segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Como cantavam nossos pais

 

Asas da Alva - Prisma

Pescador - Logos

Solta o cabo da nau - Harpa Cristã

Mão no Arado - Logos

Salmo 118 - Vencedores por Cristo

O Verbo virou gente - Vencedores por Cristo

Sinceramente - Vencedores por Cristo

Em nome da justiça - João Alexandre


Só o poder de Deus - Vencedores por Cristo

Dia - Guilherme Kerr

Essência de Deus - João Alexandre

O dia da vitória - Vencedores por Cristo

Aceita sugestão? Deixa Deus ser Autor

 ¹ No princípio, criou Deus os céus e a terra. ² A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas." Gn 1.

    Estamos (quase) no princípio de um novo ano. Mas, digamos assim, o espírito da virada já está presente. E o texto acima fala de outro Espírito.

  Este geria, pairando, por cima do caos. Somente um Autor poderia, por Seu poder e sabedoria, pôr ordem no caos.

   E, logo de início, criando luz e fazendo a separação entre luz e trevas. E que densas trevas. Foi Jesus mesmo que, certa vez, disse, exatamente numa das suas falas do chamado Sermão do Monte: Mt 6:

²² São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; ²³ se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!"

   Pois é: "Que grandes trevas!" E somente o Autor da luz pode em nós discernir, para separar, luz e trevas. Sempre há trevas e prevalece o abismo.

  Precisamos andar de luz alta, enxergando os contornos do abismo, para não correr os riscos de afundar (de novo) nele. Porque nosso velho homem ainda mantém comunhão com as trevas e vocação pelo abismo.

   E cuidado para não ser enganado pelo "anjo de luz". Porque ele disfarça trevas e abismo. Letreiros de gás neon são um perigo. Podem turbinar a nossa vaidade e cegar os olhos, desviar a nossa atenção.

¹⁴ "E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz." 2 Co 14.
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   Quer dizer, nem tem muito mais neon hoje, mas ficou mais perto e dentro, ainda, com a tela do display. Não vivemos mais sem elas. Mas por sobre elas, também, deve pairar o Espírito.

  Porque "caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!" (Jesus). Somente Deus, que nos resgatou, em Pessoa, do "império da trevas" para o "reino do Filho do Seu amor" pode nos ajudar a discernir luz de trevas. Cl 1:

¹³ "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor,"

   Por isso, cuidado, porque muiro do que parece "luz", na verdade, são trevas. O "anjo de luz" te enganou. Paulo aconselha a andar por fé. Somente ela nos confere discernimento.

  Aliás, pela fé temos acesso ao Pai e, como retorno, a rota por qual gerenciar o nosso viver a cada dia. E o que não provém de fé, é pecado.

²³ "Mas aquele que tem dúvidas é condenado [...] porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado." Rm 14.

   O sentido da palavra "pecado" é errar o alvo. E errar o alvo é andar em trevas. Luz baixa. Nunca devemos andar de luz baixa. O foco é fundamental. E quem nos concede esse foco é a fé.

   Para que o caos não retorne à existência, avizinhando queda no abismo, precisamos de luz e de andar por fé. E o Espírito preside essa vocação e, certamente, motiva em nós esse desejo. Viver por fé. Gl 2.

²⁰ "...logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim."

   O texto da carta aos Efésios que afirma que Deus repete a criação, quando afirma que somos "criados em Cristo para boas obras", ensina que, a cada passo, repete-se Gênesis 1.

   Com Deus e por Deus, o princípio sempre está presente, numa nova criação, no discernimento entre luz e trevas e no foco para, em Cristo, caminhar, todo o tempo, por fé.

   E o texto de Efésios diz que o resultado dessa ação de Deus é uma poesia. Nossa vida pode ser uma poesia, da qual Deus é o Autor. Ah, sim: o Espírito ensina esse bê-a-bá de andar por fé para, como resultado, somente produzir boas obras. Ef 2.

¹⁰ "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas."

   E Gênesis 1 termina com o versículo que indica a avaliação de Deus pela obra que realizou:  ³¹ Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom".

  Que Deus, olhando para a boa obra em nós, a cada dia de 2025, possa avaliar desse mesmo jeito. Como também Paulo exorta aos Filipenses que Ele quer realizar:

⁶ "Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus." Fp 1.

   Dia a dia nessa expectativa.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Fim de ano e o pouco de Jesus em três realidades

  Ainda fascinado pelo pouco de Jesus. Daquela célebre fala na casa dos irmãos Marta, Maria e Lázaro. "Pouco é necessário, Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada".

  Coisas de Jesus. E nesse clima de "virada de ano", economizar nos prognósticos é muito aconselhável, para não nos iludirmos com os caprichos do calendário.

  Mudança, quando se trata de evangelho, é diária, e não somemte na "virada". Assim como o pouco de Jesus, para se obter, só pelo poder, e o poder de Deus.

  Em primeiro lugar, o novo ano não poderá vir ou ser vivido sem a realidade da cruz. Jesus mesmo afirma, sendo permanentemente válido:

²³ Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. ²⁴ Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará." Lc 9.

   "Toma a tua cruz e siga-me", como menciona o autor de Hebreus, signfica sair, fora da cidade, ao encontro de Jesus, no lugar da vergonha nossa que Ele carrega consigo:

¹² "Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. ¹³  Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério." Hb 13.

   Não encare como linguagem figurada. Óbvio que não se trata da cruz física e histórica que Jesus assumiu, mas de tudo equivalente a obter uma dolorida renúncia de nós mesmos, somente possível pelo poder e pela identidade com Deus.

   A segunda coisa, aliás já explícita na fala de Jesus, acima, vem mais claramente exposta no testemunho que Paulo dá a respeito de sua conversão, ou seja, a realidade da perda total:

⁸ "Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo ⁹ e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé". Fp 3.

  Semelhante ao sinistro que o seguro reluta em cobrir, não se iluda: perca tudo para se conquistar Cristo, ou fica-se com o que a avareza amealhou para si e perde-se Jesus. Toma lá, dá cá, com Cristo, ganha-se; sem Cristo, perda total.

   Acostume-se com o básico para 2025. Ponha-se na rota da cruz de  Cristo, como ele disse, "Toma a tua cruz e siga-me", como também menciona o autor de Hebreus, ao encontro de Jesus e da vergonha nossa que Ele carrega consigo.

   E finalmente, após saber da cruz e da perda total, para a jornada do ano que entra, mire-se na realidade do amor. É inadiável como as outras duas. E sem elas a identidade cristã estará, definitivamente, comprometida:

¹⁸ "... a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade ¹⁹ e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus." Ef 3.

   No texto da "perda total" acima, Paulo menciona "por anor do qual (Cristo) perdi todas as coisas". Agora, afirma a essencial tarafa de que conhecer o amor de  Cristo é ser tomado de toda a plenitude de Deus. Entendam, não há nisso demagogia e nem intenção Fake. Não há meios termos: o papel, definição e razão de ser da igreja é esse. 

   Para a virada, o pouco de Jesus. A melhor parte que se não nos será tirada. Um caminho que sempre vai dar numa cruz de renúncia a si mesmo, perda total, para se ganhar Cristo e conhecer o que excede todo o entendimento, o que seja, o amor de Cristo.

   Pronto. Coloque em sua agenda, todo dia, até 31/12/2025. Pelo poder de Deus. 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Ora, quem somos os que sentamos a essa mesa

 Jesus reuniu seus 12 discípulos. Àquela altura, sentados à mesa, em diferente grau conscientes de tudo o que haviam ouvido, preparavam-se para a última Páscoa juntos.

  Não necessariamente, nessa ordem, o par de irmãos André e Pedro e Tiago e João, pescadores de variado viés econômico. Tiago de Alfeu, os dois Judas, o Tadeu e o Iscariotes.

   O relutante Tomé, Bartolomeu, que associam a Natanael, esse mesmo da solidão sob a figueira. Mateus ou Levi, o coletor de impostos, um ex-corrupto, uma raridade.

   O outro Simão, este ex-membro dos radicais zelotas e, last, but not least, Felipe, o relações públicas. Cada qual com traços de sua presença e personalidade descritas em linhas dos Evangelhos.

  Que bom seria se o título "Atos dos Apóstolos", com certeza, fizesse referência a feitos mais variados de cada um. Há tradições de suas atividades, porém de peso histórico menor.

   Mas é interessante refletir sobre a variedade de personalidades, especificamente selecionadas por Jesus. Exatamente o que o Mestre tinha em mente quando os escolheu, um a um.

   Uma coisa, pelo menos, igual para todos queria: sua conversão ao evangelho que ele mesmo pregava e do qual, passou a lhes ensinar, era, em Pessoa, a total garantia.

   Como nós, que agora sentamos, escatologicamente, à mesa da Ceia do Senhor, somos variada personalidade. Aqueles 12 foram o protótipo da igreja que hoje somos.

  Esperando que não literalmente, para que não haja nenhum como Judas, o que ficou de fora. João, em seu Evangelho, não deixa de mencionar que, tesoureiro do colégio apostólico, foi corrupto.

   Muito interessante Jesus insistir em mantê-lo, sendo que Mateus, fiscal de rendas e, certamente, honesto, poderia substituir, pelo menos como 2⁰ tesoureiro. E João, chamado "discípulo do amor", por sua vez, insistir em registrar a falha magistral de seu colega.

   Poderia ficar sem essa. Cada um deles, como cada um de nós, que nos sentamos a essa mesma mesa, tem falha qualquer, à qual Jesus, pacientemente, mais atento até do que nós mesmos, presta o devido tratamento.

   Por exemplo, até o fim Jesus quis que Judas se arrependesse. Não foi por mera retórica, jogo de cena, jogo para a torcida, que a ele entregou o primeiro pedaço do pão que, a partir desse gesto, simbolizava não a Páscoa da antiga, mas a nova aliança no Seu sangue.

   Como será que somos? Relutantes, como Tomé, atirados, mas no íntimo covardes, como Pedro. Intensos, mas flutuantes no amor, como João, lúcidos com precipitação, como Natanael, diligentes e sociáveis, como André e Felipe.

   Parecendo anônimos ou enrustidos, como Judas Tadeu, Tiago de Alfeu ou Tiago, de Zebedeu, irmão de João, tão corajoso no testemunho que foi o 1⁰ mártir, segundo profecia que Maria, sua mãe, ouviu da própria boca de Jesus.

   Hospitaleiros e influentes, como Mateus, e certamente campeões de continência no temperamento, Simão Zelota, muito semelhante ao outro Simão Pedro.

   Essa foi a reunião protótipo da igreja que somos. Quando lemos o Salmo 139, que ora para que Deus nos sonde, sábio o salmista, que termina refletindo:

²³ "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração,  prova-me e conhece os meus pensamentos; ²⁴ vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno."

   Na verdade, Deus já nos conhece. O exercício é nos sondarmos a nós mesmos. Enxergar o labirinto escuro do nosso mal. E permitir ao Espírito Santo, nosso instrutor nessa sondagem, que Ele mesmo nos conduza pelo caminho eterno.

   Esse tal "caminho eterno" reserva, como escola, todas as virtudes desse amor tão em falta em nosso viver. Seja pleno, Senhor, a nós, que sentamos tão frequentemente em Tua mesa, o desejo de aumentar nesse amor.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Natal, evangelistas e salvação de graça por graça

 Há diferentes abordagens do Natal nos quatro Evangelhos. Mateus, Marcos, Lucas e João, por ser os autores, são chamados de evangelistas.

  Os livros que escreveram seguem o modelo de Marcos, certamente o primeiro a ter essa ideia. Acredita-se ter existido um conjunto de logia, palavras, em grego, sobre os feitos de Jesus.

  E que Marcos, companheiro próximo de Pedro, assim como Lucas, companheiro próximo de Paulo, puderam usar essa proximidade para recolher mais informações.

  Era lógico que assim fosse. Pois se tornou natural a tradição oral sobre os feitos de Jesus, mas logo se sentiu a necessidade de escrever. E Marcos organizou seu Evangelho.

   Mateus e Lucas seguiram o plano de obra, sendo que houve material comum a esses dois que não consta em Marcos, assim como material exclusivo de cada um deles, que não consta em nenhum outro.

  Sobre o Natal, a gente desenha presépios, visita dos magos e anjos falando aos pastores com as informações de Mateus e Lucas. Fica parecendo que nem Marcos e nem João focaram nesse início.

   Mas não é assim. Mas sim cada qual apresenta sua ênfase particular. Marcos deseja ir direto ao evangelho pregado por Jesus. Por isso, fixa seu referencial na profecia de Isaías, dizendo que, já nela, a semente do evangelho estava presente:

² "Conforme está escrito na profecia de Isaías:  Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho; ³ voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas; ⁴ apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados." Mc 1.

  O interesse de Marcos é ir direto ao anúncio que João Batista faz sobre Jesus. E essa ênfase é seguida por Mateus, Lucas e João, dando destaque tanto ao anúncio de João Batista, quanto à ênfase no sentido do arrependimento.

  E a autenticidade do que seja a conversão, como Lucas e Mateus indicam,  em como a realidade para qual o batismo aponta. Marcos também revela a ênfase de Jesus em anunciar o "evangelho de Deus":

¹⁴ "Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, ¹⁵ dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho." Mc 1.

  Ele destaca o poder da palavra de Jesus, que conduz à fé, como Paulo afirma na sua carta aos Romanos, "a fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo". Daí o destaque dado por Marcos à palavra pregada: Mc 1:

³⁸ Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim."

   Lucas, quem, provavelmente, logo escreveu o seu Evangelho, detém-se nos pequenos detalhes associados ao Natal. Como ele mesmo diz, "após acurada investigação de tudo desde sua origem", registra detalhes da expectativa da chegada do Messias, por parte de pessoas específicas, assim como narra a entrevista do anjo Gabriel com Maria: Lc 1:

²⁶ No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, ²⁷ a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria." 

   Sobre João Batista, ele nos apresenta seus pais, Zacarias e Isabel, e como o mesmo Gabriel anuncia o milagroso nascimento desse menino. E assim nos apresenta essa gente que ele classifica, como no caso de Simeão, "justo e piedoso e que esperava a consolação de Israel".

   Incluem-se nessa lista os próprios José e Maria e ainda a idosa profetiza Ana que, na apresentação de Jesus no templo, "falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém." Lc 1,38.

   Lucas inclui o desenho, em sua narrativa perfeitamente sintética, o quadro do lugar exato do nascimento de Jesus. Sua descrição confere com o despojamento já profetizado por Miqueias sobre Belém-Efrata:

⁶ Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, ⁷ e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria." Lc 2.

   E não se pode deixar de mencionar os primorosos cânticos, seja o de Zacarias, assim como o de Maria, e a saudação honrosa de Isabel, acolhendo sua prima em seu 6⁰ mês de gravidez.

   Mateus não repete os detalhes e pormenores de Lucas, certamente por achar desnecessário. Mas foca num detalhe, que é a rejeição de Jesus, imagine-se, que absurdo, pelos próprios conterrâneos dele.

  José já pretende deixar Maria, visto ser difícil aceitar uma gravidez que, segundo o depoimento de sua noiva, foi obra do poder do Espírito Santo. Mas um anjo aparece, em sonhos, a José, advertindo-o que creia na profecia de Isaías:

²⁰ Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo." Mt 1.

  E se não fosse ainda mais absurdo, sábios do Oriente, que haviam enxergado, no espaço sideral, uma presença astral inédita, vêm a Jerusalém e consultam, exatamente, quem mais deveria saber, mas nada sabem, desconhecem totalmente o comprimento da maior profecia de suas próprias Escrituras:

² E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. ³ Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém". Mt 2.

   Por causa dessa perseguição, pasmem, que ironia, será o Egito, sim, ele mesmo, de onde Moisés retira, a forceps, Israel, no parto de sua existência, ele que acolhe José, Maria e o bebê em fuga:

¹⁴  Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; ¹⁵ e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta: Do Egito chamei o meu Filho." Mt 2.

   Mateus é o evangelista que escreve para registrar o absurdo da rejeição deste menino, desde nascido e, principalmente, pelo seu povo a quem, especificamente, foi por Deus enviado.

   E finamente João, para quem o Natal começa antes do Gênesis. Porque "no princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" Jo 1. Ele se refere a Jesus.

¹ "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. ² Ele estava no princípio com Deus. ³ Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez." Jo 1.

   E João será o evangelista de voo mais elevado, demonstrando o gesto mais ousado e inimaginável de Deus, nascer homem, do mesmo modo que todos nós, para cumprir os desígnios de Deus com relação à nossa salvação.

¹⁴ "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai." Jo 1.

   Cada evangelista tem uma ênfase definida, num modo específico de apresentar a mesma mensagem do evangelho. Abordagens diferentes visando uma só pessoa, que é Jesus.

   E o objetivo é deixar claro o propósito de Deus em conduzir à salvação todos os que creem. Marcos direto em apresentar o evangelho de Deus, cujo conteúdo é o arrependimento, para crer em Jesus.

   Lucas se detém nos detalhes, de como havia gente que acolheu as profecias do Antigo Testamento e sim, mantinha a expectativa da chegada do Salvador.

   Mateus adverte para o espírito de rejeição contra o qual resistir, tão dramático que, o povo que tinha prioridade em receber Jesus, esse próprio o rejeita.

   E João dá seu voo alto, quando nos revela que Deus nunca esteve longe, mas surpreendeu, quando Ele mesmo se fez bebê, gerando a Si mesmo no ventre de uma mulher, dela nascendo, para ser o Homem por excelência a conceder salvação de graça e por graça a todo o que crer. 

Link da mensagem:

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Natal 2024 na chácara Projeto Jesus, o Bom Pastor

                       Bom dia, com alegria                                       (clique nos links e nas fotos)                

https://youtu.be/3pCMhyKgJw4?si=tKZ4WPDAq34MCCD5

  

Audição natalina

Linda noite de Natal

Falai pela montanhas: Cristo já nasceu

Ele é Cristo, o Rei criador

Contação da história do Natal

  

Momento presentes

   

   

  

  

  

Campeões dos versículos bíblicos




Um sorriso de Feliz Natal para você: creia na história da Bíblia, de que nasceu o Salvador, que é Jesus Cristo, o Senhor.

  



quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Ora, ponha-se no seu devido lugar

   Clichê desgastado e desatualizado. Gente de minha geração usava frequente e acintosamente, de cima para baixo, para enquadrar um subalterno atrevido.

  Como se diz pela via do "politicamente correto", puramente discriminatório. Mas aqui vamos usar no sentido literal. Ponha-se no seu devido lugar.

   E, metalinguisticamente falando, aqui neste blog já abordamos em que "lugar" é esse. Fizemos isso checando e focando o Salmo de Paulo em Efésios 1,3-14. Recapitulando:

   Ponha-se no seu lugar, ou seja, no lugar onde Deus põe. E nesse Salmo de Ef 3,1-14 fica claro onde Deus põe: (1) predestinados para o Seu amor desde antes da fundação do mundo;

  (2) postos como e para o louvor da Sua glória, revelada de antemão no Amado, Jesus; (3) em quem temos a redenção e a remissão dos pecados, de novo, como refrão, para louvor de Sua glória e segundo o Seu beneplácito, (4) em abundante graça derramada sobre nós;

   (5) Jesus, em quem todos os tesouros de sabedoria estão (Cl 2,3), Deus nos revela todo o mistério (que o deixa de ser) de Sua vontade, Jesus, que se nos torna, da parte de Deus, sabedoria (1 Co 1,30).

   Ponha-se no seu devido lugar (6) nós que agora somos feitos herança (refletiu nisso, se Deus tem uma herança, somos nós) predestinados, sim, nesse amor e por um Deus que tudo faz conforme o conselho de Sua vontade, de novo, refrão, para sermos para louvor de Sua glória;

    (7) tudo para nós convergindo, em Cristo, aliás, para o qual converge tudo e todo o universo em todo o tempo, em quem estamos, depois de ouvir e crer na palavra da verdade do evangelho de nossa salvação e, uma vez tendo crido, sermos selados no Santo Espírito da promessa.

   Ora, ponha-se no seu devido lugar.

Abaixo o passo a passo no Salmo de Paulo:

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Haja Natal em você

   Simplesmente Natal. Muitos "Natais" já passamos. Eu lembro Cacadura, Rio, RJ, de onde saímos em 1967, para o Méier. E da mini árvore de Natal, talvez 0,50 cm, que minha mãe montava em cima do móvel negro da sala.

  Havia aquelas bolinhas, frágeis como casca de ovo, guardadas durante todo o ano, acondicionadas com muito zelo, envoltas e jornal, numa caixa de sapatos. Uma delas imitava uma casinha de teto avermelhado e paredes prateadas.

   Era uma arvorezinha que montávamos juntos, eu e minha mãe, do tamanho do orçamento da família. O pai funcionário público do IBGE e a mãe professora contratada no município vizinho, Nilópolis. Vinham os algodõezinhos, para imitar neve, resquícios da colonização cultural.

   Ela ficava ao lado do rádio a válvulas, que tinha no último botão à direita um comutador, que emudecia o som das rádios para que, com um plug RCA, a gente conectasse a vitrola.

   Eram discos ainda 78 rpm, rígidos, de uma fase pré long plays de vinil. Cabia música de uma só faixa. Carmem de Bizet era a minha preferida. Cid ensinava, entre outras coisas, o gosto pelo clássico.

   Menos dinheiro não era impedimento, o zelo de Dorcas em enfeitar o Natal com aquela arvorezinha e do pai para encaminhar o menino em todos os bons gostos. Um refinamento naquela humilde família suburbana.

   E não faltava a história bíblica do Natal. Por isso que, em meio a tantos Natais, de ceias humildes, com poucos coquinhos, quebrados num martelinho médio, até hoje guardado, vinham as rabanadas, sempre mais baratas de consumir.

    A meia na janela. A roupinha de Natal. O presentinho do dinheiro contado. Nada de brinquedos Estrela. Mas aquele carro de bombeiros de madeira, com escada magirus que subia de verdade, a pick-up com reboque, feita de "matéria plástica" e a Caravana, com cowboys e indígenas do Wild Old West os parcos recursos alcançaram.

   Com tudo isso, sempre houve Natal. Esse mesmo, o único, registrado nas Escrituras. Sim, passaria despercebido em meio a tanto consumismo, não fosse a advertência de anjos. Ora, mas terá sido histórica essa aparição angelical? Lc 2:

¹³ "E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: ¹⁴ Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem." 

   O que é histórico, no Natal, que não sejam apenas os Natais contabilizados na vida? O Natal aparece nas Escrituras. E o Natal se reproduz a cada vez que alguém crê. A fé produz acesso ao Natal.

⁵ "Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. ⁶ O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. ⁷ Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo." Jo 3.

   A história da fé aponta para o Natal. Jesus nasceu já pobre e rejeitado. Mas esqueça aqui a ideologia. Porque ele nasceu para ricos e pobres. Porque é possível encontrar ricos humildes e pobres soberbos.

   E a cada dia há Natal, quando alguém, como ensinou Jesus a Nicodemos, acolhe pela fé a salvação e se permite nascer, pelo Espírito Santo, batizado na morte e ressurreição de Jesus Cristo.

   Releia esse parágrafo anterior acima deste. Verifique se há Natal em você. Contabilizados os Natais da vida, entenda que novo nascimento em Cristo, pelo poder de Deus, é o objetivo específico da Bíblia.

   Haja Natal em sua vida.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Afinal, que é o homem?

 ⁴ "...que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?" Sl 8.

     "Que e o homem?" No sentido genérico, aplicado a homens e mulheres. Mesmo porque o Gênesis indica que um e outra  são feitos à imagem e semelhança de Deus. Ora, já é uma pista para a resposta:

²⁷ "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." Gn 1.

    Não é uma pergunta retórica, como se o salmista pretendesse dignificar Deus, ao mesmo tempo que inferiorizar o homem.

   O salmista está fazendo a pergunta à pessoa certa: somente Deus tem essa resposta. Nem o homem é capaz de responder ou aquilatar-se.

  E o salmista prossegue respondendo: ⁵ "Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste." Sl 8.

  Seguindo na "cola" dos textos, respondendo que são homem/mulher criados (1) "à imagem e semelhança de Deus" e (2) "por um pouco menor do que Deus" e (3) "coroado de glória e honra".

  Bem, verifica-se que, na mentalidade do salmista e, por extensão, das Escrituras, a pergunta será retórica, sim, no sentido de que ele como que encaminha a resposta.

  E ela tem relação com o valor que Deus mesmo concede ao homem/mulher (ser humano) criado. Primeiro, porque feitos å Sua imagem e semelhança.

   Perceba-se com toda acuidade: homem E mulher são criados à imagem e semelhança de Deus. O que significa identidade e igualdade dos dois perante Deus, como explícito nas Escrituras, citação acima.

   Porém, o salmista se refere a outro padrão. Que é o homem diante do padrão divino de avaliação? E com que critérios conhecer, para que seja possível ajustar-nos a esse padrão?

   Nossa mente compreende Deus, do modo como Ele se revela. E Deus se revela todo em Jesus Cristo, seu Filho. E o Espírito Santo, que exalta e glorifica o filho, dá-nos esse tesrnunho e ilumina o nosso entendimento.

³² "Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem." At 5.

  É o Espírito Santo que nos concede, tanto a condição de conhecer o Deus que se revela, crer nEle e ser regenerado, de modo completo, o que inclui uma nova mente apta e capaz a compreender tal revelação.

  Assim como proclamar. Como lemos acima, com e pelo Espírito Santo, também somos testemunhas. E além de vislumbrar, por essa iluminação, a luz do evangelho, desfrutando a beleza dessa revelação, falamos dela aos outros.

   E na continuidade do texto, também fica explicitada a referência do salmista ao Filho, como esclarece o exegeta autor anônimo de Hebreus, antecipando a surpreendente revelação bíblica da identidade  de Jesus conosco:

⁵ "Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste." Sl 8.

⁹ ..."vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem." Hb 2.

  Que é o homem que dele te lembres? Alguém a quem Deus revela o seu propósito. Quem Deus transforma e regenera pela ação do Seu Espírito. E quem acolhe e transmite o evangelho, de modo a  que outros obtenham a mesma bênção.

   Segundo também afirma Paulo Apóstolo, um poema de Deus, quando ele alude sermos criados em Cristo, o que significa uma nova criação, ou seja, Gênesis 2, agora aperfeiçoado com o selo da eternidade:

¹⁰ "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas." Ef 2.

   Quem é o homem que dele te lembres? Quem pode ouvir Deus repetindo, a seu favor, o mesmo que disse a respeito do Filho: você é filho amado, em quem ponho e tenho meu prazer. 

domingo, 8 de dezembro de 2024

Padrão Maria de escolha

 ⁴¹ "Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. ⁴² Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada." Lc 10.

  Maria faz uma escolha e, com ela, demarca uma preferência que Jesus ressalta como ideal. Ele a caracteriza como pouco, uma só coisa e uma boa parte que não será tirada.

  O contexto indica que a escolha de Maria foi "quedar-se assentada aos pés de Jesus, ouvindo-lhe os ensinamentos". Pois é esta escolha de Maria que a define dentro das características descritas por Jesus.

   Vamos ressaltar quatro mulheres das Escrituras que se encaixam, cada uma dentro de sua época e no seu contexto, nos mesmos moldes da escolha de Maria.

   Débora deveria ter sido a única esposa do rei Davi. Caso assim fosse, ele teria cumprido a norma que consta em Deuteronômio 17:

¹⁷ "Tampouco [o rei] para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro."

  E foi ela que evitou, por sua sabedoria e dependência de Deus uma chacina de todos os homens da fazenda de seu marido, que havia decidido não contribuir com o sustento dos valentes de Davi, a única brigada armada que defendia Israel, no tempo da loucura de Saul: 1 Sm 25:

²⁶ Agora, pois, meu senhor, tão certo como vive o Senhor e a tua alma, foste pelo Senhor impedido de derramar sangue e de vingar-te por tuas próprias mãos. [...] ²⁹ Se algum homem se levantar para te perseguir e buscar a tua vida, então, a tua vida será atada no feixe dos que vivem com o Senhor, teu Deus".

  Rute foi uma mulher que, em segredo, fez uma escolha manifestada no momento certo. Não poderia fazê-lo antes, muito provavelmente pressionada por sua cultura. Mas no momento da despedida de sua sogra Noemi, ela declarou sua fé:

¹⁶ Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. ¹⁷ Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. ¹⁸ Vendo, pois, Noemi que de todo estava resolvida a acompanhá-la, deixou de insistir com ela." Rt 1.

   A declaração de Rute não foi uma opção por Noemi, apenas apego ou amizade, não foi pela cultura ou religião de sua sogra, mas foi uma opção consciente por Deus. E tudo o mais em sua vida decorreu dessa opção.

  Aqui aprendemos que não devemos fazer opções "em nome de Deus", numa simulação de consagração, mas devemos fazer as opções de Deus, aquelas que Ele coloca diante de nós. O padrão e a providência de Deus são a melhor escolha.

   Ana também foi animada a fazer a melhor escolha, a escolha decorrente da fé. Era hostilizada por sua companheira de matrimônio, ainda que no contexto do culto do tabernáculo.

   Mas venceu pela oração. A sinceridade do esposo ajudou-a a optar pelo modo divino de enfrentar as provações. Com ela, aprendemos que Deus tem sempre, para nós, a melhor escolha. 1Sm 1:

²⁶ E disse ela: Ah! Meu senhor, tão certo como vives, eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, orando ao Senhor. ²⁷ Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a petição que eu lhe fizera. ²⁸ Pelo que também o trago como devolvido ao Senhor, por todos os dias que viver; pois do Senhor o pedi. E eles adoraram ali o Senhor."

     E devemos usar os recursos a Sua disponibilidade para superar nossas provações. As decisões de Ana foram todas elas sábias, aos olhos de Deus, deixando-nos lições permanentes.

   Maria, mãe de Jesus, tinha consigo um modo de absorver desafios, analisar situações a sua volta, assim como agir com sinceridade e transparência que marcam a sua personalidade.

   A escolha dela não foi palpite aleatório. Mas o fato dela concordar reflete sua lucidez diante dos desafios de fé. Estava em dia com sua vida de comunhão. Era uma mulher cujo feitio constava nas Escrituras.

   Foi sincera com o anjo, que ouviu dela o mesmo questionamento que ouviu de Zacarias. Mas este falou num tom que revelava incredulidade, enquanto Maria num tom que transparecia sinceridade.

⁵¹ "E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no coração. ⁵² E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens." Lc 2.

   Por isso se tornou cumprimento vivo de profecia. E por isso foi entregue a ela a educação do Filho de Deus. Jesus não nasceu pronto. Como nós, passou por todas as etapas de educação de qualquer criança.

   E Maria foi o melhor modelo de mulher e mãe para esse menino prodígio. Seu modo de "guardar as coisas no coração", como Lucas sempre menciona, revela sua prudência, sabedoria e eficiência no agir.

   Todas essas mulheres agiram com sabedoria em sua vida. Fizeram a melhor escolha. Buscaram em Deus recursos para agir segundo a vontade de dEle.

   Como Maria, irmã de Lázaro, todas tipificam escolher a melhor parte, que nunca lhes será tirada. 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Malaquias e suas altercações - 2

   Malaquias agora denuncia a deslealdade, visando a família. Desde Amós, há 300 anos atrás, profetas denunciam a infidelidade conjugal. Não está fora de foco essa abordagem, porque culto e testemunho exigem integridade de caráter. Ml 2.

¹⁴ E perguntais: Por quê? Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança."

    Malaquias lembra a infidelidade de Abraão. Embora fosse Sara, a esposa, a propor, não lhe competia tomar Agar, a escrava. Paulo Apóstolo classifica por carnalidade esse gesto do patriarca:

²² "Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. ²³ Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa." Gl 4.

   A fidelidade conjugal é termômetro da fidelidade ao Senhor. Não importa grau ou função no reino de Deus, casamento é metáfora da relação com Deus, seja no AT ou NT. Jamais incorrer nesta denúncia, seja esta de Malaquias ou aquela de Amós:

⁷ "Suspiram pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres e pervertem o caminho dos mansos; um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome." Am 2.

   Malaquias prossegue em suas altercações, agora denunciando a falsidade na relação com Deus, quando o agir não corresponde ao falar, o homem dobre de Tiago:

¹⁷ "Enfadais o Senhor com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o enfadamos? Nisto, que pensais: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor, e desses é que ele se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?" Ml 2.

²³ "Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; ²⁴ pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Tg 1.

   A única saída é o arrependimento. Aqui o profeta anuncia o "mensageiro do arrependimento", precursor de Jesus, que é por meio de quem provém o sacrifico definitivo e eterno para os que creem:

¹ "Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos." Ml 3.

⁵ Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor; ⁶ ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição." Ml 4.

   Nesta parte da profecia, até Ml 3,7, detalha-se em que sentido se dará o resgate e purificação definitiva de Israel, por meio do Messias, anunciado em Ml 4:

² Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria."

  Nessa fase, já haviam reconstruido o Templo há quase 100 anos, mas necessitavam destas exortações típicas do ministério deste profeta, com uma advertência a mais, exatamente sobre o sustento e manutenção devidos ao culto, o dízimo veterotestamentário que supria a tribo de Levi.

⁸ "Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas." Ml 3.

   Não se rouba o Senhor somente no dízimo, que é zelo zero pela da obra de Deus, mas em muito mais.  Porém, esta avareza acrescenta mesquinhez ainda maior, nunca somente um problema contábil. Paulo indica esse vínculo aos Efésios 5:

⁵ "Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus." 

   As recomendações finais seguem a legenda típica das exortações do profeta. Caso nos enquademos, haja confissão e arrependimento. ainda que sejam palavras duras. Nossa classificação seja entre os que servem, verdadeiramente, ao Senhor.

¹⁶ Então, os que temiam ao Senhor falavam uns aos outros; o Senhor atentava e ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao Senhor e para os que se lembram do seu nome. ¹⁷ Eles serão para mim particular tesouro, naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos Exércitos; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. ¹⁸ Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve." Ml 4.

Malaquias e suas altercações - 1

 A questão é saber o que fazer do evangelho, enquanto o correto seria refletir sobre o que o evangelho deve fazer em nós.

   Somente compreender, processar e falar sobre ele ainda mantém distante do efeito real. Muito embora, evangelho seja para se entender, vivenciar e anunciar.

  Com Malaquias, ainda estamos no Antigo Testamento. Mas autenticidade é o mesmo, neste e naquele tempo. Basta lembrar a instrução a Josué, mais antiga ainda: meditar, fazer e falar:

⁸  "Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido." Js 1.

   E Malaquias, no AT, é tão pragmático, quanto Tiago, no NT: os dois apontam para um efeito somente possível pela ação do Espírito Santo em nós. Ele começa pelo básico, a lição de amor.

²  "Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o Senhor; todavia, amei a Jacó, ³ porém aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança aos chacais do deserto." Ml 1.

   Trata-se de um conflito de interreses. Costumamos calibrar (o que avaliamos ser) o amor de Deus. Meus interesses vão na frente, sou prisioneiro deles. Amor é mandamento, quer dizer, obediência.

   Nem Jacó, o trapaceiro, e nem Esaú, um "nem aí" para o que Deus considerava santo, eram obedientes. Mas o primeiro, também alvo do amor de Deus, converteu-se, a duras penas. Do outro, não sabemos senão a benção que recebeu do Senhor:

³⁹ "Então, lhe respondeu Isaque, seu pai: Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, e sem orvalho que cai do alto. ⁴⁰ Viverás da tua espada e servirás a teu irmão; quando, porém, te libertares, sacudirás o seu jugo da tua cerviz." Gn 27.

   Em sua segunda fala, o profeta denuncia o desprezo pelas coisas de Deus. Foi o caso de Esaú, menosprezando seu direito de primogenitura, negociado com Jacó. Gn 25.

³³ "Então, disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó."

⁶ "O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? — diz o Senhor dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?"

   Não sejamos manipuladores da fé. No tempo do profeta, Deus era desonrado, a começar pelo mau exemplo dos sacerdotes. Consideremos esta exortação, como sacerdotes de nossa própria fé.

    Honremos ao Senhor,  sem desprezo ou descaso pelo culto,  sem protocolo de liturgia ou presença burocrática e vazia no templo. Porém, conteúdo e coerência de uma vida cristã autêntica.

⁶ A verdadeira instrução esteve na sua boca, e a injustiça não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão e da iniquidade apartou a muitos. ⁷ Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do Senhor dos Exércitos." Ml 2.

   Nesta terceira altercação, o profeta ressalta o referencial da instrução, desprezada pela liderança do tempo de Malaquias. Culto deve ser aula e não entretenimento, com manipulação emocional e arrecadação monetária. Fora coaches da fé, prevaleçam os mestres do ensino.

   Paulo Apóstolo demarca o valor da presença evangélica no mundo. Mas sem instrução, será impossível vivenciar esse sacerdócio:

¹ "Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. ² Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel." 1Co 4. (segue...)

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Efésios 1: passo a passo nu, no Salmo de Paulo

 A Bíblia é o livro que nos desnuda. Mesmo querendo pôr, por cima, uma roupagem de folhas de figueira, será necessário sacrificar um cordeiro, para vestir roupa descente.

⁷ "Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. [...] ²¹ Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu." Gn 3.

   E a vida inteira nossa será sobrepor, despojados das vestes rotas do velho homem, premente necessidade de sobrevestir a nudez com as novas vestes, para a renovação do novo homem.

²² "...no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, ²³ e vos renoveis no espírito do vosso entendimento". Ef 4.

   Houve um tempo em que a moda era falar em avivamento, renovação, mover do Espírito, ora, pobre vocabulário e roupa velha. O tempo se encarregou de desgastar esse acervo simplório. Isso porque renovação, avivamento, mover, ou coisa que o valha, é dia a dia na vida cristã.

   Pessoal e intransferível. Está aí acima: "...vos renoveis no espírito do vosso entendimento". Contínua e amorosamente, com toda a paciência que somente a Trindade tem, somos exortados a realizar essa troca do velho pelo novo.

   E somente o poder de Deus nos proporciona esse bê-a-bá da vida em Cristo. Lembro, de novo, Jesus dizendo a Marta que pouco é o necessário e que é sábio escolher a melhor parte, que nunca será tirada.

  O Salmo de Paulo em Efésios 1,3-14 nos coloca, pelo foco de Deus, em nosso exato lugar. Começa por nos informar que somos amados antes mesmo de Gênesis 1.

   Bendito esse Deus, que nos escolheu nele para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele. Já parou para pensar o que signfica esse ato divino? E em que condição nos põe?

³  "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, ⁴ assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele". Ef 1.

   E a finalidade? Há alguma finalidade nisso? Ora, nesse Salmo é refrão: para louvor da Sua glória. Se há performance, se há no céu um aparato de um show celestial, se anjos vão entoar a Deus louvores, tem a ver com a obra de Deus a nosso respeito.

⁴ "... e em amor ⁵ nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, ⁶ para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado". Ef 1.

   Então, no Salmo, aparece o Filho. É o Amado, em quem temos redenção e remissão dos pecados, olha bem, vejam a que preço, no preço do sangue dEle, pela graça derramada em desperdício, por assim dizer.

⁶ "... para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, ⁷ no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça". Ef 1.

   Deus não tem segredos: desvendou-nos Seu maior propósito, alimentado, pela eternidade afora, no centro do amor que Ele tem dentro de Si. Expôs Seu beneplácito proposto em Jesus Cristo. E Deus não se frustrou e nem falhou.

⁴ "... e em amor ⁵ nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, ⁶ para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado". Ef 1.

   Qual seja, em Jesus fazer convergir tudo a nosso respeito. Paremos para pensar. Desde o Éden, aliás, antes dele, e para nós, na história, desde o dia em que derramou sangue de cordeiro, pela primeira vez, para nos trocar as vestes, sempre teve esse propósito.

⁸ "... (graça) que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, ⁹ desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, ¹⁰ de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra".

   Ora, mas como? Por quê? Para quê? Ora, já foi dito. Repete-se o refrão. Quer saber, quer ouvir de novo? Segue abaixo o que Ele nos fez e para que o fez:

¹¹ " ...nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, ¹² a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo". Ef 1.

   E o Salmo encerra indicando o modo como o Espírito Santo, conhecido como "terceira pessoa da Trindade", por Seu toque íntimo, por Sua mansidão em amor, abre-nos o entendimento para ouvir, conhecer e aceitar o evangelho.

   Ah, se a igreja de Jesus neste mundo, neste século, nestes (últimos) dias avaliasse o grau de importância do evangelho, sua dimensão, efeito, relevância, poder, enfim, se ela se especializasse só nisto, em proclamar, incessantemente, o evangelho!

¹³ "... em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; ¹⁴ o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória." Ef 1.

   Lembro de novo da exortação de Jesus a Marta:

⁴¹ "Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. ⁴² Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada." Lc 10.

  Sejamos atentos: é o pouco de Jesus que supre o tudo, é sentado aos Seus pés ouvindo Sua instrução, isso é escolher a melhor parte e, da igreja, se essa for a escolha dela, nunca lhe será tirado.