domingo, 29 de janeiro de 2023

Igreja: identidade e missão

 "Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?" 1 Coríntios 15:12.

    Como pode uma igreja ser assim denominada, caso não creia no fato da ressurreição de Jesus? Que outros fatos ou que outras doutrinas sejam possíveis abrir mão e ainda assim ser considerado igreja?

    O ponto de partida da fé é a ressurreição de Jesus. Porque nela reside a nossa transformação, de vida sem fé e sem ação do Espírito, para uma vida onde Deus age.

  Ser batizado em Jesus, pelo Espírito, é sê-lo em sua morte e ressurreição, como está escrito em Romanos 6,3-7. A partir de então inicia-se a vida com Deus. Romanos 6,11-13.

    Portanto, ser crente significa ter em si mesmo agente o poder de Deus, como se registra em Efésios 1,15-23, onde somos notificados de três pedidos feitos a Deus pelo apóstolo Paulo: 1. sermos iluminados para reconhecer o chamado de Deus; 2. assim como a riqueza de sua herança em nós; 3. e a suprema grandeza do poder de Deus.

   Todos esses são fatores de nossa identidade, como cristãos, na relação com Deus. Porque Jesus veio destruir a obras do diabo, como está em 1 João 3,8, para nos reconciliar com Deus, como em 2 Co 5,18-19 e para sermos, por Deus, libertos do pecado, como está em Cl 1,13-14.

   Esse é o ponto de partida da fé. Não somos e não estamos na igreja por uma decisão unilateral nossa. Podemos até reivindicar esse direito. Caso a igreja se defina por ser um agregado nos moldes sociais ou civis, por direito adquirido.

   Mas a igreja é uma ação de Deus em Jesus Cristo. Uma realidade divina e, portanto, sobrenatural, no sentido pleno e específico desse termo. Daí a motivação em vivermos a plenitude dela em nossos dias.

   Caso avaliemos que as Escrituras, a Bíblia, Antigo e Novo Testamentos indiquem com precisão o que significa 1. ser igreja; 2. que relação isso tem com Jesus; e 3. qual o efeito disso em nós e no mundo, creio que será importante e urgente redefinir nossa identidade e nosso papel.

    A igreja de Corinto, já na época de Paulo, ou seja, antes do Iluminismo, no "século das luzes" século XVII, já antecipava a época da descrença no poder de Deus. Pois foi Ele quem o exerceu em Jesus Cristo, ressucitando-o dentre os mortos.

   Há um modo, como adverte Paulo em 2 Timóteo 3,5, de ser que é próprio dos homens e mulheres dos últimos dias: uma piedade de aparência, mas que é, na verdade, falsa. Uma forma de piedade, isto é, vida com Deus, aparente que, contudo, lHe nega o poder.

    Igreja é ação de Deus em nós, por meio de Jesus e, consequentemente, no mundo. Em Lucas 5,18, numa parábola, Jesus pergunta se próximo a Sua vinda, ao chegar, vai encontrar fé na terra. Em 1 Tessalonicenses 1,2-5, Paulo destaca as qualidades da igreja dos irmãos naquela cidade.

   Destaca a abnegação do seu amor, a operosidade de sua fé e a firmeza da esperança deles em Jesus. E diz como essa pujança daqueles irmãos repercutiu e serviu como exemplo por todo o lugar.

    Define igreja a ação de Deus em nós e por meio de nós. Paulo mesmo volta a afirmar, em Filipenses 1,6, que Deus começou e vai completar em nós Sua boa obra, em 2,13 que Ele efetua em nós o Seu querer e realizar e, por isso, devemos desenvolver a nossa salvação com temor e tremor, em 2,12.

   Que a motivação nossa seja aquela que encontrarmos nas Escrituras, em suas mais ousadas afirmações. Mas que isso não nos confira prepotência, porém espirito de serviço, primeiramente a Deus e, em nome dele, ao mundo, cumprindo nossa missão como igreja.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Tende em vós o mesmo sentimento.

       Bobagem. Má fé ou má informação de alguns. A gente, que lida com o texto bíblico, identificando nele valores, aqui e ali deleitando-se com suas histórias, evidentemente bem entendidas, é claro, se aborrece quando ouve besteiras sobre o texto.


    Alguns versículos da Bíblia podem ser considerados como síntese do livro todo. E também como teste, para identificar os mal ou bem intencionados sobre a mensagem do livro, como um todo.

    Esse de Filipenses é um caso: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus". Tomado como sua personagem essencial, Cristo, o apóstolo sugere que Ele seja protótipo de um sentimento original que somente nEle existe.

  Pura pretensão. O quê? Que só em Cristo exista esse sentimento? Ou que seja possível transferi-lo aos demais mortais? Ou as duas coisas?

  Ser cristão ou aproveitar o Livro, se é que se torna possível esse proveito, é ter em si esse sentimento. Ter em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus é a síntese do livro. Síntese da missão de Cristo, síntese do que é ser cristão.

   Controle de qualidade do livro, sua finalidade e utilidade, e da possibilidade de lhe valer a mensagem que proclama. Prova final é saber dessa possibilidade, de ter em si esse sentimento.

   O que é sentimento? Que sentimento é esse? E da possibilidade de termos em nós? Será necessário deslumbrar-se com a personalidade de Cristo, tentar enxergar o mundo, principalmente os outros, incluída a oportunidade dessa breve vida, pela ótica do Mestre.

   Esse exercício requer mais do que somente reflexão, será necessária comunhão. A Bíblia prescreve essa natureza de comunhão, estabelecendo uma conversão radical a Deus, do mesmo modelo de relação que Cristo teve com Ele, a quem chamava Pai.

   No caso de Cristo, a filiação é autêntica, no nosso caso, baseia-se nessa conversão, que significa morte e ressurreição da própria personalidade, somente assim, nessa ressurreição, o sentimento tem chance de passar a ser natural em nós.

   Esse tipo de morte é mais radical em relação à morte física, determinista e irredutível. Sem alternativa. Assim como não há como escapar da morte física, é melhor experimentar essa outra. A existência somente tem essa opção: é melhor escolher uma como antídoto da outra.

   Igual a semente. O sentimento só brota se houver morte. Caso não ocorra, ele não surge, nem artificialmente.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Pr Amaury Jardim

Pr Amaury Jardim, 1952, professor de Escola Dominical, na então Congregação de Madureira, futura Igreja Evangélica Congregacional de Cascadura, nossa "Igrejinha Antiga".

 Acabei de saber que o pastor Amaury Jardim já está em casa. Desta vez, a definitiva, onde todos os que creem um dia vão estar.

   Ele viveu toda a sua vida para anunciar isso. É descendente direto de um dos ajudadores que Kalley recrutou entre os exilados madeirenses, expulsos da ilha por causa de sua fé.

  Eu o conheci, bem assim como toda a sua família, a partir de 1966, quando cheguei à Igreja Evangélica Congregacional de Cascadura, aos 9 anos de idade, com minha mãe e avó.

   Logo enturmei-me com seus filhos, principalmente o hoje, como eu, pastor Paulo César, mais identificado comigo pela idade. Desde muito cedo fomos muito apegados e, nessa altura da infância, assombrados com nossas descobertas e nossos dilemas.

   Conversávamos dentro das velhas Rural Willys, primeiro a de dupla cor, vermelha e branca, depois a esverdeada. Elas carregavam o recorde, antes mesmo de ouvir sobre o Guinnes, de gente, garotada, crianças, enfim, tudo que agregasse gente à igreja.

   Ora, como é bom igreja! Como era boa, excelente, aquela igreja! Mas os Jardim também levavam garotada para sua casa, primeiro em Quintino Bocaiúva, onde os alcancei, depois na Rua Americana 67, endereço clássico.

   Almoçávamos, à deliciosa mesa que d. Rute Jardim, com seu sorriso de rosto inteiro (basta olhar para a caçula Raquel, para ver a cópia) preparava, antes dos folguedos da tarde e os jogos de mesa, na área anexa.

   A Congregacional de Cascadura era proveniente de um grupo seleto, saído da Congregacional de Piedade, que a gente conhecia nome a nome, assim como pela fibra de fé e testemunho.

   Eu, minha mãe e avó não pertencíamos a esse "grupo raiz" (em todo bom sentido), mas logo nos enturmamos, conhecidos que éramos do pastor Teodoro José dos Santos, que foi o emancipador da antiga Congregação de Madureira, onde haviam começado, ligados à Igreja Evangélica Fluminense, pastoreada por ele.

    A família Jardim, toda ela, tinha um dinamismo surpreendente. Quem isso presenciou, sentiu-se, todo o tempo, motivado pelo cuidado, pelo zelo, por todo detalhe em amor com que eles se ocupavam com tudo que dizia respeito à igreja.

   Não esqueço como, certa vez, d. Rute Jardim, na Escola Dominical da igreja, com a ajuda e ciência dos demais, em casa, eles bolaram uma campanha de pontualidade, presença e visitantes.

    Ora, idealizaram um farol, enorme, numa plataforma impermeabilizada (que eu acho ter sido uma mesa de ping-pong invertida), sobre cavaletes, onde havia água, de verdade, e lanchinhas, cada uma delas uma das classes, rumo ao farol, a cada avanço em classificação por méritos.

   Nas idas ao Abrigo Evangélico em Pedra de Guaratiba, empenho de véspera, agitação máxima para nós, pirralhos, festas memoráveis, os Jardim, certa vez, montaram uma geringonça que consistia num cilindro, um desses latões de 200 l, aberto embaixo, onde um ventilador, com cruzetas, recebia uma folha de papelão.

    Punha-se esse quadro de papelão a girar e o freguês pingava, a gosto, tintas de cores diversas, enquanto embaixo ligado o ventilador. A tinta que espirrava fora, ficava retida nas paredes do cilindro, mas deixava na superfície dos cartões desenhos circulares multicor, de matizes diversos. Como rendeu essa barraca!

    E o Acampamento Ebenézer? Participei, entre tantos outros, de uma temporada dirigida pelo pastor Amaury, como diretor. Em tudo proveitosa. Lembro de uma excursão para outro recanto de Pedra de Guaratiba, conhecido por eles, desconhecido por mim.

   Levou todos, com tudo muito organizado, incluídas as gincanas e outras diversões, a alimentação e um breve banho de mar. A Rural Verde, desta vez, estava de prontidão, se me não falham meus 65 anos de memória.

   O culto do último dia foi uma oportunidade de confraternização, apelo por comunhão e vocação. Por ter eu o privilégio de ser, naquela época, olha, deve ser 1970, 1971, da igreja de Cascadura, a mesma de d. Rute, pude perguntar a ela, com maior precisão, o que era conversão, vocação, chamado para o ministério.

   Então, uns 7 ou 8 anos depois, com 21 anos incompletos, a conversa foi com o pastor Amaury, na secretaria do Seminário Betel, onde meu pai havia estudado, de 1945 a 1950, para terminar seu curso, ainda no tempo do pastor José de Miranda Pinto.

   Pastor Amaury conversou comigo sobre vocação, mais tarde pregou em minha ordenação e dele fui companheiro de ministério na antiga 2a RA, Região Administrava da UIECB, reconhecida como polêmica, no tempo em que se dividia o "planeta congregacional" entre tradicionais e renovados. 

   Rudimentos de ser congregacional, ensaio de aceitação das diferenças que nem sabemos se, a esta altura, já aprendemos: mudou-se o tempo, essa polêmica esfriou, mas o desafio de ser instruído, na cartilha do congregacionalismo, continua.

    Em 1972, no antigo terreno da igreja em Cascadura, na Pe Telêmaco 149, inciou-se o Clube Bíblico, uma nova modalidade de atividade jovem, ligada às influências dos chamados "anos dourados".

   Era a época da "escandalosa" introdução dos instrumentos que os Beatles usavam, as guitarras e baixos elétricos, e mais a bateria, dentro das igrejas. Que escândalo! E também de uma linguagem simplificada de sermões e testemunhos, assim como de uma busca por uma linguagem musical autenticamente nacional.

   Fácil de descrever aqui, problemático de se implantar naquela época, definia-se um modo explosivo, no bom sentido, e expansivo de se encarar o testemunho do evangelho. Como tudo, essa prática teve seu tempo, seus pontos fortes e outros de atenção, mas abriu chance de projeção de uma liderança marcante.

    Pouco tempo depois, pastor Amaury, ainda presbítero naquela época, terminou seu curso de teologia, foi ordenado pastor, estagiou em Vicente de  Carvalho e assumiu Bento Ribeiro. Para lá migrou o antigo Clube Bíblico de Cascadura, e inicia-se a história que outros contarão.

    O presidente da União de Mocidade de Cascadura, pastor Hélio Martins, durante quase todo o seu tempo de ministério à frente da Igreja Evangélica Congregacional do Encantado, foi uma das lideranças de destaque dessa época.

   Outro grande líder, o pastor Álvaro Trindade, junto com ele, frutos desse estilo de ministério, revolucionário para a época, com mais o pastor Jesaías, todos esses líderes agora juntos no céu, como sempre pregaram.

   Há uma cartilha aberta para se aprender a ser congregacional. Não pensem que é fácil. Pode ser simples entender e replicar, mas sempre é difícil experimentar. 

   A igreja saída das páginas de Atos dos Apóstolos, um dia, afastou-se dessa simplicidade e, ainda no 4o século, foi aprendendo a se impor como igreja monárquica: ninguém poderia pensar diferente dela.

   Então, mais de 10 séculos depois, em 1517, houve um sopro, que a gente até se convence que foi do Espírito: aconteceu a Reforma, sendo um dos principais requisitos pôr as Escrituras no seu lugar de ênfase.

   Ainda assim a imposição de ortodoxias ou a discriminação daquele que não pensa exatamente igual persegue-nos. Misturamos fundamento com fundamentalismo, ortodoxia com asfixia e congregacionalismo com fragmentalismo, segregacionalismo ou dissensões.

    Essas coisas, antes de apontar nos outros, seria bom identificar, em que medida, habitam em nós. Disfarçada e camufladamente, mas habitam. Considero-me, como tantos outros, achegado ao pastor Amaury Jardim, também pela proximidade de sua família, como descrevi.

   Embora, em minha formação, tenha me afastado de alguns pontos que ele sempre adotou, praticou e defendeu, admiro-o pelo que ele representou como liderança.

    Porque seu modo de agir sempre sugeriu a necessidade do diálogo, sem animosidades, da discussão dos variados modos e estratégias de se apresentar o evangelho e de uma maneira de ser grupo, de se agregar, de ser denominação que respeite e acolha essas diferenças.

    Muito errado e antibíblico pensar que desagregação, afastamento e descolamento total confere identidade à igreja. Também antibíblico pensar que denominação seja um órgão supremo impositivo para qualquer tipo de torniquete.

     Amaury Jardim, em sua autenticidade, viveu um modelo de congregacionalismo dinâmico, pronto para o diálogo e a troca, não preso a imposições de grupos de ocasião ou circunstâncias efêmeras, caprichos da moda da vez ou asfixia a pretexto de ortodoxia.

    Seu modelo conduziu a uma discussão que abrangeu toda a denominação. E a uma decisão histórica, que representou a convivência, numa mesma denominação, das igrejas afeitas ao que se chamou, na época, "renovados", junto com os "tradicionais".

    Portanto, o pastor Amaury Jardim projetou, não somente na igreja local, nem somente no contexto de sua família, incluída a sua visão missionária de expansão, porém no contexto denominacional, uma proposta de convivência de posturas unidas em temas fundamentais, porém diversas em posições secundárias.

    Próxima está a sua ida para casa, na companhia permanente de Jesus, como sempre testemunhou aqui, entre nós, Congregacionais, de uma Assembleia Geral, para que as igrejas discutam outros tantos assuntos e outras tantas posturas. Perdure, então, a sugestão de uma proposta dinâmica de congregacionalismo.

    Dialogal, firmado em bases doutrinárias bíblicas fundamentais, as quais definem o que é ser cristão, porém flexibilizando a convivência, com relação a questões que não representam pontos fundamentais. Aliás, houve um rol de doutrinas que, na década de 90, ilustrou essa decisão histórica de convivência.

    Grato, pastor Amaury. Deixo a outros escrever sobre o seu trato pessoal. Sobre sua ética como pastor, na relação com os colegas e com suas ovelhas. A sua estrondoza, cadenciada e senoidal gargalhada, que ecoa em nossos ouvidos, alunos seus da turma de 1978-1981, no STCRJ. Há muito que recordar das marcas que o irmão deixou. E muito de seu exemplo, para que sigamos nessa mesma carreira, completando o ministério e guardando a fé.

    Grato em Jesus, Pastor Amaury, Rute, Damáris, Sergio Paulo, Paulo César e Raquel Jardim. "Vocês são lindos! Simplesmente lindos!"

https://youtube.com/shorts/_w3pKvIKFxQ?feature=share

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Natal na Chácara - Eita, povo lindo!

 Legenda, também é texto!

Mais ou menos assim, dia luminoso!

E o povo vai chegando assim, devagarinho.

E a recepção já começa linda também.

Veja se não é linda?!

Chega de conversa, vamos trabalhar.

Tudo preparado, já vamos começar.

Pra quem duvidou que fosse lindo, confere aí.

Uma boa recepção para quem vai chegando.

Tudo quase pronto: ensaio final.

E começam os cânticos!


A história bíblica também.




E, para tanto, toda a concentração é tanta.

Instruções para o café.

Registro da lauta mesa.


Serviço 100%.




Bate-papo muito divertido.

Ah, sim, inesquecível: 
ligados no Argentina X França


 Com a camisa amarela torcendo pela azul...


Fica o convite para a próxima:
fica combinado.



sábado, 21 de janeiro de 2023

Semente por isso?

"Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José." João 1:45.

    Achamos Jesus, o Nazareno, filho de José. O que diz essa primeira informação? Por ela, foi ativado o preconceito de Natanael. Dizer que era de Nazaré, diminuía, para ele, a importância.

   Felipe estava adiantado, à frente de Natanael, a quem ele convidou, por ter atendido ao chamado de Jesus. Então propõe ao amigo a solução do impasse, convidando-o a vir e sanar qualquer dúvida.

   Até aqui, aprendemos:
1. Encontrar Jesus, o anúncio de Felipe a Natanael, é a melhor sorte, assim como anunciar o encontro e convidar outros a vir.
2. Ter uma ideia formada a respeito de Jesus, qual seria a ênfase, seria possível uma totalidade?
3. Vir a Jesus ou como ouvir Jesus hoje? Sim, pela Bíblia. Quem está autorizado a entendê-la, divulgà-la, auferir autenticidade?

   Mas Felipe identifica o filho de José, nome corriqueiro e referencial para Jesus, com o anunciado por Moisés e como referido por meio dos profetas.

   As Escrituras entram como referencial para ele, que faz a associação entre a personagem anunciada no Antigo Testamento e Jesus, filho do carpinteiro José.

   Conta a experiência anterior de Felipe:
1. Atendera ao chamado de Jesus sem hesitação.
2.  André e Pedro, certamente, o influenciaram.
3. Logo entendeu que deveria transmitir a outros a novidade sobre Jesus.
4. Como André, Felipe lhe copia a diligência em acolher e divujgar Jesus.

   Então não se constituiu novidade para Felipe convidar pessoas a seguir Jesus. Certamente imitava a mesma disposição em André, o que nos faz pensar:
1. Em que proporção se constituiu Jesus, para nós, novidade?
2. O que representa, para nós, tê-lo encontrado?
3. Com que disposição vamos anunciar Jesus, de modo a contagiar outros, sem lhe alterar a relevância?

   Jesus fita Natanael e, para lhe solucionar o problema, menciona a estada dele debaixo da figueira. Não vamos saber a que estava associada, mas aprender:
1. Jesus sonda e conhece nossas perplexidades.
2. Não será somente pela solução de uma delas que vamos nos surpreender com o potencial de Jesus.
3. Há promessa de uma fonte inesgotável.

Aprendendo com Jesus a ser bom

    Pensando nas coisas de Jesus, ou tentando pensar como Jesus, bem: há coisas dele nem um pouco ao nosso alcance. Mas há outras que devemos ver em nós, fazendo e agindo exatamente como ele.

   Pensei numa oração qualquer de Jesus. Claro que a intimidade dele com Deus é absoluta. Estou me reportando ao Jesus do tempo em que esteve entre nós, visto que é o exemplo dele que devemos assimilar.

   Jesus orou pelo geral, no que se refere às pessoas, e ao específico nelas. Nessas orações, antecipava os encontros que teve com elas, objeto de sua agenda com Deus.

   Pensava no grupo, sem ser dispersivo, quando incluía todos, assim como no indivíduo, sem excluir os demais. Pode ser que a gente tente o mesmo.

   Por exemplo, quando a igreja pensa em missões, enquadra todos ou muitos, embora necessite ser objetiva. Pode também ser seletiva, se pensa, por exemplo, em desafios de missões urbanas, quanto ao seu preparo ao exercê-la, tendo em vista a variedade e diversidade de grupos-alvo.

   Mas deve ter o cuidado de não hierarquizar ou categorizar entre quais, exatamente, são os salvos e perdidos, ou discriminar entre graus de pecado. Algo que Jesus mesmo nunca fez.

   Porque apresenta a todos a mesma chance. Acredita em todos. A todos oferece a mesma salvação. A condição humana é carente de redenção.

   Tomada a morte como referencial a Bíblia assim define, há um refluxo, um reverso, cujo correlativo, em vida, essas mesmas Escrituras chamam pecado que é, ao mesmo tempo, síntese e generalização do que produz morte. E só a morte dá fim ao pecado.

   A Bíblia chama de morte espiritual tudo de que o ser humano é portador, como requinte e detalhe de maldade. Único ser dotado do que se chama de racional e o único dotado da capacidade de ser mal.

  Essa é a específica carência de salvação. O ser humano necessita ser salvo em si mesmo. Exerce requinte de maldade ao outro, sempre o alvo prioritário.

   Cego de que as razões do mal que o domina estão em sua ruptura com Deus, assim como alheio ao fato de que, ser mal, reverte a si mesmo.

   Portanto, o ser humano é mal contra Deus, contra si mesmo e contra o outro. Jesus, que com Deus aprendeu a ser bom, como afirmou ao jovem rico, pode resolver, solver esse problema, o problema do mal.

   O mal está instalado na condição humana. Jesus, certa vez, afirmou: "Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios". Marcos 7:21.

   E listou uma séries desses males. Não esgotou a lista, como Paulo, que cita as obras da carne, aos Gálatas, em 5,19-21, quando fala do fruto do Espírito, ou em Efésios, quando menciona que devemos ser cheios do Espírito, como antídoto aos males que indica em 4,25-32 e 5,3-5, ou em Romanos, em 1,24-31, onde se define a rota de quem se afasta, progressivamente, de Deus, estabelecendo a glória de si mesmo.

   Nem sabemos se se esgotam os males nessas listas. Mas temos em Gálatas 5,22-26 as feições do fruto do Espírito, em Romanos 1,16-17 a indicação do poder que vence todo o mal e, em Efésios 5,18-21, a marca da personalidade do Espírito que, em nós agindo, neutraliza todo o mal. Andemos no Espírito, como ele menciona em Gálatas 5,16.

   Assim a Bíblia define. Assim podemos ou não crer. Assim podemos ou não incluir-nos nessa benção. A nós oferecida pela graça de Deus, que deu o seu próprio Filho por nós, este voluntariamente entregando-se, para nos tornar, com Ele e como Ele, participantes do bem que há somente em Deus.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Pensai nas coisas lá do alto

 "Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus." Coloss. 3:1-3.

    Como assim? Pela Bíblia, ora, ora, de novo ela, os que cremos fomos, lateralmente, "ressuscitados juntamente com Cristo". Por quê? Como assim?

   Porque se isso não é real, nenhuma participação temos em Cristo ou com Cristo. Aliás, fecha o Livro e esquece dele. Vive como se o Livro nem existisse.

    Bíblia não é perfumaria. Não é maquiagem. Acessório. Bíblia é cruz. Ou você toma a cruz e segue Jesus, ou não vai dar para seguir seguindo. Numa linguagem, vai ser Fake.

   Pense. Isso aqui em cima, a "coisa lá do alto". Esse "alto" não quer dizer geograficamente falando, como se fosse latitude/longitude, coordenadas cartesianas, coisa do tipo. Alto, teologicamente falando: coisas de Deus.

   "Pensai nas coisas lá do alto". Está achando vago? Bem, pode até ser uma reação súbita, inicial, até mesmo justificável. Honesta, digamos assim.

   Digo justificável, porque está correto dizer que o infinito, Deus, não cabe, em compreensão, no entendimento do finito, quem, qualquer um de nós. Portanto, "pensai nas coisas lá do alto" precisa de um critério.

   E como a pirmeira lição para se entender a Bíblia é "Bíblia interpreta Bíblia", sem ir longe, aliás, no próprio contexto desta carta aos Colossenses, Paulo dá pistas sobre o que significa.

   Duas afirmações anteriores: "Ele (Jesus) é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação" (1:15) e a outra "porquanto, nele (Jesus), habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (2:9).

   Então, Deus tem rosto. Para "pensar nas coisas lá do alto", há um rosto, há um homem, no meio do caminho, cujo nome é Jesus. Logo, as coisas não são tão vagas quanto parece.

    Quando, então, confrontamos as "coisas lá do alto" com "as que são aqui da terra", optando por aquelas, não sigfica alienação. Ao contrário, retorno ao original. E o que garante que é assim é uma terceira afirmação, nesse diálogo de textos.

    "...pois, nele (Jesus), foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra" (1:16). Pensar nas coisas lá do alto é retornar à matriz, à ideia original. Para o ser humano tornou-se tão natural o arremedo, que falar sobre o retorno ao divino, ao que procede do alto, ao que está "oculto, com  Cristo, em Deus", é visto como alienação.

    As coisas da terra são as do impacto frontal com nossa realidade. Estamos dentro delas. Seu código e compromisso nos abarcam. Muito difícil não reagirmos, automaticamente, a elas, esquecendo-nos de qualquer outro recurso.

   A proposta do texto é dizer que há uma "vida oculta juntamente com Cristo em Deus". Nada mais alienante, diríamos, ou místico, que, no contexto moderno, torna-se até aceitável.

    Mas será a vida real com os valores do alto. A vida do mundo com os valores do céu. Não é oculta, no sentido místico (ou mítico), mas no sentido do valor dela. A gente quando não guarda dinheiro escondido no colchão, guarda por senha, porque tem valor.

   A vida oculta com Cristo em Deus guarda o valor. E a vida daqui é regida por ele, valendo, como diz o texto, para quem está ressucitado em Jesus Cristo. Para esses, buscar "as coisas lá do alto" não significa alienação ou misticismo. Mas os valores que regem a vida do dia a dia.
 
     Os valores de Cristo regem a vida dos que nele fomos ressuscitados. Os que buscam em Jesus os valores que regem a vida que se vive.