domingo, 15 de setembro de 2024

Sentimento de perfeição

 ¹² "Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus." Fp 3.

   Paulo menciona perfeição, neste trecho da carta aos Filipenses, definindo que ela representa o alvo que Jesus tem para nós.

  Portanto, não se trata de um padrão aleatório, definido por parâmetros voláteis, mas bem específico, pelos critérios do que Cristo estabeleceu, para nós, como alvo.

  O modo como o texto inicia, indica que se trata de uma argumentação em curso. E nessa altura dela, Paulo expõe perfeição como parâmetro.

   E o Apóstolo vinha tratando da autenticidade do ser cristão. Algo para o que devemos atentar, avaliando se há desvios. Porque identidade cristã não é somente mantida por esforço pessoal isolado.

   ² "Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão! ³ Porque nós é que somos a circuncisão". Fp 3.

   Nem no AT circuncisão foi mera maquiagem. E a reação judaica à igreja queria forçar esse mascaramento. Paulo reage indicando que nosso batismo em Cristo, pelo Espírito Santo, é que signfica identidade.

  E segue mencionando três características dessa identidade: adoramos a Deus, no Espírito, gloriamo-nos em Cristo e não confiamos na carne.

  Adoração a Deus, como Jesus ensinou à samaritana, em sua aula, é validada por apreciação direta do próprio Deus:

²³ "...os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. ²⁴ Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade." Jo 4.

     Costumo indicar o texto de Efésios abaixo como sintoma da verdadeira adoração. Já ouvimos de Deus, como Jesus ouviu, "Tu és meu filho, eu hoje te gerei". E sempre devemos ouvir, referente a nós, outra observação de Deus feita a respeito de Jesus: "Este é meu filho amado, em quem me comprazo".

¹ "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; ² e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." Ef 5.

   Adoração autêntica, somente provém de imitadores de Deus, como filhos amados, que andam em amor como também Cristo andou e nos amou. Sem isso, não será autêntico: teatro mambembe.

  Quanto a dizer que nossa glória está em Cristo, retornemos a João, para entender como nossa identidade também se define pelo grau em que se manifesta em nós a glória de Cristo.

²² "Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; ²³ eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim." Jo 17.

    Percebe-se o alcance dessa identidade, a partir da transmissão dessa glória. Observe-se esse encadeamento: (1) glória transmitida; (2) ser um com o Pai e o Filho; (3) autenticidade de testemunho no mundo; (4) real consciência do amor do Pai.

   E termina assinalando o maior perigo que corremos, confiar em nós mesmos, ser manipuladores de um falso evangelho, na medida em que o nosso orgulho nos cega, e decidimos inflar como Satanás sempre sugere.

  Então Paulo passa a descrever seu pedigree, como alta liderança do farisaísmo. Na tentação, sem nenhum senso de ridículo, Satanás ofereceu a Jesus o domínio do mundo, supostamente afirmando dele ser dono.

  No mínimo ridícula, qualquer tentativa nossa de vanglória. Mas, repito, facílimo ser (a)traído por essa tentação. Então o Apóstolo passa a descrever como se processa, na conversão, essa perda.

   Para frisar o nível de loucura a que estava submetido, ele afirmou que seu zelo, sua diligência principal era perseguir a igreja de Cristo.

  Não nos iludamos, porque se falsearmos nossa identidade como igreja, seremos, ainda que dentro dela, FakeNews.

   Paulo estão postula perda total. Se permitimos que, pelo Espírito, sejamos despidos do velho homem (ou velha mulher), desse que assimila toda a satânica vanglória, somente então assumimos a "sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus".

   E atentemos que, noutra carta da prisão, desta vez aos Efésios, Paulo indica a que nos conduz o conhecimento de Cristo Jesus:

 ¹⁹ "...e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus". Ef 3.

   Não atingimos a perfeição. Paulo mesmo deixa isso bem claro. Mas prosseguimos, sem cessar, na direção apontada por Cristo. Ele nos conquistou para isso.

  E com o Apóstolo concorda o autor anônimo de Hebreus:

¹ "Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, ² olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus." Hb 12.

  Todos tenhamos esse sentimento. 

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