado irmão. Gde abraço.
ResponderExcluir