Na sequência das "coisas de Pedro", temos fé, virtude, conhecimento e domínio próprio. Fé como porta de acesso, virtude a feição de nova criatura em Jesus e o conhecimento como consciência racional de todo o processo.
O domínio próprio, em seguida, refere-se à capacidade de gerir tudo o que a nova vida em Cristo proporciona. Quem é autêntico cristão, desde a consciência do que Deus operou nele, adquire capacidade de administrar a si mesmo.
Agora pode ser dito que há livre arbítrio, cuja definição é ser capaz de fazer ou não fazer o que agrada a Deus, dizer sim ou não à instrução do Espírito Santo.
Aliás, domínio próprio é fruto do Espírito Santo. Nesta carta, Pedro indica a que altura e com que antecedentes ele se configura. Na vida sem Cristo, não existe a opção de rejeitar ou dizer não ao pecado.
Porém, na nova vida em Cristo, como resultado do domínio próprio, passa a existir a condição de dizer não ao pecado. O velho homem agora pode ser governado na parceria com a ação do Espírito Santo no crente.
Como diz Pedro, essa sequência ordenada e cosentânea de elementos fundamentais da fé crescem e aumentam. Daí a maturidade adquirida no domínio próprio. Por exemplo, não haverá santidade sem ele.
⁸ "Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo." 2 Pe 1.
Não haverá perfeição, progresso no evangelho, adestramento na luta contra a natureza carnal, vitórias em Cristo e maturidade na fé sem ele.
Em Gálatas, Paulo o coloca como o externo na lista dos componentes do dom único, compondo com o amor essas duas extremidades. Quem nutre amor, somente o põe em prática, somente confirma sua autenticidade no exercício do domínio próprio.
A lista que se expõe entre amor, no começo, e domínio próprio, ao final, são características do exercício desse amor.
²² "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, ²³ mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei." Gl 5.
Assim como, na carta aos Coríntios, Paulo aponta para as qualidades intrínsecas ao amor, este não existe assim como não as rege sem que o domínio próprio esteja a ele agregado, também como dom do Espírito.
⁴ "O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, ⁵ não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; ⁶ não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." 1 Co 13.
Nenhuma dessas manifestações do amor são possíveis sem o freio ao velho homem, imposição contra nós mesmos como resultado do domínio próprio.
A modelagem do caráter, a construção da semelhança com Cristo, fator principal do ministério, ocorre numa parceria com o Espírito Santo, na qual a função do domínio próprio é essencial.
²⁸ "... a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; ²⁹ para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim." Cl 1.
E nessa lista de Pedro o amor vai estar ao final, demonstrado por esta via o modo como se atinge e todo o esforço pelo qual se mantém.
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