sábado, 1 de novembro de 2025

Firmeza na autenticidade do evangelho

 ⁶ "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, ⁷ o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. ⁸ Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. ⁹ Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema. Gálatas 1.

  1. O "admira-me" de Paulo: o apóstolo, conhecendo (1) a importância do evangelho, (2) os efeitos de seu ministério entre os gálatas e (3) o conteúdo fiel que ele compartilhou, ele se alarma com a displicência daqueles crentes;

2. O que perturbava aqueles crentes é o que pervertia,  fosse o evangelho ou o compromisso deles com o evangelho? Porque não há outro. O que pode nos levar a distorcer, apequenar os efeitos ou menosprezar o evangelho?

3. O próprio apóstolo, que foi para eles fidelidade e garantia de idoneidade, afirma ser tanto o evangelho, quanto a capacidade de lhe reconhecer, como mensagem, o conteúdo, certificando-se de sua integridade, está assegurado: nem ele se pregar outro ou até um (falso) anjo podem ludibriar seu conteúdo e seus efeitos.

4. Nunca deixar ir além. Permanecer no conteúdo do evangelho, nos efeitos e poder do evangelho e no testemunho do evangelho.

1.1. Qual a importância do evangelho?

Gl 1,12: não  aprendido de homem algum, mas por revelação de Jesus Cristo. 

O evangelho é o poder de Deus, Rm 1,17, especificamente para a salvação;

Gl 1,4, Jesus

 (a) se entregou a Si mesmo pelos nossos pecados para 

(b) nos desarraigar deste mundo perverso 

(c) segundo a vontade de nosso Deus e pai.

1.2. Quais os efeitos do evangelho: 

Paulo descreve com detalhes sua conversão (Gl 1,10-2,21; At 22,2b-21; At 26,4-23). 

Primeiro o efeito na vida dele, para bênção na vida de tantos outros (1 Tm 1,12-13). 

E esses efeitos perduram: evangelho não é somente um clique para a salvação, mas preenche de virtude a vida eterna  (Gl 2,19-20).

1.3. O conteúdo do evangelho é  fiel e verdadeiro:

 (a) Jesus foi o primeiro a pregar o evangelho (Mc 1,14-15) de Deus; 

(b) e trata do Filho, em quem tudo se completa a nosso favor (At 2,22-24); 

(c) e por meio de quem Deus opera eficientemente em nossa vida : 

1⁰ evangelho não é sua entrega a Cristo, mas a entrega de Cristo por você; 

2⁰ evangelho não é somatório de minhas atitudes certas, não,  boas obras não conduzem à Cristo, as autênticas são resultado da operação de Cristo em nossa vida;

 3⁰ a fé não é  nossa, não somos salvos pelo nível de nossa fé, mas por intermédio de nossa fé, sendo Jesus o objeto de nossa fé.  O poder é de Deus, em Cristo; 

4⁰ Jesus é Salvador, ele nos livra do poder do pecado, santifica-nos em vencer o pecado, substitui-nos quanto ao juízo do pecado.

(Ilustração: o afogado e o manual de natação) 

Deus nos libertou do inferno (Cl  1,13); 

Deus por suas mãos operou em nós a circuncisão que salva (Rm 2,29); 

Deus é o operário da videira, que é Jesus e seus ramos, que somos nós, a Igreja (Jo 15,1-2).

Paulo a Timóteo:
1. Expor aos irmãos com sabedoria toda a palavra (Js 1,7-8) alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina (1 Tm 4,6);
2. Exercita-te pessoalmente na piedade (tudo o que acrescenta músculos à fé);
3. Ordena,  ensina,  mas seja padrão;
4. Nunca seja negligente com o dom (mas também nunca se ensoberbeça);
5. Medita, seja diligente e progrida;
6. Tem cuidado de ti, para não se desqualificar, e da doutrina, para permanecer fiel;
7. Continua.

2. Como (se) manter o evangelho vivo, verdadeiro, pleno:

2.1. Identificar pela Palavra de Deus,  a Bíblia,  a autenticidade do evangelho: At 10,37-40; 

2.2. Reconhecer nas Escrituras a fonte de toda a instrução no e pelo evangelho: 2 Tm 3,16; 

2.3. Enfrentar a luta contra o mal, planificado no e pelo Espírito: Gl 5,16-17 e 22-23. 

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O efeito das orações

⁸ "...e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos". Ap 5.

³ "Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; ⁴ e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. ⁵ E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto." Ap 8.

   O momento em que, no Apocalipse, o Cordeiro toma, da mão dAquele sentado no trono o Livro, é decisivo, por marcar o início da ação de todo o Apocalipse.

  Solene,  ali estão presentes os seres viventes, os 24 anciãos, milhares e milhares de anjos e ainda ¹³ "... toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há" foram testemunhas desse ato e dignificaram Aquele sentado no trono e o Cordeiro.

   E nas mãos dos 24 anciãos, além de harpas, havia taças de ouro e nelas contido incenso, que João explica dizendo ser as orações dos santos. Vejam bem, esses santos somos nós, todos os crentes em Jesus.

   Adiante, quando o Cordeiro retirar o sétimo e último selo do Livro, então serão concedidas a 7 anjos sete trombetas 🎺, um outro anjo se colocará estrategicamente junto ao altar, tendo nas mãos um incensário de ouro, sendo-lhe dado muito incenso a oferecer no altar, ³ "...com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono". Ap 8.

  Sobe, das mãos do anjo, à presença de Deus, a fumaça do incenso com as orações.  E são as orações de todos os santos, vejam bem, que são todos os crentes em Jesus de todos os tempos.

  E a cena seguinte não poderia ser outra ou mais surpreendente: ⁵ "E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto." Ap 8.

   Todas e cada oração uma vez feita. Coerentes ou não, sinceras ou hipócritas, maduras ou superficiais. Mas foram todas, indistintamente, por Deus ouvidas, presentes em Sua memória eterna, que agora são atiradas à terra.

   Esta cena parece ensinar de que nunca se foge de uma oração, diante de Deus efetivada. Deus as devolve à terra, porque todas foram ouvidas, nenhuma ficará sem reposta e seus efeitos, inscritos na eternidade, estão definitivamente marcados na história humana.

   As orações também serão instrumento de juízo. Porque muitas atitudes injustas, pela ação humana, motivaram orações. Tais situações foram promotoras de angústia e sofrimento. Portanto, Deus há de confrontar a humanidade e contrapor a ela o efeito das orações.

   O homem desacredita, ora supondo ser a cova o fim de tudo, ora supondo que nenhuma de suas atitudes serão revisitadas. Está embutido na culpa a impunidade. Também ora se pensar que Deus não existe, ou não tem memória.

  Todos seremos confrontados com todas as orações, sejam as nossas, sejam a de todos. O efeito das orações é estar diante de Deus, para, afinal, conhecer o que somos, o que dissemos e o que fizemos.

    Surpreendente será o efeito de todas as orações.  Jamais cairão no esquecimento. Jesus mesmo adverte:

³⁶ "Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; ³⁷ porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado." Mt 12.

    Aliás, em Mateus 6, há uma série de orientações dadas por Jesus, o único com autoridade para se intrometer nas orações:

⁵ E, quando orardes, (1) não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. ⁶ Tu, porém, quando orares, (2) entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. ⁷ E, orando, (3) não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. ⁸ Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais."

   E outra ressalva do Apóstolo Paulo, quanto à orientação do Espírito, como se fosse um professor do prezinho:

²⁶ "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis." Rm 8.

   E ainda vale muito lembrar um conselho dos sábios, com relação a muita cautela ao falar:

² "Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. ³ Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras." Ec 5.

    Nesse dia, esse mesmo, de compadecer diante de Deus, como Ele é, e nós diante dEle, como somos. João nos consola, quando afirma, termos advogado junto ao Pai. 1 Jo 2:

¹ Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, "Jesus Cristo, o Justo; ² e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro." 

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Carta de Oração

      

     Amados, esse será nosso último relatório desse ano de 2024 e gostaríamos antes de tudo agradecer a Deus por cada vida e igreja que tem se colocado diante de nosso Deus em oração por nossa família e ministério. Nós somos gratos ao nosso Deus por cada vida que tem orado e intercedido por nós, somos devedores de vossas intercessões e valorizamos cada uma delas.

Desde que resolvemos aceitar esse desafio, de voltar a Espanha depois da nossa vinda e volta precoce em 2018/2019, temos visto a boa mão de Deus se manifestar e atuar nessa direção. Estar na Espanha demanda tantas coisas que muitas vezes nos vimos totalmente incapazes de aqui estarmos, tudo que se necessitava para que aqui pudéssemos estar foi sendo acrescentado dia a dia sem que necessitássemos “arrombar porta alguma”, 1º Samuel 16.12. As portas para obtenção de documentos como visto de entrada, apresentação de documentação junto a Polícia Nacional Espanhola, renovação de autorização de estada e afins foram se abrindo conforme as necessidades iam se apresentando, todas essas portas, uma a uma, sendo abertas gentilmente pelo nosso bondoso Deus.

 No quesito estrutura, até aí a boa mão de nosso Deus nos acompanhou, visto que não tínhamos, não temos ainda, Agência Missionária, Igreja ou irmãos nessa terra, Deus na sua infinita graça e amor providenciou um teto que conseguimos alugar, providenciou quem pudesse nos buscar no aeroporto e nos ajudar para comprarmos pratos, talheres e as demais coisas necessárias para se começar a vida. Chegamos no aeroporto de Manises, Valência, só com nossas malas e a promessa de que uma pessoa, não crente, ali estaria para nos dar uma carona e nos ajudar nesses primeiros passos, a essa pessoa nossa gratidão e nosso pedido de que nosso bondoso Deus lhe constitua família nessa terra, Êxodo 1.21. Assim começamos a reescrever essa história de missões, mas essa, com a ajuda das orações de alguns irmãos do Brasil, com ofertas de um grupo de irmãos no Brasil e duas igrejas, a saber, IE Fluminense e IEC Santa Isabel, a estes irmãos, irmãs e igrejas somos gratos por acreditarem em nosso chamado e vocação.

Os movimentos de entrada e reentrada no campo missionário nunca são fáceis, existem tantas variáveis nesses processos que mesmo que planejemos tudo da melhor forma, e devemos fazer, a coisa pode dar errado. Necessidades emocionais, espirituais, humanas e de toda sorte se levantam nesse tipo de processo. Quando uma família de missionários faz esse movimento, sem a estrutura mínima necessária, e foi nosso caso, só o poder de Deus pode dar cabo de tal missão.

Nossa filha, com 14 anos na ocasião, foi a que mais sofreu, haja vista ela ser obrigada, por conta do colégio, a ficar totalmente imersa na cultura. Irmãos, como as dificuldades de adaptação de nossa filha nos machucaram! Como foi duro ver nossa filha chorando escondida, se desesperando com o dialeto no qual as aulas são ministradas nessa região, com saudades da igreja, avós, família, amigos e de tudo que deixou para trás para chegar e este povo. Nós não temos dúvidas de que essas dores deixaram “cicatrizes” nela e em nós. Diante do que foi exposto acima podemos dizer, com a boca cheia, que Deus tomou, toma e tomará sempre conta de nós.

Não viemos a essa terra construir riquezas, depender de “contatos”, arrombar portas de forma bem sutil e dizer que Deus as abriu ou coisas do tipo, viemos a este mundo servir a Deus e viver na Sua dependência. Tal coisa não é fácil, tal coisa demanda uma coragem que nunca suporíamos ter, um nível de entrega que demanda literalmente colocar TUDO no altar do ministério.  Não é fácil, não é algo digamos assim, confortável, pelo contrário, é difícil, é desafiador e nos tira todo tempo de um negócio chamado zona de conforto, mas ainda assim é algo nosso, algo tão particular quanto intrigante, tão valioso que nos custa acreditar ser nosso. A maior alegria do ministério, pensamos nós, é ter algo tão valioso nas mãos, algo que observamos Deus literalmente investir em nós a cada dia para que dê certo, de fato um tesouro em vasos de barro.

Uma vez instalados e tateando a terra sem a conhecer fomos buscar um lugar para congregar e outro para que pudéssemos de alguma forma dar seguimento ao ministério junto aos refugiados africanos. Com relação a congregar achamos uma igreja Batista Regular na cidade onde vivemos, Villarreal. Agradecemos a Deus pois nesta igrejinha, no Brasil seria um ponto de pregação, fomos acolhidos, abraçados, cuidados e incentivados a continuar. Nesse pequeno grupo podemos pregar, ensinar, cantar e servir aos irmãos. Nessa igrejinha temos a oportunidade de servir aos irmãos da fé que temos aqui.

 Nesse pequeno grupo podemos viver o que vivemos em nossa igreja e isso faz uma diferença enorme. Glórias ao nosso bendito Deus por esta igrejinha! Glórias ao nosso bendito Deus pelas diversas “igrejinhas” da Espanha que conta com menos de 1% de crentes em sua população. No meio desse deserto Deus mantém essas portas abertas para serem os oásis de gente como nós que estava sedenta de sentir o calor que advém dos irmãos da fé quando esses se reúnem. Ninguém, absolutamente ninguém, é igreja sozinho.

Na outra frente, a de trabalho com refugiados que chegam as praias espanholas advindos da África do Norte, essa parte da África que é banhada pelo Mar Mediterrâneo, começamos a entender mais essa realidade quando nos apontamos como voluntários na Cruz Vermelha.

Amados, gostaríamos de abrir um parágrafo aqui para discorrermos sobre esses refugiados e a Cruz Vermelha. Esses refugiados, geralmente homens, com idade entre 18/40 anos, são pessoas que deixam seus países, familiares, religião, modo de vida e afins em busca de trabalho, sim eles querem trabalhar, eles não querem explodir nada. A vida desses homens, mulheres e crianças está voltada para sua subsistência mínima aqui e envio de dinheiro para suas famílias que continuam na África. Dificilmente você encontrará um desses refugiados africanos em bares, shoppings, praias, parques e afins se divertindo, a vida deles se resume a basicamente dois movimentos, casa e trabalho. Eles chegam aqui só com a roupa do corpo, sem saber falar o Castellano e sem a menor noção dos costumes dessa terra. Chegam e tentam a todo custo conseguir um emprego, aprender a língua e acertar os documentos, e é nesse circuito que entra a Cruz Vermelha, ela de forma bem organizada mostra a eles que o processo aqui é justamente o contrário, primeiro se arruma a documentação, aprende-se a língua e depois, só depois, se arruma um emprego.  

A Cruz Vermelha disponibiliza para alguns poucos refugiados africanos moradia, vestimenta, alimentação, ajuda jurídica para arrumar a documentação, cursos de Castellano e cursos profissionalizantes. Olhando os refugiados de perto e tendo acesso a eles fora da Cruz Vermelha fica nítida a janela de oportunidade que a Igreja de Cristo tem aqui com esses homens e mulheres que são, na sua grande maioria, islâmicos. O islã, aqui, não tem estrutura e muito menos interesse de fazer esse serviço. Buscamos uma missão que fizesse isso aqui na Espanha e simplesmente não existe! Buscamos tentar compreender o universo evangélico espanhol, até para não sermos injustos, e percebemos que as igrejas não querem se envolver com esse ministério. Aline tem dado aulas de Castellano para essas pessoas e um dia desses fez a seguinte pergunta: Vocês gostariam de ter mais aulas semanais? Vocês estariam dispostos a ir para um outro lugar para aprender o Castellano? A resposta, em uníssono, foi que sim. A resposta nos alegrou, e nos encheu de esperança, uma vez que isso, essas aulas, podem se tornar um caminho para uma porta, estreita é bem verdade, mais cheia de vida. Mas por enquanto não temos um local para essas aulas.

Voltando a Cruz Vermelha, dentro dela, de suas dependências ou em suas atividades fora, somos proibidos de tocar no tema Jesus ou religião. A Cruz Vermelha é adepta da agenda LGBT, WOKE, 3030 e afins, ela tem uma rede de captação de recursos que vai desde seus doadores mais comuns como o magnata Soros até a venda de bilhetes de loteria feito nas casas de apostas da Espanha. A Cruz Vermelha não é um lugar onde se possa evangelizar esses refugiados africanos ou os exilados da América do Sul e China, é apenas o lugar onde podemos estabelecer o primeiro contato com eles, onde podemos nos deixar conhecer por eles e os conhecer. A Cruz Vermelha, com uma estrutura enorme e caríssima, pensamos nós, faz pouco. Já trabalhamos com orçamentos muito menores e fizemos chegar cada centavo que nos era confiado ao público alvo. Nos dói observar o tanto de dinheiro que poderia se traduzir em teto, roupas, comida e mudança de vida se esvair no sumidouro do corporativismo que visa elevar a bandeira dessas agendas nefastas.

Semana passada começamos a entrar em contato com um órgão chamado DIACONIA, eles fazem um assessoramento parecido com o de Cruz Vermelha, acomodação, documentação, língua e trabalho, esperamos em Deus que esse contato possa resultar em algo, em uma outra porta pela qual possamos ir nos aproximando deles, de sua realidade e necessidades reais, pensamos e oramos para que esses esforços e pontes venham a desaguar em um trabalho, bem cuidadoso, de apresentação do evangelho para eles, não do evangelho catequisado, mas do evangelho vivo e vivido em amor. Só para se ter uma ideia, esse ano já chegaram na Espanha mais de 60 mil refugiados em suas praias.

Temos dado aulas no Instituto Missionário Projeto Zero, essas aulas, on-line, são ministradas uma vez por semana e temos tido a honra de envidar esforços na formação de obreiros para o Sul de nosso país, Brasil, e aquela parte da América do Sul. Esse ano que se avizinha, 2025, dois estudantes estarão indo para o Uruguai par ali ajudar o Bira e sua esposa. Nossa alegria de poder ajudar e ver essa obra se desenvolver é enorme e agradecemos ao nosso Deus por isso.

Vamos encerrando esse relatório anual agradecendo, mais uma vez e sempre, a todos os irmãos que tem intercedido por nós diante do trono de nosso Deus, a vocês nossa reverência, nossa gratidão e nossa honra.

Queremos agradecer aos irmãos, irmãs e igrejas que tem nos ajudado com o tema do sustento e das ofertas, que o nosso Deus vos retribua toda generosidade com a qual vocês têm dispensado para nós. A vocês, intercessores e mantenedores, nossa oração é que possamos vos apresentar frutos dignos dos vosso esforço para conosco. Queremos agradecer ao casal de missionário Cesar e Rosa, que trabalham em uma missão voltada para os peregrinos do caminho de São Tiago de Compostela, esses amados sabedores de nossa dificuldade com relação a um meio de transporte ao receberem a doação de um carro nos ofertaram o que eles tinham, nunca, absolutamente nunca, vamos nos esquecer disso, a vocês o nosso muito obrigado também.

Esse mês, mês de dezembro, é o mês em que celebramos o Natal, o nascimento de nosso Senhor, que o Natal de cada um de vocês que agora tem acesso a esta carta possa ser cheio de paz, alegria e amor, possa ser um Natal cheio de Cristo.

Com estimas e carinho e saudades.

Gustavo, Aline e Júlia Leite

domingo, 26 de outubro de 2025

Resgate da identidade

 ²⁵ "Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas. ²⁶ Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo." Jo 4.

   Jesus atesta sua identidade frente a mulher samaritana. Ela sai daquela conversa também com sua identidade definida. Qual é a nossa identidade?

  Pela carteira, somos nome e número. Para nós mesmos, um arranjo de impressões.  Está na moda hoje o autoconhecimento.  A ideia seria elaborar um conjunto de narrativas sobre si mesmo.

  A samaritana, na volta à cidade, esquerda do cântaro de trazer água,  disse aos seu amigos:

²⁸ "Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: ²⁹ Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!  Jo 4.

  Ela já sabia tratar-se de Jesus. E para ela, Jesus definirá sua identidade. Porque havia dito tudo sobre ela a ela mesma. Quer dizer, quem encontra Jesus, tem dele o conhecimento de si próprio.

  E ela afirma aos amigos ser Jesus o Cristo. A pergunta é retórica, num tom em que a declaração a respeito de Jesus soa de forma afirmativa. Ela já tinha certeza de que Jesus é o Cristo.

  Aos discípulos, próximo de sua morte, no contexto da pascoal, Jesus afirma:

⁶ "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim." Jo 14.

  Porque a identidade de Jesus se define pelo que Ele é a nosso favor.  Caminho, porque estamos perdidos. Verdade, porque fomos enganados. E vida, porque estamos "mortos em delitos e pecados". 

  E a serpente, aquela mesma, que por aí pensam que só apareceu na história do Éden, segue enganando. E só contrapondo a verdade de Jesus ao veneno dela é que não se deixam enganar. É melhor não tentar ouvi-la, sem assistência do Espírito. 

  Todos esses descaminhos se misturam na condição de nossa existência. Olhar adiante ou para dentro de si mesmo, é ver trevas. Refletir sobre o que sabemos sobre nosso destino ou tentar atinar com nossos desatinos é energia consumida à toa.

  E com relação à vida, bem dizia meu pai e fazia meu pai, de vez em quando, visite um cemitério. Muito irônico foi quando ele veio ao Acre, uma única vez, em 1995, no primeiro ano de nossa chegada aqui.

  Visitamos Brasileia e nos hospedamos na rua do cemitério. Claro que eu e meu pai o visitamos. E em Rio Branco, morávamos no bairro Floresta. Certo dia, após sua caminhada, meu pai chegou a casa com anotações de lápides do Sao João Batista.

   Mas foi ele que me ensinou que a vida não termina no cemitério. Aliás,  foi a última vez que o vi em vida. Por ironia, já disse, em agosto de 1996, quando ele é minha mãe já apressavam preços do voo Varig para voltar ao Acre, eu que paguei o voo para sepultá-lo no Rio.

   Jesus disse ser vida. Meu pai assim creu e assim me ensinou. A samaritana assim o identificou. Ele me conhece.  E tudo o que conhece de mim me basta.  A minha identidade foi resgatada por Jesus.

sábado, 25 de outubro de 2025

Os bilhetes de Dorcas

 

Primeiras casas do Velho Brejo, hoje
Belford Roxo, em 1872.

   Morávamos em Cascdura. Típico o nome e o bairro. Nasci em 1957, no HSE - Hospital dos Servidores do Estado.  Coisa de Getúlio Vargas, nem sei se "Estado", aqui, era nacional ou mesmo estadual.

    Foi ali pelos corredores, sim, porque morávamos nos fundos da Mendes de Aguiar 90, ap 101, pai e mãe ensinavam a mim sobre Bíblia, levavam-me, sem falta, dominicalmente à igreja.

  O pai contava histórias bíblicas na sesta, após os almoços, a mãe cuidava de tudo o que representasse compromisso com a igreja. Primeiro, foi a Congregacional de Nilópolis, tenho dela até o Certificado do Rol de Berço.

  Depois, a partir dos 9 anos, foi a Congregacional de Cascadura, até o casamento, em 1993, e o nascimento de Isaac, em 1994. Depois, foi o Acre até hoje. Uma das características de Dorcas, minha mãe, era a sua incansável capacidade.

   Numa fase, com contratos provisórios no antigo Estado do Rio, pois ainda existia a antiga Guanabara, que ocupava o antigo Distrito Federal, quando a capital era na atual Rio de Janeiro,  Dorcas se deslocava até Belford Roxo.

  Antigo Distrito de Nova Iguaçu, Município a partir de 1990, varia hoje de 27 a 57 min o deslocamento para lá. Mas na década de 1960, era pelo ônibus Cascadura-Nova Iguaçu e mais outro, de lá até B.Roxo, como aparecia no visor da condução. Antiga fazenda da Jacutinga, lá num cantinho remoto da Baixada Fluminense. 

  Dorcas acordava às 4h, para deixar pronta a marmita do Cid, o almoço do Cid Mauro, estar pronta às 5h, para sair e alcançar a escola às 7h. Foi assim por, pelo menos, 1 ano letivo inteiro. Eram famosos os seus bilhetes.

  Poucas linhas, mas com exatidão tudo o que ia escrito, era fato feito, completo, verdadeiro.  Era só conferir, sem tirar, nem pôr. E ainda havia umas palavras de recomendações de cuidados variados, com o que sobrasse da refeição, para não estragar, e demais cuidados nos deslocamentos pela cidade, para Cid e Cid Mauro.

   O bilhete de Dorcas era expressão nítida de sua personalidade. Ela transparecia inteira neles, sem contar a dedicação e o amor verdeiros por sua família, tão diminuta, esposo e o filho único, o quarto parto que vingou.

  As Escrituras são um bilhete de Deus. Dá para conferir, sem faltar, tudo o que ali vai escrito. Mas Deus é maior do que ela. Muito embora, nela, a personalidade inteira de Deus transpareça.

  Há muito que conhecer dEle ainda. Mas seu cuidado e amor denunciam-se naquelas linhas. Basta ler.  Eu acho que, na minha vida afora, expressão de meu pai, o amor deles por mim veio misturado ao que as Escrituras têm para dizer sobre Deus. 

    Mas elas são tão somente um bilhete. Deus é muito mais. Porém advirto que, tudo o que nelas está confere exatamente com o que está escrito. Pode confiar. Igualzinho aos bilhetes de minha mãe.


quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Sem maquiagem

³ "Sobe para uma terra que mana leite e mel; eu não subirei no meio de ti, porque és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho. ⁴ Ouvindo o povo estas más notícias, pôs-se a prantear, e nenhum deles vestiu seus atavios." Êx 33.

   Os atavios, ou seja, enfeites, de modo geral, talvez até mais usuais para as mulheres, o nome já diz, apenas enfeitam.

  No texto acima, não vestir atavios, significava estar sensível para uma tremenda má notícia, aliás,  essencial para aquela congregação de povo.

  Algo essencial. Para eles, a presença de Deus. Foram notificados de que, em função da sua opção pela idolatria e todos os mais desvios morais que vêm nesse combo, Deus optou por não seguir no meio deles.

     Mas sem abandonar à própria sorte. Deus prometeu enviar seu Anjo. Moisés rejeitou. Anjo não seria Deus. Moisés reclama que a identidade do povo estava, definitivamente, associada a Deus. Ele argumenta:

¹⁶ "Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?" Ex 33.

  Por isso retiraram de si seus enfeites. Não mais seguiriam, uma vez tendo constatado sua perda de identidade. E que perda. Não era hora para enfeites.

  Não é para se confundir identidade com adereços. Muita gente tem preferido esse evangelho de consumo, maquiagem de ocasião, componente de personalidades voláteis. Evangelho sem conteúdo.

   Esse versículo acima foi o argumento de Moisés que Deus desejou ouvir. Como se o Altíssimo, na verdade, tivesse provocado seu servo, a fim de testar sua reação.

  Como resultado de uma crise que definiu identidades. A pergunta retórica de Moisés traz com ela a resposta. "Como se há de saber?" Bela pergunta.

  Se ou quando achamos a graça de Deus, ele segue conosco. Deus seguir conosco nos distingue. Para que tantos quantos nos vejam, vejam que seguimos com Deus e ele segue conosco.

  Sem necessidade de atavios. Retirar a maquiagem é fundamental. Autenticidade é essencial.  Esse foi o argumento de Moisés: por tua graça,  Altíssimo, somos o Teu povo e tu és o nosso Deus. É nossa identidade. 

terça-feira, 21 de outubro de 2025

O altar, o poço e a tenda

²⁵ "Então, levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do Senhor, armou a sua tenda; e os servos de Isaque abriram ali um poço." Gn 26.

  É a síntese de um pacificador. Se na Bíblia há, pelo menos,  um deles, é Isaque.  Os homens de Abimeleque o provocaram entulhando, duas vezes seguidas, os poços que os pastores dele cavaram.

  Duas vezes ele disse "Deixa disso". O terceiro, que cavaram, não foi entulhado. Então os tais vieram, ao inverso, tomar satisfações: Ora, como é que entulhamos duas vezes e não rolou nenhum rosco?

   E Abimeleque baixou uma lei de proteção a qualquer um da linhagem ou empreita de Isaque.  Este seria intocável. Um pacificador, então, cava seu poço, arma sua tenda e ergue um altar.

   Creio que Isaque esperasse da vida viver sua fé. Para isso, precisaria do poço, de sua tenda e do altar. Talvez o altar seja esse que requeira cuidado maior.

  Porque por água e tenda, a gente se acomoda. Há uma fase da vida em que até oramos pela casa própria. Mas, como ocorre com frequência, após receber, relaxamos. Coisa ganha.

  Ainda que poço e tenda também signifique suprimento espiritual contínuo. Veja o que Jesus diz:

³⁷ "No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. ³⁸ Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva." Jo 7.

     Infelizmente, sede de Jesus, talvez, seja algo que muito facilmente se perca ou nem seja encarado como vital. A pergunta da samaritana a Jesus foi:

¹¹ "Respondeu-lhe ela: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?" João 4.

   Para logo, então, Jesus completar:
¹³ "Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta água tornará a ter sede; ¹⁴ aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna." João 4.

   A mulher então falou: ¹⁵ "... dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede". Poço pode representar a necessidade permanente dessa sede. E essa água que somente Jesus tem é uma fonte contínua, já nesta vida, a jorrar para e por toda a eternidade.

   A tenda é a igreja. Quem não a tem dentro, não a valoriza. O tabernáculo, no deserto, era montado, desmontado, carregado nas costas, montando e desmontado, de novo, pelo caminho daquela peregrinação.

  Era o culto, era a adoração, eram os cânticos, era o ensino da lei do Senhor, era a comunhão, aquela tenda era a igreja que caminhava pelo deserto. Este mundo é o deserto.

   As Escrituras contam, sobre Ló, que ele:
¹² "Habitou Abrão na terra de Canaã; e Ló, nas cidades da campina e ia armando as suas tendas até Sodoma.  ¹³ Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor." Gn 13.

   Pois neste mundo, ninguém mais monta tendas na direção de Sodoma: ela que vem em nossa direção, emparedando-nos tendas adentro. O mundo todo virou Sodoma e Gomorrra.

   E quanto ao altar, como procederam Elias e, mais de 200 anos depois, Josias, sempre precisa ser restaurado:

³⁰ "Então, Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele; Elias restaurou o altar do Senhor, que estava em ruínas." 1 Reis 18.

  Se o altar estiver em ruínas, se a sede não mais existe e se, pela caminhada, não há tenda onde se refugiar, você está perdido no mundo. A situação é aquela descrita por Paulo Apóstolo, em detalhes:

¹² "...naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo." Efésios 2.

    Confira: 1. Sem Cristo; 2. Separado da comunidade (igreja); 3. Estranho às alianças (sem Bíblia); 4. Desesperado (embora indiferente); 5. Sem Deus no mundo.

   Para se viver, basta o poço, a tenda e o altar. Sustento, abrigo e comunhão com Deus.  Essa é a fé que vence o mundo. Não seja como Rebeca, tão próxima de Isaque, mas cega para o testemunho dele.

⁴ "...porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. ⁵ Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?" 1 João.

    Escolha entre ser um(a) vitorioso(a) diante do que, para Deus, representa vitória.  Ou ser um(a) derrotado(a) nesse mundo e nessa vida. A única que se tem.