¹³ "Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é teu povo. ¹⁴ Respondeu-lhe: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso. ¹⁵ Então, lhe disse Moisés: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. ¹⁶ Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?" Ex 33.
Vamos por etapas: Moisés pede a Deus, com ousadia, uma manifestação dEle fora do padrão de que, pelo menos até ali, ele mesmo fora alvo.
E afirma que seria como que uma prova, segundo ele diz, de que, verdadeiramente, havia achado graça diante de Deus.
Então o Altíssimo responde: "A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso". Porém, então, Moisés replica, supondo que, talvez, não seguisse com o povo a presença do Senhor.
Nesta altura, para compreender o texto, é necessário conhecer o contexto. Estamos no meio de uma crise brutal. Havia acabado de ocorrer, no arraial, um confronto entre a tribo de Levi e todas as demais.
Porque enquanto Moisés estava no monte, para receber as tábuas da lei, os termos da Aliança do Sinai, o povo no arraial, usando a demora dele como pretesto, atirou-se num festival de idolatria, uma verdadeira orgia coletiva.
Na avaliação dele mesmo, o povo estava desenfreado. Convocou seus irmãos de tribo, enviou-os às suas próprias tendas para pegar das espadas, e ordenou que se atirassem contra as demais tribos.
O saldo foi a morte de 3.000 mil homens, somente o que bastou para que toda aquela loucura cessasse. Só então eles pararam para ouvir Moisés.
Deus, em sua sentença, afirmou que não mais seguria no meio do povo, sob risco de que, numa oportunidade dessas ou noutra semelhante, desse cabo de todos eles.
Então Moisés suplica essas garantias, com sua argumentação. E a mais fantástica vem ao final, quando diz:
¹⁴ "Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?" Ex 33.
Só se há de saber que achamos graça aos olhos de Deus pela constatação de que Ele segue conosco, o que nos faz separados, distinguidos como povo de Deus.
O nome disso é igreja. Deus queria que o povo, no deserto, fosse a congregação do Senhor. Esse povo, desde sua vocação, foi chamado, como numa vitrine, a ser reconhecido, por seus traços de semelhança, povo de Deus.
Dessa forma o Êxodo já estabelece um padrão, que é a presença de Deus no meio de Seu povo, seguindo com ele e destacando-o como referência, diante de todos os outros povos.
Israel foi chamado a ser esse povo escolhido. Mas a Bíblia corrige um equívoco, afirmando que não é o DNA, como descendência de Abraão que, automaticamente, define essa geração.
Mas em Isaque, isto é, pelo milagre e ação de Deus, são chamados descendência de Deus todos os que creem. E creem em Jesus, o descendente por excelência, desde a promessa feita a Abraão.
Uma crise brutal permite que o diálogo, na relação íntima entre Deus e Moisés, seu servo, defina a identidade, tanto do povo, quanto de Deus que, com ele, segue o rumo.
Trata-se do povo de Deus. Trata-se do Deus desse povo. Como se há de saber? "Faça-nos saber Teu caminho, para que eu te conheça e alcance graça a Teus olhos."
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