sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O efeito das orações

⁸ "...e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos". Ap 5.

³ "Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; ⁴ e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. ⁵ E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto." Ap 8.

   O momento em que, no Apocalipse, o Cordeiro toma, da mão dAquele sentado no trono o Livro, é decisivo, por marcar o início da ação de todo o Apocalipse.

  Solene,  ali estão presentes os seres viventes, os 24 anciãos, milhares e milhares de anjos e ainda ¹³ "... toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há" foram testemunhas desse ato e dignificaram Aquele sentado no trono e o Cordeiro.

   E nas mãos dos 24 anciãos, além de harpas, havia taças de ouro e nelas contido incenso, que João explica dizendo ser as orações dos santos. Vejam bem, esses santos somos nós, todos os crentes em Jesus.

   Adiante, quando o Cordeiro retirar o sétimo e último selo do Livro, então serão concedidas a 7 anjos sete trombetas 🎺, um outro anjo se colocará estrategicamente junto ao altar, tendo nas mãos um incensário de ouro, sendo-lhe dado muito incenso a oferecer no altar, ³ "...com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono". Ap 8.

  Sobe, das mãos do anjo, à presença de Deus, a fumaça do incenso com as orações.  E são as orações de todos os santos, vejam bem, que são todos os crentes em Jesus de todos os tempos.

  E a cena seguinte não poderia ser outra ou mais surpreendente: ⁵ "E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto." Ap 8.

   Todas e cada oração uma vez feita. Coerentes ou não, sinceras ou hipócritas, maduras ou superficiais. Mas foram todas, indistintamente, por Deus ouvidas, presentes em Sua memória eterna, que agora são atiradas à terra.

   Esta cena parece ensinar de que nunca se foge de uma oração, diante de Deus efetivada. Deus as devolve à terra, porque todas foram ouvidas, nenhuma ficará sem reposta e seus efeitos, inscritos na eternidade, estão definitivamente marcados na história humana.

   As orações também serão instrumento de juízo. Porque muitas atitudes injustas, pela ação humana, motivaram orações. Tais situações foram promotoras de angústia e sofrimento. Portanto, Deus há de confrontar a humanidade e contrapor a ela o efeito das orações.

   O homem desacredita, ora supondo ser a cova o fim de tudo, ora supondo que nenhuma de suas atitudes serão revisitadas. Está embutido na culpa a impunidade. Também ora se pensar que Deus não existe, ou não tem memória.

  Todos seremos confrontados com todas as orações, sejam as nossas, sejam a de todos. O efeito das orações é estar diante de Deus, para, afinal, conhecer o que somos, o que dissemos e o que fizemos.

    Surpreendente será o efeito de todas as orações.  Jamais cairão no esquecimento. Jesus mesmo adverte:

³⁶ "Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; ³⁷ porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado." Mt 12.

    Aliás, em Mateus 6, há uma série de orientações dadas por Jesus, o único com autoridade para se intrometer nas orações:

⁵ E, quando orardes, (1) não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. ⁶ Tu, porém, quando orares, (2) entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. ⁷ E, orando, (3) não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. ⁸ Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais."

   E outra ressalva do Apóstolo Paulo, quanto à orientação do Espírito, como se fosse um professor do prezinho:

²⁶ "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis." Rm 8.

   E ainda vale muito lembrar um conselho dos sábios, com relação a muita cautela ao falar:

² "Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. ³ Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras." Ec 5.

    Nesse dia, esse mesmo, de compadecer diante de Deus, como Ele é, e nós diante dEle, como somos. João nos consola, quando afirma, termos advogado junto ao Pai. 1 Jo 2:

¹ Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, "Jesus Cristo, o Justo; ² e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro." 

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Carta de Oração

      

     Amados, esse será nosso último relatório desse ano de 2024 e gostaríamos antes de tudo agradecer a Deus por cada vida e igreja que tem se colocado diante de nosso Deus em oração por nossa família e ministério. Nós somos gratos ao nosso Deus por cada vida que tem orado e intercedido por nós, somos devedores de vossas intercessões e valorizamos cada uma delas.

Desde que resolvemos aceitar esse desafio, de voltar a Espanha depois da nossa vinda e volta precoce em 2018/2019, temos visto a boa mão de Deus se manifestar e atuar nessa direção. Estar na Espanha demanda tantas coisas que muitas vezes nos vimos totalmente incapazes de aqui estarmos, tudo que se necessitava para que aqui pudéssemos estar foi sendo acrescentado dia a dia sem que necessitássemos “arrombar porta alguma”, 1º Samuel 16.12. As portas para obtenção de documentos como visto de entrada, apresentação de documentação junto a Polícia Nacional Espanhola, renovação de autorização de estada e afins foram se abrindo conforme as necessidades iam se apresentando, todas essas portas, uma a uma, sendo abertas gentilmente pelo nosso bondoso Deus.

 No quesito estrutura, até aí a boa mão de nosso Deus nos acompanhou, visto que não tínhamos, não temos ainda, Agência Missionária, Igreja ou irmãos nessa terra, Deus na sua infinita graça e amor providenciou um teto que conseguimos alugar, providenciou quem pudesse nos buscar no aeroporto e nos ajudar para comprarmos pratos, talheres e as demais coisas necessárias para se começar a vida. Chegamos no aeroporto de Manises, Valência, só com nossas malas e a promessa de que uma pessoa, não crente, ali estaria para nos dar uma carona e nos ajudar nesses primeiros passos, a essa pessoa nossa gratidão e nosso pedido de que nosso bondoso Deus lhe constitua família nessa terra, Êxodo 1.21. Assim começamos a reescrever essa história de missões, mas essa, com a ajuda das orações de alguns irmãos do Brasil, com ofertas de um grupo de irmãos no Brasil e duas igrejas, a saber, IE Fluminense e IEC Santa Isabel, a estes irmãos, irmãs e igrejas somos gratos por acreditarem em nosso chamado e vocação.

Os movimentos de entrada e reentrada no campo missionário nunca são fáceis, existem tantas variáveis nesses processos que mesmo que planejemos tudo da melhor forma, e devemos fazer, a coisa pode dar errado. Necessidades emocionais, espirituais, humanas e de toda sorte se levantam nesse tipo de processo. Quando uma família de missionários faz esse movimento, sem a estrutura mínima necessária, e foi nosso caso, só o poder de Deus pode dar cabo de tal missão.

Nossa filha, com 14 anos na ocasião, foi a que mais sofreu, haja vista ela ser obrigada, por conta do colégio, a ficar totalmente imersa na cultura. Irmãos, como as dificuldades de adaptação de nossa filha nos machucaram! Como foi duro ver nossa filha chorando escondida, se desesperando com o dialeto no qual as aulas são ministradas nessa região, com saudades da igreja, avós, família, amigos e de tudo que deixou para trás para chegar e este povo. Nós não temos dúvidas de que essas dores deixaram “cicatrizes” nela e em nós. Diante do que foi exposto acima podemos dizer, com a boca cheia, que Deus tomou, toma e tomará sempre conta de nós.

Não viemos a essa terra construir riquezas, depender de “contatos”, arrombar portas de forma bem sutil e dizer que Deus as abriu ou coisas do tipo, viemos a este mundo servir a Deus e viver na Sua dependência. Tal coisa não é fácil, tal coisa demanda uma coragem que nunca suporíamos ter, um nível de entrega que demanda literalmente colocar TUDO no altar do ministério.  Não é fácil, não é algo digamos assim, confortável, pelo contrário, é difícil, é desafiador e nos tira todo tempo de um negócio chamado zona de conforto, mas ainda assim é algo nosso, algo tão particular quanto intrigante, tão valioso que nos custa acreditar ser nosso. A maior alegria do ministério, pensamos nós, é ter algo tão valioso nas mãos, algo que observamos Deus literalmente investir em nós a cada dia para que dê certo, de fato um tesouro em vasos de barro.

Uma vez instalados e tateando a terra sem a conhecer fomos buscar um lugar para congregar e outro para que pudéssemos de alguma forma dar seguimento ao ministério junto aos refugiados africanos. Com relação a congregar achamos uma igreja Batista Regular na cidade onde vivemos, Villarreal. Agradecemos a Deus pois nesta igrejinha, no Brasil seria um ponto de pregação, fomos acolhidos, abraçados, cuidados e incentivados a continuar. Nesse pequeno grupo podemos pregar, ensinar, cantar e servir aos irmãos. Nessa igrejinha temos a oportunidade de servir aos irmãos da fé que temos aqui.

 Nesse pequeno grupo podemos viver o que vivemos em nossa igreja e isso faz uma diferença enorme. Glórias ao nosso bendito Deus por esta igrejinha! Glórias ao nosso bendito Deus pelas diversas “igrejinhas” da Espanha que conta com menos de 1% de crentes em sua população. No meio desse deserto Deus mantém essas portas abertas para serem os oásis de gente como nós que estava sedenta de sentir o calor que advém dos irmãos da fé quando esses se reúnem. Ninguém, absolutamente ninguém, é igreja sozinho.

Na outra frente, a de trabalho com refugiados que chegam as praias espanholas advindos da África do Norte, essa parte da África que é banhada pelo Mar Mediterrâneo, começamos a entender mais essa realidade quando nos apontamos como voluntários na Cruz Vermelha.

Amados, gostaríamos de abrir um parágrafo aqui para discorrermos sobre esses refugiados e a Cruz Vermelha. Esses refugiados, geralmente homens, com idade entre 18/40 anos, são pessoas que deixam seus países, familiares, religião, modo de vida e afins em busca de trabalho, sim eles querem trabalhar, eles não querem explodir nada. A vida desses homens, mulheres e crianças está voltada para sua subsistência mínima aqui e envio de dinheiro para suas famílias que continuam na África. Dificilmente você encontrará um desses refugiados africanos em bares, shoppings, praias, parques e afins se divertindo, a vida deles se resume a basicamente dois movimentos, casa e trabalho. Eles chegam aqui só com a roupa do corpo, sem saber falar o Castellano e sem a menor noção dos costumes dessa terra. Chegam e tentam a todo custo conseguir um emprego, aprender a língua e acertar os documentos, e é nesse circuito que entra a Cruz Vermelha, ela de forma bem organizada mostra a eles que o processo aqui é justamente o contrário, primeiro se arruma a documentação, aprende-se a língua e depois, só depois, se arruma um emprego.  

A Cruz Vermelha disponibiliza para alguns poucos refugiados africanos moradia, vestimenta, alimentação, ajuda jurídica para arrumar a documentação, cursos de Castellano e cursos profissionalizantes. Olhando os refugiados de perto e tendo acesso a eles fora da Cruz Vermelha fica nítida a janela de oportunidade que a Igreja de Cristo tem aqui com esses homens e mulheres que são, na sua grande maioria, islâmicos. O islã, aqui, não tem estrutura e muito menos interesse de fazer esse serviço. Buscamos uma missão que fizesse isso aqui na Espanha e simplesmente não existe! Buscamos tentar compreender o universo evangélico espanhol, até para não sermos injustos, e percebemos que as igrejas não querem se envolver com esse ministério. Aline tem dado aulas de Castellano para essas pessoas e um dia desses fez a seguinte pergunta: Vocês gostariam de ter mais aulas semanais? Vocês estariam dispostos a ir para um outro lugar para aprender o Castellano? A resposta, em uníssono, foi que sim. A resposta nos alegrou, e nos encheu de esperança, uma vez que isso, essas aulas, podem se tornar um caminho para uma porta, estreita é bem verdade, mais cheia de vida. Mas por enquanto não temos um local para essas aulas.

Voltando a Cruz Vermelha, dentro dela, de suas dependências ou em suas atividades fora, somos proibidos de tocar no tema Jesus ou religião. A Cruz Vermelha é adepta da agenda LGBT, WOKE, 3030 e afins, ela tem uma rede de captação de recursos que vai desde seus doadores mais comuns como o magnata Soros até a venda de bilhetes de loteria feito nas casas de apostas da Espanha. A Cruz Vermelha não é um lugar onde se possa evangelizar esses refugiados africanos ou os exilados da América do Sul e China, é apenas o lugar onde podemos estabelecer o primeiro contato com eles, onde podemos nos deixar conhecer por eles e os conhecer. A Cruz Vermelha, com uma estrutura enorme e caríssima, pensamos nós, faz pouco. Já trabalhamos com orçamentos muito menores e fizemos chegar cada centavo que nos era confiado ao público alvo. Nos dói observar o tanto de dinheiro que poderia se traduzir em teto, roupas, comida e mudança de vida se esvair no sumidouro do corporativismo que visa elevar a bandeira dessas agendas nefastas.

Semana passada começamos a entrar em contato com um órgão chamado DIACONIA, eles fazem um assessoramento parecido com o de Cruz Vermelha, acomodação, documentação, língua e trabalho, esperamos em Deus que esse contato possa resultar em algo, em uma outra porta pela qual possamos ir nos aproximando deles, de sua realidade e necessidades reais, pensamos e oramos para que esses esforços e pontes venham a desaguar em um trabalho, bem cuidadoso, de apresentação do evangelho para eles, não do evangelho catequisado, mas do evangelho vivo e vivido em amor. Só para se ter uma ideia, esse ano já chegaram na Espanha mais de 60 mil refugiados em suas praias.

Temos dado aulas no Instituto Missionário Projeto Zero, essas aulas, on-line, são ministradas uma vez por semana e temos tido a honra de envidar esforços na formação de obreiros para o Sul de nosso país, Brasil, e aquela parte da América do Sul. Esse ano que se avizinha, 2025, dois estudantes estarão indo para o Uruguai par ali ajudar o Bira e sua esposa. Nossa alegria de poder ajudar e ver essa obra se desenvolver é enorme e agradecemos ao nosso Deus por isso.

Vamos encerrando esse relatório anual agradecendo, mais uma vez e sempre, a todos os irmãos que tem intercedido por nós diante do trono de nosso Deus, a vocês nossa reverência, nossa gratidão e nossa honra.

Queremos agradecer aos irmãos, irmãs e igrejas que tem nos ajudado com o tema do sustento e das ofertas, que o nosso Deus vos retribua toda generosidade com a qual vocês têm dispensado para nós. A vocês, intercessores e mantenedores, nossa oração é que possamos vos apresentar frutos dignos dos vosso esforço para conosco. Queremos agradecer ao casal de missionário Cesar e Rosa, que trabalham em uma missão voltada para os peregrinos do caminho de São Tiago de Compostela, esses amados sabedores de nossa dificuldade com relação a um meio de transporte ao receberem a doação de um carro nos ofertaram o que eles tinham, nunca, absolutamente nunca, vamos nos esquecer disso, a vocês o nosso muito obrigado também.

Esse mês, mês de dezembro, é o mês em que celebramos o Natal, o nascimento de nosso Senhor, que o Natal de cada um de vocês que agora tem acesso a esta carta possa ser cheio de paz, alegria e amor, possa ser um Natal cheio de Cristo.

Com estimas e carinho e saudades.

Gustavo, Aline e Júlia Leite

domingo, 26 de outubro de 2025

Resgate da identidade

 ²⁵ "Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas. ²⁶ Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo." Jo 4.

   Jesus atesta sua identidade frente a mulher samaritana. Ela sai daquela conversa também com sua identidade definida. Qual é a nossa identidade?

  Pela carteira, somos nome e número. Para nós mesmos, um arranjo de impressões.  Está na moda hoje o autoconhecimento.  A ideia seria elaborar um conjunto de narrativas sobre si mesmo.

  A samaritana, na volta à cidade, esquerda do cântaro de trazer água,  disse aos seu amigos:

²⁸ "Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: ²⁹ Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!  Jo 4.

  Ela já sabia tratar-se de Jesus. E para ela, Jesus definirá sua identidade. Porque havia dito tudo sobre ela a ela mesma. Quer dizer, quem encontra Jesus, tem dele o conhecimento de si próprio.

  E ela afirma aos amigos ser Jesus o Cristo. A pergunta é retórica, num tom em que a declaração a respeito de Jesus soa de forma afirmativa. Ela já tinha certeza de que Jesus é o Cristo.

  Aos discípulos, próximo de sua morte, no contexto da pascoal, Jesus afirma:

⁶ "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim." Jo 14.

  Porque a identidade de Jesus se define pelo que Ele é a nosso favor.  Caminho, porque estamos perdidos. Verdade, porque fomos enganados. E vida, porque estamos "mortos em delitos e pecados". 

  E a serpente, aquela mesma, que por aí pensam que só apareceu na história do Éden, segue enganando. E só contrapondo a verdade de Jesus ao veneno dela é que não se deixam enganar. É melhor não tentar ouvi-la, sem assistência do Espírito. 

  Todos esses descaminhos se misturam na condição de nossa existência. Olhar adiante ou para dentro de si mesmo, é ver trevas. Refletir sobre o que sabemos sobre nosso destino ou tentar atinar com nossos desatinos é energia consumida à toa.

  E com relação à vida, bem dizia meu pai e fazia meu pai, de vez em quando, visite um cemitério. Muito irônico foi quando ele veio ao Acre, uma única vez, em 1995, no primeiro ano de nossa chegada aqui.

  Visitamos Brasileia e nos hospedamos na rua do cemitério. Claro que eu e meu pai o visitamos. E em Rio Branco, morávamos no bairro Floresta. Certo dia, após sua caminhada, meu pai chegou a casa com anotações de lápides do Sao João Batista.

   Mas foi ele que me ensinou que a vida não termina no cemitério. Aliás,  foi a última vez que o vi em vida. Por ironia, já disse, em agosto de 1996, quando ele é minha mãe já apressavam preços do voo Varig para voltar ao Acre, eu que paguei o voo para sepultá-lo no Rio.

   Jesus disse ser vida. Meu pai assim creu e assim me ensinou. A samaritana assim o identificou. Ele me conhece.  E tudo o que conhece de mim me basta.  A minha identidade foi resgatada por Jesus.

sábado, 25 de outubro de 2025

Os bilhetes de Dorcas

 

Primeiras casas do Velho Brejo, hoje
Belford Roxo, em 1872.

   Morávamos em Cascdura. Típico o nome e o bairro. Nasci em 1957, no HSE - Hospital dos Servidores do Estado.  Coisa de Getúlio Vargas, nem sei se "Estado", aqui, era nacional ou mesmo estadual.

    Foi ali pelos corredores, sim, porque morávamos nos fundos da Mendes de Aguiar 90, ap 101, pai e mãe ensinavam a mim sobre Bíblia, levavam-me, sem falta, dominicalmente à igreja.

  O pai contava histórias bíblicas na sesta, após os almoços, a mãe cuidava de tudo o que representasse compromisso com a igreja. Primeiro, foi a Congregacional de Nilópolis, tenho dela até o Certificado do Rol de Berço.

  Depois, a partir dos 9 anos, foi a Congregacional de Cascadura, até o casamento, em 1993, e o nascimento de Isaac, em 1994. Depois, foi o Acre até hoje. Uma das características de Dorcas, minha mãe, era a sua incansável capacidade.

   Numa fase, com contratos provisórios no antigo Estado do Rio, pois ainda existia a antiga Guanabara, que ocupava o antigo Distrito Federal, quando a capital era na atual Rio de Janeiro,  Dorcas se deslocava até Belford Roxo.

  Antigo Distrito de Nova Iguaçu, Município a partir de 1990, varia hoje de 27 a 57 min o deslocamento para lá. Mas na década de 1960, era pelo ônibus Cascadura-Nova Iguaçu e mais outro, de lá até B.Roxo, como aparecia no visor da condução. Antiga fazenda da Jacutinga, lá num cantinho remoto da Baixada Fluminense. 

  Dorcas acordava às 4h, para deixar pronta a marmita do Cid, o almoço do Cid Mauro, estar pronta às 5h, para sair e alcançar a escola às 7h. Foi assim por, pelo menos, 1 ano letivo inteiro. Eram famosos os seus bilhetes.

  Poucas linhas, mas com exatidão tudo o que ia escrito, era fato feito, completo, verdadeiro.  Era só conferir, sem tirar, nem pôr. E ainda havia umas palavras de recomendações de cuidados variados, com o que sobrasse da refeição, para não estragar, e demais cuidados nos deslocamentos pela cidade, para Cid e Cid Mauro.

   O bilhete de Dorcas era expressão nítida de sua personalidade. Ela transparecia inteira neles, sem contar a dedicação e o amor verdeiros por sua família, tão diminuta, esposo e o filho único, o quarto parto que vingou.

  As Escrituras são um bilhete de Deus. Dá para conferir, sem faltar, tudo o que ali vai escrito. Mas Deus é maior do que ela. Muito embora, nela, a personalidade inteira de Deus transpareça.

  Há muito que conhecer dEle ainda. Mas seu cuidado e amor denunciam-se naquelas linhas. Basta ler.  Eu acho que, na minha vida afora, expressão de meu pai, o amor deles por mim veio misturado ao que as Escrituras têm para dizer sobre Deus. 

    Mas elas são tão somente um bilhete. Deus é muito mais. Porém advirto que, tudo o que nelas está confere exatamente com o que está escrito. Pode confiar. Igualzinho aos bilhetes de minha mãe.


quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Sem maquiagem

³ "Sobe para uma terra que mana leite e mel; eu não subirei no meio de ti, porque és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho. ⁴ Ouvindo o povo estas más notícias, pôs-se a prantear, e nenhum deles vestiu seus atavios." Êx 33.

   Os atavios, ou seja, enfeites, de modo geral, talvez até mais usuais para as mulheres, o nome já diz, apenas enfeitam.

  No texto acima, não vestir atavios, significava estar sensível para uma tremenda má notícia, aliás,  essencial para aquela congregação de povo.

  Algo essencial. Para eles, a presença de Deus. Foram notificados de que, em função da sua opção pela idolatria e todos os mais desvios morais que vêm nesse combo, Deus optou por não seguir no meio deles.

     Mas sem abandonar à própria sorte. Deus prometeu enviar seu Anjo. Moisés rejeitou. Anjo não seria Deus. Moisés reclama que a identidade do povo estava, definitivamente, associada a Deus. Ele argumenta:

¹⁶ "Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?" Ex 33.

  Por isso retiraram de si seus enfeites. Não mais seguiriam, uma vez tendo constatado sua perda de identidade. E que perda. Não era hora para enfeites.

  Não é para se confundir identidade com adereços. Muita gente tem preferido esse evangelho de consumo, maquiagem de ocasião, componente de personalidades voláteis. Evangelho sem conteúdo.

   Esse versículo acima foi o argumento de Moisés que Deus desejou ouvir. Como se o Altíssimo, na verdade, tivesse provocado seu servo, a fim de testar sua reação.

  Como resultado de uma crise que definiu identidades. A pergunta retórica de Moisés traz com ela a resposta. "Como se há de saber?" Bela pergunta.

  Se ou quando achamos a graça de Deus, ele segue conosco. Deus seguir conosco nos distingue. Para que tantos quantos nos vejam, vejam que seguimos com Deus e ele segue conosco.

  Sem necessidade de atavios. Retirar a maquiagem é fundamental. Autenticidade é essencial.  Esse foi o argumento de Moisés: por tua graça,  Altíssimo, somos o Teu povo e tu és o nosso Deus. É nossa identidade. 

terça-feira, 21 de outubro de 2025

O altar, o poço e a tenda

²⁵ "Então, levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do Senhor, armou a sua tenda; e os servos de Isaque abriram ali um poço." Gn 26.

  É a síntese de um pacificador. Se na Bíblia há, pelo menos,  um deles, é Isaque.  Os homens de Abimeleque o provocaram entulhando, duas vezes seguidas, os poços que os pastores dele cavaram.

  Duas vezes ele disse "Deixa disso". O terceiro, que cavaram, não foi entulhado. Então os tais vieram, ao inverso, tomar satisfações: Ora, como é que entulhamos duas vezes e não rolou nenhum rosco?

   E Abimeleque baixou uma lei de proteção a qualquer um da linhagem ou empreita de Isaque.  Este seria intocável. Um pacificador, então, cava seu poço, arma sua tenda e ergue um altar.

   Creio que Isaque esperasse da vida viver sua fé. Para isso, precisaria do poço, de sua tenda e do altar. Talvez o altar seja esse que requeira cuidado maior.

  Porque por água e tenda, a gente se acomoda. Há uma fase da vida em que até oramos pela casa própria. Mas, como ocorre com frequência, após receber, relaxamos. Coisa ganha.

  Ainda que poço e tenda também signifique suprimento espiritual contínuo. Veja o que Jesus diz:

³⁷ "No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. ³⁸ Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva." Jo 7.

     Infelizmente, sede de Jesus, talvez, seja algo que muito facilmente se perca ou nem seja encarado como vital. A pergunta da samaritana a Jesus foi:

¹¹ "Respondeu-lhe ela: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?" João 4.

   Para logo, então, Jesus completar:
¹³ "Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta água tornará a ter sede; ¹⁴ aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna." João 4.

   A mulher então falou: ¹⁵ "... dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede". Poço pode representar a necessidade permanente dessa sede. E essa água que somente Jesus tem é uma fonte contínua, já nesta vida, a jorrar para e por toda a eternidade.

   A tenda é a igreja. Quem não a tem dentro, não a valoriza. O tabernáculo, no deserto, era montado, desmontado, carregado nas costas, montando e desmontado, de novo, pelo caminho daquela peregrinação.

  Era o culto, era a adoração, eram os cânticos, era o ensino da lei do Senhor, era a comunhão, aquela tenda era a igreja que caminhava pelo deserto. Este mundo é o deserto.

   As Escrituras contam, sobre Ló, que ele:
¹² "Habitou Abrão na terra de Canaã; e Ló, nas cidades da campina e ia armando as suas tendas até Sodoma.  ¹³ Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor." Gn 13.

   Pois neste mundo, ninguém mais monta tendas na direção de Sodoma: ela que vem em nossa direção, emparedando-nos tendas adentro. O mundo todo virou Sodoma e Gomorrra.

   E quanto ao altar, como procederam Elias e, mais de 200 anos depois, Josias, sempre precisa ser restaurado:

³⁰ "Então, Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele; Elias restaurou o altar do Senhor, que estava em ruínas." 1 Reis 18.

  Se o altar estiver em ruínas, se a sede não mais existe e se, pela caminhada, não há tenda onde se refugiar, você está perdido no mundo. A situação é aquela descrita por Paulo Apóstolo, em detalhes:

¹² "...naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo." Efésios 2.

    Confira: 1. Sem Cristo; 2. Separado da comunidade (igreja); 3. Estranho às alianças (sem Bíblia); 4. Desesperado (embora indiferente); 5. Sem Deus no mundo.

   Para se viver, basta o poço, a tenda e o altar. Sustento, abrigo e comunhão com Deus.  Essa é a fé que vence o mundo. Não seja como Rebeca, tão próxima de Isaque, mas cega para o testemunho dele.

⁴ "...porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. ⁵ Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?" 1 João.

    Escolha entre ser um(a) vitorioso(a) diante do que, para Deus, representa vitória.  Ou ser um(a) derrotado(a) nesse mundo e nessa vida. A única que se tem. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Ponha a cabeça na Pedra - Jornadas de Jacó - Final

 ¹¹ "Tendo chegado a certo lugar, ali passou a noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo para dormir." Gn 28.

  Jacó em fuga, sem saber em que lugar estava.  Nem o autor do texto, tão detalhista o sabe.  Improvisou uma pedra por travesseiro.

   Para dormir-se melhor, usa-se um apoio para a cabeça. Aqui no Acre a moda importada do nordeste é a rede. Nos seringais, na colocação, a casa improvisada que se institucionalizou, rede foi essencial.

   Nela, não se precisa de travesseiro. Quem põe pedra por travesseiro, pode esperar sono ruim ou pesadelo.  Pesadelo se tornara a vida de Jacó pela ameaça do irmão.

   Pois foi muita a misericórdia de Deus conceder um sonho bom, ainda que seu travesseiro fosse uma pedra. Pôr a cabeça na pedra é esperar as bênçãos de Deus, ainda que se atravesse um pesadelo.

   E saber que, como diz o autor de Hebreus, anjos sobem e descem uma escada, imaginária a escada,  reais os anjos. A escada faz parte do sonho, os anjos fazem parte da vida.

¹⁴ "Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?" Hb 1.

   A resposta retórica a essa pergunta do versículo é sim, os anjos ministram por Deus ações emergenciais, recados curtíssimos, muitas vezes agindo sem que a gente perceba. São ainda mais um excesso de cuidado, mais um a nosso favor.

   Deus esperava, do estelionatário Jacó, o que nasceu para "pegar no pé" do irmão que reconhecesse seu erro, arrependendo-se. Não.  Deus não acolhe esse tipo de pecador.

   Deus acolhe todos os tipos de pecadores.  Paulo Apóstolo até se aventura a perguntar, em sua argumentação aos Gálatas, se Deus, por assim acolher, seria "ministro do pecado".

¹⁷ "Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não!" Gl 2.

   Ele mesmo responde. Certo que não. Deus é ministro do amor. Jacó será Israel.  Dele descenderá o Cristo.  E o Israel de hoje nem reconhecer Jesus, como nação, o fez ainda.

   Israel também precisa pôr a cabeça na pedra. De novo, entender que não se foge de Deus. E ainda que se tenha agido errado, como foi Jacó, cúmplice de uma mulher ao inverso daquela de Provérbios 14 que, por infeliz ironia, era a própria mãe:

¹ "A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba." 

    Essa mãe foi Rebeca. Semeou discórdia em família, enviou Jacó para onde, sabiamente, Abraão não queria enviar Isaque. Ainda assim Jacó entendeu, ao acordar, quão tremendo são todos os lugares, quando se deita, para se recostar do cansaço, ainda que o travesseiro seja pedra, mas se tenha Deus no encalço. 

   E travesseiro também é conselheiro, sendo o sono de cada dia também tranquilo. Vai depender do reconhecimento que se tem da proximidade de Deus:

⁴ "Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai. [...] ⁸ Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro." Sl 4.

   Vamos saber que a assistência de Deus não cessa, enquanto estivermos em nossa jornada, que Deus nos ama, que ele nos abençoa e que, na caminhada, qualquer lugar onde recostar, cansado, a cabeça, esse lugar é Betel, Casa de Deus, porta do céu. 

domingo, 19 de outubro de 2025

Ponha sua cabeça na pedra - Jornadas de Jacó - Considere santo o que Deus santifica - 2

 ³¹ "Disse Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura. ³² Ele respondeu: Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura?" Gn 25

   Leia a Bíblia,  nesse tempo que te resta. Esse trecho da vida dos meninos, podemos dizer, é poético. A síntese diz o que precisa ser dito.

  Cresceram os meninos. Esaú caçador, deleitava o pai com suas proezas. Olha, pai, hoje trouxe um queixada, diria, caso caçasse em selvas do Acre.

  Jacó, caseiro, reproduzia as receitas de Rebeca, que deviam lembrar sua saudosa terra e seu povo. Deveriam estar na memória de Isaque, que ouviu do pai Abraão, muito agradando a todos sua degustação. 

  Foi difícil para Deus descolar Abrão de sua parentela. Toda aquela família era muito unida. Rebeca trazia consigo memórias das quais Isaque viveu longe. Talvez aí resida a diferença de fé do casal.

  Mas foi longe demais a preferência descarada, talvez até, mal disfarçada ou já assumida da mãe por Jacó e,  cruzado, do pai por Esaú.

   Havia esse porém: ²⁸ "Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó". Uma contrapartida que não devia existir. Cabia aos pais corrigir-se, assim como nos filhos, os reflexos negativos de sua predileção.

  Não ocorreu. Talvez Esaú reconhecesse até, que o direito de primogenitura, provavelmente a causa da predileção do pai por ele, nada valesse. Foi isso que deu a entender na altercação com o irmão.

   Proposta descabida. Jacó fez propositalmente. Esaú simulou descaso. Ainda que avaliasse, pelo caráter do irmão, que ele não estivesse brincando, não achava que houvera cabimento.

    Nada poderia fazer Jacó para alterar o destino antecipadamente a favor dele mesmo. Então ficou (mal) acertado. Jacó foi o esperto, Esaú o escrachado, que não acreditou que tão longe fosse o irmão.

   Esaú não considerou santo o que Deus considerava. O sentido da primogenitura não era uma mera herança de bens, mas de bênçãos. É melhor nunca se rejeitar herança de bênçãos.

   Favor não confundir bênçãos, unicamente provenientes de Deus, com benefícios provenientes da cobiça humana, porque estes conduzem à falência espiritual. O autor de Hebreus analisa essa troca de Esaú:

¹⁶ "...nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. ¹⁷ Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado." Hebreus 12.

   Aprendamos: 1. Esaú foi impuro e profano, diante de Deus; 2. Porque "vendeu" ao irmão, desprezando, o que para Deus era santo; 3. Deus o rejeitou, do mesmo modo que ele rejeitou a bênção de Deus; 4. Precisava arrepender-se, para ser salvo, porque a primogenitura e sua relevância, diante de Deus, havia perdido; 5. Chorou lágrimas de crocodilo, choro não bem-aventurado.

   Mas Esaú perguntou ao pai, então, que bênção restaria a ele. E embora privilegiado pela predileção de Isaque, sendo este crente, profetiza ao filho três bênçãos que lhe restaram. Aprendamos com as bênçãos de Esaú:

³⁹ "Então, lhe respondeu Isaque, seu pai:  Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação,  e sem orvalho que cai do alto. ⁴⁰ Viverás da tua espada e servirás a teu irmão;  quando, porém, te libertares,  sacudirás o seu jugo da tua cerviz." Gênesis 27.

    Aqui nasceu o ódio de morte de Esaú pelo irmão. E Rebeca continuou sua manipulação, ela mesma confessa, para não perder num só dia os dois filhos. Então se iniciam as Jornadas do estelionatário Jacó. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Ponha sua cabeça na pedra - Jornadas de Jacó - Faltou virtude - 1

 ²¹ "Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril; e o Senhor lhe ouviu as orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu. ²² Os filhos lutavam no ventre dela; então, disse: Se é assim, por que vivo eu? E consultou ao Senhor. ²³ Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço. [...]  ²⁴ Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que se achavam gêmeos no seu ventre. ²⁵ Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo; por isso, lhe chamaram Esaú. ²⁶ Depois, nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú; por isso, lhe chamaram Jacó. Era Isaque de sessenta anos, quando Rebeca lhos deu à luz." Gênesis 25.

    O nascimento dos gêmeos acontece cercado de mistérios e alguns transtornos. Esterilidade confirmada, intercessão do pai, gravidez difícil para a mãe, que chega a desesperar da vida, nascimento prognosticado dos meninos.

   O peludo, desde o nascimento,  Esaú, o que "pega no pé", segundo a nascer, Jacó. O direito de primogenitura, que torna o mais velho, nesse caso, Esaú, herdeiro dos bens do patriarca, pertenceu por direito ao cabeludinho.

  A profecia que serviu de advertência à mãe, prevenia que os irmãos seriam adversários entre si. O que não indicava determinismo, isto é,  uma sina pré definida para os dois, impositiva desde o ventre da mãe.

  Porém circunstâncias do temperamento dos dois e outros fatores externos como, por exemplo, a preferência cruzada dos pais, a da mãe dirigida a Jacó, enquanto a do pai dirigida a Esaú, precipitaram os acontecimentos. 

   Esse preâmbulo da vida dessa família antecipa alguma questão não resolvida. Para se entender que as desavenças entre os irmãos procedem dos equívocos da educação que receberam: era desavença proveniente dos pais, gérmen que neles produziu efeito.

  O casamento de Isaque foi cercado de mimos. Abraão preocupava-se com pretendentes da terra por onde peregrinava. Por isso resolveu buscar alguém ligado à sua descendência.

  Enviou um servo que, por consagração pessoal, orou e pediu a Deus orientação para trazer a pessoa acertada. Embora a Bíblia não descreva traços da personalidade da escolhida, demonstrou ser atenciosa, cordata e recatada.

   Essa moçoila que encontram é filha de Betuel, ou seja, o sobrinho de Abraão, filho do irmão Naor e da cunhada Milca. Isaque vai se casar com a filha do seu primo, ela que tem por irmão o não menos espertalhão Labão. 

   Mais à frente, quando encontramos a família dividida entre as preferências por um e outro filho, bem delineada no plano de Rebeca e Jacó para enganar Isaque, percebemos um sério problema que vai gerar graves consequências. 

   Mas os fatores que conduzem a esse racha de preferências, certamente engendrou-se como resultado da relação conjugal entre pai e mãe, muito provavelmente devido à diferença da vivência de fé entre os dois. 

  Pouco se fala de Rebeca, o que se fala de Isaque apenas pode fazer supor traços de seu temperamento. Uma solidão de cada um dos dois, uma parcela essencial à vida a dois não vivida, deixou Rebeca prisioneira de sua própria índole. 

   Ela porá em prática um desvio de caráter, além de estimular o próprio filho de sua predileção. Porém Jacó também se faz culpado. Um estimula o outro na cumplicidade desse engano.

  Talvez tenham faltado, à mãe e aos filhos, traços de caráter de Isaque não absorvidos para imitação e conduta. Parece que, nessa família, virtudes de fé que havia no pai morreram com ele. 

domingo, 12 de outubro de 2025

O protocolo de Deus.

 ¹⁵ "Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido. ¹⁶ Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. ¹⁷ E, temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus." Gênesis 28.

   Jacó fugia. Consciente de que agira errado, embora tivesse sua mãe Rebeca como cúmplice.  Era uma família dividida pelas preferências com relação aos gêmeos.

   Isaque preferia o caçador Esaú, que nascera à frente de Jacó. Rebeca preferia o caseiro Jacó, mais ligado a ela. Pois estes dois se juntaram e se valeram da cegueira do pai para o enganar.

   Acentuara-se o abismo familiar, até a morte, bem definido no juramento de Esaú:

⁴¹ "Passou Esaú a odiar a Jacó por causa da bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e disse consigo: Vêm próximos os dias de luto por meu pai; então, matarei a Jacó, meu irmão." Gn 27.

  Essa história de ódio entre irmãos rendeu a Jacó sua fuga e o medo que trazia consigo. O que pôde preservar sua vida foi a opção do amor de Deus por ele.

¹³ "Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú." Romanos 9.

  Esta  é a primeira lição que aprendemos, Deus opta por amar, não somente Jacó, mas a cada um ou uma a quem criou. Mas cabe a nós aceitar, voluntariamente, esse amor.

   Deus amou Esaú igual. O erro dele foi não considerar santo o que Deus considera. O autor de Hebreus analisa essa atitude dele.

¹⁶ "...nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. ¹⁷ Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado." Hb 12.

   O texto do sonho de Jacó nos ensina a avaliar a nós mesmos, o projeto de Deus para as nossas vidas e qual o lugar de estar, nesta caminhada, no plano de Deus.

  Jacó não sabia quem ele mesmo era, por causa de sua pusilanimidade e por avaliar que poderia manipular Deus.  Não confundir amor de Deus com permissividade humana.

   Ele avaliava que poderia agir segundo a sua própria escolha, julgando-se o esperto da hora, inclusive porque Deus estava ali mesmo, à disposição dele, pronto para abençoar.

   E em sua fuga, Jacó achava que, onde estivesse, contanto que fosse longe do inimigo que conquistou, estaria seguro. Ele nada ainda sabia do protocolo de Deus.

   O amor de Deus é incondicional. Deus não faz acepção de pessoas. Não se pode obter bênçãos como numa oferta de mercado.  O propósito de Deus na vida é sempre bondade.

⁶ "Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor  para todo o sempre." Salmos 23.

   Na Bíblia, pelo menos três homens, em seu conflito pessoal, entenderam errado o sentido da Casa do Senhor na caminhada. Em Êxodo 4,24 Moisés quis fugir de sua vocação escondido numa estalagem:

²⁴ "Estando Moisés no caminho, numa estalagem, encontrou-o o Senhor e o quis matar."

  Em Jeremias 9,2 ele deseja refugiar-se das agruras do ministério numa estalagem no meio do caminho:

² "Prouvera a Deus eu tivesse no deserto uma estalagem de caminhantes! Então, deixaria o meu povo e me apartaria dele, porque todos eles são adúlteros, são um bando de traidores". Jeremias 9.

   E quando tentam subornar Neemias, atraindo-o com suspeição e malícia para uma arapuca dentro do templo de Jerusalém:

¹¹ "Porém eu disse: homem como eu fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo para que viva? De maneira nenhuma entrarei." Neemias 6.

   A casa de Deus segue conosco. Não é lugar de fuga, mas de intimidade com Deus. A escada que transparece uma atividade angelical intensa, representa o interesse de Deus pela vida de Jacó.

   E pela vida de quem Ele ama. Por isso Jacó assustou-se com a visão. Sim, sempre é tremendo. Sempre é casa de Deus.  E sempre é porta do céu. Esse é o protocolo de Deus.

sábado, 11 de outubro de 2025

Dedicado a Lorenna

⁷ "O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino. ⁸ Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe." Provérbios 1.

   Um recado rápido. Provérbios  é o livro da sabedoria.  Cheio de instruções práticas.  Fáceis de entender e todo o tempo necessárias.

  O vesículo que, às  pressas, escolhi ontem está aí em cima. Fala de três coisas fundamentais para a sabedoria em sua vida:

1. Temer ao Senhor: (יִרְאַת יְהוָה - yirat Adonai, no hebraico). Significa basicamente três coisas:
1.1. Sentir-se atraído pela beleza, santidade e perfeição de Deus;
1.2. Desejo de adorá-lo com sinceridade de coração em todo o tempo;
1.3. Compromisso de amor em assumir e obedecer Sua vontade em nossa vida.

  Você não é mais uma menina, apenas uma criança. Mas também não é ainda uma pessoa adulta.

   Então,  já sabe fazer escolhas que uma criança não faz, até porque os pais não permitem, mas também está ainda apreendendo a sempre fazer as escolhas certas.

   Por isso você precisa sempre reafirmar o seu compromisso com Deus, sempre atenta em sempre manter no coração e em sua mente o temor do Senhor.

   A outra parte do versículo fala sobre os pais. Embora os seus não mais vivam juntos, você deve amá-los igual e intensamente. Ali no versículo ocorre o que se chama, na poesia bíblica, um paralelismo:

  Então a gente deve ler pai = mãe, ensino = instrução e ouvir = não deixar. Teu pai e tua mãe te instruem, ainda que não sejam perfeitos.

    Então sempre ame intensamente e honre tanto o seu pai, quanto a sua mãe. Assim como, e sua idade já desperta você para isso, avalie de modo crítico e sensato as atitudes deles.

  Você já está na idade do diálogo.  Pode conversar com eles que, aos poucos, vão compreender que você está na transição para a vida adulta.

  Ore por eles, tanto quanto ora por você. Peça a Deus que os oriente, tanto quanto pede a Deus que oriente você.  Que tanto seja amiga de seu pai e de sua mãe, quanto deseje que eles dois sejam amigos entre si.

   Grato por sua amizade.  Sempre vai me encontrar na igreja. E sempre ao alcance de um contato no dia a dia da vida. Seja, permanentemente, temente a Deus, para alcançar, permanentemente, sabedoria. 

  E siga também o conselho de Paulo no versículo abaixo: desenvolva a sua salvação:

¹² "Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; ¹³ porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade." Filipenses 2.

   

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A depressão de Deus

 ⁵ "Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; ⁶ então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração." Gn 6.

   A tristeza de Deus é a nossa maior segurança. O que a Ele entristece deveria, todo o tempo, também nos entristecer.

  Mas alegria, no Senhor, é a nossa força. Quando Neemais tomou notícia, pela descrição de Hanani, do grau de calamidade em Judá, chorou, lamentou, jejuou e sensibilizou Artaxerxes.

   À vista do que era preciso fazer, para restaurar Jerusalém, que estava como Gaza hoje, ele estimulou o povo no grande ajuntamento após toda a tarefa que empreenderam: ¹⁰ "...porque a alegria do Senhor é a vossa força." Ne 8.

   Por isso Tiago vai ensinar que, até quando tudo é provação, será motivo de toda a alegria.  Notemos aqui os indefinidos "tudo/toda/várias":

   ² "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, ³ sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança." Tg 1.

   Não sabemos nem nos entristecer. Essa sensibilidade nos é devolvida na conversão. Porque até o arrependimento é uma "tristeza segundo Deus":

¹⁰ "Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz a morte." 2 Co 7.

   Não existe sensibilidade humana após a violência do pecado em nossas vidas. Por exemplo, basta notar o cinismo de Caim na conversa com Deus, após o primeiro homicídio da história:

⁹ "E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?" Gn 4.

  É melhor não apedrejar Caim na mídia, porque todos nós sofremos da síndrome de Caim. E quem nos cura é Deus. Sem esquecer que é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento:

⁴ "Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?" Rm 2.

   A matriz de nossa sensibilidade está guardada com o Criador. Somente a comunhão com Ele vai nos devolver. Sozinho e isolados, somos Caim.

  Para ser Abel,  somente ressuscitados em Cristo. Por isso Hebreus 11,4 afirma que "depois de morto (Abel) ainda fala". E também Paulo recomenda ter em nós o sentimento de Cristo:

⁵ "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus". Fp 2.

  Tudo incluído na palavra amor. Deus é amor. E nos ensina o bê-a-bá do amor. Somos educados no e pelo Espírito,  desde que nele somos batizados:

¹¹ "Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, ¹² educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente". Tito 2.

⁴ "Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, ⁵ [...] ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo".Tt 3.
  
  O pecado na condição humana deprime Deus. Toda a sensibilidade reside em Deus. Se não nos devolver Sua imagem e semelhança, somos aberrações e não humanos.

    A tristeza de Deus, assim como a alegria no Senhor são nossa segurança e força. A sensibilidade de Deus carece ser a mesma nossa. O nome disso é amor compartilhado. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

A loucura de Deus

 ²⁵ "Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens." 1 Co 1.

   Deftivamante. Um dos dois é louco: ou Paulo,  que atribui loucura a Deus, ou Deus mesmo é louco, e Paulo está correto.

  Podemos seguir, verificando o que Paulo chama  de loucura e atribui a Deus.  Acima, nesse mesmo trecho, chamou de loucura a pregação. Pregação do quê? Do evangelho. Veja abaixo:

¹⁸ "Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus." 1 Co 1.

  O textos dos evangelhos nos socorrem, com a lógica do ladrão. Havia um de cada lado de Jesus. Aliás, podem até ter sido mais de dois: os romanos costumavam enfileirar crucificados.

   Um deles questionou Jesus, mais ou menos assim: "Você é salvador do que ou de quem? Caso confirmado, salve a você e a nós dois", referindo-se a ele e ao cúmplice das delinquências.

   Então outro disse, mais ou menos assim: "Rapaz, respeite: nós sempre soubemos que, quando nos pegassem, terminaríamos aqui. Mas esse aí não tem nenhuma culpa".

  E voltado para Jesus, ele disse:
⁴² "E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino." Lc 23.

  Talvez, também fosse louco. Que reino? É preciso ser louco para crer na loucura de Deus. Caso não queira crer no que Deus pretende, cure-se da loucura de Deus.

  Caso queira crer na "palavra da cruz", seja louco junto com Deus. Porque Paulo ainda argumenta pelo texto lá de cima. A loucura de Deus é mais sábia do que a ciência dos homens.

  E a fraqueza de Deus é mais forte do que a força do homem. Será sábio optar pela loucura de Deus, assim como por Sua (de Deus) fraqueza. 

  O Salvador foi pregado na cruz, específico lugar de toda a vitória. Específico lugar de toda a salvação.

  Ah, sim, mais uma coisa que o ladrão disse: Jesus vem no reino dele. Em Lucas está a reposta de Jesus quando os fariseus lhe perguntaram sobre o reino:

²⁰ "Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. ²¹ Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós." Lc 17.

  O reino de Jesus  está (ou não está) dentro.  O ladrão crucificado,  o outro, o que não era debochado, sabia do reino, que já estava dentro dele.

  Isso mesmo. Salvação (e participação no reino) é estar crucificado com Jesus. Encerramos com mais uma afirmativa de Paulo Apóstolo, mais um louco da hora:

¹⁹ "Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; ²⁰ logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim." Gl 2.

  Então, crucifique-se com Cristo, seu(a) louco(a).