sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Pastoral

    Fim de ano

   Vem com o kit começo de ano. É aquela época em que a gente tenta fazer um back up e, ao mesmo tempo, votos de mudanças.

    Bem, para quem experimenta, de modo genuíno, o evangelho em sua vida, ele significa mesmo renovação. Evangelho autêntico é renovação.

    No conjunto das chamadas "cartas da prisão", que envolvem Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon, tomadas em seu conjunto, Paulo define essa feição renovadora do evangelho.

    Em Colossenses, afirma que, em Cristo habita, corporalmente, toda a plenitude de Deus. Para logo depois dizer que seu ministério é formar Cristo em nós.

    Já havia dito, aos Efésios, que orava para que pudéssemos compreender, abarcar o amor de Deus que, por sua vez, excede todo o entendimento. Mas é urgente, para nós, ser tomados pela plenitude de Deus.

    E aos Filipenses, exorta que tenhamos em nós o sentimento de Cristo. E que isso não é declarar-se, de si mesmos, perfeitos mas, ao contrário, dar sinais evidentes de busca contínua por perfeição.

    E a Filemon demonstra, nessa curta epístola, o que Oseias, profeta do AT, quis dizer com "cordas de amor". Paulo enleia, quer dizer, amarra seu destinatário de um jeito, que não lhe deixa saída, senão o amor.

     Tateando, assim, termo de um sermão de Paulo, garimpando textos e estruturas de raciocínio da Bíblia é que vamos, de ano a ano, pondo fim e, ao mesmo tempo, recomeçando.

     Opera em nós o poder de Deus. Aos Filipenses, Paulo também diz que Deus opera em nós o querer e o realizar, segundo a sua vontade. E que vai completar, em nós, a obra que começou.

     Aos Efésios, diz que é por meio do Espírito que Cristo habita em nós, tornando possível que o amor de Deus esteja presente e agente em nossa vida. 

     E aos Colossenses que, se recebermos, de verdade, Jesus, nele devemos andar, radicados, edificados e confirmados na fé, tal como fomos instruídos, crescendo em ações de graça.

    E como o apóstolo mesmo disse a Filemon, podemos encarar tudo isso como um mandamento, que vai parecer imposição, como quando Jesus mencionou "amor" como mandamento.

      Ou considerar tudo isso como voluntário em nossa vida, resultado do exercício de nossa preferência pelo que Deus aspira a exercer em nós. Parceiros com Ele, cooperadores, como Paulo diz em outra carta, desta vez aos Coríntios 2.

      Escolhamos experimentar o poder renovador do evangelho. Não somente, de modo artificial, na euforia da queima dos fogos, mas real e continuamente dia a dia.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Pastoral

Natal

    Tenho que escrever. Vou tentar fugir do comum, do tipo "são tantas emoções, bicho". Todo mundo tem coisas a lembrar sobre o Natal, de um jeito ou de outro.

    São muitos e são um. Bem, nos últimos 23 deles estabelecemos uma tensão entre Natal/Ano Bom, quer dizer, Ano Novo, por causa dos 4.100 km entre Rio, onde está toda a família, e Rio Branco, terra por adoção.

      Natal comércio, festa e fonte bíblica costumam se misturar. Claro que a fonte de tudo é o presépio que Lucas descreve na Bíblia. Mas espraiado o significado, virou troca de presentes, euforia e cheiro de feriado e reveillon.

       Lá se vão meus Natais da infância, sempre associados à igreja, ensaios de cânticos de época e das pecinhas teatrais sobre pastores, reis magos, José, Maria e o menino.

      Veio à memória um micão, bem assinalado o ano, 1980, conta redonda, Natal meu como estagiário na Igreja Congregacional do Largo do Barradas, Niterói, RJ. Uma tal peça de um tal sapateiro, nunca vi antes, sem fala, mimética, eu como protagonista.

     Não deu certo. Houve uma entrada extra de um "salvador da pátria", nada a ver com Jesus, para transformar o enredo, criando ação, mudando o foco para a comédia.

     Fora esse Natal, se voltamos o foco para as reuniões de família, duas citadas como simbólicas, no Meier, as do Ap de Dorcas, mesa lauta,  quer dizer, farta, decoradíssima, sortida, cheia de capricho.

      Na casa de Lourdes, desde o Ap do Cachambi, a mesma mesa, quanta saudade, passando pelo Ap da Venceslau e esticando até Teresópolis. Em certo Natal, fizemos Rio Branco-4 dias de estrada-Méier-Teresópolis, para comemorar o Natal todos juntos.

     Natais recentes em Rio Branco, nos anos iniciais. Sendo de igreja, Natal e Culto de Vigília são extensão um do outro: sempre estamos pela igreja. Aqui no Acre, já dissemos, mais de 20 anos, mas destacamos um dos primeiros, pela perda coletiva do salpicão, azedado por causa do calor típico de época.

     Natais. Natal. Espírito de época. Desde crianças, quando nossa expectativa era o presente. Há uma certa nota muito particular e individual nessas memórias, porque há quem para quem nunca foi Natal.

     Ou o que viu de Natal, nos outros, reprimiu o que nele nunca foi sinal de alegria. Pobreza, por exemplo. Meu pai, 1949, em Nilópolis, viu mesa farta na casa de Eunice, minha avó. Dorcas esclareceu que, com emprego de Merinho, Ebinho e Maninha, deu para remediar.

      E Tula pôde fritar umas rabanadas (paridas, aqui no Acre) a mais. Mesmo sendo filho de casal de poucas posses financeiras, ainda assim vi primos, ora, parentes próximos, com menos posses ainda na comemoração do Natal.

     Portanto, que Natal? O do presépio de Lucas? Não tem nada a ver com dinheiro o dar presentes. A não ser para dizer que Jesus é o maior presente. Mas nasceu entre pobres e ainda rejeitado, duplamente: não havia dinheiro com José e Maria para bancar uma estalagem e não havia lugar específico e preparado nem para o parto espontâneo.

       Maior dádiva versus maior rejeição. No lugar onde Jesus nasceu, fedia a cheiro de bicho: por isso, puseram o bebê numa manjedoura, envolto em panos. Radical o sentido do Natal.

      Riqueza, para Deus, definitivamente não tem o mesmo sentido de riqueza para os homens. Maior presente, Jesus, ou é aceito de uma vez, identidade completa, ou é rejeitado de uma vez, sem meios termos.

           Hoje, na rua, dei com um bêbado antecipando sua comemoração. Atarrachava com muito cuidado a tampinha do prático bujãozinho de cachaça. Já vi em prateleira de supermercado. Nada contra beber, embora eu mesmo não ingira álcool. Algo muito pessoal, porque o próprio Jesus bebia e, pelo menos uma vez, transformou água em vinho.

         O problema não é ingerir/não ingerir álcool. É rejeitar/não rejeitar Jesus. Mas se você vai rejeitar Jesus, esteja bem lúcido hoje. Desatarrache a tampinha, beba seu gole, faça a clássica careta e, depois, cuspa para os lados. Mas entenda uma coisa: sorver cachaça nada tem a ver com sorver rejeição. Ah, sim: não esqueça, antes, de derramar uma para o santo.


      Feliz Natal.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Pastoral

        Restante de sermão. Sabe quando o pastor percebe que faltou dizer algo no sermão de domingo?

       Segue aqui. A oração de louvor de Simeão a Deus, por ter pegado no colo o bebê Jesus, é uma profecia.

      Profecia é uma oração que deu certo. A gente queria que toda oração nossa fosse ouvida e Deus fosse como o "gênio da lâmpada", com uma diferença: infinitos desejos satisfeitos.

       Isso mesmo. Somos egoístas a ponto de achar que Deus deveria estar a nosso serviço, ao nosso dispor, para satisfazer todos e quaisquer nossos caprichos.

      Mas profecia tem efeito coletivo. É bênção individual, também, mas de efeito comum. Igual na trindade: Deus é de identidade própria, ao mesmo tempo um e(em) três.

     Não existe profecia individualista. O que mais o pessoal corre atrás é dizer, como Esaú ao pai dele, não tem uma bênção aí para mim não?

     Primeiro, ele não considerou santo o que Deus santificara. Tentou ser mais malandro do que Jacó, o irmão que, desde o nascimento, literalmente "pegava no seu pé".

     Malandro e mané, como diz o sambista. Não queira ser malandro com Deus. Não fique alugando quem te forneça profecias por encomenda.

      Olhe à volta e se firme nas autênticas. A Bíblia está cheia delas. São tão poderosas, em Deus, que até corrigem nossa tendência de buscar, no varejo, um "horóscopo gospel".

    Ensinam a pensar como Deus pensa, vivermos como Ele requer e testemunhar segundo nossa missão no mundo. Para com essa mania de querer prever o futuro ou achar que Deus está a seu serviço.

     Jacó disse para Esaú que carestia, guerras e servidão estavam reservadas para ele como bênção. Paulo disse que naufragou, foi assaltado, levou mais de 100 açoites e, pior, foi acuado por falsos irmãos várias vezes. Tudo bênção. Quer essas?

      Larga essa ideia de mercado. Olho aberto nas profecias, mas nas autênticas. Falsos profetas (até os bens intencionados e até bem apessoados) existem aos montes.

     Se liga, meu irmão, na verdade. Exercício para casa: anotar, na profecia de Simeão (Lc 2,29-35), itens que são individuais/coletivos para os que creem. Até bênçãos para quem ainda não creu. Todos garantidos por autenticidade.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Pastoral

      Olá, realidade

      Costuma-se dizê-la nua e crua. Rima e assonância propositais, assim como o sentido, ajustados a definir realidade como um surto.

      Seria projeção de outra realidade, digamos, virtual, como está na moda, algo como o "mito da caverna", segundo a filosofia, ou predestinação, pelo lado, digamos, teológico?

      Mito da caverna é a história que Platão contava, de que não há originalidade no mundo, tudo trazemos de uma experiência-matriz anterior. Quase uma espécie de reencarnação.

      Ou mesmo encarnação, porém com cartas marcadas. Quanto à outra posição mencionada, a teológica, ironicamente aqui chamada, é que, de antemão, Deus definiu tudo, bom para uns, ruim para outros, não dá pra mudar a regra no meio do jogo (da vida).

      Chico já dizia "a gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá. Roda mundo, roda-gigante, rodamoinho, roda pião. O tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração".

       Escolhas também desenham a realidade. Racionalizações tornam más escolhas falso brilhante, deformando o caráter. Escolhas certas moldam caráter. Opções acertadas no que é essencial marcam positivamente.

      Enfim, a realidade se impõe, sou joguete dentro dela ou tenho capacidade real de escolha? Sou produto do meio até onde (ou quando)? Minha personalidade é rascunho ou desenho original?

       Será que a realidade se define no encontro com Deus? Sim? Mas quem não crê nEle? Estão fora da realidade, expressão tão usualmente citada por meu pai?

       Se caíram as máscaras, se realmente nus e fora do paraíso, está aí o batismo no real. Quando nos vemos nesse espelho, temos um encontro conosco mesmos e com Deus, não necessariamente nessa ordem.

      Jesus disse "examinais as Escrituras", desejando sondar seus mistérios. E ele disse ainda "pois são elas que testificam de min, contudo, não quereis vir a mim para terdes vida".

      Choque de realidade. A partir desse clamor, ó, Pai, implanta Tua vida em mim, aprendemos a filtrar ilusão e realidade, fantasia e roda viva. Passamos a ter voz ativa e no nosso destino mandar.

       Mas olha, cuidado para não abusar de sua autonomia. Seja humilde e considere no que Deus te tem a dizer. Encontrou-se, mesmo, com Ele? Encontrar-se conosco é a essência dEle.

      Caso sim, caminhe com Ele. Enoque andou com ele e já não era. Sem andar com Ele, já era (não resisti ao trocadilho). Mas não espere que, com você, ocorra o mesmo.

       Não quer dizer que, com quem anda com Deus, vai ocorrer igual. Não é essa a leitura. A leitura é ande com Deus. Parceria com ele, doce realidade. Ou que adjetivo apor?

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Pastoral

     Viagens

     É costume nosso, entre nós evangélicos, escolher Paulo Apóstolo como modelo. Aliás, ele mesmo propõe isto em uma de suas cartas.

      "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo". Esse "como" pode ser trocado por "quando", porque Paulo (nem ninguém) imita Cristo 100% do tempo.

      Mas podemos definir vida cristã, por esse aspecto: contínua tentativa de imitar Cristo. Neste caso de Paulo, por exemplo, pastor e missionário, tentar imitá-lo.

        Ele, na carta 2 aos Coríntios, comenta sobre o modo como toma decisões. Diz que, ao deliberar, procura evitar nele, ao mesmo tempo, sim/não, devo/não devo, vou/não vou (2 Co 1,15-20).

       E fala ali sobre viagens. Como a viagem que fizemos recentemente a Manaus. Estamos ainda sob efeito dela. Desde a decisão, passando pelo percurso, contatos e missão, doce acolhida, retorno em segurança.

      Viagem tem a ver com visão. Expande a visão. Contatos permitem conhecer novas realidades. Modos diversos pelos quais Deus opera. E o efeito disso na vida de obreiros e do povo em geral.

       E nos enche de esperança. Renova nosso modo de enxergar realidades e necessidades do Reino. A gente vê nos Evangelhos Jesus em constante mudança. Sua visão, seu empenho e seu percurso.

      A prioridade de Jesus são as pessoas. Se ele percorria o entorno do Mar da Galileia que, de tão pequeno se chama "mar", visava pessoas. Pegadas e percurso atrás de pessoas.

       Fomos empossar um pastor e consagrar outro por ordenação. Focamos tanto o obreiro mais experiente, quanto o mais novato. E nos vimos neles.

      São duas pessoas como dádiva para outras pessoas e, se vão imitar Jesus, é para dizer como Paulo: "Ei, imitem a mim, como eu imito Cristo". É o resumo do ministério. Mas não é tão simples pôr em prática como dizer aqui.

      Mas é necessário, é vital pôr em prática. Na casa do calejado missionário mergulhamos na família. Imersão. Pelo menos nessa hora, somos imersionistas. Ha ha ha.

      Exposição. Vida ministerial, como diz Paulo, é pura mídia: "...pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens", 1 Co 4,9b. Mídia dos calos, cicatrizes e modelo permanente.

      Jesus focava em pessoas. Não passamos de pessoas. Ministros são pessoas que Deus chama e usa como cobaias do que Cristo deseja fazer no mundo.

     As pisadas são dele. Precisamos seguir nelas, porque quem vem após nós deseja saber onde pisar. Por isso Deus disse a Josué que orientasse o povo em "tudo" o que estivesse nas Escrituras.

      E que não houvesse nenhum desvio, à direita ou à esquerda. Há um hino de Steev Green que diz "somos peregrinos na jornada numa estrada estreita".

      No refrão ele diz "oh, mas que os que vêm atrás nos encontrem fidedignos, que a luz de nossa dedicação ilumine o caminho deles e as pegadas que deixamos marquem sua fé e sirvam de exortação a que obedeçam". <https://m.youtube.com/
watch?v=grzEojmkL7w>

      Nem sim, nem não: em Jesus, o Amém. O Amém de todas as decisões. A imitação de Jesus. Como cobaias dedicadas a pessoas.

   

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Pastoral

    Fora do paraíso

    Fico imaginando a primeira noite de Adão e Eva fora do paraíso. Devem ter perdido o sono e, quando acordaram, enfrentaram a dura realidade.

    É certo que natureza esbelta, à volta, mesmo fora do paraíso, havia. Alguma coisa começava a ficar mais hostil, sem dúvida, no reino animal no entorno.

    Anteriormente o homem dera nome a cada animal. Provavelmente numa relação de confiança. Agora, não havia confiança entre o casal e, muito menos, com relação a Deus.

     A dúvida foi posta no coação do homem. Sempre teria dúvida se seria vantajoso obedecer a Deus. Adão continuaria a culpar sua esposa? Insistiria na injustiça de atribuir somente a ela um erro que foi de ambos?

      E Eva continuaria, solitariamente, culpando-se a si mesma por não ter deduzido a tempo que estava sendo enganada pela serpente?

      Tornou-se mulher de oração. Pelo menos, era assim que recebia e devolvia a Deus, como Ana fez com Samuel, séculos depois, os filhos que nasciam.

     Gozado que, o único por quem não orou, foi o convertido, Abel, assassinado por Caim. Não sei se estou certo porque, somente após o nascimento do neto Enos, filho de Sete, pelo qual também Eva orou, é que lemos que iniciou-se a busca pelo Senhor.

      Nenhum homem da família, até esse neto, muito provavelmente evangelizado pela avó, havia buscado a presença do Senhor em sua vida. Será que Adão nutria por Deus mágoa tão profunda, por terem sido expulsos do Jardim e, ainda, Deus ter colocado um vigia que impedia a volta?

      Mágoa acentuada na morte de Abel. Adão deveria ter se perguntado para que servia a fé num Deus que não livra o justo de ser assassinado pelo ímpio.

      Muito embora Deus não tenha nada a ver com isso. Mesmo porque advertiu o ímpio que dominasse a si próprio. E ímpio todos somos. Abel foi um ímpio que ouviu de Deus o mesmo que o irmão.

     Deus, um dia, também disse a Abel, "o teu desejo é contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo". Abel atendeu à voz de Deus. Abel foi um Caim que deu certo. Porque obedeceu à Deus.

     O primeiro casal conviveu, durante sua vida, com o estigma de se jujgar a si mesmo culpados por tudo de ruim que se desencadeou. Nós vivemos por culpá-los. Erro deles e nosso.

      E erro igual. Não dá para voltar atrás, sem assumir a própria responsabilidade. Um dos principais desvios de personalidade do ser humano é não assumir as escolhas que faz.

     A tendência é supor que a culpa é sempre do outro. Isso faz o homem, que sempre se acovarda, como Adão fez, tentando isentar-se da culpa: a mulher que tu me deste. Covarde. Assuma a culpa. Seja homem.

      Todos pecaram. A culpa de Adão é dele. Custou mais a admitir. A culpa de Eva é dela. Compreendeu mais rápido do que o marido. A culpa de Caim é dele. Não assumiu, mas Deus lhe concedeu invulnerabilidade: quem mexer com você, Caim, mexe comigo sete vezes mais, Deus disse.

     Abel, mesmo depois de morto, como menciona o autor de Hebreus, ainda fala. Fala que é possível a qualquer um(a) atender a voz de Deus, como ele, para que possa dominar a si mesmo.

        Assumir a própria culpa, admitir de Deus que tem em si um desejo contra si, contra o outro, enfim, contra Deus. E que, para isso, só existe um remédio, que é atender à voz de Deus.





Pastoral

    Dia da Bíblia

      Em que sentindo? Sim, porque exatamente este é o ponto nevrálgico: o sentido. O sentido da Bíblia, o sentido do texto e o sentido do dia.

      Foi escrita para todos. Pescadores, discípulos de um filho adotivo de carpinteiro, escreveram. Também doutoures escreveram. Não do tipo empavonado, como aquele que quis discutir sobre amor com Jesus.

     Profetas escreveram. E quem sabe alguma mulher, visto que há autoria anônima. Por que não? Vai ver que é por isso que é anônima: o preconceito milenar contra elas prevaleceu.

         Pode ser que algumas delas tenham escrito trechos de Cantares, por exemplo. Porque já sabemos que elas foram inspiração para Salomão. Basta ler o chamado "Cântico dos cânticos", para saber que vida, com poesia, precisa de mulher.  

      Outra coisa é compreender a Bíblia. Outra, ainda, apoderar-se dela como se fossem donos. Tendo o apelido (não depreciativo) de "Palavra de Deus", é necessário garimpar nela o que Deus diz.

      Porque há muito do homem nela. Assassinato de irmão, por exemplo, é coisa de homem. Alguém pode até perguntar, então, onde está nisso a palavra de Deus?

      Ora, está na advertência ao assassino, antes do assassinato: "Por que descaiu (pelo ódio) o teu semblante? O teu desejo é contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo". Não dominou. Aprendemos que nosso desejo é contra Deus, contra nós e contra o próximo, tudo ao mesmo tempo.

        Tem de tudo, na Bíblia, como marca do humano: profeta falso, juíz (e magistrado) corrupto, rei déspota (esclarecido ou não), genocídio, tortura e até estupro coletivo (praticado por judeus, ora vejam só).

        Muitas marcas do humano há na Bíblia. A mais característica delas é exatamente não ouvir a palavra de Deus. Na Bíblia, ela está tão acessível e tão misturada às coisas do homem que, às vezes, dão-se desculpas por não se entender.

       Quem escreveu é gente como nós. Texto e livro têm sua história, que se mistura à nossa. Senão, seria incompreensível. Há quem finja, de má vontade, não entendê-la e, hoje em dia, está na moda dizer que a querem impor a outrem.

      Nem uma coisa, nem outra. Tanto a história da composição da Bíblia, palavra de Deus, de uma vez por todas dada aos homens, quanto sua compreensão e aceitabilidade são ampla e totalmente voluntárias.

      Se você não quiser atender à palavra de Deus, assuma isto. Mas não me venha tentar distorcer o texto ao seu bel prazer. Faça-me o favor: acate a palavra ou rejeite-a, frio ou quente. Requentar a Bíblia, provoca vômito.

        O Dia da Bíblia deveria ser para vestirmos a carapuça, como evangélicos, que ela se tornou, para nós, língua estranha. Meu pai dizia: "Estou falando grego?", quando eu ouvia, mas não atendia à palavra dele.

      Por ironia, a Bíblia é grego, no NT, e hebraico/aramaico (90/10 %, de uma e de outra), no AT. Mas chega às nossas mãos "mastigadinha", traduzida e atualizada, em variados tipos de linguagem e suportes (smartphone, digitalizada, áudio e vídeo etc).

       Sem desculpas. A igreja estabelecida tem envergonhado seu nome, quando aparece na mídia, exatamente por não apresentar, como identidade, a mensagem do Livro.

      Paulo diz a Timóteo, "prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina".

       As palavras acima mais atrevidas são quase todas, com altíssimo índice de rejeição na sociedade atual. "Pregar", politicamente incorreto (claro, se for Bíblia: proselitismo e doutrinação de outras ideologias pode).

      "Insta", insistir? Viola a liberdade alheia. Mais ainda se for inoportuno. Corrigir (quem quer ser corrigido?), repreender e exortar, meio fora de moda e propósito. E quando se fala em "doutrina", ha ha ha ha ha, cinco vezes: cada um quer estabelecer a sua.

       Dia da Bíblia. Todo dia é dia da Bíblia. Por falar nela, apreciei muito a versão mais recente da SBB: sua divisão em blocos de sentido apressam a leitura, auxiliam na transição de ideias e aproximam mais da sensação de diálogo com o texto (e seu Autor).

      Pra encerrar, fiquemos com essa apreciação de um salmista anônimo: Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
                                              Salmo 1,1-2.

        Dia da Bíblia: todo dia, dia e noite.


      

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Pastoral

     "Porque a ardente expectação da criação espera a manifestação dos filhos de Deus". Romanos 8,19.

      Desde a queda, no início da Criação, esta sofre com o desmando da história humana no planeta.

      Uma vez criado, foi dada ao homem a responsabilidade de preservação do meio ambiente. Como parte integrante da natureza, precisa saber que, se a destrói, destrói a si mesmo junto com ela.

      Mas a própria manifestação do pecado na vida humana, como denuncia a Bíblia (e somente ela diz isso), o ser humano, por si, não tem como admitir e nem como pôr freio no seu instinto autodestrutivo.

     A própria salvação do homem, como a Bíblia a define, está associada à salvação da natureza como um todo. Por exemplo, até para ocupar o solo, Deus instruiu o ser humano a espalhar-se na superfície terrestre, usando com inteligência seus recursos.

      Mas o homem resolveu concentrar-se em cidades e, por meio delas, estabelecer todas as raízes de conflitos, decidindo-se "dono do pedaço" e, por definição, contra os outros donos.

      E ainda assinala a si próprio construir uma torre que projete seu nome, típico nas cidades modernas, como foram as duas derrubadas nos EUA em 2001.

      Nada contra construir torres. Embora sejam resquício de vaidade humana, dinheiro que poderia ser aplicado em outras carências mais urgentes.

     O problema é a vaidade humana, que não leva a nada, assim como sua capacidade de não atinar com o que seria essencial para a vida e preservação do meio ambiente.

     E, por fim, a invenção humana de a tudo atribuir valor monetário e, por meio de seu acúmulo, agora sim, projetar seu próprio ego, lançando a humanidade num abismo sem retorno.

        Mais se tem e quanto mais, mais se quer, sem escrúpulos, independentemente de que sejam esgotadas todas as reservas do planeta, haja contínua promoção de desigualdades sociais irreversíveis e se torne inviável a continuidade de vida na Terra.

      A doença está contida no ser humano, homem e mulher. Não têm como conter sua gana. Estamos condenados à extinção. A não ser que haja intervenção externa.

      Não virá de outros planetas, mas Deus já a promoveu. Só que não foi e nunca será imposta. A intervenção de Deus é gesto próprio de amor, que deve ser acolhido voluntariamente. E quem acolher, será curado.

     A restauração da Criação depende de ação divina, que já se deu por meio de Jesus. Ele salva o ser humano, quando este crê, assim como o planeta será salvo.

     Bem provável que a influência positiva dos filhos de Deus nunca desperte o senso crítico da maioria. Assim como não será valorizada.

     É necessário que os filhos de Deus, regenerados, também se tornem regeneradores. Que deles provenham as iniciativas para a preservação do planeta, desde os pequenos detalhes.

      Que sejam exemplo profético da salvação, em todos os sentidos, proposta por Deus que, não somente com relação ao indivíduo, mas também incluindo a natureza, reintegra com ela quem deveria, por vocação primordial, preservá-la.


Memorial atual

Torres em construção
1971

Vista da Estátua da Liberdade
maio de 2001

Vista em 11 de setembro de
2001

Antes da construção
1936

Março de 2001

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Pastoral

      História de amor

         Se houvesse um limite ao amor, não seria. É mesmo incompreensível o amor de Deus. Porque não é seletivo. Inclui todos.

       Por isso, achamo-lo vulgar, sem requinte, como o nosso. Coitados de nós. A Bíblia chama nossa justiça "trapo de imundícia". Nem sei como chamaria nosso "amor".

      Não existe amor no homem. Ou Deus amou o mundo, de tal maneira, ou nem existe amor. Não há limites para o amor de Deus.

      Indistintamente ama. Nem o pecado é limite ao amor de Deus. O amor de Deus é maior do que o pecado. Aliás, todos pecaram. Se Deus não amasse pecadores, não teria quem amar.

      Sua glória não seria manifesta nos céus, às criaturas de lá. Seria um Deus sem identidade, seria um Deus sem nome.
   
     Guia-nos pelas veredas da justiça, por amor do Seu nome. A maldade humana não é limite para o amor de Deus. O amor de Deus pretende guiar-nos por veredas de justiça.

       E a prova do amor de Deus é ter dado Seu filho. Não haveria amor se esta história fosse falsa. Não há outra maneira de amar. Se você não acredita nessa história, mesmo assim seja grato a Deus.

      Porque se você ama, é por Deus que ama. NEle vivemos, movemo-nos e existimos. Até um ateu precisa brigar contra si mesmo para não experimentar amor.

     Até maior do que a fé é o amor. Se você espera vingança, Deus derrama Sua graça. O pecado se plenifica, a graça transborda sobre ele. Não há obstáculo nenhum ao amor de Deus.

     Agradeça a Deus. Louve-O pelo amor que derramou sobre sua vida. Ainda que você nem creia em Deus. Há amor em sua vida? Procede de Deus.

     Vá lá fora e grite que Ele não existe. Talvez até você mesmo acredite nisso. Se não, grite no íntimo, bem fundo em você mesmo. Achas ridícula a sugestão?

     Deve ser. Ele não existe mesmo, não é mesmo? Ainda que você não creia, duas coisas: Ele te ouve, Ele te ama. Pela liberdade que te deu, você é o único que pode impor barreira o amor.

      Lute muito contra isso. Perdeu.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Pastoral

     Fé - sentido prático

     Absolutamente individual e intransferível, faz sentido para quem nutre. Besteira você zombar da fé dos outros.

     Você não tem nada a ver com isso. Crê, problema dele; não crê, problema seu. Fé, por si, não muda fatos.

      Fatos são dados independentes de fé. Se Deus existe, crendo-se nisso ou não, indiferente.

     Minha crença em Deus não muda o fato. A descrença do outro, também não afeta. Fé  só diz respeito a quem tem ou deixa de ter.

      É fato de que a Bíblia diz "sem fé, é impossível agradar a Deus". Mas Deus não depende da fé: nós é que dela dependemos. E dEle também.

      Existem, pelo menos, dois tipos de fé: essa que agrada a Deus e aquela que Tiago menciona, típica dos demônios: creem e estremecem.

       Donde se deduz que apenas crer que Deus existe, de nada adianta. Logo, percebe-se que ter fé, unilateralmente, pode até ser coerente, prudente e inteligente: mas pode ainda não produzir nenhum resultado prático, o principal deles, salvação do mal.

     Pretensão do ser humano querer, por seu próprio método, provar que Deus existe. Ainda que recorra, suprassumo de sua história e competência, ao método científico.

     Por quê? Por uma razão muito simples: Deus não é objeto de conhecimento. É fonte de todo o conhecimento. Como exara a máxima filosófica: o objeto nunca pergunta ao autor por que o fez assim.

      E mesmo para quem acha que é puro fruto do acaso (ou Acaso), isto é, que o Big Bang, a partir do caos, não teve nenhum Autor, continua sendo, esse que não crê, objeto do acaso e não autor. Então, que estude o Big Bang, mas conhecimento da autoria, nunca caberá no seu apparatus.

      E, para quem acha que o ser humano é o autor de Deus e não Deus o autor do ser humano, dá no mesmo: com fé ou sem fé o ser humano é objeto, seja do acaso ou de Deus.

       Por isso o objeto não pode perguntar por que ao autor. Para quem acha que acaba na morte, tanto para quem acha que na morte não se acaba, crer ou deixar de crer não vai mudar os fatos.

       Para quem crê, a fé constitui-se no veículo preciso de acesso ao Autor. Não há como errar. Para esses, isso muda a condição humana na luta contra o mal.

      Para quem não crê, como diletante, ou para quem administra, consigo mesmo, um conflito de fé, sua luta solitária contra o mal tem, em Deus, uma ajuda anônima, desconhecida e inadmissível.

       Deus não depende de você. Deus não é objeto de estudo. Deus se revela a você, a todos e a qualquer um tornando-se homem, simples assim: Jesus.

       Jesus, sim, é Autor e objeto de fé. Deus em Sua misericórdia torna a Si mesmo objeto de fé para o homem. Glória ao Senhor, Autor da minha fé.


     
     

sábado, 1 de dezembro de 2018

Pastorais

    Pecado

    Polêmica esta definição, para muitos. Fundamental nas definições de conceitos bíblicos.

     O autor de Hebreus se refere ao justo Abel que, mesmo depois de morto, ainda fala.

     Não menciona Caim, seu irmão e assassino. Mas o que Deus disse a este, também grita até hoje: "o desejo do pecado é contra ti, e cumpre a ti dominá-lo".

     Serve indistintamente para todos nós essa afirmativa. Desde essa história do Gênesis, até a cena do Apocalipse, que descreve um "Cordeiro como fora morto", marcas e definições de pecado perpassam o texto bíblico.

      São listas e mais listas de atitudes, práticas e conceitos aos quais homens e mulheres, por não atender a advertência feita a Caim, deixam-se dominar.

     Em Romanos, Paulo os declara cheios de iniquidade, fornicação, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade.

      Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia.

        Há mais listas, algumas exaustivas, outras mais genéricas, nas cartas aos Gálatas, aos Colossenses, a Timóteo, 1 e 2. Seria além de prolixo, também deprimente expor aqui esse rol de vícios humanos de personalidade.

      Aos Gálatas, ao lado do que chama "obras da carne", numa lista incompleta, à qual ele agrega a expressão "outras coisas semelhantes a essas", Paulo apresenta o "fruto de Espírito", no singular.

       Ele deseja, utilizando a palavra "fruto", demonstrar o meio natural pelo qual pode brotar no ser humano, indicando-o unicamente como resultado da ação do Espírito.

     Presos pelas extremidades que são amor e domínio próprio, duas virtudes que, logo se vê, faltaram a Caim, por fechar ouvidos à advertência de Deus e bloquear, em si, ação do Espírito.

     Ódio e incontinência, que levam ao extremo da morte, dominaram-no. Presos a esses dois extremos, amarrados por laços de amor, outras sete características desse único fruto: alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão.

       Antídoto para todas as listas de maldades tão afeitas ao ser humano. Remédio único para sanar do pecado, em todas as suas manifestações.

       Em Cristo somos batizados pelo e no Espírito. Basta reconhecer a aptidão de nossa natureza para tanta maldade. Que Deus vem em nosso socorro com o Seu remédio.

     Planta em nós, Senhor, o fruto do Espírito. Amém.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

    Terapia de Jesus.

     Alguém já escreveu sobre a pedagogia de Jesus. Eu, sem que seja psicólogo, vou arranhar esse tema.

     Na conversa com a mulher enjeitada e rejeitada Jesus, ao mesmo tempo, resgata o valor dela e promove cura interior.

     Primeiro, identifica-se: a carência por água e a possibilidade da mulher o socorrer estabelece necessidade e interdependência entre os dois.

      Conversar aproxima, eliminando as barreiras sociais que pesavam sobre ela. A surpresa pelo acolhimento foi tão grande, que ela chegou a duvidar do óbvio.

      Troca. Jesus tinha o de que ela precisava. Aqui entra o específico de Jesus, de que somente ele pode suprir toda a canseira e frustração humanas.

       Ela era sofredora por diversos aspectos: na intimidade, era objeto de relações fracassadas. Socialmente, oprimida como toda mulher e, ainda, considerada fora do padrão destinado às outras.

      À mediada que a conversa com Jesus avança, ela expõe suas tentativas de buscar remédio. A religião também era, para ela, recurso limitado para a solução que buscava.

      Embora sua religião falasse sobre Deus, estava condicionada à disputa entre grupos que aprisionavam e sufocavam, numa polêmica estéril, o benefício de conforto que atenderia à sede que Jesus identificou.

       Só então a revelação sobre quem Jesus é libertou a mulher de suas amarras. O encontro com Jesus é encontro com Deus e isso supre com todo o alívio a condição humana.

      Mesmo que não admita, a vida sem comunhão com Deus frustra o ser humano. Deus é fonte de vida. Quanto ao homem/mulher, indistintamente, seus erros os consomem e sua finitude os deprime.

        Quando reconciliados com Deus, por meio de Jesus, vêm alívio e remédio para o mal intrínseco. Abre-se o portal da eternidade, a experiência da vida autêntica se plenifica, assim como opera-se a terapia do perdão.

      O encobtro com Jesus é completa terapia. Ou começo dela.
   

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

     
Tela "O grito",
Edvard Münch, 1893

 Grita, sabedoria, grita!

      Como protestantes, realmente fazemos algumas afirmações bastante provocadoras que, por puro capricho da história ainda não nos mergulha mais fundo em maior desagrado para quem nos ouve.

     Costumamos falar da facilidade em se ouvir a voz de Deus. Da facilidade em se falar com Deus. Aliás, vivemos espalhando aos quatro ventos que, todo dia, a toda hora, fazemos isso.

     Como assim? Apontamos logo a Bíblia. Realmente, para uma primeira necessidade, economia de emergência, a Bíblia é um kit de primeiros socorros. Não há como prosseguir, como ela mesma diz, sem fé: "Sem fé, é impossível agradar a Deus".

      Portanto e, principalmente, para nós, protestantes, não dá para avançar, em se falando de Deus, sem Bíblia. Dizemos que seu objetivo, precipuo e óbvio, é garantir salvação.

      Que salvação? É radical. Ela mesma afirma e nós aplicamos a nós mesmos e reproduzimos: morte está associada a pecado. Deus se fez homem, em Jesus Cristo, para salvar a humanidade, homem e mulher, desse destino maldito.

       De cara, então, a Bíblia garante salvação. Veja bem. Ninguém aqui está falando de algo mágico, ora, como uma parcela de gente gosta de acolher: pela mágica sois salvos. E também não se fala, aqui, de mérito ou de obras.

      Duas outras coisas também, muito comumente, aceitas: tenho direito de ter minha religião, escolho meu caminho e chamo de "deus" o que (ou quem) eu quiser. Ou então, dizer, ora, "tem de fazer por onde" para se salvar.

       "Deus disse esforça-te, que eu te ajudarei". Mais ou menos assim. Podes crer, como se diz na gíria antiga, porém, sem apoio nosso, porque não vamos te enganar. A Biblia garante, sim, salvação grátis, mas por um único caminho.

      Não virou bagunça. Não está bagunçado, como muita gente quer e anuncia. Por isso que estão querendo mudar o texto, para que melhor se adapte ao desejo do povo. Ora, não vamos enganar você.

         Está claro na Bíblia o modo como Deus estabeleceu a salvação. Se você quer desacreditar ou bagunçar, problema seu. O essencial está posto. Creia e comunique a Deus sua fé. Ele quer ouvir e confirmar. A partir de então, ouça, permanentemente, Sua voz.

      A Bíblia compara a voz de Deus a uma brisa. O vento do Espírito. Que já ventava na Criação, como explica o Gênesis, o Espírito pairava por sobre as águas do oceano primordial, em absoluta solidão.

    Havia comunhão intrínseca entre a Trindade. Mas o homem não havia sido ainda criado. Ora, pela radicalidade que implica afirmar Deus existe/não existe e, se existe, comunica-se, não dá para negar essa ansiedade e presença do Espírito no homem/mulher.

      E será por voz mansa. Ora, então, por que será que grita? Quantas vozes interiores, ou mesmo de fora para dentro, impedem ouvir a mansa voz do Espírito? "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz à igreja".

       Por que grita? Que sabedoria é essa que grita? Que sensação é essa do grito?

domingo, 11 de novembro de 2018

      No Apocalipse, a primeira visão de João predispõe para todas as outras. Porque autentica o emissor da mensagem do livro, Jesus, e o destinatário da mensagem, as igrejas.

      É evidente que Jesus reúne em si todas as características necessárias para cumprir, em relação às igrejas, o seu papel, por excelência, de sumo pastor.

       Daí em cada carta às 7 igrejas, logo na introdução delas, a citação do atributo específico de Jesus que corresponde às necessitadas flagrantes de cada igreja.

       Conferir essa relação é descobrir aspetos comuns não apenas às sete igrejas, mas às igrejas de todas as épocas, relacionados às capacidades de Jesus, como Senhor da igreja, para a solução dos problemas que elas enfrentam.

        JESUS                     IGREJAS

Conserva nas mãos
as 7 estrelas e anda         ÉFESO
em meio aos 7 can-
deeiros.

Primeiro/Último
         A/Z                        ESMIRNA
 Morto/Reviveu

Espada afiada de
  dois gumes                 PÉRGAMO
 
Olhos como chama
de fogo e pés como        TIATIRA
     bronze polido 

Tem os sete
espíritos e tem              SARDES
as sete estrelas 

     Verdadeira
 chave de Davi,
que abre, ninguem       FILADÉLFIA
 fecha; que se fecha,
   ninguém abre

   Testemunha
verdadeira e princípio   LAODICEIA
da criação de Deus

      E que cada igreja reconheça a avaliação que Jesus dela faz. Que avaliação Jesus faz de sua igreja? Que avaliação Jesus faz de você?

ÉFESO - perda de identidade: uma igreja que abandona o amor, deixa de ser igreja; um crente que perde o amor, nunca teve, provavelmente. Confira a identidade em 1 Jo 4,7-21.

ESMIRNA - tribulação, pobreza e sofrimento, neste mundo, enfim, total inconformismo a ele estão associados à identidade da igreja e do crente. É um grau de tribulação a enfrentar, como diz Tiago 1,2-4.

PÉRGAMO - para testemunhar a palavra de Jesus no mundo, com autenticidade, sempre vamos enfrentar oposição, perseguição e até risco de morte: 1 Tm 3,12.

TIATIRA - precisamos conferir doutrinas e os estilos de vida que nos recomendam, diante de Deus: devem ser postos à prova por meio da Bíblia, testando a capacidade de distinguir o falso ou aparentemente verdadeiro. Veja Cl 2,14-19.

SARDES - somente Jesus tem a capacidade de conhecer a diferença entre igreja viva/morta, entre ser verdadeiramente crente ou não. Nunca é tarde para saber. 2 Co 13,5.

FILADÉLFIA - pouca força própria, toda força no Senhor; autenticidade no testemunho; guardar a palavra e não negar o nome de Jesus é o que mantém uma porta aberta que nunca será fechada. Mt 16,18-19.

LAODICEIA - uma igreja na qual seus crentes fizeram a escolha ao inverso: não era aquela riqueza, nem roupa e nem óculos que permitiam enxergar o reino. João 3,3.

       Bom exercício fazer esta relação entre a capacidade de Jesus para conhecer cada problema de cada igreja e Sua única condição de resolvê-los.

      Isso nos alerta para avaliamos nossa condição como crentes e nos colocarmos, com seriedade, diante de Jesus, para que ocorra o nosso aperfeiçoamento. Fp 3,12-16.


Todos os dias são domingo

           Ora, hoje é domingo. Quantos domingos já vivi? Desde que me lembro, domingo, para mim, é dia de igreja.

     Minha mãe conta que me trocava as fraldas, aquelas mesmas, de pano, ainda, nos bancos da Igreja Congregacional de Nilópolis.

      Todo domingo ela ia e, desde recém-nascido me conduzia à igreja.  Que valor isso tinha? Que valor isso tem? Que valor isso terá?

      Tinha, no tempo de minha mãe, muito valor. Por isso ela achava muito importante transmitir isso para mim. Mas, daquele tempo para cá, o valor da ida à igreja, aos domingos, decaiu.

      O valor que isso tem precisa ser resgatado. Às vezes empurramos aos outros ou avaliamos "igreja" como algo fora de nós, como se fosse um programa de shopping, de fim de semana, de que gostamos ou não.

       O valor que terá é voltarmos à Bíblia e ao interesse de aprender dela todos os domingos, contarmos nossos hinos e reencontrar os irmãos na igreja.

      Santa rotina. Se nós mesmos não enterdermos que o valor da igreja existe na proporção do valor que nós mesmos atribuímos, vamos continuar desprezando-a e não a  colocando como prioridade em nossa agenda.

      Igreja é o que a Bíblia define que ela é: cada um de nós, como pedras que vivem, edificados sobre a rocha que é Jesus. Pedras que vivem, aprendeu Pedro e escreveu em sua carta, 1 Pedro 2,1-10.

      Vá lá, agora, pegue sua Bíblia e leia este texto. Feche-a e ore, agradecendo a Deus porque você é pedra edificada sobre Jesus. E esse ajuste de pedra a pedra forma o altar, edifício de Deus, casa do Espírito Santo dedicado ao Senhor.

      E não deixe de estar hoje, a partir das 18h, em sua igreja.
   
   

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

     Que evangelho?

     Perguntamos por qual evangelho. Paulo dizia aos gálatas que estavam passando para outro. Nada. Só existe um evangelho.

     E como disse Judas, de uma vez por todas dado aos homens (e mulheres). Portanto, não é coisa de anjo. Mas é coisa de Deus.

     Marcos diz que Jesus, no ponto de partida de seu ministério, saiu pregando (1) arrependei-vos e (2) crede no evangelho.

     Amor, para Deus, é incondicional, contanto que haja arrependimento e fé no evangelho. Evangelho de cada um, ao gosto de todos, ou um e qual evangelho?

       No encontro com Jesus, pelo chamado ao evangelho, desse encontro ninguém sai mais o mesmo. A Bíblia não condiciona, necessariamente, a um código qualquer religioso essa mudança.

      Muito mais do que religião. O jovem rico saiu triste do encontro com Jesus, porque não entendeu que precisava perder tudo. E Jesus o amou. Mas ele rejeitou Jesus e seu amor.

      Jesus aponta para a perda total. Sem renúncia a si mesmo e sem renúncia a tudo, não há evangelho e não há conversão. Não há como optar pelo evangelho e continuar o(a) mesmo(a).

      Profunda convicção de pecado. Nunca será o pecado que apontam em você. Socialmente instrumentalizado. Mas será o pecado que Deus te mostra.

     Paulo diz que a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação. Não dá para ser evangelho sem essa sequência: (1) tristeza segundo Deus; (2) arrependimento do pecado; (3) salvação.

     Não há como instrumentalizar o evangelho. Não há como aparelhar ideologicamente o evagelho. Ou ele é dado por Deus ao homem, pressupondo consciência do pecado, ou nada.

      Não é evangelho. Não implica arrependimento. Não traz salvação. Não há como encontrar Jesus e sair o mesmo do encontro.

      Não dá para encontrar Jesus e sair sem renunciar a si mesmo. Sem perder a própria vida, para ganhá-la nova e transformada em Jesus.
     

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Cenáculo 2

          Claro que igreja também acontece entre quatro paredes. O cenáculo é lugar de encontro. Jesus priorizava o encontro.

        À beira mar, providenciem um barquinho. Precisam ouvir o que tenho a dizer. Vamos sentar aqui mesmo, na relva, aquietem-se a vamos ouvir.

      Lucas diz que a agenda de Jesus, na última semana de vida, era pernoitar no Monte das Oliveiras e reunir-se, durante o dia, nas varandas do templo, para ensinar.

      Vocação para o encontro. Vocação para a palavra. Vocação para o ensino. Mestre, chamavam-no. Essa é a mesma vocação da igreja. No cenáculo. Pelo menos, deveria ser.

         É claro que deve existir um equilíbrio inteligente entre fora e dentro das paredes do cenáculo. Paulo dizia que sua entrada entre os tessalonicenses repercutia positivamente.

        De vós repercutiu a palavra por todo lado. E nem internet havia naquele tempo. Paulo chamou isso de "operosidade da fé". Juntou a abnegação do amor e a firmeza da esperança em Jesus.

      Em Atos, Lucas destaca que "em cada alma havia temor". Esses elementos da fé precisam estar, permanentemente, presentes na vida da igreja.

      Esse é o equilíbrio certo entre dentro e fora do cenáculo. As reuniões do povo de Deus precisam estar afinadas com o que vai em curso lá fora.

      Somente assim a presença profética se fará decisiva. Somente assim a presença da igreja será escatológica. Paulo dizia aos crentes de Corinto: "principalmente que profetizeis".

      Quem é a voz da igreja hoje? A quem delegamos autorização para falar em nosso nome? Que mensagem Jesus nos mandou, delegou e autorizou anunciar em nome dEle?

       Precisamos discutir isso no cenáculo, para corrigir, de modo permanente, nosso rumo lá fora.
     



     
   
 

Cenáculo 1

         Jesus deveria trazer consigo já o nome desse amigo que haveria de preparar o cômodo onde se reuniria, pela última vez, com os discípulos.

      Quando lemos o texto que prediz o cenáculo mobiliado e o burrinho já predisposto para a última entrada em Jerusalém, já adiantamos algo sobrenatural.

      Nem precisava, porque Jesus tinha, e ainda tem hoje, muitos amigos anônimos, gente não declarada e até não religiosa que se prende a ele com profunda afeição.

      Jesus antevia aquela última reunião. Num sentido, primeira reunião. Todas as seguintes seriam sem/com ele. A igreja é uma reunião sem/com Jesus.

     Por isso esse permanente afã escatológico. Jesus está/não está entre nós. Apocalipse refere-se a Jesus como aquele-que-é-era-há-de-vir. Tudo junto.

      A igreja, reunida a cada e em cada cenáculo vive no mundo presença/não presença de Jesus. Ele está/não está. Ponha a cara para fora da janela. Olhe esse dia que se inicia.

      Viu? Saia, agora, porta afora. Saiu? Pode ser o último dia. Jesus está às portas. Se não for hoje, ao entardecer, que deve descer calmo, anunciando o fim, calma, fim do dia.

     Durma, descanse, mas em prontidão. Porque amanhã pode ser o último dia. E se não for, continue vivendo essa expectativa: a cada dia mais próximos estamos da vinda definitiva de Jesus.

     A igreja do cenáculo vive essa expectativa, de Jesus estar/não estar. Ela prenuncia essa volta. Enquanto isso, no mundo, principalmente para fora da porta, mostra a cara de Jesus.

     Quem olhar na sua cara, veja Jesus. Quem sentir o seu perfume, cheire a Jesus. Quem sondar seu sentimento, tende em vós o mesmo sentimento que houve/há em Jesus.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Bom dia

      Mais um dia. Vida em curso. É o planeta que completa mais uma volta em torno do assim chamado "astro rei".

      O sol invade mais um dia. Continuamente. Sem parar. Mais uma chance a tantos. Mais uma chance a todos.

      Para quantos o fim dos dias chegou nesta madrugada? Para quantos nem completarão o dia de hoje? Basta a cada dia o seu mal. Oh, Deus: cessa tanta violência.

       Jesus disse isso. Ora, tantos exegetas, estudiosos que escavam, escacaviam, como se diz, o texto, desencavando entrelinhas.

     E que dizem, ora, quanta coisa foi colocada na boca de Jesus, que ele nem disse. Será que essa ele disse: "basta a cada dia o seu mal". Então, o que quis dizer?

       Está aqui o contexto: "Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."
                                 Mateus 6:34
       Ao inverso Jesus quis argumentar. Preferiu destacar a ênfase no mal como argumento para o abandono ativo da ansiedade.

      Ele deve ter dito que ansiedade é um mal que não devemos trazer, mais este, para nenhum dia. Eles já trazem consigo o seu próprio. Abandonem-na.

      Mas ainda mais. Fora de contexto a frase soa displicente. Como se Jesus, por um pouco, mostrasse a si mesmo, por essa frase em fim de frase, indiferente ao mal de cada dia.

     Vem o dia. Nasce mais este dia. Acrescenta-se, como chance, a tantos outros. O salmista diz que o sol nasce soberano, vai percorrer como noivo seu percurso, anunciando a glória de seu Criador.

      O salmista diz que "um dia discursa a outro dia/uma noite revela conhecimento a outra noite". É sequencial. Quantos dias já tive? Quantos ainda terei?

      Outro salmista ensina a contar os dias, para alcançar coração sábio. Cada dia mais uma chance. Chance de deixar o mal para ontem. Ontem foi seu último dia de ser mal.

     Seja bom hoje. Tenha um bom dia. Ao jovem rico Jesus disse que bom só um existe, que é Deus. A vida escorre contínua como um só dia. A noite é ilusão.

      Todos temos só um dia. Corra, então. O sol anuncia mais este dia. Corra ao encontro de Deus, que te espera. Que Ele te conceda um bom dia. E te digo uma coisa: desta ansiedade Deus não se cura.
     
       Ansiedade por te conceder vida. Ansiedade por te conceder um bom dia. Para Deus tua vida é um só dia. Aproveite essa chance que te dá para ter um bom dia.
     

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Puro estresse

          Não há como pressupor, em Deus, previsibilidade. Quer dizer, sim e não, ao mesmo tempo porque, em Sua insondavisibilidade (se é que existe esta palavra: inescrutabilidade, pronto) e em Sua soberania (esta existe), não se pode forçá-Lo a nada.

       Bem, mas falar dEle (e com Ele) pode. Aliás, a Bíblia esnoba tal possibilidade. Fala dEle todo o tempo (e o suficiente) para torná-Lo conhecido. Não fala tudo sobre Ele (pura pretensão), mas fala o suficiente.

      Como disse Lucas Evangelista que Paulo Apóstolo falou: "não é necessário que se lHe procurem tateando, para que O possam achar". Mas aqui desejo falar (dEle) uma certa capacidade provocativa de procurar amizade com o ser humano (que criou a Sua imagem e semelhança).

      Interessante. A Bíblia fala de anjos, seres celestiais também pelo Altíssimo criados que, inclusive, não partilham as limitações do homem. Mas não foram criados "à imagem e semelhança" de Deus. Estes são privilégios exclusivos do ser humano homem e mulher.

       Mas vamos ao assunto. A primeira vez que a Bíblia fala dessa gana divina por amizade é quando, já sabendo da besteira fundante de todas as outras que o casal primordial fizera, dando ouvidos à oposição, procurou-os.

     E a Bíblia diz que foi "na viração do dia", ao entardecer, supostamente a melhor parte do dia para diálogos reflexivos. Pois postas em dia as diferenças que, a partir desse diálogo, impuseram-se, anotadas as medidas emergenciais e compensatórias de todo o dano e exposto à expulsão o casal primordial, vida que segue.

      Surpreendentemente o Livro nos coloca diante de outra provocação de amizade, desta vez ao inverso, em nossa reles opinião porque, para nós, entre Abel, o justo, e Caim, o canalha, preferivelmente o Altíssimo deveria ter procurado o primeiro. Mas não. Contradição de todas, procurou o canalha.

       Confrontou esse inimigo de Deus. Aliás, não é exclusiva de Caim essa alcunha. Paulo Apóstolo, em sua teologia, esboça que todos, indistintamente, somos, por natureza, ou seja, inato é sermos inimigos de Deus (no entendimento e, como resultado, na práxis).

      Sugeriu duas coisas a Caim: que se contivesse e que dominasse, como causa, em si mesmo, o pecado, sentimento este sobre que a Bíblia tem duas coisas a dizer: habita o ser humano, também inato a ele; é sempre contra o ser humano, contra a vida, contra o outro, contra Deus.

      Caim nem aí para Deus. Esse pessoal que define um "deus de consumo" (que, definitivamente, não é o da Bíblia), esconde de todos esse texto, essa história: Abel ser assim, assim com o Altíssimo não lhe conferiu nem prosperidade, nem livrar-se do mal.

      Também contra essa "fé utilitarista" clama, da terra (ainda), o sangue de Abel. E Deus continua em Sua tentativa de amizade com o ser humano. Com Noé, fê-lo passar por profeta louco, por construir longe da praia do mar uma arca monumental: não lhe seria útil para nada e nem poderia transportá-la aos oceanos.

      Sem problemas, porque foram as águas que vieram ao encontro da arca. Ser amigo de Deus, para muitos ao redor, aliás, para a mídia, pode significar de duas uma (ou as duas): absolutamente inútil; loucura total.

       Com Abraão Deus provocou amizade para lhe testar a paciência. Para que quando, e só quando, humanamente falando, fosse impossível, só então Deus agisse. Chamou isso de fé e declarou Abraão "pai da fé". Haja paciência (de Jó).

       Aliás, falando de Jó, já dissemos, haja (nessa amizade) paciência. Com Moisés (pulando muitos outros, José seu antepassado, por exemplo - e sem mencionar mulheres, desculpem o machismo, porque Eva foi a primeira amiga, que ensinou a Enos, seu neto, os segredos dessa amizade).

       Com Moisés foi provocação total. Deus estressa primeiro, antes de se mostrar (ou já se mostrando) amigo. (Mas também, lidar com ser humano estressa qualquer um(a)). Até Moisés entender que, no caminhar com Deus, no andar no Espírito, no aceitar deixar-se modelar, em caráter, do mesmo modo que Cristo se deixou modelar pelo Pai - "o filho não pode fazer de si mesmo nada, senão aquilo que vir fazer o Pai".

           Amigo por excelência. Aqui está bem empregada esta palavra. No texto da videira, em que João Evangelista afirma que somos enxertados em Jesus e que Deus, o Pai, se torna agricultor, aperfeiçoando as varas que somos nós, nesse texto está escrito que Jesus nos torna amigos de Deus.

     Mais essa do Galileu. Muito bom começarmos a entender isso.


     

sábado, 28 de julho de 2018

     
        O maior dos milagres

       Teu filho vive. João Evangelista descreve a angústia de um pai, no seu encontro com Jesus, rogando que fosse a sua casa curar-lhe o filho.

      Jesus preveniu que o homem necessitava de sinais e milagres como auxílio à fé: "Se não virdes sinais e milagres não crereis".

      O homem encurtou o diálogo: "Senhor, desce antes que meu filho morra". Sua angústia aguçou-lhe a fé? Ou para quem não crê, nem a iminência da morte é argumento?

     Em que sinais e milagres ajudam a crer? Nesse mesmo capítulo João já havia descrito o maior dos milagres. Uma samaritana, cara a cara com Jesus, mencionou sua crença na possibilidade do Messias.

      Jesus disse a ela, "sou eu, eu que falo contigo". Este é o maior milagre. Crer no Messias, que fala no cara a cara conosco. Todos os outros milagres apontam para este.

     Todos os milagres são dependentes deste. Deus se faz homem e satisfaz todas as carências do ser humano. A maior delas, definitivamente, é lhes restaurar a comunhão com Deus.

     Quando Jesus se despede, em sua oração, diz que veio glorificar o Pai. Deixa o Espírito, indicado como Aquele que glorifica o Filho. E afirma que o modelo de comunhão que o Filho tem com o Pai é o mesmo que deseja que tenhamos.

       Este é o maior milagre. Todos os outros são dependentes deste. Apontam para a restauração de todas as coisas. Deus a empreende, porém primeiramente atendendo às necessidades do ser humano.

      Quando o pai retornou à casa, sem ter questionado o ide de Jesus, "Vai, o teu filho vive", toda a família se reuniu, reconhecendo o poder da palavra de Jesus.

       Reconhecer o poder da palavra de Jesus: este é o maior milagre, do qual todos os outros são dependentes.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Vinho novo

        Mutretas ou metretas dos fariseus, esta última a medida deles, 40 litros a capacidade das talhas de pedra que Jesus mandou encher de água na festa de casamento.

      Mosaico desenhado pelo evangelista. Maria, Jesus e os discípulos convidados para uma festa. Casamento. Para dizer "com esse" deu Jesus "início" a seus "milagres".

      Como, especificamente, "esse"? Por que dar "início" assim? Que razão para esse "milagre"? Mais parece mirabolante. Coisa de mágico. Coisa de circo.

      Embora água, para João Evangelista, seja emblemático. Jesus afirma que, quem nEle crer, do seu interior fluirão rios de água viva.

      Ezequiel, o profeta, vê sair de sob o templo, em sua visão, rio infinito, que acaba por subvertê-lo, e ainda restaura todas as águas, sara todas as doenças e fertiliza todos os frutos.

       Água nas mãos de Jesus tem o milagre oposto delas nas religiões de mistério, segundo efetua comparações o próprio evangelista. Água aguada nas mãos de Jesus vira vinho.

      De propósito o Mestre manda encher d'água talhas cerimoniais. Irônico mandar, pelos servos, água ao mestre-sala que está ansioso por vinho. Seu erro de cálculo vai dar fim precocemente ao casamento.

      Casamento na Galileia. Esta a parte mais longe do núcleo conservador da Judeia. Apelidada "dos gentios", alcunha máxima de desprezo. Mas é ali que o profeta anuncia que resplandecerá luz.

      Casamento é típico da união prevista nas Escrituras para Deus e seu povo, na antiga aliança, assim como para Jesus e sua igreja. Não haverá festa, enquanto não chegar a noiva. Jesus mesmo conta suas parábolas a respeito.

       É a propósito que ele manda acionar talhas cerimoniais para uso profano. A festa deve continuar. Maria adverte os servos que fiquem atentos ao que Jesus disser. Definitivamente, ele vai resgatar o sentido do que é cerimonial, destinado à festa, à alegria e à plenitude.

       Vim para que tenham vida e a tenham em plenitude. Esta a pretensão de Jesus. Terá ele a fórmula? Que fórmula torna água em vinho? Com prova de autenticidade. Jesus guarda consigo o melhor vinho. E como alguém já falou, com Jesus na festa o vinho não acaba.

      Jesus adverte Maria que seu tempo é kairótico, quer dizer, diretamente ligado à contabilidade do Pai. Não há sistema de unidade humana que o contabilize. O milagre de Jesus entra na história do homem. Vida aguada na mão de Jesus vira vinho novo de festa transbordante de alegria.

     A festa deve continuar. Como ele mesmo já diria noutra parábola. Enquanto o noivo está no meio de nós, haverá festa. Uma vez retirado do mundo, advirtam: "o tempo está cumprido, o reino de Deus está próximo, arrependei-vos e crede no evangelho".

segunda-feira, 11 de junho de 2018


       "Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição".

                        Colossenses 3:13,14

         Há trechos bíblicos que nos colocam em pé de igualdade com Deus. Este é um deles. A expressão "assim como" não nos deixa saída: supondo tenha Cristo exercitado o perdão, propõe o mesmo em relação a nós.

         Mas hora, o que é "perdão", como exercitá-lo e, ainda, do modo exato como Cristo o fez? Primeiro, só Jesus pode perdoar. É assim, porque perdão pressupõe ofensa.

         E no caso de Jesus, a ofensa foi contra ele. A Bíblia diz que Jesus se interpõe numa dívida que todos temos com Deus. Preço por preço, a vida dEle satisfaz, zerando nossa dívida com Deus.

        Portanto, perdão é algo maior que a dívida, vem de cima, não no sentido da prepotência, mas no da superioridade de sentimentos e cobre toda a culpa.

        Esquece-se a ofensa, paga-se preço, elimina-se a dívida e todo o prejuízo. Começa-se de novo. É como se, em todas as vezes que ocorre o perdão -- sim, porque, ininterruptamente, ele se repete --, voltássemos ao Gênesis, antes da queda: perdão estabelece total inocência.

       Somente Deus pode perdoar. Somente Ele é tão superior em amor que pode perdoar. E isso não é presunção divina: isso é Deus se fazendo homem em Jesus. Máximo do amor. Total possibilidade do perdão.

        Por isso o texto usa ainda outra expressão, que é "sobre tudo isto". Só há uma coisa que preside o perdão, uma única coisa acima do perdão: que é o amor.

       Você que perdoa, acolhe com amor. Não existe amor sem perdão, assim como não existe perdão sem amor. Perdão é amor na prática. E somente Deus é capaz para o perdão.

       Na Sua perfeição e santidade, a ofensa é sempre contra Ele. Mas a disposição dEle, de Deus, é amar e, portanto, perdoar. Jesus se interpõe entre nós e Deus. Para sermos perdoados e, por esse mesmo amor, perdoarmos.

       Daí, não é fácil. Nem para Deus. Lucas, em Atos dos Apóstolos, afirma que custou o preço do sangue de Deus, no corpo de seu Filho Jesus. A dor suprema do amor e do perdão recaiu sobre Jesus.

           Há dor no perdão. Mas é a dor de Jesus Cristo. Uma vez alcançados pelo perdão de Jesus, para nós, perdoar custará, apenas, preço, já pago, de amor.

        Mas prevalece uma advertência. Na terminologia de Paulo, na carta aos Gálatas, ele afirma que "Deus não se deixa escarnecer". Nunca entre numa de falso perdão ou, por extensão, falso amor. O palhaço sempre será você.

         Porque prevalecerão mágoa e ressentimento. E sua distância de Deus se confirmará. Porque no perdão e no amor reside a comunhão com Deus.

            E também não jogue na cara do outro nem o pecado dele ou o seu próprio. Porque ninguém perdoa por obrigação, mas por amor. E todos pecamos igual e, na mesma medida, somos alvo do perdão e chamados a perdoar.

            Perdão e amor de Deus são voluntários. Mais uma vez nos socorre Paulo Apóstolo, desta vez aos Efésios: sejamos imitadores de Deus como filhos amados.

   
   



     

 

segunda-feira, 28 de maio de 2018

        No capítulo 3 da carta aos Efésios, Paulo faz três afirmações essenciais. Na verdade, logo no início, ele menciona uma oração.

       Interrompe sua oração, fala dessas três afirmações e logo diz que há uma principal oração a ser feita a favor de todos os crentes.

      A primeira coisa que ele afirma é que a principal revelação de Deus é o evangelho. Profetas, apóstolos e até anjos jamais poderiam ter antecipado esssa tamanha revelação.

      Mas agora isso foi concedido aos crentes e ele, Paulo, disto se tornara testemunha. A segunda afirmação é que o evangelho é para todos.

      Homens e mulheres de qualquer época, qualquer língua, tribo, povo ou nação somente têm uma maneira de se chegar a Deus: pelo evangelho.

      Até os judeus, como povo escolhido de Deus, da mesma forma que todos os não judeus, ambos só terão acesso à salvação por meio do evangelho.

     E terceira afirmação de Paulo é que a igreja recebeu esse evangelho, para que pudesse apresentar ao mundo e até aos céus a multiforme sabedoria de Deus.

     Nós somos igreja. Somos alvo do evangelho, testemunhas do evangelho e profetas do evangelho. Quero dizer com isso: a nós, para salvação, foi dirigido o evangelho.

     Nós o vivenciamos na presença de Deus e dos homens. E também o anunciamos a todos os homens. E Paulo, então, continua sua oração.

     Deseja que compreendamos a dimensão do que representa ser igreja. E que também conheçamos o amor de Deus. E finaliza dizendo que, desse modo, exprimentaremos a plenitude de Deus.

     Assim em três afirmações Paulo sintetiza os objetivos de Deus. E desenha, diante dos nossos olhos, as dimensões do edifício igreja que somos e do amor de Deus que devemos vivenciar.

     Plenitude de Deus, é o nosso alvo, segundo sugere o Apóstolo. Desse modo, por meio do evangelho. Essa é a principal oração para todo e qualquer crente em Jesus.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

       Inércia

       Já falei sobre isso. Repetitivo, esquecediço e distraído, vá lá, não estou sozinho em meio a essas virtudes. Porém, ainda que atento, esperto da memória e diligente às vezes, por opção de caráter, não fazemos o certo.

       Por isso vale repetir a temática, uma associação entre inércia e oração, porque entende-se trocado, confundida com ser inerte.

       Mas não. Refiro-me ao sentido da física: lei de inércia. Sim, porque é uma lei e daquelas que não se pode burlar.

       Diz que os corpos tendem a manter seu movimento original. Daí você pender para a frente, quando o ônibus freia, ou cochilar, boca aberta, babando, quando o coletivo arranca.

      Entendeu? Cintos de segurança, nos carros, preservam dos efeitos da inércia numa colisão. A tendência é continuarmos projetados para a frente, num movimento bruscamente interrompido.

      Basta uma cabeçada, a 60 km/h, para o cérebro virar uma gelatina disforme, grudada na parte interna da caixa craniana. Morte certa ou sequela garantida. Daí a invenção do cinto, para nos prender rentes ao assento.

      Quando mencionei inércia aqui, textos atrás, quis referir-me ao efeito agora de algum movimento feito antes, lá atrás. Oração, por exemplo. Teria a oração essa função?

      Qual seja, acompanhar, em seus efeitos, os que dela foram alvo anos, décadas, séculos antes?

      Quando Abraão teve aquele bruta pesadelo, Gn 15, pelo qual, entre outras coisas, foi advertido sobre as aflições futuras de Israel, deve ter orado muito assustado com tudo.

        Em que sentido essas orações amenizaram esse sofrimento? Evitar, não evitaram. Deus não estava negociando: comunicava fatos ainda remotos.

       E em Ez 14,14, quando os bons de oração, Noé, Jó e Daniel, nesta ordem, são evocados como intercessores, é porque Deus acusa ao profeta o pecado alheio.

         Afirma que, caso vivessem naqueles dias, em meio àquela geração, escapariam só os três, como dizia o próprio Jó, "com a pele dos dentes", unicamente justos em meio a todos os demais, sem que sua oração a favor do povo fosse atendida.

      Fico pensando, repito aqui, nas orações que Cid e Dorcas fizeram por mim. Agora que miro em meus filhos, entendo um pouquinho melhor a agonia que sentiram, quando eu era tenro, na idade entre 19 e 24 anos.

      Creio que, naquilo em que fui sábio, obediente e fiel ao Senhor, foi possível Deus lhes atender as orações a meu favor. Então, hoje, mesmo que intuitivamente, vivencio efeitos daquelas orações em minha vida.

      Por isso, acho que o limite imposto às intercessões e aos intercessores, como no caso de Ezequiel, está diretamente ligado à relação com Deus daquele que foi alvo dessa mesma intercessão.

      O bruta conflito no deserto, a Crise do Sinai, quando Moisés, ao descer do monte, deparou a orgia consentida por Arão, somente foi resolvido pela certeza de que Deus seguiria no meio do povo.

       Moisés foi o intercessor. Daí a mais fantástica afirmativa jamais registrada: como se saberá que somos Teu povo? Não é por seguires conosco, de modo que todos assim O reconheçam?

       Sigamos em obediência a Deus. Certamente a oração de que fomos alvo poderá se cumprir. Nada há de mágico nelas. Mas, se como diz a Biblia:   
         
       "Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração."
                           Jeremias 29:11-13
   
        Há casos em que, por pura inércia da oração de que fomos alvo, prosseguindo ou quedando inertes, que não seja como diz Paulo Apóstolo, sem Deus no mundo. E caso venhamos a cair, que seja nas mãos de Deus porque, como diz Davi, muitas são as Suas misericórdias.
   

domingo, 13 de maio de 2018

    A mãe da gente.

    A gente a carrega conosco. Pelo menos, genética, psicológica e espiritualmente. Esta última palavra é meio perigosa, se for entendida errado.

     Mas quero dizer com ela tudo o que faltou dizer com as outras duas. E tratando-se de mãe, sempre falta o que dizer. Lembro da minha.

     Faz dois anos, assim, nessa época: comemoramos em março o aniversário dela, ainda em casa. Depois, juntos também, comemoramos o meu e este assim chamado Dia das Mães.

     Lá no hospital. No Acre há 23 anos, perguntava como seria esse último momento. Agora, já sei como foi. Deus atendeu essa oração: passamos juntos.

     Lembro dela. Assim, imensa. Em certo sentido, mãe foi mesmo inventada para ser imensa. Em todos os sentidos. Deve ser mesmo para a gente caber dentro. A vida toda.

      Uma cena do passado era ela, linda, num vestido de listras horizontais, bem fininhas, vermelhas e brancas, levando-me à igreja. Pegávamos um atalho ali, em Cascadura, pelo caminho de uma horta.

      É assim mesmo. E aquelas que cumprem sua missão, carregam a gente dentro a vida toda. Um colega meu, professor, perdeu a sua em 1989. Também paciente terminal.

     Então, bem próximo à despedida dos dois, ela disse: "Mas quem vai cuidar de você?". Quando ele me contou isso, ainda emocionado, pude dizer que a preocupação dela significava duas coisas:

     Amor pelo filho. E paz na hora da partida. Elas é que nos consolam. Carregamos, sim, conosco essa marca boa. E também temos traços de suas imperfeições.

     Mas, por causa delas, somos uma edição melhorada. Valeu, mãe. Desejo cumprimentar todas as minhas queridas primas mamães. Sejam da família de meu pai, sejam da família de minha mãe.

     Abraço especial à mamãe Alda, a mais idosa que conheço. Já foi minha ovelha. Daquele tipo que a gente nunca esquece. Também homenageio suas filhas e netas.

     Abração especial a Eunice, Miriam, Gislaine e Leila. Tias muito especiais que lembram a avó Eunice, mãe maior. Adalgiza, avó paterna, não conheci.

     Mas desejo homenagear aqui minha querida e linda prima Dercilia. Ela vai representar as irmãs, filhas e demais mulheres dessa linda família.

     Abraço especial também a nossa tia Nadir e suas queridas filhas. Esta é a única irmã de meu pai ainda entre nós. Eram Maria, Dejanira, Jani e mais outros cinco homens.

     Mulheres de fé e fibra. Como somos abençoados por essas mulheres! E para terminar, last but not least, homenagear as esposas dos primos, também heroicas em nos aturar.

     Beijão a elas, descendentes de Zila, Iracema e Francisca, parte de mãe. E de Odete, Ivar e Nair, parte de pai. Tantas mães. E a gente, portador dessa herança machista, tão devedores a todas elas.

     Meu beijo especial e abraço carinhoso a minha eposa Regina. Depois de Dorcas, a mais bonita. E, para terminar, minha sogra Lourdes. E também Miriam, aliás duas Mirians, aquela mãe de Patrícia, esta mãe de Anna Paula.

     E tia Gilca, que até poderia não se sentir mãe. Mas ela adotou todos nós: acabou sendo a mãe de mais filhos. Ha, ha. Abraço epecial a ela que, um dia, pediu e foi atendida para que Oscarina, a matriarca, ficasse mais tempo entre nós. São muitas as histórias de mães.

     Destaco, assim, por último, minha sogra, para evitar maiores problemas. Preparou Regina muito bem para a vida, como um todo. Grato, Senhor Deus, por essas mães.

    E por tantas outras.