domingo, 14 de julho de 2024

Pedro e Paulo e a imitação de Deus

 Pedro, em sua segunda carta, menciona, de modo semelhante a Paulo na carta aos Efésios. Paulo:

¹ "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados". Ef 5.

  E Pedro:

⁴ "... para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo". 2 Pe 1.

  Aos Efésios é uma exortação, expressa pelo imperativo "Sede". Na 2ª carta de Pedro, segue a expressão "Visto como".

  De modo que não se trata de opções, porém características definidoras do caráter cristão. Trata-se de "ser imitador de Deus" e "tornar-se co-participante da natureza divina".

  Em Pedro, partilhar em comum, com Deus, a natureza dEle. Em Paulo, emulação, quer dizer, aspirar a ser igual. Nada de errado, biblicamente, em ser em comum com Deus ou aspirar a ser igual a Deus.

   Não somos semideuses e nem demiurgos. Nem seres mistos, uma mistura de deuses com homens, como na mitologia grega, nem deuses expulsos de sua morada, pervertidos com essa mudança

   Não. Seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus que, em Cristo, recuperam sua essência. Não existe mistura, no sentido de aberrações. Não nos tornamos deuses.

   Não deixamos de ser homens, como imitadores de Cristo, segundo Paulo também afirma:

¹ "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo." 1 Co 11.

  Nesses três textos aparecem no grego o verbo "tornar-se". Portanto, ser um imitador de Cristo, para o ser também de Deus, assim como tornar-se co-participante da natureza divina implica desejo e esforço pessoal.

   Pedro indica uma relação de atitudes. Traga consigo, empenhe-se com toda sua energia pessoal, então aproprie-se com intensidade de sua: (1) fé (persuasão divina); (2) virtude (toda a sua excelência como pessoa); (3) conhecimento (sabedoria vivencial aplicada); (4) domínio próprio (fruto do Espírito); (5) perseverança (resistência moral); (6) piedade (expressão natural de reverência a Deus); (7) fraternidade (franco amor ao irmão); (8) amor.

   Entre parênteses, ao lado de amor, pudéssemos escrever Deus. Porque Deus é amor. Portanto, imitar Deus, tornar-se participante de Sua natureza, constitui-se em amor.

   Todas essas 8 características que Pedro elenca como sequenciais, até se alcançar amor, precisam ocorrer todo o tempo na vida cristã e tem origem em Deus. Fé é dom de Deus. Virtude é resultado da construção em nós da personalidade de Cristo.

   Conhecimento é resultado em nós, por meio de Jesus, da sabedoria de Deus. Paulo afirma:

³⁰ "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria". 1 Co 1.

   Domínio próprio é fruto do Espírito. Perseverança, capacidade de continuidade e firmeza adquirida, a partir de Deus, na nova vida assim formada. Piedade, também concedida a partir da própria virtude de Deus. E, por fim, o amor.

   Ele vem por meio da fé, que desperta em nós o anseio por ele, que me ensina a conhecer e escolher o que, diante de Deus, é certo:

⁹ "E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção". Fp 1.

   Domínio próprio como fruto do Espírito, manter e fixar consigo esse propósito, sem dele se desviar, mantendo perseverança e o fazer continuamente nessa escolha.

  A piedade, porque tudo provém e é suprido por Deus, e o efeito da fraternidade, porque o contexto de ocorrência é na igreja. Vale refletir o modo como cada uma dessas características acontece e se desdobram em nossa vida.

   Até resultar em amor. Devem ocorrer juntas, uma associada à outra. Em cadeia, até que resulte no amor. Não se trata de opção, mas de identidade de vida cristã. E vejam por que não podem faltar:

⁸ "Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo." 2 Pe 1.

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