sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Já faz algum tempo

    Naquela noite surpreendi Regina no 805 da Intendente Magalhães 297, Campinho, Rio, RJ, onde residíamos desde 2 janeiro de 1993, data do casamento. Era agosto e estávamos chegando da estrada.

   Havíamos deixado em casa, em Campo Grande,  o pastor Paulo Leite e Julimar, hoje pastor e na época seminarista. A ideia era eu, que avançaria adiante, 60 km à frente, então levar Nilson Braga, o outro pastor, até ao lado de lá da Baía de Guanabara, em Niterói, pela ponte.

   Passei em casa, porque era certo que eu cochilasse na volta,  sob as luzes amareladas da ponte Rio-Niterói, então Regina seria minha garantia. Deixamos Nilson em casa, manobrando o Santana 2000 sob os pilotis da garagem do prédio onde ele morava.

   Pois na manobra do carro, ainda debaixo daquele teto baixo, compartilhei com Regina que vinha, desde a viagem e pelo que constatei em Rio Branco, desejando que fôssemos para lá, eu como pastor, ela como a esposa.  Evidente que soltei como um balão 🎈 de ensaio.

     Aguardei a reação. Ela disse que achava ser meu estilo empolgar-se e diluir, com o tempo. Mas eu redargui, mas Regina, e se eu não esmorecer? Então a gente vai, ela disse.

   Era essa a mulher. Sempre foi. E ainda é. Será sempre. Dali viemos, certamente, comentando as coisas da viagem.  De como rumamos, cedo, pela manhã,  saindo de Campo Grande do Rio, indo pernoitar em Mineiros, GO, no primeiro dia de jornada, cerca de 1450 km corridos.

   De como alcançamos Vilhena, no segundo dia à noite, cerca de quase 1300 km depois, fronteira MT/RO, jantamos, não concordaram comigo que ali pernoitássemos, então seguimos, estouramos dois pneus nos buracos-panela e Deus nos socorreu, tendo chegado aprazíveis a Pimenta Bueno, às 2h30, e pernoitado no hotel com cheiro de barata.

   E no domingo 10 de outubro de 1993, finalmente chegados ao Acre, no naquela época Conjunto Tancredo Neves, da Vila Ivonete, às doze horas, meia-noite em acreanês, seriam 2h da manhã em nosso horário biológico de Brasília, conversamos até 2h da madruga, para deitar nessas 4h biológicas e acordar às 6h30 acreanas, para a Escola Dominical, na colônia (sítio, em carioquês) da mãe da menina lá à extrema esquerda da foto.

   Chegamos eu e Regina ao Campinho, eu contando essas histórias, demo-nos um abraço de saudade, pernoitamos em paz, apenas a esposa anotando um pequeno atraso de dois ou três dias na rotina mensal das mulheres. Acordamos e era domingo.

   E embora fosse 1993, fomos à Igreja Congregacional de Cascadura, com o Santana emprestado e, ao chegar, estranhamos a desorganização do pequeno estacionamento interno, à frente do templo. O rosto de Lídia Costa apareceu por detrás da porta semiaberta alertando com desespero a mim e a Regina: havia tiroteio no morro do Fubá, esse mesmo defronte à igreja.

    Domingo atípico. E a semana também, porque a esposa, 7 meses de casados, andava com uma meio gastura estomacal. Resolvemos fazer um consulta, pelo plano Golden Cross dela. A médica girou em torno de uma gastrite, talvez, algo parecido, indicando uma endoscopia.

   Nunca feita porque, quando o casal já saía, despedindo-se, uma intuição a alertou e ela perguntou se éramos recém-casados. Mediante a reposta afirmativa, então prescreveu um certo exame sanguíneo que, duma vez, desconfirmaria qualquer dúvida.

   E foi assim. Num ajuntamento na antiga casa da Vila Valqueire, com grande parte da família reunida, confirmamos que a esposa agora estaria na espera do mais novo agregado, que seria (e, pela graça de Deus é) o primogênito (e agora esposo e pai) Isaac.

   Somava-se a essa espera a expectativa da mudança para o Acre. A ideia inicial era para julho de 1994, logo adiada para janeiro de 1995, pois o menino chegaria em abril, o que ocorreu no dia 21 desse ano de 1994, sendo muito em cima da hora uma viagem assim, aos 3 meses de vida.

    E cada família de avós entendia e processava de um modo distinto essa ideia de mudar para um lugar tão remoto e distante, na visão deles. Tomados por essas considerações, foi que planejamos, no feriado de 12 de outubro daquele ano de l993 virmos, eu e a grávida esposa para conhecer a Rio Branco daqueles dias.

   Rodamos por aqui,  com Nelson Rosa, para conhecer a escola municipal Samuel Barreira, no Bosque, onde ele lecionava Ensino Religioso e cantava com os alunos no horário do intervalo. 

  Tudo a pé. Percorremos, ele, eu e a grávida de 3 meses, a pé, da antiga Ocidental Center, próxima do antigo PS hoje novo prédio, pela Av Nações Unidas, beirando a cerca farpada do 7⁰ BEC, descendo pela Estação,  na rua da irmã Edgines, para alcançar o casal Joaquim e Lígia, residindo na época no bairro Manoel Julião, onde hoje residimos, desde 2002.

   Deve ter completado uns 4 km. Há uma foto de nós no antigo templo de madeira do Tancredo Neves, onde também ficamos hospedados, casa pastoral colada a ele. Por fora, construíram o antigo templo de alvenaria, hoje já demolido, dando lugar a uma nova construção.

   Mais fotos de um primeiro tacacá, na Praça da Revolução, no Centro da cidade, e outra numa pizzaria hoje não mais existente, onde um grupão da igreja reuniu-se a nós para celebrar a inusitada visita.

   Esta a historieta da foto acima. Despedida no aeroporto, quase perdemos esse voo, tranquilo que o povo estava, sem aflição em nos despachar. Eu, Regina e Isaac, com 3 meses de ventre, acomodados no nosso assento, já no interior do Varig, a gente via lá, isolada, no meio da pista, a nossa bagagem.  Nosso atraso havia alcançado despachadas todas as demais.

   Não sei se foi por isso, chegados ao Rio, nossas malas não haviam vindo no voo. Naquele tempo, vinha-se pipocando aeroportos até São Paulo. Lá, aguardava-se um voo internacional proveniente do Chile. Nele havíamos embarcado. Para descobrir que nossas malas haviam embarcado no voo seguinte.

   Ainda bem que pudemos resgatar após a chegada do voo chileno seguinte, assim havia nos informado o atendente Varig. Aventuras pelo Acre, há mais de 30 anos atrás. Isso já faz algum tempo.

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