terça-feira, 8 de abril de 2025

Agregados (congregados), peregrinos e longe de Sodoma

 ⁵ "Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã."

    Pelo que aprendemos com Estevão,  em seu sermão, houve dois chamados para Abraão.  A família se desloca, em bloco,  de Ur, dos caldeus, sua terra natal.

  O curso natural percorria a região denominada "Crescente  Fértil", exatamente por situar-se em meio a desertos, assim como tratar-se de uma rota definida por abundante vegetação.

   Por ela, saindo da Mesopotâmia,  área entre os rios Tigre  e Eufrates,  subia-se para noroeste, até se percorrer uma curva à esquerda pela Síria,  em direção ao litoral da Palestina.

   Mas todos se alojam em Harã.  Este é o nome do irmão caçula de Abrão e Naor. Ele falece em Harã,  certamente a razão de chamarem por seu nome esse lugar. Morte de irmão caçula muito entristece a todos.

  E foi ali que Deus efetivou o segundo chamado: "Sai da tua terra e da tua parentela". A família antiga, desse período, formava um clã,  em tudo muito unido. Portanto,  abandonar, sair desse contexto também era doloroso.

   E foi o que Abrão fez. Ir para uma terra ainda a ser indicada, embora as promessas,  se mal entendidas,  animassem o ego de qualquer um, Abrão e todos os que o acompanham decidiram partir.

   Essas "pessoas que lhe acresceram em Harã",  certamente não haviam acompanhado o clã de Tera, o patriarca, pai dos meninos Abrão,  Naor e Harã, desde Ur. Agregaram-se ao clã por razões diversas.

  Para prestar serviços,  por exemplo. Tanto Abrão, quanto o sobrinho Ló, filho do falecido irmão Harã, eram pastores de gado. Quem peregrina,  não planta. Todo o produto da pecuária itinerante serve tanto para o sustento,  quanto para o comércio com povos sedentários avizinhados pelo caminho.

   Esses agregados deveriam cuidar da variedade de gado que conduziam, da manutenção das tendas, da cultura do couro e das peles, da arte do vestuário e outros artesanatos, enfim, tudo o que pudesse tanto suprir, quanto ser material de comércio.

   O fato é que esses agregados confiavam que o que Abrão tinha em mente também seria útil e bom para eles. Muito provavelmente alguns, mais atentos, enxergassem a fé que conduzia Abrão.

   Também somos agregados de Abrão.  O efeito do chamado dele ainda perdura. Mais do que seguir Abrão e suas intenções, seguimos o Deus dele. Abraão, "pai de muitas nações", é  o nosso "pai da (ou em) fé".

   O autor de Hebreus diz que esse tal visionário Abraão morreu sem obter a plenitude do que lhe foi prometido.  Apenas contemplou de longe. Esse mesmo autor define fé como algo que não se vê. Certeza do que se espera (apenas se espera) e convicção do que nunca se viu.

   Abrão atendeu ao chamado,  à  sua vocação, porque é  Deus que faz a promessa.  Porque é Deus  quem chama. Porque é pela fé em Deus.  Por isso que esse mesmo autor anônimo escreve: "sem fé, é impossível agradar a Deus".

   Ló, o sobrinho filho de Harã, alvo de todo o privilégio, apesar do exemplo explícito do tio, abandonou todas as virtudes decorrentes da fé.  Expôs toda a sua família à cultura maldita de Sodoma, porque "armou suas tendas na direção de Sodoma".

   Ló foi sequestrado, numa invasão de reis em Canaã, essa terra da peregrinação, mas Abrão o resgatou, empresariando mercenários numa estratégia de guerrilha contra os reis invasores.

   Ló, numa querela de seus pastores de gado com os de seu tio, obteve uma decisão preferencial a seu favor, da parte do fleumático Abraão, desta vez conciliador, beneficiando flagrantemente o sobrinho, que tinha como no lugar de filho.

   Mas a escolha que ele fez, após o benefício dessa decisão do tio, de armar tendas na direção oposta da fé, aproximou-o, perigosamente, da cidade de perdição de quase toda a sua família.

   As filhas que lhe ficaram, após a destruição  de Sodoma, sobrinhas netas de Abraão,  nada tinham da fé de seu tio avô, certamente porque nunca viram os efeitos dela flagrantes na vida de seu pai. Se Ló, um dia, foi convertido à fé de seu tio, manteve-a tão escondida,  que mal serviu a ele próprio. 

    Uma oração emergencial do tio salvou Ló, literalmente, como que através do fogo. Deus enviou anjos, sempre uma exceção, nas Escrituras, para literalmente, de novo, sacar à  força Ló e o que restou de sua família. Até  a esposa renunciou ao resgate, ficando literalmente, mais uma vez, pregada ao solo de Sodoma. 

   Agregados (e congregados, ao contrário de Ló), tornemos à fé e à tomemos por padrão. E sejamos exemplo dela. Ainda que estejamos dentro de Sodoma.  No mundo atual,  Sodoma não é apenas uma cidade, mas todo o planeta.

   Há um chamado e uma vocação de fé, para seguirmos nesta peregrinação. A tenda, permanentemente, armada é a igreja,  essa congregação da qual nunca devemos nos afastar. Para não correr o mesmo risco de Ló e toda a sua família: armar tendas espúrias na direção da cultura corrompida. 

domingo, 6 de abril de 2025

Lições do bullying de Ismael

 ⁹ "Vendo Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual ela dera à luz a Abraão, caçoava de Isaque, ¹⁰ disse a Abraão: Rejeita essa escrava e seu filho; porque o filho dessa escrava não será herdeiro com Isaque, meu filho." Gn 21.

  De novo estamos às voltas com o temperamento de Sara. E de novo não é a Sara que Pedro elogia e apresenta como modelo:

⁵ Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido, ⁶ como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma. 1 Pe 3.

   Quase que o que vemos é Abraão obedecendo Sara. Mas desta vez, Deus consentiu:

¹¹ Pareceu isso mui penoso aos olhos de Abraão, por causa de seu filho." Gn 21.

   Era de novo uma questão envolvendo as duas mulheres. Desta vez, os filhos de cada uma, com o seu. Provavelmente, um adolescente de 16 ou 17 anos praticando bullying com um menino de 3 ou 4 anos.

   Sem saber, Sara sugeria, em sua cultura, o que na prática atual se chama poliamor ou relação aberta, que é quando há consentimento de um terceiro na relação,  no caso de Sara uma concubina para seu esposo.

   O desfecho não  poderia ser pior e mais vexaminoso para a biografia desse casal patriarca.  Malaquias,  no AT, é Paulo, no NT, denunciam o tamanho desse erro:

¹⁵ "Ele buscava a descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade." Ml 2.

²² "Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. ²³ Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa." Gl 4.

   Certamente, após a intervenção do Anjo do Senhor, emergencialmente enviado por Deus para livrar Agar, grávida, da morte certa, no deserto, seu retorno ao arraial de Abrão e Sarai, pelo menos superficialmente, reconciliou os três.

   Mas essa lembrança deve ter prevalecido na memória de Agar e a história de seu nascimento Ismael deve ter conhecido. Por isso, desdenhava de Isaque, mesmo porque, na tradição cultural da época,  era ele o primogênito de Abraão.

    Mas havia um milagre por detrás. Por isso, ainda que revisitando a sua implicância anterior com a escrava, desta vez Sara teve razão. E foi o Senhor que fez Abraão entender:

¹² Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua descendência." Gn 21.

   O milagre do nascimento de Isaque preordena a extensão da mesma fé autêntica em Abraão a todos os que creem. Isaque,  mais do que o DNA judaico, é sinal profético do DNA do novo nascimento em Jesus.

   A "descendência de Isaque" é mais a que provém pelo DNA da fé em Jesus, para o novo nascimento que Jesus descreve ao fariseu Nicodemos, do que somente a descendência étnica, racial  e biológica judaica.

⁷ "...nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. ⁸ Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa." Rm 9.

   Aqui entramos os que cremos em Jesus. A implicância de Ismael com Isaque afasta as duas nações, mas não desfaz que são irmãs, filhas do mesmo patriarca: árabes e judeus são  irmãos da sangue.

   Ora, e ainda com ascendência egípcia legítima. Mas o distintivo da fé é que concede acesso ao mesmo Deus.  Não é pela opção de nenhum dos dois nem de seus descendentes escolher uma "fé" qualquer ou por que caminho religioso diverso conhecer Deus.

   O descendente de Isaque é Jesus, o caminho, a verdade e a vida. Seja para judeus teimosos em admitir isso,  seja para a família dispersa de Ismael. E seja para todas as nações.

   O bullying de Ismael assinala essa distinção.  A implicância de Sara não se justifica, mais uma vez, mas enseja compreender que o propósito de Deus, com relação ao milagre de Isaque, manifesta o seu poder para o mundo.

¹⁴ "Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho." Gn 18.

   O riso de deboche de Sarai se tornou riso de alegria pela promessa estendida de salvação a todo o que crê. Não é a mera aliança de Abraão,  mas a aliança no sangue de Jesus.

   Aleluia! Este descendente de Abraão, Jesus, cumpriu tudo o que, para ele,  foi destinado. 

sábado, 5 de abril de 2025

O inimigo somos nós

 ¹⁰ "Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida". Rm 5

   O inimigo somos nós.  Quando a Bíblia diz que devemos amar o inimigo, não, não  é  aquele  que nós,  costumeiramete, lacramos.

  Não. O inimigo somos nós. Aprendamos a amar com Deus. Que ama inimigos. Cuidado com o teu amor. Não existe.  Sabe por quê? Porque somente existe um tipo de amor.

  Deus é amor. Se dissermos "eu amo" pode soar falso. Porque com amor próprio, ou seja, assinatura individual, nossa, é  Fake. 
 
   Há na carta de 1 João 4 uma aula sobre isso. É nela que ele diz: ¹⁹ "Nós amamos porque ele nos amou primeiro." Por isso que não  existem (1) nem tipos e (2) nem intensidades de amor.

  "Eu amo muito..." está errado. Puro equívoco. Não se ama muito, pouco ou mais ou menos. Ama-se ou odeia-se. Onde não há  amor, o que existe é indiferença, que é ódio disfarçado.

   O inimigo somos nós. Mas pense agora num inimigo hipotético. Alguém eleito para ser vilão. Somos nós.  Mesmo domesticados, por freios e costumes, o ódio permanece adormecido dentro.

   É João de novo: ²⁰ "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê." 1 Jo 4.

   Esse trecho que ensina que ou existe o amor de Deus em nós, ou somos uma mentira viva, ambulante, hipócritas. Para finalizar, vamos também aprender com Paulo Apóstolo:

⁴ "Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?" Rm 2.

   Também não existe bondade em nós. É a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento. Este arrependimento, quando genuíno, faz-nos nascer de novo.

   Somos inimigos de Deus, nascemos filhos de Eva, a mãe  primordial, já chafurdados no pecado. Continua a aula de Paulo, demonstrando o que o novo nascimento, em Cristo,  produz: Cl 1:

²¹ "E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, ²² agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis".

   Jesus explicou a Nicodemos, em João 3, o que é  novo nascimento.  Somente assim surge em nós amor, consequentemente, bondade. É fruto do Espírito.  Não procede de nós.

  Não se alegre com desdita ou desgraça alheia. Aprendamos a nos ver como inimigos de Deus restaurados, por meio de Jesus, ao mínimo de uma condição, pelo menos, humana.

  Cultive amor. A origem está em Deus. Culto, cultivar e cultura têm a mesma raiz. Culto, no sentido devocional, dedicado a Deus, e culto também  no sentido de sabedoria,  essa mesma das Escrituras, mais conhecida como Bíblia.

   Ela, a Bíblia, ensina essas aulas de amor. E o Espírito Santo faz brotar no viver como fruto. Eduque-se nisso. Porque, Paulo de novo, adverte ser uma experiência que (1) excede todo o entendimento e (2) pelo amor somos tomados de toda a plenitude de Deus.

terça-feira, 1 de abril de 2025

A oração que eu não fiz

 Ou quando atrapalhei Deus operante em minha vida. Josué é  uma unanimidade. Colado,  "servidor de Moisés", o mais indicado para o substituir.

  E olha que não seria tarefa fácil. Teria, pela frente, uma guerra de conquista. Por isso, Deus lhe diz "seja corajoso", para meditar, cumprir e proclamar as Escrituras.

    Não é coisa para covardes, o que ele não foi. Mas certa vez errou por não orar quando devia.  Por isso, foi enganado pelos gibeonitas:

⁴ "Usaram de astúcia, e foram e se fingiram embaixadores, e levando sacos velhos sobre os seus jumentos, e odres de vinho, velhos, e rotos, e remendados". Js 9.

   Abraão intercedeu por Ló, quando Deus compartilhou o destino final de Sodoma. Evidente que Deus já sabia, mas desejava ouvir de seu amigo essa oração. Seria edificação e demonstração de amor. Aliás,  oração é  demonstração de amor.

   E Ló foi tirado à  força da cidade que havia eleito como sua. Só um louco o faria. E fez, depois que se afastou do tio Abraão, talvez o único crente naquela família. Se Ló era crente, não orava para tomar decisões.  Por isso está  escrito:

¹² "Habitou Abrão na terra de Canaã; e Ló, nas cidades da campina e ia armando as suas tendas até Sodoma. ¹³ Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor." Gn 13.

   Era assim a família: Tera seu avô, pai de seu pai Harã (que morreu cedo) e de seus tios Naor e Abraão, era idólatra.  Não se aprende oração  com idólatras, nem com quem não  se constitui exemplo. Não foi de seu pai que Abraão ouviu sobre fé ou sobre orar.

     Diferente com Josué, que evangelizou (e foi exemplo a) seus filhos. Ao final, expôs sua família,  afirmando, com certeza, "eu e a minha casa serviremos (e servimos) ao Senhor". E ninguém do povo chamou de linguaruda a esposa dele. E nem disse que os filhos dele pegavam as menininhas do arraial.

   Ou que as filhas dele eram menininhas para lá de fáceis. Já na casa de Ló, a família se apegou tanto à  cultura de Sodoma, que somente sobraram vivas duas filhas,  nenhuma das duas crentes.  Aliás,  é  melhor nem lembrar o final, que consta nas Escrituras, em Gn 19.

   Elas são  assim. As Escrituras não  escondem. Nelas,  aparecemos nus e fora do paraíso.  Mas mostram o acesso à árvore da vida. Com uma cruz no meio do caminho. Estrada de mão  única,  previna-se.

   Moisés também orou. Desciam do monte, ele e Josué, garoto novo, pensando que o ruído no arraial era guerra. Moisés, o velho, denunciou que era um tremendo pancadão.

   Com tudo o que os atuais contêm. E tão grave foi tudo, que somente a tribo de Levi, armada e agressiva despertou todos: foi guerra civil no arraial, irmão contra irmão.

   Deus então chamou Moisés, e disse: "Estou fora. Mando o Anjão, meu anjo mais chegado, com vocês. Toma que o povo é  teu: extermino todos e recomeço com você,  Abraão II, a Missão".

   Mas Moisés (que era gago),  na sua oração, retrucou: "Nã, nã, ni...Nã, nã,  não: o po-po-povo é te-te-te-teu. Saiu do Egito com o Teu nome. Se quiser mudar de plano, co-co-corrrrr-ta me-me-meu no-no-nome do li-li-livro  da-da-da  da-da-da viiiiii-da". Foi mais ou menos  assim.

  E um dos mais notáveis versículos  do Êxodo, quiçá das Escrituras, brota, como síntese,  da oração  de Moisés:

¹⁶ "Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra?" Ex 33.

   Deus quer ouvir orações.  Modelam nosso caráter. Tornam-nos mais chegados a Ele.  Mais íntimos. Mais imitadores dEle. Mas vamos seguir o manual de oração,  as Escrituras. Jesus que ensina, no Sermão  do Monte.

   Oração farisaica, daquelas que nos reforçam o ego, "orar de si para si", nem pensar: isso não  é  oração.  Nem as que nos fazem pensar ser superior a tantos outros. Essas são as farisaicas. Desistam.

   Nem as vãs, seja por si mesmas,  ou sejam pela repetição  de incoerências. Deus abomina incoerências. E sem blá-blá-blá: não  é  pelo falar muito.

   Para encerrar, lembrar de Neemias. Havia orado. Aliás,  começa  com oração esse seu libreto das Escrituras.

⁴ "E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus." Ne 1.

  Então,  resposta veio.  O rei da Pérsia percebeu a tristeza estampada no rosto dele. E tinham humor flutuante: se decidissem asneiras,  não retroagiam, Neemias temeu. Então, o que fez?

  Orou. ² "E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração; então temi sobremaneira. ³ E disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo? ⁴ E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus dos céus". Ne 2.

   "Então  orei ao Deus dos céus" Há  mais tantas orações nas Escrituras. Elas são  o manual de oração.  Percorrer suas páginas,  não  somente ensina mecanicamente orar. Porque isso é vã repetição.

   Mas ensina a orar com maturidade. Estilo Josué (que na maioria das vezes, sim, orou). Estilo Abraão,  Moisés e Neemias, para ficar só nesses. Rastreie mais exemplos de oração nas Escrituras.

   Como aquela oração explícita da siro-fenícia, propositalmente provocada por Jesus.  Sim, Jesus é exemplo de oração e nos provoca a orar.

²⁶ "Ele respondeu: "Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos". ²⁷ "Disse ela, porém: "Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos". Mt 15. Oração explícita, reação de fé elogiada por Jesus.

   Para encerrar esta exortação,  lembrar  a análise do salmista,  em Sl 42: ¹ "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus? 

⁸ Contudo, o Senhor, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida." Para orar, somente com sede de Deus na alma.
  

sexta-feira, 28 de março de 2025

Basta fazer o inverso

 ¹¹ "Isaque habitava junto a Beer-Laai-Roi", Gn 25.

    Todos  habitamos assim: em fuga, sem atentar  que  Deue nos vê. E nos  ama. Estranhamos muito quando a Bíblia  ensina que devemos amar o inimigo.

  Isso porque  esquecemos que o inimigo  somos nós.  Deus ama  inimigos. Aliás, a prova  disso reside no ponto de convergência  de toda a história: a cruz.

  ⁸ "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores [...] ¹⁰ Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida". Rm  8.

   Se Deus ama inimigos, ora, a natureza  do amor que nos é  devido é a mesma: devemos amar inimigos. E o primeiro inimigo somos nós.  E de novo Paulo explica a razão:

²¹ "E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas". Cl 1.

   Coisa bem, quer dizer, mal pensada: inimigo no entendimento. E a razão expressa: por causa da prática  de obras malignas.

   Mas Deus sempre  nos vê com amor. No caso, Agar  foi posta para fora do arraial por Abrão. Nem ele, nem Sarai, ainda eram seus nomes, interessaram-se pela mulher grávida. Enviaram-na para a morte, no deserto.

   A emergência  foi tamanha, nessa vergonhosa demonstração da maldade desse casal patriarca, que Deus enviou seu Anjo para consertar.

   Sarai havia dito a Abrão: ² "Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz filhos." Gn 16. Não  confere, porque havia a promessa de um legítimo  descendente que dos dois haveria de nascer.

   Abrão gostou da ideia  de se deitar com a escrava, porque era novinha. Malaquias 2,15 e Paulo, Gl 4,23, com 500 anos de distância  entre si, concordam nessa denúncia.

  E após a escrava sair grávida, como se diz aqui, mangava de sua senhora. E Sarai, buscando  vingança, publica uma intriga, de maneira perfidamente inteligente, escapando  de sua culpa e agregando escrava e esposo  numa mesma acusação, propositalmente esquecendo  que a ideia foi sua.

⁵ "Seja sobre ti a afronta que se me faz a mim. Eu te dei a minha serva para a possuíres; ela, porém, vendo que concebeu, desprezou-me. Julgue o Senhor entre mim e ti". Gn 16.

   E ainda põe  o Senhor  no meio.  Perigosa essa Sarinha: alugou a escrava ao marido, visando se beneficiar do adultério dele, e agora apronta o siribolo. Espanta  o elogio  de Pedro, sugerindo que seja modelo de virtude. 1 Pe 3,5-6.

  Porque  também  era imimiga. Quando  agimos  por nós, sem nenhuma influência do Espírito em nossa vida, somos "inimigos no entendimento, por causa de nossas obras malignas".

   O Anjo do Senhor despertou Agar para o fato  de que  Deus, como afirma o salmista, não cochila e nem dorme. Beer-Lahai-Roy, o Poço dAquele que me vê para que eu viva.

   A lição  de Agar: ¹³ "Então, ela invocou o nome do Senhor, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?" Gn 16.

   Basta fazer o inverso. Atentar para Deus, que sempre vê.

terça-feira, 25 de março de 2025

Canal YouTube IEC Manoel Julião - AC - Estudos no Apocalipse

 1. Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=xlWY3dDPJOU

2. Como estudar o Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=ZTxHvZRIswg

3. A simbologia do Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=-lDg5iAJibc

4. Deus é Santo

https://www.youtube.com/watch?v=DS_-58HEiKk&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=1

5. Os selos do Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=KwE9B6fJ_nU&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=2

6. Os 144.000 do Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=KaylPVAo0es&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=3

7. As trombetas do Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=U07GYR0Efpk&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=4

8. A simbologia do Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=-lDg5iAJibc&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=5

9. A sétima trombeta

https://www.youtube.com/watch?v=AE49B2SAZCc&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=6

10. As bestas do Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=0u6BKF3ixiA&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=7

11. O Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=xlWY3dDPJOU&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=8

12. Os sete flagelos e a queda da Babilônia

https://www.youtube.com/watch?v=JYSxRwSgnXI&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=9

13. A vitória final de Cristo

https://www.youtube.com/watch?v=KeYfgE70d64&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=10

14. O Novo Céu e a Nova Terra

https://www.youtube.com/watch?v=Ezm3MaFRzyo&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=11

15. Como estudar o Apocalipse

https://www.youtube.com/watch?v=ZTxHvZRIswg&list=PLKmwMB8FjipgIwd1bNbimmH6y8JJiPEG5&index=12

Canal YouTube IEC Manoel Julião - AC - O Livro de Jó - tempos de pandemia

 1. Introdução ao Livro de Jó

https://www.youtube.com/watch?v=8_UQyoMBs8c&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq

2. A estrutura do Livro de Jó - Parte 1

https://www.youtube.com/watch?v=4K2pXc4p3-8&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=2

3. A estrutura do Livro de Jó - Parte 2

https://www.youtube.com/watch?v=rqjDml7jcZo&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=3

4. A estrutura do Livro de Jó - Parte 3

https://www.youtube.com/watch?v=teLdeKdMrxQ&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=4

5. O propósito do Sofrimento - Parte 1

https://www.youtube.com/watch?v=QVV6tKKVMJU&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=5

6. O propósito do sofrimento - Parte 2

https://www.youtube.com/watch?v=hwa6Oz3y9yk&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=6

7. O propósito do sofrimento - Parte 3

https://www.youtube.com/watch?v=TJHX5s3-zFk&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=7

8. O propósito do sofrimento - Parte 4

https://www.youtube.com/watch?v=IP2OgEMQhtg&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=8

9. O propósito do sofrimento - Parte 5

https://www.youtube.com/watch?v=e9S5MZpkC8Q&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=9

10. O propósito do sofrimento - Parte 6

https://www.youtube.com/watch?v=fRV7F10cRVI&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=10

11. O propósito do sofrimento - Final

https://www.youtube.com/watch?v=shI85jfDUts&list=PL1IApdvPxgCyOA6aLq7J436dtZ8S-sHmq&index=11

Canal YouTube IEC Manoel Julião - AC - Provérbios

 1. Provérbios - INTRODUÇÃO

https://www.youtube.com/watch?v=QDQGDRjxrnA&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD

2. Para Aprender a Sabedoria

https://www.youtube.com/watch?v=jGuTCNDTmsw&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=3

3. Estudos em Provérbios: Sabedoria

https://www.youtube.com/watch?v=q9bR-Dz3NBE&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=2

4. Para Aprender a Sabedoria - Parte 1

https://www.youtube.com/watch?v=YIkuyIq9c_U&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=4

5. Subdivisões do Livro de Provérbios

https://www.youtube.com/watch?v=4oQSYNMreUk&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=5

6. Subdivisões do Livro - Parte 2

https://www.youtube.com/watch?v=UZUSArRyzCU&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=6

7. Para aprender a Sabedoria - Parte 2

https://www.youtube.com/watch?v=iMS8YTGsXm0&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=7

8. Para aprender a Sabedoria - Parte 3

https://www.youtube.com/watch?v=qEq_mFuoE5w&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=8

9. Para aprender a Sabedoria - Parte 4

https://www.youtube.com/watch?v=ieFUAChBYFQ&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=9

10. Para Aprender a Sabedoria - Parte 5

https://www.youtube.com/watch?v=NPut-rYCvQA&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=10

11. Para Aprender a Sabedoria - Parte 6

https://www.youtube.com/watch?v=2HLMQ16Qblk&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=11

12. Para Aprender a Sabedoria - Parte 7

https://www.youtube.com/watch?v=e5Usd2QUBYw&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=12

13. Para Aprender a Sabedoria - Parte Final

https://www.youtube.com/watch?v=YF3uaODlU_k&list=PL1IApdvPxgCz3y_ez2gknbASy4HIZPMjD&index=13

sexta-feira, 21 de março de 2025

Pr Decio Moraes: não se esquece jamais

  

 Largo do Barradas. Eu estive por, caramba, já faz 45 anos. Passa muito  depressa o tempo, a Bíblia  já  adverte.

   Período  bom aquele. Foi no ano que completei  23 anos. Terceiro ano como Seminarista,  no antigo Externato, ali na Alexandre  Mackenzie  60, edifício  anexo à  Igreja Evangélica  Fluminense.

    Tempo de d. Beth Bacon, e seu esposo  Henry, também  por lá Roy  Dumphreys  e sua esposa Gwen, e do Pr Martineis Anjo Gonçalves, também professor nosso, que me convidou ao estágio.  Espero não  ter esquecido ou trocado nenhuma letra dos nomes internacionais.

   Lídia e família  me hospedavam,  para os almoços,  em sua casa. Havia um outro  irmão diácono,  de quem não  lembro o nome, combinamos  um dia avistar a baía de Guanabara  do alto. Mas findou, como dizem os acreanos, nunca ter ido.

   Por falar  em Acre,  onde estamos desde 1995, numa das 15 memoráveis viagens de carro ao Rio, Pr Decio  Moraes convidou que eu retornasse ao Largo do Barradas.

  Ora, não  lembro com certeza  o ano, mas eu e minha esposa Regina passamos  por cima da ponte, tentei lembrar a manobra dos, na época,  mais ou menos 30 anos atrás,  para acertar o rumo.

   E fomos ao encontro do sorriso do pastor Decio. Com ele, sempre  festa. Eu lembro, pela vida, de uma coleção  de sorrisos. Claro,  há  o das crianças.  Também  aquele  dos idosos, um dos mais lindos, de minha avó materna.

   Há  até  as gargalhadas,  uma vez escrevi  sobre as que, com certeza, ecoaram da boca  de Jesus.  Havia até  uma ordem católica,  se não  me engano,  beneditinos,  que condenava o riso.

   Mas o riso do pastor  Decio  Moraes, e mesmo sua gargalhada,  desenhada  como talhe  inconfundível,  integrada como parte indissolúvel  de sua fisionomia,  assim nos recebeu naquele  domingo.

   Decio, como o chamávamos  na intimidade,  circulava  pelo Seminário mesmo antes  de ter confirmada a sua vocação.  Sempre acompanhado  de sua linda esposa, também  nos encontrávamos na antiga Sede em São Cristóvão.
  
   Sempre  de bom humor. O que não  significava, disso temos certeza, que  fosse ingênuo ou um incorrigível irreverente. Não. Mas alguém  que enxergava a vida por detrás, ou melhor, pela frente  de sua maior força,  a alegria.

   Após  o retorno  dos 70 anos  de exílio, numa Escola Dominical de época,  quando leram e estudaram a Lei por uma manhã  inteira, Esdras  exortou  o povo, que chorava ainda lembrando o trauma do exílio,  dizendo que "Alegria  no Senhor  é  a nossa  força." Ne 8,10.

   Eu tenho certeza que, com o Pr Decio  Moraes, seu riso significava ter aprendido onde reside a nossa força.  Numa alegria que provém,  inesgotável,  do Senhor.

   Essa é  a mesma  exortação  que Paulo repetiu aos Filipenses: "Alegrai-vos sempre no Senhor, outras vez digo, alegrai-vos". Fp 4,4. Assim nosso colega ensinava, praticando. E, como Paulo, repetindo. 

   E distribuía por todo o Brasil a Palavra Viva. Eu ouvia nos corredores  da Sec  de Educação  do Acre,  onde trabalho  desde 2014. Trocávamos conversa. E certa vez ele convidou  para falarmos  sobre Missões, em seu canal Mundo em Ebulição,  no YouTube.

  O link está  aí  embaixo. Foi uma agradável entrevista.  Principalmente  por me chamar de amigo  e ainda dizer que reservava  por mim um carinho  muito  especial, sempre recíproco. Apesar  da distância,  aproximamo-nos. Tive também  o privilégio  de lecionar ministrando aulas ao seu filho.  

    Pastor  Decio  sempre foi essa pessoa que, independentemente da distância  ou do intervalo de tempo sem vê-lo, bastava ouvir seu riso e ou sua voz, chegava a nós sua alegria.

   Parabéns  a sua família.  Às  suas ovelhas.  A nós,  seus amigos, por ele assim considerados.  Enquanto  esteve entre  nós,  como tradicionalmente lemos e a ele plenamente  se aplica, cumpriu cabalmente  o seu ministério.

   Que foi levar a tantos a força, no Senhor, de sua alegria. A presença  de sua voz, a cada recado dado em Palavra  Viva. E sua simpatia contagiante em seu canal Mundo em Educação.

   Eu ainda lembro de seus livros  e da fase notável  em sua vida profissional. Por favor, completem com mais detalhe  esse viés  de sua personalidade. Há  tanto  tempo fora do Rio, estou meio distante.

  Gratidão ao Senhor  pela vida do Pr Decio e sua marca cristã em sua família,  igrejas por que passou  e em seu contexto  de vida profissional, magistério  e ministério.

   Sua última  Palavra Viva foi nos exortar  a orar. Nossas vidas são  cada vez melhores, diante do padrão  de Deus, na medida de nossa intimidade  com Ele. E dela, a oração é  parte principal,  pelo  modo como exercita  e modela nosso caráter.

   Decio  Moraes agora  conversa cara a cara com Jesus. Outro homem da alegria, Paulo Apóstolo, afirmou nessa mesma carta aos Filipenses  que, estar com Cristo,  é  incomparavelmente melhor.

   Esse sorriso  já  entrou  no céu.  Com certeza, vamos revê-lo, nesse lugar onde nunca, nunca  mais, haverá  lágrima. Só  sorriso. Sim, lá ecoam tantas gargalhadas,  e mais essa uma que lá  chegou.  


Ouça  pelo link abaixo:

Por que Escola Dominical

 1. "...todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça".

  A comunhão e ajuntamento "como um só homem" indica a importância igual que todos  deram a essa convocação. Concordar numa coisa: a necessidade de se reunir em torno  da Palavra  de Deus.

2.  "...e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel".
  Estavam ali para nenhum outro propósito,  senão aplicar-se à lei. Então,  pediram ao escriba  Esdras que trouxesse o que mais interessava  e era precioso e essencial para eles.

3. "E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e todos os que podiam ouvir com entendimento".
   A Palavra  de Deus é  para todos. Nunca será  cedo para se iniciar. Todos deixaram  suas casas e todas as famílias e todas as idades estavam reunidas.

4. "E leu no livro diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei."
  Fez leitura. Impressiona o período  que se gastou nela. Nossos períodos tem sido menores e, infelizmente, nulos. As ED estão  desaparecendo e o gosto  em ler, ouvir e aprender se tem esvaziado.
   Ressalte-se também  a atitude  de concentração  do povo.  Novamente  todos  os que podiam  entender, ou seja, provinha de todos e todas as idades o grau de interesse.
    Lembrar que, na criança,  será  o interesse dos pais (e dos avós) que os vai predispor a amar as Escrituras e se dedicar  a elas.

5. "Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim; e estava em pé junto a ele, à sua mão direita,"
   Havia uma infraestrutura  pronta para aquela  oportunidade.  E havia um grupo  de auxiliares.  Percebemos  que, mesmo naquela  época  remota  e ao ar livre, havia uma assistência  inteligente  que permitia  a todos  uma finalidade  produtiva.

6. "E Esdras abriu o livro perante à vista de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé".
   E também  havia, por parte dos ouvintes,  uma reverência  e solenidade diante do conteúdo do Livro e porque  reconheciam Deus falando. O livro de Neemias é  o único  do AT que menciona o Espírito  Santo ensinando.

7. "E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém! Levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra."
  Tratava-se da Lei do Senhor,  da Bíblia  daquele tempo,  daí  sua reverência e seriedade  diante do ensino da palavra, dedicação  e todo o tempo empenhado ali naquela  manhã.

8. "...e os levitas ensinavam o povo na lei; e o povo estava no seu lugar".
  Mais uma indicação  de que se organizaram para valorizar o que desejavam  aprender. Deve ser permanente  essa atitude de concentração,  diante da Palavra de Deus.

9. "E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse."
  Todas as etapas necessárias  ao entendimento da Palavra de Deus são necessárias  ao bom proveito desse aprendizado.  Liam, declaravam, explicavam o sentido e tornavam  entendido.

10.  "E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei".
   O momento lembrava a razão  por que estavam retornando  de 70 anos em cativeiro. Toda uma geração  se foi pelo tempo no país  estrangeiro.  E foi exatamente  por não  guardar a Lei do Senhor  que exprimentaram toda essa provação.

11. Saíram  da dieta v. 10.
   Também  há  festa. É  só  deixar de fora a gula. Mas, para o choro (não  teatral) há  uma bem-aventurança.

12.  "E no dia seguinte ajuntaram-se os chefes dos pais de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, a Esdras, o escriba; e isto para atentarem nas palavras da lei."
   A leitura, ensino  e aprendizado da Lei do Senhor  tem um dia seguinte.  Lembrar, checar o que aprendeu, pôr  em prática,  reconhecer lutar consigo mesmo no empenho  em cumprir no viver a Palavra  de Deus.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Faze isto

    Um tal intérprete da lei, nos tempos de Jesus, fez a mesma pergunta do jovem rico, de como devia proceder para herdar a vida eterna.

     Era uma dupla provocação. Certamente, queria ouvir sobre "vida eterna", ao mesmo tempo que forçar Jesus a uma, na opinião dele, contradição.

    Inteligente com sempre, Jesus retornou a pergunta, mexendo com a vaidade dele. Está na lei, replicou: como você interpreta? Rapidamente, o homem respondeu:

²⁷ "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Lc 10.

   Jesus, magistralmente, encerrou a altercação: "Faze isto". Aí  está  a questão. Não  vamos rir do tal intérprete. Quem faz isto? Quem ama? E, se ama, como ama? Quando ama?

  Na Bíblia,  amor é essência  de Deus, mandamento de Jesus e fruto  do Espírito. Veja na sequência  de versículos  abaixo:

⁸ "Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor." 1 Jo  4.

¹² "O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei." Jo 15.

²² "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade." Gl 5.

   Só  dá  para se aprender a amar com a Trindade.  E somente existe um tipo de amor, esse mesmo, que te conduz amar do pior inimigo ao ser humano, para você,  de maior afeição.

  Logo, amor é  milagre  em nós  operado. Somente, como diz Paulo,  de novo,  com plenitude  de Deus:

¹⁹ "... e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ef 3.

  Jesus aprendeu  a amar  com o Pai. E, pleno  do Espírito,  nunca deixou esmorecer. Veja abaixo:

¹⁰ "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço." Jo 15.

  E tudo que o Pai tem, Jesus  tem consigo, do mesmo modo o Espírito.  Por isso experimentam  e compartilham o mesmo amor.

¹⁴ "Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. ¹⁵ Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar." Jo 16.

   Não  existe amor teórico,  somente  o prático. Super eficiência ou super competência,  não  é  prova ou comprovação  de amor, vide a igreja de Éfeso.

   Assim como dar tudo,  seja toda a riqueza  e até  a si mesmo, não  é  amar, veja  1 Co 13. E nem ser totalmente  sábio,  o que somente  promove soberba, vide Salomão (não  na sabedoria, que esmoreceu,  mas na soberba, que prevaleceu). 1 Co 8:

¹ "O saber ensoberbece, mas o amor edifica. ² Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber. ³ Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele."

   Como na adoração, é  Deus e mais ninguém que identifica amor em nós. Ele que valida e comprova. Está  muito  intrincado com a humildade.

   Aliás, nas bem-aventuranças, tudo  começa  com a humildade. E segue  articulado.  Assim como o fruto do Espírito,  começa  no amor, e as virtudes  de 2 Pe 1, que precisam todas ser reunidas,  e só  então  virá  amor.

   Para terminar,  se pensas ser fácil, no e com o mesmo amor, amar inimigos e amigos, não  tente seguir a lógica  de Jonas que, por tanto  odiar, preferiu  morrer, por causa  de uma lagarta, a ver arrependidos 120 mil que se decidiram por sua pregação.

   Amor só  tem uma escola. Está  embutido no sentimento de Cristo. Odiar tem mil portas, quer  dizer, mil no sentido figurado: tem muito mais. 

   Ah, sim: não  há  nem tipos e nem intensidades  de amor. Será verniz de simulação social  ou hipocrisia doméstica. Se não  for amor, será  ódio.  Para isso, veja,  mais uma vez, João:

²⁰ "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê." 1 Jo 4.

   Faze isto. E não  aquilo. É  Fake.

domingo, 9 de março de 2025

Para ser belas e tudo belo ao redor

Alef: a pergunta pela virtude, quem sabe, se encontra na mulher? Será que foi onde Deus a pôs? Maroto, o Altíssimo: terá acordado o homem de seu primeiro sono com esse presente? Ela é resposta de um sonho?

Bete: o coração dele, agora, a quem pertence? Para ser uma ajudadora idônea, tudo o marido agora a ela confia. Nada lhe faltará. O mesmo verbo do Salmo 23. Para tanto, ela será o que Deus dela espera e do modo como Ele supre. Ora, vamos ver quem entende de suprimento. Será ela?

Guimel: se alguém procura pelo bem, já sabe onde encontrar. Mais uma vez Deus nos surpreende. Ora, adivinhem onde escolheu esconder o bem e, mais uma vez, na mesma ideia do Salmo 23, por todos os dias da vida. Os bebês e os filhos (e os maridos) que o saibam.

Dalet: agora as mãos. O que temos a dizer sobre as mãos delas? Quanto cuidado, previdência e providência em suas mãos! Elas são o desdobramento prático de toda essa virtude que o texto diz ter Deus nelas colocado. Elas põe em seu lidar toda a sua boa vontade.

He: elas vão longe buscar o pão. A comparação com o navio mercante, no contexto de época, nos faz lembrar o tamanho do mar e a fragilidade, mas também a agilidade e versatilidade desse tão pequeno veículo, mas que contém consigo todo o suprimento. Trata-se do tino dela, superar todos os obstáculos para suprir toda a família.

Vav: a mulher, portadora de experiência adquirida anos afora, muitas vezes pela virtude de sua mãe, vai se antecipar, sempre, às necessidades, porque madruga, e saberá administrar toda a casa a qual, para ela, não tem segredos. Na casa sempre haverá, para suprimento, tudo de que se carece.

Zayin: a influência da mulher não se restringe, apenas, à casa. Aqui a Bíblia surpreende, porque em sua época de ser escrita, demonstra a capacidade da mulher para fora do lar. Será capaz de se expor para adquirir herdade, ou seja, bens imóveis, além de empreender, porque plantar uma vinha requer investir, dispor finanças e liderar trabalhadores.

Hete: a força da mulher. Sem desejar que seja explorada, sua diligência não a torna omissa. Poderia se dizer dela que se dedicasse apenas aos afazeres domésticos. Mas ela, cingida, sobrevestida dessa sua força, demonstra ser capaz de acumular esforço dentro e fora de casa. E ainda instruir filhos e ser modelo para o marido.

Tete: não se pense que em sua tentativa no contexto de fora, em sua exposição, por ser mulher, será ludibriada e frustrada. Não, porque mais uma virtude vai demonstrar, agora a sabedoria. Não adquire "gato por lebre", sempre bem avalia o que compra e nunca perde à toa o sono, porque sua noite é sempre prontidão.

Yod: hoje muito do que elas faziam em casa, para vestir e comer, as lojas e supermercados suprem. Então, elas desviam para outras atividades esse seu saber. E continuam a descobrir o que é novo, por exemplo e desta vez até na Internet, porque sabem distinguir entre o que é útil ou não, o que implica avanço ou recuo, então o que avalia como frutuoso, aproveita.

Kafe: a percepção da mulher não se limita, apenas, a si mesma, a sua família, mas também enxerga a necessidade alheia. Lembro minha avó e minha mãe, acho até fácil lembrar de alguém que teve familiares com dificuldades financeiras, mas viram dividir o pouco que tinham com quem tinha necessidade.

Lamed: quando vêm as adversidades, porque vêm, de qualquer e de todos os tipos, ela vai enfrentar sem medo ou covardia. Mais uma vez aqui podemos testemunhar como foi com familiares nossos ocorrer intempéries, doenças, crises político-financeiras, enfim, a história da humanidade está escrita, muitas vezes, com a história dessas mulheres.

Meme: apresentar-se bonita e bem cuidada não é vaidade, aliás, com o que precisa ter todo o cuidado. Fossem as tecituras antigas, sejam as vitrines modernas, até mesmo virtuais, ressaltar sua beleza, a beleza da casa e a do contexto de trabalho é mais uma extensão da arte de sua virtude. Estão postas para ser belas e tudo tornar belo a sua volta, caso assumam sua virtude.

Nun: a marca da mulher está gravada no marido. Invejado e invejada por transmitir a ele sua virtude. Tão amplo é o trato dessa mulher, que ele carrega consigo a fama dela e ainda adquire fama, pelo seu amor e cuidado com ela. Também, anciãos no sentido dos que leem os traços de virtude e sabedoria espalhados pela vida, com assinatura divina nos filhos de Deus, enxergam essa virtude.

Samech: ela negocia com mercadores. Surpreende os especialistas em negócio, sem se deixar enganar por eles. O que elas têm consigo, caso atentas ao que Deus concede, vai sempre surprender mesmo homens experientes, no que é seu mister, porque elas sabem de onde retirar, onde buscar e em Quem encontrar sabedoria. A herança espiritual delas, uma vez cultivada, rende muitos frutos.

Ayin: pode-se buscar dentro, porque há conteúdo e raiz na virtude da mulher. Não se trata de simulação teatral, mas força que não esmorece e glória que não se dissolve, porque têm origem em Deus. Porque há conteúdo verdadeiro e fonte inesgotável, em Deus, ironicamente o texto demonstra não haver nenhum temor com o que virá: nem o inevitável e nem o inesperado vai surpreender.

Peh: ela fala, com propriedade, não para se exibir. Mas econômica em suas palavras. Vai ser prudente ouvir e atender ao que fala. Conheço (e conheci) uma (e outra) que mais profetiza(ram) em sala de aula, do que em qualquer outro lugar. Não há demagogia ou hipocrisia em suas palavras, por isso até se pode chamar lei o que espalha por onde anda, por palavra e por exemplo.

Tsade: governar, para ela, signfica ser mordomo e não déspota. Não rouba para si, com astúcia, o que deve ser do outro, mas administra a si, seu tempo, sua casa, seu trabalho. Compartilha sabedoria com todos à volta, seja em casa ou fora dela. Diligentes todo o tempo, retiram energia de seu empenho, de seu exercício diário de sabedoria, da história de sua formação desde meninas. Porque desde muito cedo a mulher precisa aprender a ser virtuosa.

Qofe: desde sua casa vem o reconhecimento. Esposo e filho carregam suas marcas. Seria estupidez que não reconhecessem. A fama que transpôs a fronteira da casa, que se espalhou em boa fama por onde passou, tem raízes em Deus, no Autor de toda a arte. Esse toque de beleza divina, nela, exatamente por sua virtude e sabedoria, foram multiplicados e anunciam as perfeições que somente Deus compartilha.

Resh: elogio não será exagero ou vã tentativa de soberba, mas reconhecimento. E a autenticidade reside no compartilhamento com os propósitos de Deus. Desde o Gênesis, Deus traçou intenções com respeito ao homem e à mulher. Um e outro estão nos planos de Deus para si memos, seus filhos, o governo benfazejo do mundo e toda a criação. Embora o destaque aqui seja a parcela que compete à mulher, está entrelaçada e reconhecido todo o mérito e glória dedicados ao Senhor.

Shin/Sin: graça e formosura são traços nítidos e exteriores da beleza feminina, mas não são determinemtes. Elas serão enganosas, se forem postas como prevalecentes em relação às virtudes aqui destacadas. O temor do Senhor, como já registrado nas Escrituras, são o princípio da sabedoria. Como registram os Provérbios, somente loucos não percebem ou não põem em prática tal advertência.

Tav: frutos e louvor seguem essa mulher. Mas com honra, lembrados aqui os frutos do Espírito, com Deus, internamente, o artífice de toda essa história. E o louvor, o aleluia, é a Deus e ao reconhecimento dela e de todos que a Louvar, de que a sabedoria, o agir e o testemunho da mulher virtuosa é resultado de sua vivência com Deus. Que todas escolham esse caminho. E todos à sua volta reconheçam nela as marcas do Senhor.

domingo, 2 de março de 2025

Memória de Marcos: a Bíblia em que lia

 ¹ "Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. ² Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho; ³ voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas". Mc 1.

   Marcos foi o primeiro a reunir as memórias de Jesus. Ele menciona uma referência a Isaías. Charles H. Dodd, em seu livro "Segundo as Escrituras" afirma ser Isaías o profeta mais citado no Novo Testamento.

  Ele supõe que havia um conjunto de textos reunidos e divulgados desse profeta, dedução feita a partir dessas inúmeras citações. Dodd assim deduz porque elas guardam, entre si, afinidades e se espalham por todo o cânon do NT.

  Instigante refletir sobre as motivações de quem escreve (e de quem lê) sobre Jesus. Os Evangelistas, Marcos o primeiro a escrever, espelham a motivação pela ressurreição de Jesus.

  Tanto é assim, que nos Evangelhos o destaque é a denominada Narrativa da Paixão, que é a descrição da penúria final de Jesus, após ser encarcerado no Getsêmani, seu interrogatório, julgamento, caminho ao Gólgota e crucificação.

  Embora Jesus tenha garantido aos apóstolos que ressuscitaria, não compreendiam. Após a constatação súbita deste fato, alegraram-se, divulgaram e, como descreve Lucas, com detalhe, aguardaram a autoridade do Espírito para iniciar a era da igreja.

  Marcos descreve, com clareza, esse início e, ao final de seu Evangelho, encerra com a advertência de Jesus às mulheres, que avisassem os apóstolos que estaria, de novo, na Galileia, à frente deles. Era o ponto de encontro usual e continuava a ser.

  Início em Marcos: ¹⁴ "Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, ¹⁵ dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho." Mc 1.

  Encerramento (ou nosso início) em Marcos:
⁷ "Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galileia; lá o vereis, como ele vos disse. ⁸ E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assombro; e, de medo, nada disseram a ninguém." Mc 16.

  Marcos escreve como se fosse um repórter. Se fosse hoje, seria um post na Internet. O que motivou Marcos foram suas memórias da leitura do profeta Isaías, conferidas pelo que constatou como resultado do ministério público de Jesus.

  Ele identifica João Batista, como o derradeiro precursor de Jesus, aquele que lhe pavimenta o caminho. Todas as evidências reunidas, assim como a irrupção de uma novidade que choca toda a estrutura pronta de seu tempo.

   João Batista representa o sacerdócio desprovido de sua falsa autoridade, por sua corrupção indolente frente à autoridade romana. Ele vem com autoridade imediata do céu, para anunciar um novo tempo, de uma nova e definitiva aliança, da culminância dos tempos e revelação completa de Deus.

  É urgente a notícia, o evangelho é novo, é atual, emergencial. Assim como é nítida a sua percepção. As memórias de Marcos, de sua leitura da Bíblia de seu tempo, conferem com o anúncio do Batista e todo o ministério que segue.

  Do início ao final, a identidade do evangelho e a de Jesus, seu protagonista, estão evidentes. E como diz Pedro, companheiro de Marcos, é como uma "candeia que brilha em lugar tenebroso", que é o mundo, até que a estrela da alva, que é Jesus, apareça e, definitivamente, irrompa a luz eterna.

  Marcos se debruça sobre as Escrituras de seu tempo. Por elas, identifica o cumprimento delas no seu dia a dia. Por isso confirma, por seu Evangelho, seu pleno cumprimento em Jesus Cristo. Pois este é quem integra Antigo e Novo Testamentos.

   Jesus segue adiante, sempre visando a Galileia, terra a que Isaías se refere como "Galileia dos gentios", terra sob trevas, na qual resplandeceu a luz do evangelho, que é Jesus. "Eu sou a luz do mundo, quem me segue, não andará em trevas".

  Jesus segue adiante de nós. E nós o seguimos como seus discípulos. Em nosso coração resplandece a luz, que é Jesus.

sábado, 1 de março de 2025

Tudo

 ⁸ "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento." Fp 4.

   Paulo termina a carta aos irmãos de Filipos com a recomendação acima. Talvez a igreja reconhecida, em detalhes, a mais notável no Novo Testamento.

  Desde o seu começo, a partir de um grupo de oração de mulheres, à beira do rio, talvez o Gangites, não mencionado por nome na carta aos Filipenses.

  Nessa cidade Paulo pregou por 1 semana, libertou de demônios uma jovem adivinha manipulada por mercenários, foi preso e açoitado, cantou com Silas, na prisão, foi alvo de um milagroso terremoto, que destrancou sua cela.

   Batizou o carcereiro e sua família, após o susto pela suposta fuga coletiva, foi cuidado por eles, lanchou e, pela manhã vieram soltá-lo, e ele fez com que os pretorianos soubessem que haviam açoitado um cidadão romano na cidade que era colônia romana.

  Todos esses fatos geraram uma igreja-modelo, que se associava a Paulo em seu ministério, a quem ele agora escreve de outra prisão, talvez Roma, Éfeso ou Cesareia, demonstrando como a Palavra de Deus, num tempo sem Internet, mídia ou IA alcança toda a terra.

   E chega aos nossos dias, propondo acima, nesse trecho final, um crivo de qualidade. Se ocupa ao pensamento, provém do coração e está muito perto da boca.

  Quem fala do que abriga o íntimo do coração é o profeta Obadias, de como a língua rege todo o corpo é Tiago e de como a mente urde, como sede, todo o pensamento e sua reação é o próprio Paulo.

  Pode até ser verdadeiro, no cimo da escala, mas precisa ser respeitável. Mas ainda deve passar pelo crivo de ser justo e puro. E caso seja amável e de boa fama, tendo alguma virtude e louvor, de chegar incólume até aqui, ora, só então abrigue e acolha no seu pensamento.

  O Salmo 19, no seu último versículo, faz uma síntese dessa enumeração de Paulo: ¹⁴ "As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!"

  Trata-se de um refinamento. Do mesmo contexto, Paulo recomenda aos Efésios sobre o ponderamento das palavras: ²⁹ "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem." Ef 4.

   Assim Paulo, com sua recomendação final aos Filipenses, reúne palavra, coração e mente, indicando o modo como, exatamente, vai também recomendar, na sequência do texto acima, aos Efésios, ser possível viver sem, de modo algum, ferir a sensibilidade do Espírito:

³⁰ "E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção." Ef 4.

  Verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável e de boa fama. Há virtude e há louvor nessa proposta? Então, vamos rever nossa mente por esse padrão. Pouca gente consegue. Bem pouca. Mas é possível aderir.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Livre em Cristo, sim; sem carga, não

 ²⁴ "Outra carga não jogarei sobre vós". Ap 2.

    Afinal, que tipo de carga queremos? Talvez, nenhuma. Mas liberdade, sem o fardo de Jesus, é prisão dentro de si mesmo.

    Hoje já ouvi de um profissional: "Maravilha! É a semana ideal". Disse, referindo-se ao Carnaval. 🎭  Há quem considere essa sequência que, em alguns lugares (ou mídias) já se iniciou, 1 semana antes, como dias muito leves, de pura 🍃folia, sem nenhum freio.

  Seria muito bom uma vida sem preocupações. Fazer de conta que não há nenhuma carga. A frase lá em cima foi dita por Jesus a Tiatira, uma das 7 igrejas da Ásia Menor nos dias de João, esse mesmo do Apocalipse.

  Quer dizer que Jesus já havia jogado uma (ou mais) carga(s), mas promete não jogar outra. Esse é o mesmo Jesus que também disse, certa vez: ³⁰ "Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." Mt 11.

  Bem, então há jugo, fardo e carga. Embora Jesus tenha, em certas ocasiões, lançado mão de ironia, não é o caso em nenhum desses trechos acima. Então, verdadeiramente, com Jesus há jugo, fardo e carga.

  Podemos até preferir não levar em conta essa advertência e nem desejar entender o que significa essa experiência. Fardo suave e jugo pode até parecer, sim, ironia.

  Porque qualquer um desses três mencionados implicam em peso. Por questão de opinião, voltando à comparação acima, dependendo do ponto de vista, não há nenhum peso na folia.

  Aliás, a própria mídia já veicula opiniões de crentes que renunciam a mencionar nomes de entidades de outras religiões, mas que se mostram inteiros liderando, em parceria, shows de folia.

  Inauguram-se vários tipos de evangelho sem carga, leves, nos quais há escolhas segundo os gostos individuais. Sim, realmente a Bíblia se presta a muitas leituras. Até mesmo religiosas. E religião é algo cultural.

  Pode ser que uma revisão, por imersão numa cultura light, sem freios ou imposições, seja a interpretação preferida. O próprio Paulo, esse "Apóstolo nascido fora de tempo", certa vez expressou-se:

¹ "Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão." Gl 5.

  Aspiramos todos à liberdade. Sem jugo, fardo ou cargas. Sem nenhum peso. Mas há um tipo de prisão, revelada nas páginas na Bíblia, que diz respeito às nossas escolhas erradas.

  Então prefira a carga, o jugo e o fardo de Jesus Cristo. Leiamos todo o contexto em Mateus 11, pondo reparo e fixando com firmeza essa aderência de Jesus:

²⁸ "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. ²⁹ Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. ³⁰ Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve."

   Aprendamos com Jesus, orando para que também nos torne mansos e humildes de coração, para que tomemos, sim, o jugo, o fardo e a carga de Jesus sobre nós.