quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Cânticos de Romagem - 1

Salmo 120. Clamor de um Peregrino. Os Salmos 120-134 são denominados Cânticos dos Degraus ou Romagem (Shir = cântico, hammaaloth = subida). Acredita-se que eram cantados a caminho do Templo ou na peregrinação de retorno do exílio (Ed 7:8-10). São uma coleção reunida em função da temática comum a esse grupo de salmos, posteriormente reunida a outras coleções do Saltério. Neste primeiro, um peregrino do deserto da Síria (120:5), angustia-se (120:1) porque está cansado de conviver com pessoas que detestam a paz (120:6). Eles usavam sua língua (120:2-3) para semear contendas (Tg 3:1-12). O salmista decidiu-se pela paz (120:7), por isso clama ao Senhor por ajuda. Este salmista peregrino está bem caracterizado (Tg 3:13-18) como ‘promotor da paz’ (Mt 5:9; Jo 14:27; Fp 4:4-7). 

Salmo 121. Segurança contra todo o mal. Ente os 15 salmos dos Cânticos dos Degraus, 122, 142, 131 e 133 são atribuídos a Davi, o 127 a Salomão e os outros dez são anônimos. Este é conhecido como liturgia de bênçãos, por mostrar o modo como Deus cerca de segurança os Seus servos. Como Jesus mostrou na parábola do samaritano (Lc 10:25-37), havia perigos nas estradas que conduziam o peregrino ao Templo. Um momento de dúvida por socorro (121:1), logo é desfeito pela certeza que só o Senhor pode dar (121:2). Ele não deixa (1) vacilar o pé e nem cochila, (2) guarda como sombra rente à direita (121:5), (3) nem sol, o regente do dia, ou a lua, regente da noite, se possível molestarão (121:6), (4) o Senhor guarda a alma de todo o mal (121:7), (5) o Senhor guarda a saída e a entrada (121:8). O Senhor cerca por todos os lados (Sl 139:3-5).

Salmo 122. Alegria por estar no Templo. Os Cânticos de Sião (46, 48, 76, 84, 87 e 122) marcam Jerusalém como (1) meta do peregrino (2) morada do Altíssimo Deus e (3) Trono do Reino do Messias (Ap 21:9-27). Daí a grande alegria do salmista por estar no Templo (122:1). Diante da cidade (122:2), ele passa a refletir sobre o seu grau de importância para todos os peregrinos: (1) para lá sobem as tribos do Senhor para dar graças ao Seu nome (122:4), (2) nela se encontram os tronos de justiça da Casa de Davi (122:5), (3) sejam prósperos os que oram por sua paz (122:6), (4) que a paz que experimenta resulte em prosperidade (122:7) e (5) seja o voto de todo o peregrino buscar o bem da cidade (122:8). Moisés (Ex 40:34-38), Salomão (2 Cr 7:1-3) e o rei Ezequias (Is 38:22) anelavam estar na Casa do Senhor.

Salmo 123. O Senhor salva da aflição. Trata-se de uma lamentação na qual o salmista fala em nome do todo o povo. Muito provavelmente associado ao grupo dos Cânticos de Romagem ou Degraus devido à sua temática do sofrimento (123:3-4): (1) declara ter a alma farta de desprezo, (2) e de zombaria (3) dos que estão largados a sua própria sorte. Por isso aguarda a piedade de Deus de olhos fixos no Seu socorro, com a mesma atenção dos servos às necessidades de seus senhores (123:2). Na cultura oriental, a fidelidade do servo era grande virtude (Lc 12:35-38), daí a comparação entre a expectativa atenta dos olhos de um servo comum e os olhos do servo fixos no Senhor. O fato de este salmo terminar num tom de desespero, assim como no Salmo 137:9, pode significar sua relação com o cativeiro babilônico.

Salmo 124. O Senhor sempre perto. É um contraponto em relação ao salmo anterior porque, embora se relacionando ao exílio, aponta para o livramento que impediu a destruição do povo: (1) os inimigos se levantaram contra eles (124:2), (2) na sua ira os teriam engolido vivos (124:3), (3) como se águas sem limites os submergissem definitivamente (124:4-5; Sl 42:7; Jn 2:2). O diferencial que determinou o livramento é repetido como refrão: ‘Se não fora o Senhor que esteve ao nosso lado’ (124:1-2). Uma expressão final de louvor (1) bendiz o Senhor, que livrou Seu povo das presas do inimigo (124:6), (2) libertou sua alma, como pássaro que escapa de uma armadilha quebrada (124:7) e (3) e reconheceram que seu socorro está no Deus único, criador dos céus e da terra (124:8). 

Salmo 125. Proteção eterna do Senhor. Duas comparações de estilo poético, chamadas metáforas, são feitas com relação aos que confiam no Senhor: (1) são inabaláveis como Sião, o monte sobre o qual Jerusalém estava erguida e (2) são protegidos pela presença do Senhor à sua volta, como os montes ao redor da cidade (125:1-2). Há uma certeza para o salmista: o Senhor não permitirá que Seu povo permaneça, indefinidamente, debaixo do governo (cetro) de ímpios, para que não se tornem tão iníquos quanto seus opressores (125:3). Uma oração final (135:4-5) pede (1) que Deus faça o bem (Sl 119:68), o que é de Sua essência, aos bons e retos de coração, e (2) exerça Seu juízo sobre os que se desviam e os que operam maldade. Mas sobre Israel: Shalom ‘al-Yisra’el,  ‘paz sobre Israel’, a Paz do Senhor sobre ela (125:5).

Salmo 126. Como quem sonha. Desta vez o salmista procura uma metáfora que possa expressar o tamanho da alegria dos que retornaram do exílio (126:1): houve riso, cânticos e a constatação, por parte das nações, que grandes coisas fez o Senhor por Seu povo (126:2). E o povo reconhece, na repetição do refrão que, certamente, o Senhor fez, por eles, grandes coisas, razão de sua alegria (126:3). Numa oração final, o salmista anônimo pede (1) que o Senhor restaure a sorte do povo, como a água corrente de ribeiros não perenes (126:4), (2) reconhece que, mesmo havendo lágrimas (Mt 5:4), como ocorreu (126:5), haverá júbilo posteriormente (Ed 3:10-13) e (3) que as provações são passageiras para o peregrino que hoje chora mas que, posteriormente, vai rir (126:6)    

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