terça-feira, 28 de maio de 2024

Única resposta ao sofrimento

 ⁷ "Disse ainda o Senhor: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento". Ex 3.

   A questão do sofrimento é sensível. Exatamente pelo sentido em si do que se trata. Dor, em todos os sentidos.

  Notório que, uma das consequências, anotadas pelas Escrituras, da incidência do pecado foi que, na hora mais sublime, que é a do nascimento, da continuidade da vida humana, no planeta, dores estejam presentes.

   O versículo que encima este texto, afirma que Deus está diretamente ligado ao atendimento do sofrimento da condição humana. E o versículo seguinte a este, ainda diz:

⁸ "...por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel".

   Deus se envolve e interfere, de modo direto, no sofrimento do seu povo. O texto em si, dependendo do público leitor, recebe tratamento diverso, desde os que a ele apõem total fidelidade, aos que o consideram pura literatura ficcional.

  Ora, vão dizer, o Deus é um inventado pelo auror/redator, a situação do diálogo é fictícia, o aporte histórico inexistiu, de fato, e a pretensão de ser povo privativo de um deus é problemática.

  Deve ser. Vai ver que têm razão. Mas a principio, duas argumentações parecem contradizer essas conclusões. Muito provavelmente, talvez não haja povo tão antigo com tão antiga história de sofrimento como esse povo aí anotado.

   Vai ver que dá um azar tremendo ser, a si mesmo, anotado como povo de Deus. Por outro lado, crendo-se ou não na plausibilidade da existência de um Deus, o sofrimento é exclusivo da autoria humana.

   A condição da vida, em si, é entrópica, ou seja, tem um fim definido. Ainda que haja longevidade máxima, como nesses pontos do planeta onde há maior concentração de maiores de 100 anos, um dia haverá, pelo menos, falência múltipla dos órgãos.

   E o ser humano não somente sofre, mas produz sofrimento. Na história mesma que encetou o diálogo do texto acima, entre Deus e Moisés, havia opressão.

   Os mais fortes, desde sempre, na história dessa humanidade que, numa crise pessoal de pessimismo, Lameque, o pai de Noé, cunhou como amaldiçoada por Deus, os mais fortes oprimem os mais fracos.

   Na colonização do Brasil, houve opressão de europeus contra indígenas, quase que totalmente dizimados. Mas serviam-se das inimizades locais já existentes entre as tribos, e intrigaram-nas ainda mais, entre si, explorando essa cizânia.

   Quando não provém da condição humana, em si, suscetível ao sofrimento, até o grau máximo da morte, é provocado pela inimizade inata à condição humana. Nela, ódio e não o amor nasce junto, irremediavelmente aderente à condição humana.

   Para o ódio, nenhuma razão de nutrir, todas as razões para nutrir ou qualquer uma razão. Para o amor, somente uma razão para nutrir. Ódio vem embutido, amor, didaticamente se aprende.

   Paulo menciona aos Efésios 4: ²⁰ "Mas não foi assim que aprendestes a Cristo".

   Amor se aprende. Nessa mesma carta, linhas atrás no texto, já havia dito:

¹⁹ "... e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus." Efésios 3.

   Amor se aprende. Deus é a resposta ao sofrimento e não a causa dele. Sofrimento provém do descaminho humano nesta terra. Ainda que se queira acusar, nas Escrituras, privilégio na escolha de um "povo de Deus", foi um dos mais expostos ao sofrimento.

   E povo de Deus não é um só, mas todos e qualquer um que, por essa condição, optar. Por isso chamou de seu aquele povo. E quis, no concerto do Sinai, em Êxodo 19:

⁵ "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha".
  
  Todos os povos são dEle, se assim optam por esse convite. Nesse povo, escolheu todos os outros. E o que escolheu, foi para, por eles, atrair a si todos os outros. Esse é o privilégio.

  E não privação de sofrimento. Pois foi um dos que mais sofreu em toda a sua história. Deus conhece o sofrimento. Deus é a resposta ao sofrimento. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário