segunda-feira, 15 de outubro de 2018

     Que evangelho?

     Perguntamos por qual evangelho. Paulo dizia aos gálatas que estavam passando para outro. Nada. Só existe um evangelho.

     E como disse Judas, de uma vez por todas dado aos homens (e mulheres). Portanto, não é coisa de anjo. Mas é coisa de Deus.

     Marcos diz que Jesus, no ponto de partida de seu ministério, saiu pregando (1) arrependei-vos e (2) crede no evangelho.

     Amor, para Deus, é incondicional, contanto que haja arrependimento e fé no evangelho. Evangelho de cada um, ao gosto de todos, ou um e qual evangelho?

       No encontro com Jesus, pelo chamado ao evangelho, desse encontro ninguém sai mais o mesmo. A Bíblia não condiciona, necessariamente, a um código qualquer religioso essa mudança.

      Muito mais do que religião. O jovem rico saiu triste do encontro com Jesus, porque não entendeu que precisava perder tudo. E Jesus o amou. Mas ele rejeitou Jesus e seu amor.

      Jesus aponta para a perda total. Sem renúncia a si mesmo e sem renúncia a tudo, não há evangelho e não há conversão. Não há como optar pelo evangelho e continuar o(a) mesmo(a).

      Profunda convicção de pecado. Nunca será o pecado que apontam em você. Socialmente instrumentalizado. Mas será o pecado que Deus te mostra.

     Paulo diz que a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação. Não dá para ser evangelho sem essa sequência: (1) tristeza segundo Deus; (2) arrependimento do pecado; (3) salvação.

     Não há como instrumentalizar o evangelho. Não há como aparelhar ideologicamente o evagelho. Ou ele é dado por Deus ao homem, pressupondo consciência do pecado, ou nada.

      Não é evangelho. Não implica arrependimento. Não traz salvação. Não há como encontrar Jesus e sair o mesmo do encontro.

      Não dá para encontrar Jesus e sair sem renunciar a si mesmo. Sem perder a própria vida, para ganhá-la nova e transformada em Jesus.
     

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Cenáculo 2

          Claro que igreja também acontece entre quatro paredes. O cenáculo é lugar de encontro. Jesus priorizava o encontro.

        À beira mar, providenciem um barquinho. Precisam ouvir o que tenho a dizer. Vamos sentar aqui mesmo, na relva, aquietem-se a vamos ouvir.

      Lucas diz que a agenda de Jesus, na última semana de vida, era pernoitar no Monte das Oliveiras e reunir-se, durante o dia, nas varandas do templo, para ensinar.

      Vocação para o encontro. Vocação para a palavra. Vocação para o ensino. Mestre, chamavam-no. Essa é a mesma vocação da igreja. No cenáculo. Pelo menos, deveria ser.

         É claro que deve existir um equilíbrio inteligente entre fora e dentro das paredes do cenáculo. Paulo dizia que sua entrada entre os tessalonicenses repercutia positivamente.

        De vós repercutiu a palavra por todo lado. E nem internet havia naquele tempo. Paulo chamou isso de "operosidade da fé". Juntou a abnegação do amor e a firmeza da esperança em Jesus.

      Em Atos, Lucas destaca que "em cada alma havia temor". Esses elementos da fé precisam estar, permanentemente, presentes na vida da igreja.

      Esse é o equilíbrio certo entre dentro e fora do cenáculo. As reuniões do povo de Deus precisam estar afinadas com o que vai em curso lá fora.

      Somente assim a presença profética se fará decisiva. Somente assim a presença da igreja será escatológica. Paulo dizia aos crentes de Corinto: "principalmente que profetizeis".

      Quem é a voz da igreja hoje? A quem delegamos autorização para falar em nosso nome? Que mensagem Jesus nos mandou, delegou e autorizou anunciar em nome dEle?

       Precisamos discutir isso no cenáculo, para corrigir, de modo permanente, nosso rumo lá fora.
     



     
   
 

Cenáculo 1

         Jesus deveria trazer consigo já o nome desse amigo que haveria de preparar o cômodo onde se reuniria, pela última vez, com os discípulos.

      Quando lemos o texto que prediz o cenáculo mobiliado e o burrinho já predisposto para a última entrada em Jerusalém, já adiantamos algo sobrenatural.

      Nem precisava, porque Jesus tinha, e ainda tem hoje, muitos amigos anônimos, gente não declarada e até não religiosa que se prende a ele com profunda afeição.

      Jesus antevia aquela última reunião. Num sentido, primeira reunião. Todas as seguintes seriam sem/com ele. A igreja é uma reunião sem/com Jesus.

     Por isso esse permanente afã escatológico. Jesus está/não está entre nós. Apocalipse refere-se a Jesus como aquele-que-é-era-há-de-vir. Tudo junto.

      A igreja, reunida a cada e em cada cenáculo vive no mundo presença/não presença de Jesus. Ele está/não está. Ponha a cara para fora da janela. Olhe esse dia que se inicia.

      Viu? Saia, agora, porta afora. Saiu? Pode ser o último dia. Jesus está às portas. Se não for hoje, ao entardecer, que deve descer calmo, anunciando o fim, calma, fim do dia.

     Durma, descanse, mas em prontidão. Porque amanhã pode ser o último dia. E se não for, continue vivendo essa expectativa: a cada dia mais próximos estamos da vinda definitiva de Jesus.

     A igreja do cenáculo vive essa expectativa, de Jesus estar/não estar. Ela prenuncia essa volta. Enquanto isso, no mundo, principalmente para fora da porta, mostra a cara de Jesus.

     Quem olhar na sua cara, veja Jesus. Quem sentir o seu perfume, cheire a Jesus. Quem sondar seu sentimento, tende em vós o mesmo sentimento que houve/há em Jesus.