sexta-feira, 17 de março de 2023

Eu o sou, eu que falo contigo

 "Então Jesus declarou: "Eu o sou, eu que falo contigo", Jo 4,26. "E Jesus lhe disse: "Já o tens visto, e é o que fala contigo", Jo 9,37.

   Aqui Jesus se refere a si mesmo como "eu". Interessante Jesus dizer eu. Muito diferente de dizermos eu. Mesmo porque, Jesus ainda avança, para dizer Eu o sou.

  Esta sentença está proibida a qualquer judeu. Na gramática deles, por causa da declaração de Deus, a Moisés, em Horebe: Eu sou o que sou. Ninguém é. Somente Deus pode dizer Eu sou.

  Jesus, então, refere-se a si como "eu". E eu, quer dizer, cada um de nós, quem sou, quem somos? Somos muitos. Temos uma personalidade desagregada. Ainda que a queiramos ou consigamos organizar, em torno de um tema, de uma ênfase ou vocação.

  Quando as Escrituras dizem, de Deus, que nos fez "à sua imagem e semelhança", homem e mulher nos criou, isto é, cada um dos dois à Sua imagem e semelhança, indica uma ordem prévia para a personalidade e para o caráter.

   O cego, de Jo 9, foi instigado por Jesus, quando a ele perguntou: "Crês tu no Filho do Homem?". Quanto à mulher, ela mesma afirma a Jesus: "Eu sei que há de vir o Messias".

   Filho do Homem, para o cego, era o termo de mediação que aguçava sua curiosidade. Quanto à mulher, ela de antemão já conhecia o termo Messias, necessitando ter esclarecida a expectativa sobre sua vinda.

   Jesus, então, afirma, a cada um deles, Eu o sou. Já me tens visto e é o que fala contigo. Regra geral, Jesus se revela. Regra geral, o ser humano já o tem visto. Regra geral, Jesus fala a cada qual.

   Ou não. Ou não podemos afirmar de Jesus nenhuma dessas assertivas. Teríamos de relativizar. Em termos, Jesus se revela. As informações sobre ele são fragmentárias. Não. Jesus não fala hoje. Dizer ter ouvido sua voz soa místico ou soa falso.

   Mas se Jesus pode dizer a nós Eu o sou, eu, que falo contigo, então a chance de rearrumar a vida está posta. Isaías, já no seu livro, afirma que "andávamos desgarrados como ovelhas (sem pastor); cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos".

   Presumo que podemos deduzir: 1. a iniquidade é desagregadora da personalidade; 2. a iniquidade é comum e privativa de nós todos; 3. Deus ter feito cair sobre Cristo a iniquidade de nós todos agrega nossa personalidade.

   Muito interessante refletir sobre o que Jesus expressa quando se refere a si mesmo como "eu". Ele tem uma personalidade agregadora. Muito interessante refletir sobre o modo como Jesus se propõe a agregar nossa personalidade.

   Assim, poderemos atinar com o "eu" que nos representa. Jesus nos agrega a personalidade. Não estamos mais nos descaminhos da vida, nem somos uma mentira viva ou dominados pela "iniquidade de nós todos".

   Mas esse que diz Eu o sou, eu, que falo contigo, também diz Eu sou o caminho (para onde viemos, de todos os nossos descaminhos), a verdade (que agrega nossa personalidade fragmentada) e a vida (para a qual Jesus tem uma vocação autêntica). 

  Tanto quanto para a mulher samaritana, em Jo 4, quanto para o cego expulso da sinagoga, em Jo 9, das histórias aqui mencionadas, era Jesus que esperávamos encontrar. E fala conosco.
   

quinta-feira, 16 de março de 2023

Já o tens visto

   Voltando ao assunto, não sei (ou sei) quem chamou Abraão de amigo de Deus. Terá exagerado a intimidade? Ou suposto uma relação absurda?

  E o texto avança, contando uma conversa íntima entre os dois, quando Deus pretendeu destruir, essa é a palavra, Sodoma e Gomorra. Mas o foco é outro.

  Não precisa comparar cidades modernas àquelas. Já na época de Jesus havia termo de comparação. O próprio Jesus estabelece que termos, quando disse: "Aí de ti, Corazim, Betsaida ou Cafarnaum".

  Está última foi onde ele morou, por um tempo. O que Jesus reclama não foi o status moral dessas cidades e, por extensão, não foi o status moral de Sodoma ou Gomorra, já que ele afirma que as três citadas, no dia do juízo, estarão num grau mais grave do que aquelas.

   Porque, afirma Jesus, diante delas, mais ainda, dentro delas Jesus se revelou de modo explícito, mais, possamos dizer, que entre nós se dê. Se bem que, entre nós, a ação do Espírito é decisiva e o testemunho das Escrituras idem.

   Aliás, um se vale da outra. Não é o inventário dos malefícios de mídia ou os mais ocultos de todos que abonam ou desabonam as cidades, sejam as dos tempos de Jesus, pequenas vilas como as três mencionadas, ou as magalópoles de hoje.

   Não. Mas o que se faz com o testemunho de Jesus. Ele afirmou, como última palavra, quando ascendia aos céus, prometendo logo retornar, que a igreja receberia poder do Espírito para lhe ser testemunha.

  A função precípua da igreja é ser testemunha de Jesus. E é o que se faz de Jesus e não o grau ou a quantidade de malfeitos, sejam morais ou de quaisquer tipos, que recomendam, diante de Deus, cada qual. "Que farei de Jesus, chamado Cristo?", pergunta feita por Pilatos, porém aplicável indistintamente.

   Quem nEle crê, não é julgado. Porque crê. Quem não crê, já está condenado. Porque não crê. Teologia de João, no quarto evangelho. Ainda que não se admita ou que não se creia assim, faça-se, então, como Jesus recomendou ao cego de nascença.

   Crês tu no Filho do homem? O homem perguntou: "Quem é, Senhor, para que eu nele creia?" Jesus respondeu: "Já o tens visto e é o que fala contigo". Crês nisto?

quarta-feira, 15 de março de 2023

Apenas uma conversa

"Considerem o exemplo de Abraão: "Ele creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça".

   Deus não se deixa apanhar desprevenido. Como diz o salmista, não cochila e nem dorme. Pode até parecer óbvia e ridícula essa assertiva, mas, na verdade, serve a nós.

  Nós é que perdemos a obviedade, cochilamos e dormimos. Trato com Deus sempre foi por fé. Tem o maior tamanho, em termos conceituais, mas, na prática, basta ser do tamanho de um grão (de mostarda).

  E ainda não se manifestou, como diz João, o que haveremos de ser. E, como diz Paulo, ela é temporária. Vital para a relação com Deus (sem fé, é impossível), única como recurso para a salvação (o essencial na Bíblia) e, por meio dela, somos justificados, logo de saída.

  Ora, Paulo se reporta ao patriarca, tanto de judeus, como de todos os árabes, para dizer que, no relacionamento com Deus, Abraão creu. Bastou. E deve se dar com qualquer um, de qualquer época, de qualquer povo, tribo, língua ou nação, como menciona João no Apocalipse.

  Definitivo o argumento de Paulo. E, de tão simples, rejeitado. A relação com Deus passa por fé. De tão simples e direta, os homens (e mulheres) se confundem. Não suportam saber ser tão simples.

  Como menciona Paulo, a palavra está perto, na boca e no coração, a palavra da fé que pregamos. A fé vem pelo ouvir. Palavra simples de ser entendida, aprendida e transmitida. Com que frequência se complica.

   Aos Gálatas, Paulo se esforça por se fazer compreender. Ele desenha um arco desde a revelação no Antigo Testamento, fazendo a conexão com o Novo Testamento.

  Tornou-se obscuro para o povo judeu crer. Jesus, o Messias, tornou-se escândalo para esse povo e, como Paulo escreveu aos Coríntios, loucura para os não judeus, por estes chamados gentios.

  E para os que são salvos? Poder de Deus e ssbedoria de Deus. O justo viverá por fé. Ao alcance de uma conversa. Com Deus.

sexta-feira, 10 de março de 2023

Minha agenda é outra

"E respondeu-lhes: Ide, e dizei àquela raposa: Eis que eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado." Lc 13,32.

   Segundo o clero acadêmico, talvez, sim ou não, Jesus tenha dito o que aí acima vai expresso. Explico.

   Clero acadêmico são os caras, geralmente teólogos, da academia, que atestam se, o que vai nas Escrituras, no caso específico aqui, nos Evangelhos, é ipisissima verba (adoro, ou adoto, como me ajudava o corretor, este termo) de Jesus.

   Essa daí deve ter sido dita mesmo por ele. Geralmente, o que vai assim, meio bruto, não filtrado pelos supostos autores dos Evangelhos, costuma ter mesmo saído da boca de Jesus, ipsis litteris, segundo eles.

   Ah, sim: denomino clero acadêmico num paralelo pseudo-metodológico-histórico com o clero eclesiástico, pré-iluminista. Este, na Idade Média, dizia à igreja, obrigatoriamente, no que crer. Aqueles, normatizam, em termos acadêmicos, no que hoje acreditar.

   Mas vamos à fala de Jesus. O que as raposas🦊, sub-repticiamemte, têm a ver com isso? Antiecológico, como no caso da figueira que secou, tratar de modo tão marginal o bichinho.

   Ora, para se implicar com o que, supostamente, Jesus disse, basta pouco. As raposas só aparecem de modo negativo na narrativa? Em Cantares, destroem as vinhas, de tão meiga e doce imagem proverbial.

   No Brasil, no passado, quando o havia, classificavam toda uma classe política de raposas, satisfatoriamente extinta, devido à vigilância isenta e criteriosa de nosso Judiciário, diga-se de passagem. 

   E aqui, no texto, em resposta, classifica um mocarca de raposa, um hasmoneano, descendente de uma dinastia edomita decadente, a quem os fariseus adulavam e que, no incidente narrado, nenhum interesse tinham em proteger Jesus, mandando-no embora de sua jurisdição.

   Nesse capítulo, Lucas, o pseudo-autor, segundo o clero acadêmico, dá uma panorâmica da diversidade de argumentos que Jesus usava, alhures, por onde passasse, para situar seus ouvintes dentro de sua opinião principal.

   Pois o ponto central nesse caso é o reino, do qual Jesus é o principal sinal, o porta-voz e a porta de acesso. Ele anunciava o reino. Até menciona uma parábola da vinha.

   A qual, na fita, no filme, é sempre Israel, cuidada e cultivada pelo Pai, e se tornará a igreja, pois Jesus mesmo há de afirmar, desta vez no Evangelho do pseudo-João, que é a videira.

   Se raposas assaltaram e destruíram a vinha que foi Israel, não farão, nunca farão o mesmo com a videira que é a Igreja: Jesus o tronco, nós os ramos. Então, disse Jesus, diga àquela raposa, se fosse no Acre, àquela raposa véia, que hoje expulso demônios, curo e ressuscito no terceiro dia.

   Esse Herodes, filho do Grande, tendo herdado do pai o título e a mediocridade, era o Antipas, o mesmo que mandou matar João Batista. Data daí chamar raposas toda personalidade pública daninha, como a quase totalidade de políticos brasileiros.

   Não que tinha que se meter na vida de Jesus, se bem que essa afirmação dos fariseus até fosse intriga. Mas a resposta genérica do Mestre vale até hoje.

   Continua a expulsar demônios, nem tanto os de mídia, esses que fazem estrebuchar, grunhir ou contorcer-se: essas representações são banais. Mas os demônios domésticos e intelectuais, como o que incorporou, sutilmente, Judas, apenas identificado por Jesus.

   Cura, qualquer uma, não somente as mais requisitadas, que poupam o plano de saúde, a fila do INSS ou a mídia que se diz Evangélica. A cura principal é exatamente aquela que vacina contra a influência dos demônios e inscreve seu portador, de uma vez para sempre, no reino de Deus.

   Siga a agenda do Mestre. Está vivo e atuante. Diga àquela raposa que teu principal interesse é constar na lista da obra consumada de Jesus. Quanto ao mais, a gente se encontra no dia do juízo.

  Para quem acredita. Eu, lamentavelmente, desconheço a opinião do clero acadêmico para a existência desse dia.

quinta-feira, 9 de março de 2023

Muito grato, mas dá pro gasto

 "Devido ao aumento da iniquidade, o amor de quase todos esfriará", Mt 24,12.

   Ou como avaliar a medida do meu amor. Primeira questão é se preciso, ou seja, se estou inserido no "grupo de risco".

   Essa "iniquidade" que faz o amor esfriar me afeta? É a dos outros ou a que está em mim? Preciso avaliar, então, minha iniquidade?

   Qual, afinal, a relação entre minha iniquidade e meu amor? Tenho, então, que avaliar um ou uma pelo ou pela outro ou outra?

     A maldade se manifesta em mim? O texto de 1 Jo 1,9, "Se confessarmos os nossos pecados", há pecados light, que seriam os meus, mais leves, quase que inofensivos, de modo a não afetar meu amor?

    Minha condição de crente funciona como uma vacina, que regula a intensidade de pecados. Porque há um tipo de graduação entre pecados de crentes e de não crentes.

   Essa "onda de iniquidade", da parte de não crentes, afetaria neles uma ausência de amor, mas nunca em mim. Nem a onda de iniquidade neles e nem em mim, a presença light, afetaria o meu amor.

   Por si, ele já funciona como um antídoto. Portanto, em mim, a iniquidade está sob controle. Eu não seria tão hipócrita em dizer que, em mim, não há nenhuma iniquidade. Não. Não diria.

   Mas dizer que ela esteja presente num grau de afetar meu amor, jamais. Donde concluo que esse versículo não se aplica a mim, direta ou especificamente.

   Ver o amor esfriar é algo para fora de mim. Assisto a esse fenômeno, até constatando que sim, estamos no "fins dos tempos", que, realmente, o amor está esfriando, mas tudo isso para fora de mim.

   Ou para fora de minha igreja. Tomando-a como laboratório, sim, porque toda igreja é uma espécie de laboratório, começo a analisar o amor de meus irmãos.

   Porque igreja, querendo ou não, é esse ambiente, meio que futriqueiro, de bizoiar-se uns aos outros. Acho até que, às vezes tentado, confesso, discorro, quer dizer, comento sobre a (in)discrição e/ou a (in)disposição dos outros.

  Sempre acho a minha disposição suficiente. Minha disposição com a igreja e para a igreja, levando em consideração a mim mesmo, como dizer, dá pro gasto. Avaliando pelo meu entorno, estou bem na fita.

   Por falar em avaliar, Jesus avaliou a situação da igreja de Éfeso, exatamente sobre o primeiro amor. Ele faz afirmações decisivas a respeito dessa distorção crucial que avalia nessa igreja.

   Diz basicamente cinco coisas: 1. Vocês abandonaram o primeiro amor; 2. É uma queda e tanto; 3. Precisam se arrepender; 4. É urgente retornar a ele; 5. Se não, vão perder a identidade.

   Uma igreja sem amor, um crente sem amor perde a sua identidade. Podemos, de novo, nesta altura, perguntar de novo: qual intensidade de amor (ou falta dele) começa a comprometer?

   Uma amor "meia sola" pode? A gente pode regular a intensidade de amor? Puxa, a gente manipula tanta coisa. Dizendo de outra forma: de minha vida cristã cuido eu, ativo(a) com tanto, que não preciso de nenhuma interferência externa.

   Meu amor, ou a intensidade dele, vai (muito) bem, obrigado. Minha iniquidade não o afeta. A multiplicação da iniquidade fora não me afeta, estou imune a ela. E a iniquidade dos outros, próximos ou mais remotos, também não me afeta.

   Não estou nem aí pra eles (ou não estou nem aí pra isso?). Definitivamente, o amor esfriar, eu constato, até mesmo com tristeza, confesso, mas fora de mim. O meu, está bem, obrigado. Dá pro gasto.

domingo, 5 de março de 2023

Igreja, família e o presente século

 

   A Bíblia entrelaça duas instituições divinas, as quais foram entregues aos homens e mulheres, mas que não devem ser usurpadas pela humanidade.

   Corre-se o perigo de tentar edificar as duas, ou confundi-las, uma pela outra, sem ajuda presente e essencial de Deus.

   Pode-se tentar chamar o resultado final "família" ou "igreja", porém verificado, de modo flagrante, seu arremedo. Porque tanto família, quanto igreja podem ter, apenas, assinatura humana, com autenticidade divina escamoteada.

   Assim como, em Cristo, tudo o que Deus executa é voluntário, como escrito em Fp 2,6-7, quando Jesus não usurpa para Si nenhum dom, tanto família, quanto igreja são dons de Deus que não devemos usurpar para nós.

   Há um contínuo diálogo entre família e igreja, assim sugere a Bíblia. Se assim não entendermos, mas tentar usurpar, para nós, o sentido de família, ou da mesma forma o sentido de igreja, Deus não vai estar presente.

   Casamento foi instituído por Deus no ato da criação. Igreja, da mesma forma, na comunhão que Deus, mais do que o homem ou a mulher, buscavam no Éden. Pois Deus andava pelo jardim os procurando a casa dia.

    Em Jesus, somente nEle, igreja se torna possível, como restauração da comunhão com Deus, o que torna homem e mulher capazes para viver de modo pleno.

   Jesus dizer que veio para que vivamos vida plena, é porque o dom de vida plena somente se refaz na comunhão com Deus. Vida em todos os sentidos, em todas as áreas, principalmente no casamento e na igreja.

   Vivemos dias de descrédito da família e de descrédito com  igreja. E mesmo com atores que a si mesmos se autodeclaram crentes, tornam-se como que profissionais em família e em igreja, sem necessidade de nenhuma assessoria.

   Esquecem o velho Salmo 127, que diz: "Se o Senhor não edificar a casa, e vão trabalham os que a edificam", ou da fala de Jesus: "Edificarei a minha igreja".

   Definitivamente, nem família e nem igreja são obras humanas, despidas de parceria divina. Caso não estejam autenticamente regidas por Deus, será fácil perceber o arremedo e certa a ruína, tanto de uma, quanto de outra.

   A não ser que os padrões de avaliação deixem de ser os bíblicos. Evidentemente, é possível tanto chamar de "família" ajuntamentos sociais, a imagem e semelhança de quem os idealizou, como chamar "igreja" outros mesmos ajuntamentos.

    Não é possível misturar uma pela outra. Quer dizer, pode ocorrer, mas não é aconselhável. O papel da família é tão insubstituível quanto o da igreja. Esta, sim, é concedida como dom que restaura a vida, na comunhão com Deus. Mas nunca, por si, cumprirá o papel que cabe à família.

   Família, ainda que tenha, numa casa, todos os seus membros crentes, não substitui a igreja. Há quem se queira desigrejado, para chamar sua casa de igreja, e ao inverso, quem queira que a igreja substitua o que compete à família.
 
  Não entendeu nem uma e nem outra. Uma nunca vai cumprir a função da outra. Uma não se constitui sem a outra. Ambas atendem à principal carência do ser humano: comunhão com Deus.

   Deus nos cria à sua imagem e semelhança. Não somos nós que criamos Deus à nossa imagem e semelhança. Cuidado. Às vezes, são os crentes, por ser julgar "entendidos" de Deus, que vão falsear, seja família, seja igreja, criando Deus e esses dois dons à sua (deles) imagem e semelhança.

   Você não tem um marido. Ele é do Senhor. Você não tem uma esposa. Ela é do Senhor. Você não tem filhos. Foram dados a você pelo Senhor e pertencem a ele. Se vocês não devolvem ao Senhor ou não se devolvem ao Senhor, então usurpam para si mesmos.

   Quem usurpa na Bíblia não é Jesus, mas Satanás. De quem você quer ser cúmplice? Com Jesus, não há cumplicidade, mas comunhão. Fruto do Espírito é diferente de obras das trevas.

   Dois dos maiores dons que recebemos de Deus, cuja maturidade na fé pode nos permitir usufruir as maiores bênçãos, que são família e igreja. Somos convidados, também e principalmente nisso, à edificação desses dons, a ser parceiros de Deus.