terça-feira, 29 de abril de 2025

Milagre todo o tempo

²⁰ "Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, ²¹ a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!" Ef 3.

 Infinitamente mais é milagre.  Toda e qualquer ação de Deus é milagre.  Há os que são imperceptíveis, mas identificados nos efeitos. E os patentes.

   Por exemplo, não havia naquela época, mas se Maria, certamente pelo INSS, devido ao seu nível social, se submetesse a algumas ultrassonografias, acompanharia na tela o desenvolvimento do menino em seu ventre.

   Não para saber o sexo dele: foi profecia essa definição. Mas o modo como foi gerado, foi por milagre.  Imperceptível, mas seus efeitos patentes.

   A conversa de Jesus com a samarinata está patente nas Escrituras. Mas o efeito dela é milagre exclusivo da ação divina. Quando ela convida o pessoal de sua turma, para constatar em Jesus tudo o que já havia descoberto, já se trata dos efeitos.

²⁹ "Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?! ³⁰ Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele." Jo 4.

  Sim, as Escrituras são a evidência, o que está patente. E seu conteúdo, é o milagre. É ato de Deus.  Pode ser que você,  ao dizer que a lê como palavra de Deus,  seja taxado de louco.

  Sem problemas. Crer em Deus pode mesmo ter essa avaliação. Paulo já havia previsto e analisado essa possibilidade, quando escreveu aos Coríntios:

¹⁸ "Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus". 1 Co 1.

   Certamente. Ler, crer a afirmar as Escrituras como "palavra de Deus", ou palavra da cruz, dá no mesmo, pode classificar qualquer um como louco.

   Simples assim. Num bate-papo com Jesus, segundo registrado nas Escrituras, é possível constatar as evidências do milagre.  Deus age e, sempre que o faz, é milagre.  Angustiante a condição de quem está sem Deus no mundo.

¹² "... naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo."
Ef 2.

   Pois sim. Escrituras são evidência. O conteúdo é milagre. A palavra é poder de Deus.  Que opera sempre infinitamente mais. Todo o tempo. Mais do que pedimos ou pensamos.

   Descansem no seu milagre e providência.  Porque, como afirma Isaías, o profeta evangelista:

⁴ "Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera." Is 64.

domingo, 27 de abril de 2025

A afronta da cruz: perda (e ganho) total

 ¹⁵ "Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos." Rm 5.

   Somente na cruz reside antídoto para o pecado.  E o convite dela não é ameno, espontâneo ou diletante. E requer raciocínio. É  Paulo que diz:

¹⁴ "Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram." 2 Co 5.

   É constrangimento por amor. Deus submeteu sua loucura a Abraão, quando lhe pediu, em imolação, o filho único Isaque.

   Por isso Paulo chama o evangelho de "loucura de Deus".

²¹ "Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação." 1 Co 1.

   Todo o pecado está pago. Há quem diga, renegando a herança, ser injusto compartilhar a culpa sem nunca ter estado no Éden. A prova não foi a mim, foi ao meu pai Adão e à minha  mãe Eva.

   Todos estávamos lá. Todos pecaram. Todo o pecado está anulado na cruz. Pelo sacrifício do Filho, imolado em holocausto: Jesus Cristo,  o Filho de Deus.

  Somente o arrependimento autêntico torna possível entender isso. O preço da culpa está pago na carne e no corpo de Cristo, a herança da salvação é gratuita para todo o que nEle crer.

  Disparatado dizer que todos carregam sobre si, injustamente, a culpa do primeiro casal, porque o pecado de todos e cada um foi zerado pela cruz.

   Mas é salvo quem crê. Sim, crê em Cristo, mas não é fé barata, fuleira, ao gosto do freguês. Mas aquela baseada na revelação de Deus e no convencimento da natureza do pecado no homem e na mulher.

   Não culpem Deus pelo mal.  Existe fora dele. E instalou-se dentro de nós.  Somente a morte põe nele fim. Por isso o Filho deu-se a Si mesmo na morte de cruz.

   E ressuscitou, porque não teve, não tem e nunca terá pecado. E traz batizado e Si todos os que creem. Para o quais, o preço da culpa foi pago nEle, no seu corpo, no seu sacrifício, na sua cruz.

   É Paulo novamente: ¹⁴ "...tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz". Cl 2.

   A afronta da cruz se revela a nosso favor. Há um autor que assinala a biografia de Jesus como "Cristo, uma crise da vida de Deus". Chame a si, a você, clame pela crise da cruz.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Isso tem todo o valor

Arsylene Sezures Jardim, 91 anos

 Não  sei (ou sei) o que nos prende à igreja.  Tera sido o zelo dos pais? Fundamental. Não me canso de dizer e reafirmar isso:

  Meu pai me ensinou o apego à  Bíblia.  Minha mãe me ensinou o apego à igreja. Desde pequeno estou lá. Deus nela me mantenha até o fim.

  Quer dizer, até o começo da eterna permanência.  Em Nilópolis lembro o dia em que me sentei debaixo da mesa das bandejas de Santa Ceia. Que realização, para mim, que vexame, para Dorcas.

   Havia o púlpito enorme, com acesso por duas escadas laterais. À frente e abaixo um tablado retangular, por cima do qual se avistava essa mesa enorme.

   Ali ficavam de pé ou o Avelino Tavares, Pr jubilado, por anos Superintendente da Escola Dominical,  ou mesmo o meu tio por afinidade,  Dante Santos, casado com Eunice,  irmã de minha mãe Dorcas.

   Por anos, Avelino e Dante, Superintendes. Mas nesse domingo à noite sentamos,  uns três,  pelo menos, de um deles lembro Márcia, a quem chamávamos Marcinha, hoje já avó e esposa de pastor.

   Havia a toalha branca,  é  claro (é  clara) imensa, o rendado dela sobrando pelas quatro arestas da mesa e nós três ali, escondidos  e realizados,  até as mães estragarem a festa,  com os beliscões de praxe.

   Até diversão era igreja. Tinha EBF - Escola Bíblica de Férias,  era a gente da igreja com aquele montão de crianças do bairro. E os hinos de Salmos & Hinos, aquele antigo,  ainda com os 608 hinos.

O Diploma de
 novo convertido dessa época 

   Ainda hoje, quando os canto, vem à  memória esses dias de primeira infância na Congregacional de Nilópolis. E ainda havia as figuras inomináveis por sua fama.

   Marisa França Costa, debochadíssima, imitando (os memes da época) os pregadores. Os duetos de Nilza e Jaíra. A cabeleira alvíssima do negro Avelino Neves.  E a careca lustríssima, bem, acho que de "Seu" Torraca, na casa de quem,  num dos morros, surgiu o Ponto de Pregação que deu origem à Igreja.

   Mas não menos notável foi a segunda infância. Por razões puramente logísticas viemos para a Congregacional de Cascadura. Porque ficava, a pé, a 15 min de distância de casa.

   Saindo da Mendes de Aguiar, 90, 102 fundos,  atravessávamos a Ernani Cardoso, ali mesmo, defronte ao Clube de Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica,  entrávamos por uma vila de acesso,  colada ao muro da horta, hoje inexistente, mas na época estendendo-se dali, das cercanias do Morro do Fubá, inciando ali mesmo,  na João  Romeiro, onde no 212 ficava a nossa Igrejinha Antiga, do hino de Porto Filho,  entendendo-se até  Turiaçu, passando pela já extinta Vila das Torres, onde ficava a Congregação de Magno. 

  Muita história. Ali a gente deparava duas mulheres extraordinárias, concunhadas entre si, Rute Biato Jardim e Arsylene Sezures Jardim, ambas casadas com descendentes de Francisco Jardim, um dos primeiros colaboradores de Kalley, em meados do século XIX, na Corte do Rio de Janeiro.

   Ali fomos alunos das duas. Arsylene também Conselheira dos Juniores e Regente do mesmo Coral por ela organizado, ensaiado e inaugurado. Ativas,  as duas, em todas as organizações da igreja.

O Coral da União Juvenil,
regência da irmã Arsylene 

   Fomos crianças juntos, eu e os filhos e filhas de Rute e Arsylene, hoje todos já somos avôs e avós. Rute já em casa, pela eternidade afora, e Arsylene em festa, representando toda essa geração.

   Ela está presente, como mostram as fotos, na inauguração da Congregação de Madureira, em 1953, com sua mãe Odessa e Naura, nossa eterna organista. Valorizaram estar na igreja, envolverem-se em tudo o que a igreja oferece, abrigaram-se nessa tenda de peregrinos nesta caminhada terrena, com brilhante ministério e serviço em profusão. 

Naura, Odessa, a mãe, 
e a filha Arsylene, em 1953,
defronte à  Congregação de Madureira

   Até Deus acampa entre nós,  desde os tempos da Congregação do Deserto. Ainda que seja em tendas, ou nas varandas do Templo de Jerusalém,  onde o próprio Jesus pregava e ensinou, em sua última semana de vida, nessa Escola Dominical ao ar livre, madrugando de seus pernoites no Monte das Oliveiras. 

   Cânticos, Gincana de leitura de 1 Samuel, Ester, Rute, Neemias, Daniel, nas reuniões da União Juvenil, às 18h, todo domingo, histórias bíblicas na Classe de Crianças,  tudo isso tem muito valor.

   Não está na tela do silk-screen. Não existiam,  naquela época. O máximo de novidade era a TV,  em cores,  já  na Copa de 1970. Mas está na tela da memória. Nossa imaginação desenhava, desde o banquete de Assuero, que durou 180 dias, até às refregas de Sansão, incluída aquela com a queixada de um jumento.

   Seguimos em peregrinação, enquanto nosso tempo não se cumpre. Gratos a Deus pelas memórias desse empenho das Jardim, dedicadas a marcar nossas vidas pelo ministério que desenvolveram com todo amor e dedicação.

   A igreja é essa tenda que Deus mandou erguer. Ele é o arquiteto. Como afirma João, Ele mesmo tabernaculou entre nós,  em carne no Filho. E disso ouvimos,  desde bem crianças, pelas histórias contadas por nossos pais, reforçadas na igreja da infância, por Rute e Arsylene.

  Gratidão a Deus pela dedicação dessas extraordinárias mulheres.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Sempre oração

 ⁸ "Contudo, o Senhor, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida." Sl 42.

  Duas justificativas: primeira, por que, novamente, falar sobre oração? Porque sim. Oração é coisa contínua, de toda a hora.

  Segunda justificativa, por que, de novo,  citar o Salmo 42: porque traz esse versículo encimado, que trata sobre uma oração que brota espontânea.
  
   Durante o dia e à noite,  como mencionado pelo salmista,  é  sempre tempo de oração.  Ao mesmo tempo (des)interessada.

   Interessada, porque é melhor não orar por besteiras. Desinteressada, porque oração não é negociata com Deus. Requer compromisso e coerência com o que se diz.

   Se tomamos Jesus como exemplo, há a chamada "Oração do Pai Nosso", porque assim inicia, na qual Jesus define, em linhas gerais, pelo que orar e com que abrangência.

   E a de João 17, chamada de "Oração Sacedortal", porque por ela Jesus expressa, no final de seu ministério terreno,  do que foi mediador a nosso favor.

   A definição do autor de Hebreus, sobre o que é ser sacerdote,  aplica-se plenamente a Jesus:

¹ "Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados". Hb 5.

   Então,  lemos Jesus ensinando a orar e também lemos a oração pessoal por ele feita. Juntando com outras instruções sobre oração,  no mesmo Sermão do Monte, e outras vezes em que se menciona que ele orou,  ele é nosso modelo também nisso.

   Interessante iniciar por "Pai" a oração ensinada. Só pode chamar Deus de Pai quem foi gerado por Ele. Não quem somente presume que o tenha sido.

   E é supreendente perceber que, na chamada sacerdotal,  o assunto da oração somos nós,  a igreja que Ele havia prometido edificar.  No contexto das instruções concedidas na refeição de Sua última Páscoa,  ele encerra com essa oração.

   E uma vez que entendamos ter o acesso a Deus sido, definitivamente, aberto, franqueado, que seu sacrifício na cruz nos habilita, em santidade, para ter com Deus comunhão, oração é diálogo contínuo.

   Não há escondido, dentro, que Deus não conheça, como diz outro salmista: ¹ "Senhor, tu me sondas e me conheces." Sl 139. 

    E ainda como diz mais um dentre eles, Deus se contenta com a nossa verdade: ⁶ "Eis que te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria." Sl 51.

  Todo alcance em todo o tempo. Com ou sem palavras, em silêncio ou num turbilhão, Deus ouve. E como relatado desse diálogo diário e permanente, outro salmista nos descansa,  dizendo:

¹⁰ "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus [...] ¹¹ O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio." Sl 46.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Ora, as esposas

   Há uns caras cabeçudos na Bíblia.  É uma tremenda furada não ouvir esposas. Tanto Pilatos, quanto Hamã, este um vilão do Antigo Testamento, aquele do Novo, se deram mal por não ouvi-las.

   Zeres, esposa de Hamã, foi contraditória, passando-se por inteligente porque, primeiro, insuflou a vaidade do esposo,  turbinando as pretensões dele.

    Então, aconselhando-o a mandar erguer uma forca, para nela dependurar Mordecai, o primo da rainha Ester, a quem escolheu como rival.

   Desinformado, o casal, que uma insônia do rei Assuero o colocaria lendo os Anais do Império, diante da descoberta, por Mordecai, de uma conspiração contra ele, tão frequentes naquela época.

   E Hamã teve de pagar o mico de circular pelas praças da cidade, elogiando exatamente esse primo da rainha Ester:

¹¹ "Hamã tomou as vestes e o cavalo, vestiu a Mordecai, e o levou a cavalo pela praça da cidade, e apregoou diante dele: Assim se faz ao homem a quem o rei deseja honrar." Ester 6.

  Mais tarde,  quando esses acontecimentos demonstraram seguir a providência de Deus a esposa, com o seu clubinho cúmplice, quiseram-se passar por conselheiros:

¹³ "Então, os seus sábios e Zeres, sua mulher, lhe disseram: Se Mordecai, perante o qual já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele; antes, certamente, cairás diante dele." Ester 6.

   Bugou, como se diz. Hamã acabou dependurado na forca que mandara erguer, segundo o próprio prognóstico de Zeres, após marcar um mico maior, nos dois banquetes agendados pela rainha.

   Quanto a Pilatos, a esposa, que não tem seu nome indicado na Bíblia,  preveniu o esposo que seria burrice condenar injustamente Jesus:

¹⁹ "E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito." Mateus 27.

  Um mau pressentimento, talvez, ou tratava-se mesmo da forte intuição feminina. Esta anônima conselheira agiu com mais coerência do que sua companheira Zeres, de mais ou menos 500 anos antes.

   Mas Pilatos não deu bola. Deveria. Na verdade, precisava se envolver mais e muito com Jesus. Caso se rendesse por fé, não condenando esse judeu, acusado de se fazer rei a si mesmo, ele mesmo terminasse numa outra cruz.

   Se fosse esse o caso, estaria,  como aquele ladrão ao lado, no mesmo dia com Jesus, no paraíso. O que, segundo Paulo Apóstolo, é incomparavelmente melhor.

   Outros exemplos de esposas tremendamente intuitivas há na Bíblia. Vale a pena ouvi-las, quando assim manifestam, de modo positivo,  sua tremenda intuição.  O que falar,  por exemplo, como diria o autor de Hebreus,  sobre tantas delas?

   A anônima esposa de Manoá, o pai de Sansão a quem, prioritariamente, o anjo apareceu. E a Maria,  outra visitada por um anjo quando, certamente, aconselhou o marido a recebê-la, porque sua gravidez,  verdadeiramente, fora ação do Espírito Santo.

   Sigamos a intuição feminina. Principalmente, se forem crentes autênticas. Vale a pena atender a seus conselhos. Desobedecer esse sexto sentido feminino será atroz. 

   Ah, sim: e você,  mulher,  em sua virtude, aguce sua intuição, seguindo a orientação do Espírito, que sempre conduz por caminho de sabedoria. Não pense que brota por sonho, como pensou a esposa de Pilatos, ou por vaidade, como se iludiu Zeres consigo mesma.

domingo, 13 de abril de 2025

Altar, tenda e poço

 ²⁵ "Então, levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do Senhor, armou a sua tenda; e os servos de Isaque abriram ali um poço." Gn 26.

  Pode-se viver sem algum destes? Talvez,  o poço seja essencial. Sem água, ninguém sobrevive. Ele também representa o sustento. Triste de quem vive carecendo dele.

  A tenda representa a moradia. Ela lembra a recomendação de Paulo Apóstolo, em virtude da emergência destes dias: ⁸ "Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes." 1 Tm 6.

  Mas Paulo era sozinho, talvez solteiro, viúvo e até imaginam divorciado. Para quem serve ao Senhor e tem família, a tenda é  essencial. Não vive somente de sanduíche e roupa por cima da pele.

  E há quem vive somente com tenda e poço, pouca ou nenhuma importância dando ao altar. Este é o mais essencial. Porque se Deus ocupa o lugar dEle no viver do crente,  tudo o mais se ajusta.

   Poço é sustento permanente e a tenda será abrigo perpétuo. Jesus, certa vez, falou a respeito de um poço inesgotável:

³⁷ No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. ³⁸ Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. ³⁹ Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem". Jo 7.

   Jesus é fonte inesgotável de água da vida. Nunca haverá sede par quem dela se nutrir. As Escrituras são fonte dessa água viva e o Espírito suprimento permanente de instrução e vigor, para se ver, no viver, cumprida essa promessa.

   E a tenda é o tabernáculo. Desde o deserto, quando Israel peregrinava, Deus ordenou construíssem um tenda para se pôr no meio do arraial. Aquela tenda vazia simbolizava que Deus seguia no meio deles.

   Desse modo, tenda, altar e poço confundiam-se como o essencial à manutenção da vida, como Deus a concebe.  Por isso que as Escrituras, com o avançar de tempo e da compressão da revelação de Deus indica nosso ser como casa, templo e fonte de rios de água viva, como Jesus mencionou.

   Somos altar. Somos morada de Deus. Somos fonte de rios de água viva. Deus não habita em templos feitos por mão humana. Quando cremos, é porque fomos convencidos pelo testemunho do Espírito Santo, que Deus faz habitar como selo da fé naquele que crê.

   Altar, tenda e poço são essenciais em nossa peregrinação. Tenda é a casa onde moramos, é a igreja onde congregamos. A família da casa e a família de Deus são o nosso refúgio.

   Poço é de onde se extrai o essencial, que são a rota que as Escrituras definem, que devemos buscar como tem sede e fome constantes, como diz Pedro, faz o recém-nascido em seu desespero por suprimento.

   E o altar, porque de Deus tudo provém. Não  podemos cessar de ouvi-Lo e nem de com ele falar. Há um canal permanente aberto por meio de Jesus. Por isso tudo o que agora é essencial tem um novo sentido.

¹⁸ "...para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; ¹⁹ a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, ²⁰ onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre". Hb 6.

   Altar é refúgio, âncora da alma, lugar da assistência permanente que Jesus, nosso SumoSacedote, concede dia a dia.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Agregados (congregados), peregrinos e longe de Sodoma

 ⁵ "Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã."

    Pelo que aprendemos com Estevão,  em seu sermão, houve dois chamados para Abraão.  A família se desloca, em bloco,  de Ur, dos caldeus, sua terra natal.

  O curso natural percorria a região denominada "Crescente  Fértil", exatamente por situar-se em meio a desertos, assim como tratar-se de uma rota definida por abundante vegetação.

   Por ela, saindo da Mesopotâmia,  área entre os rios Tigre  e Eufrates,  subia-se para noroeste, até se percorrer uma curva à esquerda pela Síria,  em direção ao litoral da Palestina.

   Mas todos se alojam em Harã.  Este é o nome do irmão caçula de Abrão e Naor. Ele falece em Harã,  certamente a razão de chamarem por seu nome esse lugar. Morte de irmão caçula muito entristece a todos.

  E foi ali que Deus efetivou o segundo chamado: "Sai da tua terra e da tua parentela". A família antiga, desse período, formava um clã,  em tudo muito unido. Portanto,  abandonar, sair desse contexto também era doloroso.

   E foi o que Abrão fez. Ir para uma terra ainda a ser indicada, embora as promessas,  se mal entendidas,  animassem o ego de qualquer um, Abrão e todos os que o acompanham decidiram partir.

   Essas "pessoas que lhe acresceram em Harã",  certamente não haviam acompanhado o clã de Tera, o patriarca, pai dos meninos Abrão,  Naor e Harã, desde Ur. Agregaram-se ao clã por razões diversas.

  Para prestar serviços,  por exemplo. Tanto Abrão, quanto o sobrinho Ló, filho do falecido irmão Harã, eram pastores de gado. Quem peregrina,  não planta. Todo o produto da pecuária itinerante serve tanto para o sustento,  quanto para o comércio com povos sedentários avizinhados pelo caminho.

   Esses agregados deveriam cuidar da variedade de gado que conduziam, da manutenção das tendas, da cultura do couro e das peles, da arte do vestuário e outros artesanatos, enfim, tudo o que pudesse tanto suprir, quanto ser material de comércio.

   O fato é que esses agregados confiavam que o que Abrão tinha em mente também seria útil e bom para eles. Muito provavelmente alguns, mais atentos, enxergassem a fé que conduzia Abrão.

   Também somos agregados de Abrão.  O efeito do chamado dele ainda perdura. Mais do que seguir Abrão e suas intenções, seguimos o Deus dele. Abraão, "pai de muitas nações", é  o nosso "pai da (ou em) fé".

   O autor de Hebreus diz que esse tal visionário Abraão morreu sem obter a plenitude do que lhe foi prometido.  Apenas contemplou de longe. Esse mesmo autor define fé como algo que não se vê. Certeza do que se espera (apenas se espera) e convicção do que nunca se viu.

   Abrão atendeu ao chamado,  à  sua vocação, porque é  Deus que faz a promessa.  Porque é Deus  quem chama. Porque é pela fé em Deus.  Por isso que esse mesmo autor anônimo escreve: "sem fé, é impossível agradar a Deus".

   Ló, o sobrinho filho de Harã, alvo de todo o privilégio, apesar do exemplo explícito do tio, abandonou todas as virtudes decorrentes da fé.  Expôs toda a sua família à cultura maldita de Sodoma, porque "armou suas tendas na direção de Sodoma".

   Ló foi sequestrado, numa invasão de reis em Canaã, essa terra da peregrinação, mas Abrão o resgatou, empresariando mercenários numa estratégia de guerrilha contra os reis invasores.

   Ló, numa querela de seus pastores de gado com os de seu tio, obteve uma decisão preferencial a seu favor, da parte do fleumático Abraão, desta vez conciliador, beneficiando flagrantemente o sobrinho, que tinha como no lugar de filho.

   Mas a escolha que ele fez, após o benefício dessa decisão do tio, de armar tendas na direção oposta da fé, aproximou-o, perigosamente, da cidade de perdição de quase toda a sua família.

   As filhas que lhe ficaram, após a destruição  de Sodoma, sobrinhas netas de Abraão,  nada tinham da fé de seu tio avô, certamente porque nunca viram os efeitos dela flagrantes na vida de seu pai. Se Ló, um dia, foi convertido à fé de seu tio, manteve-a tão escondida,  que mal serviu a ele próprio. 

    Uma oração emergencial do tio salvou Ló, literalmente, como que através do fogo. Deus enviou anjos, sempre uma exceção, nas Escrituras, para literalmente, de novo, sacar à  força Ló e o que restou de sua família. Até  a esposa renunciou ao resgate, ficando literalmente, mais uma vez, pregada ao solo de Sodoma. 

   Agregados (e congregados, ao contrário de Ló), tornemos à fé e à tomemos por padrão. E sejamos exemplo dela. Ainda que estejamos dentro de Sodoma.  No mundo atual,  Sodoma não é apenas uma cidade, mas todo o planeta.

   Há um chamado e uma vocação de fé, para seguirmos nesta peregrinação. A tenda, permanentemente, armada é a igreja,  essa congregação da qual nunca devemos nos afastar. Para não correr o mesmo risco de Ló e toda a sua família: armar tendas espúrias na direção da cultura corrompida. 

domingo, 6 de abril de 2025

Lições do bullying de Ismael

 ⁹ "Vendo Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual ela dera à luz a Abraão, caçoava de Isaque, ¹⁰ disse a Abraão: Rejeita essa escrava e seu filho; porque o filho dessa escrava não será herdeiro com Isaque, meu filho." Gn 21.

  De novo estamos às voltas com o temperamento de Sara. E de novo não é a Sara que Pedro elogia e apresenta como modelo:

⁵ Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido, ⁶ como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma. 1 Pe 3.

   Quase que o que vemos é Abraão obedecendo Sara. Mas desta vez, Deus consentiu:

¹¹ Pareceu isso mui penoso aos olhos de Abraão, por causa de seu filho." Gn 21.

   Era de novo uma questão envolvendo as duas mulheres. Desta vez, os filhos de cada uma, com o seu. Provavelmente, um adolescente de 16 ou 17 anos praticando bullying com um menino de 3 ou 4 anos.

   Sem saber, Sara sugeria, em sua cultura, o que na prática atual se chama poliamor ou relação aberta, que é quando há consentimento de um terceiro na relação,  no caso de Sara uma concubina para seu esposo.

   O desfecho não  poderia ser pior e mais vexaminoso para a biografia desse casal patriarca.  Malaquias,  no AT, é Paulo, no NT, denunciam o tamanho desse erro:

¹⁵ "Ele buscava a descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade." Ml 2.

²² "Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. ²³ Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa." Gl 4.

   Certamente, após a intervenção do Anjo do Senhor, emergencialmente enviado por Deus para livrar Agar, grávida, da morte certa, no deserto, seu retorno ao arraial de Abrão e Sarai, pelo menos superficialmente, reconciliou os três.

   Mas essa lembrança deve ter prevalecido na memória de Agar e a história de seu nascimento Ismael deve ter conhecido. Por isso, desdenhava de Isaque, mesmo porque, na tradição cultural da época,  era ele o primogênito de Abraão.

    Mas havia um milagre por detrás. Por isso, ainda que revisitando a sua implicância anterior com a escrava, desta vez Sara teve razão. E foi o Senhor que fez Abraão entender:

¹² Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua descendência." Gn 21.

   O milagre do nascimento de Isaque preordena a extensão da mesma fé autêntica em Abraão a todos os que creem. Isaque,  mais do que o DNA judaico, é sinal profético do DNA do novo nascimento em Jesus.

   A "descendência de Isaque" é mais a que provém pelo DNA da fé em Jesus, para o novo nascimento que Jesus descreve ao fariseu Nicodemos, do que somente a descendência étnica, racial  e biológica judaica.

⁷ "...nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. ⁸ Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa." Rm 9.

   Aqui entramos os que cremos em Jesus. A implicância de Ismael com Isaque afasta as duas nações, mas não desfaz que são irmãs, filhas do mesmo patriarca: árabes e judeus são  irmãos da sangue.

   Ora, e ainda com ascendência egípcia legítima. Mas o distintivo da fé é que concede acesso ao mesmo Deus.  Não é pela opção de nenhum dos dois nem de seus descendentes escolher uma "fé" qualquer ou por que caminho religioso diverso conhecer Deus.

   O descendente de Isaque é Jesus, o caminho, a verdade e a vida. Seja para judeus teimosos em admitir isso,  seja para a família dispersa de Ismael. E seja para todas as nações.

   O bullying de Ismael assinala essa distinção.  A implicância de Sara não se justifica, mais uma vez, mas enseja compreender que o propósito de Deus, com relação ao milagre de Isaque, manifesta o seu poder para o mundo.

¹⁴ "Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho." Gn 18.

   O riso de deboche de Sarai se tornou riso de alegria pela promessa estendida de salvação a todo o que crê. Não é a mera aliança de Abraão,  mas a aliança no sangue de Jesus.

   Aleluia! Este descendente de Abraão, Jesus, cumpriu tudo o que, para ele,  foi destinado. 

sábado, 5 de abril de 2025

O inimigo somos nós

 ¹⁰ "Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida". Rm 5

   O inimigo somos nós.  Quando a Bíblia diz que devemos amar o inimigo, não, não  é  aquele  que nós,  costumeiramete, lacramos.

  Não. O inimigo somos nós. Aprendamos a amar com Deus. Que ama inimigos. Cuidado com o teu amor. Não existe.  Sabe por quê? Porque somente existe um tipo de amor.

  Deus é amor. Se dissermos "eu amo" pode soar falso. Porque com amor próprio, ou seja, assinatura individual, nossa, é  Fake. 
 
   Há na carta de 1 João 4 uma aula sobre isso. É nela que ele diz: ¹⁹ "Nós amamos porque ele nos amou primeiro." Por isso que não  existem (1) nem tipos e (2) nem intensidades de amor.

  "Eu amo muito..." está errado. Puro equívoco. Não se ama muito, pouco ou mais ou menos. Ama-se ou odeia-se. Onde não há  amor, o que existe é indiferença, que é ódio disfarçado.

   O inimigo somos nós. Mas pense agora num inimigo hipotético. Alguém eleito para ser vilão. Somos nós.  Mesmo domesticados, por freios e costumes, o ódio permanece adormecido dentro.

   É João de novo: ²⁰ "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê." 1 Jo 4.

   Esse trecho que ensina que ou existe o amor de Deus em nós, ou somos uma mentira viva, ambulante, hipócritas. Para finalizar, vamos também aprender com Paulo Apóstolo:

⁴ "Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?" Rm 2.

   Também não existe bondade em nós. É a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento. Este arrependimento, quando genuíno, faz-nos nascer de novo.

   Somos inimigos de Deus, nascemos filhos de Eva, a mãe  primordial, já chafurdados no pecado. Continua a aula de Paulo, demonstrando o que o novo nascimento, em Cristo,  produz: Cl 1:

²¹ "E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, ²² agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis".

   Jesus explicou a Nicodemos, em João 3, o que é  novo nascimento.  Somente assim surge em nós amor, consequentemente, bondade. É fruto do Espírito.  Não procede de nós.

  Não se alegre com desdita ou desgraça alheia. Aprendamos a nos ver como inimigos de Deus restaurados, por meio de Jesus, ao mínimo de uma condição, pelo menos, humana.

  Cultive amor. A origem está em Deus. Culto, cultivar e cultura têm a mesma raiz. Culto, no sentido devocional, dedicado a Deus, e culto também  no sentido de sabedoria,  essa mesma das Escrituras, mais conhecida como Bíblia.

   Ela, a Bíblia, ensina essas aulas de amor. E o Espírito Santo faz brotar no viver como fruto. Eduque-se nisso. Porque, Paulo de novo, adverte ser uma experiência que (1) excede todo o entendimento e (2) pelo amor somos tomados de toda a plenitude de Deus.

terça-feira, 1 de abril de 2025

A oração que eu não fiz

 Ou quando atrapalhei Deus operante em minha vida. Josué é  uma unanimidade. Colado,  "servidor de Moisés", o mais indicado para o substituir.

  E olha que não seria tarefa fácil. Teria, pela frente, uma guerra de conquista. Por isso, Deus lhe diz "seja corajoso", para meditar, cumprir e proclamar as Escrituras.

    Não é coisa para covardes, o que ele não foi. Mas certa vez errou por não orar quando devia.  Por isso, foi enganado pelos gibeonitas:

⁴ "Usaram de astúcia, e foram e se fingiram embaixadores, e levando sacos velhos sobre os seus jumentos, e odres de vinho, velhos, e rotos, e remendados". Js 9.

   Abraão intercedeu por Ló, quando Deus compartilhou o destino final de Sodoma. Evidente que Deus já sabia, mas desejava ouvir de seu amigo essa oração. Seria edificação e demonstração de amor. Aliás,  oração é  demonstração de amor.

   E Ló foi tirado à  força da cidade que havia eleito como sua. Só um louco o faria. E fez, depois que se afastou do tio Abraão, talvez o único crente naquela família. Se Ló era crente, não orava para tomar decisões.  Por isso está  escrito:

¹² "Habitou Abrão na terra de Canaã; e Ló, nas cidades da campina e ia armando as suas tendas até Sodoma. ¹³ Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor." Gn 13.

   Era assim a família: Tera seu avô, pai de seu pai Harã (que morreu cedo) e de seus tios Naor e Abraão, era idólatra.  Não se aprende oração  com idólatras, nem com quem não  se constitui exemplo. Não foi de seu pai que Abraão ouviu sobre fé ou sobre orar.

     Diferente com Josué, que evangelizou (e foi exemplo a) seus filhos. Ao final, expôs sua família,  afirmando, com certeza, "eu e a minha casa serviremos (e servimos) ao Senhor". E ninguém do povo chamou de linguaruda a esposa dele. E nem disse que os filhos dele pegavam as menininhas do arraial.

   Ou que as filhas dele eram menininhas para lá de fáceis. Já na casa de Ló, a família se apegou tanto à  cultura de Sodoma, que somente sobraram vivas duas filhas,  nenhuma das duas crentes.  Aliás,  é  melhor nem lembrar o final, que consta nas Escrituras, em Gn 19.

   Elas são  assim. As Escrituras não  escondem. Nelas,  aparecemos nus e fora do paraíso.  Mas mostram o acesso à árvore da vida. Com uma cruz no meio do caminho. Estrada de mão  única,  previna-se.

   Moisés também orou. Desciam do monte, ele e Josué, garoto novo, pensando que o ruído no arraial era guerra. Moisés, o velho, denunciou que era um tremendo pancadão.

   Com tudo o que os atuais contêm. E tão grave foi tudo, que somente a tribo de Levi, armada e agressiva despertou todos: foi guerra civil no arraial, irmão contra irmão.

   Deus então chamou Moisés, e disse: "Estou fora. Mando o Anjão, meu anjo mais chegado, com vocês. Toma que o povo é  teu: extermino todos e recomeço com você,  Abraão II, a Missão".

   Mas Moisés (que era gago),  na sua oração, retrucou: "Nã, nã, ni...Nã, nã,  não: o po-po-povo é te-te-te-teu. Saiu do Egito com o Teu nome. Se quiser mudar de plano, co-co-corrrrr-ta me-me-meu no-no-nome do li-li-livro  da-da-da  da-da-da viiiiii-da". Foi mais ou menos  assim.

  E um dos mais notáveis versículos  do Êxodo, quiçá das Escrituras, brota, como síntese,  da oração  de Moisés:

¹⁶ "Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra?" Ex 33.

   Deus quer ouvir orações.  Modelam nosso caráter. Tornam-nos mais chegados a Ele.  Mais íntimos. Mais imitadores dEle. Mas vamos seguir o manual de oração,  as Escrituras. Jesus que ensina, no Sermão  do Monte.

   Oração farisaica, daquelas que nos reforçam o ego, "orar de si para si", nem pensar: isso não  é  oração.  Nem as que nos fazem pensar ser superior a tantos outros. Essas são as farisaicas. Desistam.

   Nem as vãs, seja por si mesmas,  ou sejam pela repetição  de incoerências. Deus abomina incoerências. E sem blá-blá-blá: não  é  pelo falar muito.

   Para encerrar, lembrar de Neemias. Havia orado. Aliás,  começa  com oração esse seu libreto das Escrituras.

⁴ "E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus." Ne 1.

  Então,  resposta veio.  O rei da Pérsia percebeu a tristeza estampada no rosto dele. E tinham humor flutuante: se decidissem asneiras,  não retroagiam, Neemias temeu. Então, o que fez?

  Orou. ² "E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração; então temi sobremaneira. ³ E disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo? ⁴ E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus dos céus". Ne 2.

   "Então  orei ao Deus dos céus" Há  mais tantas orações nas Escrituras. Elas são  o manual de oração.  Percorrer suas páginas,  não  somente ensina mecanicamente orar. Porque isso é vã repetição.

   Mas ensina a orar com maturidade. Estilo Josué (que na maioria das vezes, sim, orou). Estilo Abraão,  Moisés e Neemias, para ficar só nesses. Rastreie mais exemplos de oração nas Escrituras.

   Como aquela oração explícita da siro-fenícia, propositalmente provocada por Jesus.  Sim, Jesus é exemplo de oração e nos provoca a orar.

²⁶ "Ele respondeu: "Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos". ²⁷ "Disse ela, porém: "Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos". Mt 15. Oração explícita, reação de fé elogiada por Jesus.

   Para encerrar esta exortação,  lembrar  a análise do salmista,  em Sl 42: ¹ "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus? 

⁸ Contudo, o Senhor, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida." Para orar, somente com sede de Deus na alma.