sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Cânticos no Apocalispe - 1

 ⁸ "E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Ap 4:

Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir." 

   A primeira voz que ecoa no cenário celestial, para onde João foi convocado, pela mesma voz que a ele se dirigiu, por ocasião da escrita das cartas, dizendo:
¹ "Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas." Ap 4.

  Uma vez descrito o cenário, delineado em 4,2-7, agora ele vê e ouve o pronunciamento contínuo dos quatro seres viventes assim apresentados, com antecedentes nas Escrituras, respectivamente nos livros de Isaías e Ezequiel.

² "Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. ³ E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória." Is 6.

⁵ "E do meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homem. ⁶ E cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas." Ez 1.

    Além de proclamar "Santo, Santo, Santo", como se fosse uma advertência, sua própria atitude reflete o temor somente a Deus devido. As seis asas já simbolizam o resguardo cuidadoso diante da presença excelsa.

  Duas cobrem o rosto, duas cobrem os pés, vedado seja ver ou postar-se diante de Deus, e com outras duas revoam, como advertindo que, vigilantes, ninguém jamais se aproxime.

  E os olhos por todos os lados já sugerem essa vigilância permanente. É urgente e imprescindível entender que o acesso a Deus, inadvertidamente, é proibido.

  Não pela vontade consciente de Deus, como se nEle operasse repugnância, mas pela condição humana pecaminosa. Por isso, as vozes que não cessam de repetir "Santo, Santo, Santo", advertem ser bom senso manter-se longe.

   Mas todas as Escrituras ensinam que a santidade é única e original em Deus, porém condicionalmente atribuída a nós, que a perdemos no Éden. Mas, por um gesto dEle e, por toda a vida, constitui-se num aprendizado como, ainda no Pentateuco, ensina o Levítico e, no Novo Testamento, Hebreus e Tito:

⁹ "E do sangue da expiação do pecado espargirá sobre a parede do altar, porém o que sobejar daquele sangue espremer-se-á à base do altar; expiação do pecado é." Lv 5.

²² "...e sem derramamento de sangue não há remissão. [...] ²⁴ Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; [...] ²⁶ Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Hb 9.

¹¹ "Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, ¹² educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente." Tt 2.

  E nesse início de ação, no Livro, quando se está diante de todo o processo final, do drama teatral do desfecho da história humana, é necessário frisar que toda a ação que segue provém de um Deus santo frente a uma humanidade iníqua.

   Que não tem escrúpulos em acolher o pecador, porém provê o livramento para esse mal. Sendo que a rejeição é, sim, opcional, mas a exposição ao juízo e suas consequências é obrigatória.

  O mal não é impune. É corriqueiro que o ser humano faça as suas escolhas, mas não queira aceitar as consequências. Deus é amor, sendo a maior prova a dádiva do Filho em lugar de redimir o pecador.

   Mas não inocenta o culpado. O pecado não se constitui numa condição sob controle humano, como se constiuísse escolha diletante, opção pelo sim, pelo não.

  É uma afronta a Deus, é contra o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, é contra o outro, contra a vida, enfim, uma violação da santidade de Deus.

   Daí a contínua advertência "Santo, Santo, Santo", incessante, solene e definitiva: Deus há de julgar o mundo e ninguém ficará isento diante desse juízo. Ainda que contrariado, condição típica do pecado, por se dispor contra a bondade divina, é aconselhável ao pecador que, enquanto há tempo, clame misericórdia.

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