¹⁶ "Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. ¹⁷ E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra."
A narrativa da Criação, no Gênesis, tem uma personalidade poética. Começa dramática, quando afirma que, para criar, Deus resgata a terra de uma condição disforme.
Mas a primeira afirmação já é estado de pura arte. Porque criação é arte. E dizer que, no princípio, criou Deus os céus e a terra é demarcar toda a beleza da Criação diante de nossos olhos.
Tudo o que vemos na terra e tudo o que vemos nos céus. E olhem que o homem daquela época, considerado primitivo em sua percepção, anota os traços de beleza em sua descrição.
Porque insere a ordem, etapa por etapa, dia a dia de tudo, como Deus vem fazendo, para enfim, quando a terra está pronta e fértil, plantar um jardim. Não poderia desenhar com maior primor essa última obra.
Para nele colocar a obra prima, criados à Sua imagem e semelhança, homem e mulher os criou. Não haveria lugar melhor, de maior primor, cuidado e perfeição no planeta que não fosse o Éden.
Pois em suas limitações, o homem daquela época descreve a Criação. O homem atual, que olha com descrença e reducionismo o que está descrito no Gênesis, torna-se muito menor diante da complexidade que descobre.
Não deveria ser tão estúpido. Porque longe de negar todos os detalhes do Artífice Altíssimo em Sua Criação, esse homem pseudo moderno é quem constata toda a complexidade dessa mesma criação.
Descortina-se um universo, tanto microscópico, quanto mascroscópico, porém assombroso. Olhando errado para a narrativa do Gênesis, avaliam-na como simplista. Ela não é, mas sim poética. Poesia é o recurso que se usa quando, diante de um quadro sublime, não somos suficientes para descrever.
Ou quando, tomados por beleza, deslumbramento e sensibilidade não há como se expressar. Como o salmista, que descreve o sol em seu percurso:
⁴ "Aí, pôs uma tenda para o sol, ⁵ o qual, como noivo que sai dos seus aposentos, se regozija como herói, a percorrer o seu caminho. ⁶ Principia numa extremidade dos céus, e até à outra vai o seu percurso; e nada refoge ao seu calor." Sl 19.
O governo do sol. Sem ele, não haveria vida no planeta. O governo do sol é uma dádiva. Não há, nunca houve um nascer ou pôr de sol idêntico a qualquer outro. E o poeta deste Salmo acrescenta:
² "Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. ³ Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; ⁴ no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo". Sl 19.
Sol, durante o dia, a lua durante a noite. Como é bela. Para ela podemos olhar sem ser molestados pela intensidade de sua luz. Ela reflete a luz do sol.
Nesse espaço imenso, há um único lugar moldado pela ciência divina: o planeta terra. Olhar céu e terra, a multidão de estrelas, que Deus sugeriu a Abrão mirar, dizem da sabedoria de Deus.
Sem linguagem ou palavra, faz-se ouvir Sua voz. Ensurdece. Talvez seja por isso tanto desespero em encontrar água, pelo menos água em qualquer outro lugar, qualquer outro planeta, na lua ou em qualquer outro satélite, em qualquer pedaço de rocha asteroide vagando órbita errante.
Há, para o incrédulo, uma tremenda necessidade de fugir do óbvio: há Autor e sua Criação. Não há como negar. Porque aí, Deus pôs uma tenda para o sol.
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