¹ "Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. ² Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho; ³ voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas". Mc 1.
Marcos foi o primeiro a reunir as memórias de Jesus. Ele menciona uma referência a Isaías. Charles H. Dodd, em seu livro "Segundo as Escrituras" afirma ser Isaías o profeta mais citado no Novo Testamento.
Ele supõe que havia um conjunto de textos reunidos e divulgados desse profeta, dedução feita a partir dessas inúmeras citações. Dodd assim deduz porque elas guardam, entre si, afinidades e se espalham por todo o cânon do NT.
Instigante refletir sobre as motivações de quem escreve (e de quem lê) sobre Jesus. Os Evangelistas, Marcos o primeiro a escrever, espelham a motivação pela ressurreição de Jesus.
Tanto é assim, que nos Evangelhos o destaque é a denominada Narrativa da Paixão, que é a descrição da penúria final de Jesus, após ser encarcerado no Getsêmani, seu interrogatório, julgamento, caminho ao Gólgota e crucificação.
Embora Jesus tenha garantido aos apóstolos que ressuscitaria, não compreendiam. Após a constatação súbita deste fato, alegraram-se, divulgaram e, como descreve Lucas, com detalhe, aguardaram a autoridade do Espírito para iniciar a era da igreja.
Marcos descreve, com clareza, esse início e, ao final de seu Evangelho, encerra com a advertência de Jesus às mulheres, que avisassem os apóstolos que estaria, de novo, na Galileia, à frente deles. Era o ponto de encontro usual e continuava a ser.
Início em Marcos: ¹⁴ "Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, ¹⁵ dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho." Mc 1.
Encerramento (ou nosso início) em Marcos:
⁷ "Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galileia; lá o vereis, como ele vos disse. ⁸ E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assombro; e, de medo, nada disseram a ninguém." Mc 16.
Marcos escreve como se fosse um repórter. Se fosse hoje, seria um post na Internet. O que motivou Marcos foram suas memórias da leitura do profeta Isaías, conferidas pelo que constatou como resultado do ministério público de Jesus.
Ele identifica João Batista, como o derradeiro precursor de Jesus, aquele que lhe pavimenta o caminho. Todas as evidências reunidas, assim como a irrupção de uma novidade que choca toda a estrutura pronta de seu tempo.
João Batista representa o sacerdócio desprovido de sua falsa autoridade, por sua corrupção indolente frente à autoridade romana. Ele vem com autoridade imediata do céu, para anunciar um novo tempo, de uma nova e definitiva aliança, da culminância dos tempos e revelação completa de Deus.
É urgente a notícia, o evangelho é novo, é atual, emergencial. Assim como é nítida a sua percepção. As memórias de Marcos, de sua leitura da Bíblia de seu tempo, conferem com o anúncio do Batista e todo o ministério que segue.
Do início ao final, a identidade do evangelho e a de Jesus, seu protagonista, estão evidentes. E como diz Pedro, companheiro de Marcos, é como uma "candeia que brilha em lugar tenebroso", que é o mundo, até que a estrela da alva, que é Jesus, apareça e, definitivamente, irrompa a luz eterna.
Marcos se debruça sobre as Escrituras de seu tempo. Por elas, identifica o cumprimento delas no seu dia a dia. Por isso confirma, por seu Evangelho, seu pleno cumprimento em Jesus Cristo. Pois este é quem integra Antigo e Novo Testamentos.
Jesus segue adiante, sempre visando a Galileia, terra a que Isaías se refere como "Galileia dos gentios", terra sob trevas, na qual resplandeceu a luz do evangelho, que é Jesus. "Eu sou a luz do mundo, quem me segue, não andará em trevas".
Jesus segue adiante de nós. E nós o seguimos como seus discípulos. Em nosso coração resplandece a luz, que é Jesus.
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