¹³ "O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!" Lucas 18.
Não dá para simular humildade. Ao mesmo tempo que ela tem uma origem espontânea, é resultado de uma construção interna. E vem acompanhada ou forjada após uma série de constatações.
A primeira delas está associada à real dimensão da condição humana, em toda a sua fragilidade e vocação. Evidente que, para isso, ainda se depende de um ponto de vista.
Pois há quem seja tangido por vaidade, exatamente o inverso, e nunca terá uma avaliação isenta, nem de uma coisa e nem da outra. Pois não se enxergará frágil, porém suprido de empáfia.
E sua vocação será seu próprio ego. Assim, a humildade será um artefato que compõe a autoimagem, obrigatória como um atenuante, mais um item de composição do verniz social. Aí, sim, há simulação.
Mas humildade revela a dimensão exata. É matemático. No caso bíblico, sua menção cola com a personalidade de Jesus. E Paulo sugere que tenhamos esse mesmo sentimento.
Esta declaração, aos Filipenses, com a outra, aos Colossenses, de que "perdoemos como Deus e, acima disso, esteja o amor", as duas compõem como uma terceira, aos Efésios, os absurdos extremos das "cartas da prisão".
Ou até onde pode chegar a condição humana. Porque afirmar "tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus", com a dos Colossenses, "perdoem como Deus perdoa e, acima disso (ainda) o amor", somam-se aos Efésios: "conheçam o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, e sejam tomados de toda a plenitude de Deus".
Ou o apóstolo pirou, permitam-me o termo, devido às condições carcerárias, ou conduziu ao limite sua leitura do evangelho. Humildemente reconheçamos isso. Porque humildade é, diante de Deus, o retrato de nossa real condição.
E sua (de Deus) vontade vem expressa:
³⁹ "E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. ⁴⁰ Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia". João 6.
Esse o ponto de partida da humildade. A justa diferença entre a oração do fariseu, autossuficiente, e a do publicano, reconhecido de sua total dependência. E ser propício ao pecador tem, na cruz, o ponto de inflexão.
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