O
Apocalipse inicia com uma introdução, comum a todo livro desse gênero,
legitimando fonte e portador da profecia:
1 "Revelação de Jesus Cristo, que
Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer
e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo
João, 2 o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de
Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu." Ap 1.
E uma bem-aventurança, em tom de advertência, a quem encarar com a devida seriedade o que vai escrito: Ap 1:
³ "Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo."
A seguir, procede-se à dedicatória a quem se encaminha o texto dessa
profecia. No caso deste Apocalipse bíblico, o único entre uma vasta relação a
constar no Cânon, temos o nome literal de seu autor, João e, referente a
Jesus, por seus legítimos títulos, menciona a síntese de sua obra a favor dos que nEle creem:
⁴ "João, às
sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte
daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se
acham diante do seu trono ⁵ e da parte de Jesus Cristo, a Fiel
Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra." Ap
1.
E logo ao final desta
dedicatória, uma primeira lauda, no livro, de exaltação à Pessoa de Jesus,
seguida da expressão de identidade dos que nEle creem:
⁵ "Àquele que nos ama, e,
pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, ⁶ e nos constituiu
reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos
séculos dos séculos. Amém!" Ap 1.
Logo após, João
dedica-se a detalhar a primeira visão do livro, a qual descreve Jesus, que
nela aparece, estilizado já na simbologia típica do livro, o diálogo expresso que se dá
entre eles e seguem os textos das Sete Cartas dirigidas às 7 igrejas.
Esse conjunto de textos,
que compreende esta introdução (1,1-3), dedicatória (1,4-8) e a ordem da primeira visão do
livro (1,9-20), antecedem tudo o mais que vai se seguir, no texto da profecia, bem
definido endereçado às igrejas, não somente essas sete do circuito da Ásia Menor (2,1-3,22), mas
às demais de todos os tempos, a elas está definitivamente dedicado o que vem a
seguir.
Então, nos capítulos seguintes, 4-5, desenha-se nos céus um quadro do contexto no qual toda a ação seguinte, ao longo de todo o livro, ocorrerá. No cap. 4 a descrição, propriamente, da cena celestial e, no cap. 5, a cena da abertura do selos, que lacravam um Livro impressionante, nas mãos dAquele sentado no trono celestial, para o qual ninguém podia olhar e da mão de Quem somente o Cordeiro, visto "como tinha sido morto", pôde tomar o Livro para lhe abrir os selos.
A partir desses capítulos têm lugar, a cada suspense, a cada ato desse grande drama teatral, que encena e representa a consumação de toda a história, tanto da humanidade, como da salvação, hinos que são cantados, ajustados a cada situação específica e, por isso mesmo, de conteúdo afeito a cada desdobramento condizente com a ação de Deus, desencadeada a partir do cenário celestial, para efeito direto na terra.
O entendimento desses hinos, o desdobramento do conteúdo desses poemas joga luz sobre a dimensão dessas ações. Inegável que Deus esteja no controle dos fatos da história. O desenrolar dela, sua culminância, bem como seu enredo final são descortinados no Apocalipse. Eles ilustram a mensagem de todas as Escrituras. O exercício para compreendê-lo, como adverte a própria literatura apocalíptica, como um todo, torna-se fundamental para compreender a ação de Deus na história.
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