quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Aquela mulher

       Já passara algum tempo desde que aqueles homens voltaram dizendo que, sim, foram dar com o Nazareno onde eles estavam, ele e seus discípulos, sim, por causa dela, do que dissera sobre ele. E que, por si mesmos e não somente pelo que avaliaram como um palpite, haviam constatado ser o galileu tudo o que ela dele dissera.

   A mulher estava reflexiva. Agora quedava avaliando tudo o que sucedera, desde aquela sugestão absurda daquele homem, um judeu estranho que havia pedido água a uma samaritana estranha e com o seu perfil num lugar nem público, mas também nem tão ermo.

       Olhando para si mesma, sim, refletia sobre tudo o que ouvira dele e toda a mudança que se havia operado nela. Desde a súbita chegada do grupo de discípulos, exatamente espelhando toda a estranheza que ela já sentira, sim, era entranho que estivessem ali, indevidamente íntimos, parecia, conversando, tão díspares que eram.

      Saíra, então, de repente, como que culpada, mais que isso, distraída, na verdade, atônita, esquecera mesmo até o cântaro, seu motivo original de se deslocar até o poço, chegara à cidade, quando então perguntaram, com os olhares apenas, que fosse, pela água. Cântaros e água não eram, assim, para se largar afoitamente naquelas paragens.

    E a água? Deu consigo. Só conseguiu dizer o que disse: encontrei um homem que disse tudo de mim. Como ninguém antes. Eu acho que é o Messias. Pôs em xeque o cartaz que tinha. E era grande. Porque aqueles homens de seu grupo foram conferir. Agora ali, esquecida de todo, pensava consigo mesma recapitulando tudo.

    Se havia zoeira de conversa à volta, ela imaginava se chegasse alguém, um entre eles, com as brincadeiras de sempre. Com a mofa com que, eles sim, na intimidade, a tratavam. Iam achar diferente a sua reação. E quantos à volta soubessem suas razões, iam dizer que estava assim desde que encontrara, à beira do poço, com o estranho galileu.

    Disse tudo sobre mim como ninguém antes. Não me recriminou pelo que sou como ninguém antes. Pediu-me um favor com uma dignidade com que poucos me tratam. Prometeu-me uma água absurda, que mitiga, duma vez, toda a sede. Se me contassem, eu acharia loucura. Mas gozado que contei aos meus, e foram conferir.

    Ele disse que é o Messias. Que estamos num tempo em que não importa onde e nem em que templo, podemos adorar ao Senhor, como disse? Em Espírito e em verdade. Disse que é... quem mesmo? O... Pai. Ele chamou... Deus... de Pai. Parou refletindo, mais uma vez, sobre a Pessoa.

    Messias. Não sendo assim, é um louco. Assustou-se de pensar assim. Como se ofendesse o estranho. Para logo avaliar que era natural assim pensar se, na verdade, ele fosse alguém comum. Não. Era incomum. Chegou um deles. Cheirou-a o pescoço, como sempre fazia quando a encontrava. Esperou a reação de sempre. Não veio. Olhou-a de soslaio, estranhando.

    Outro mais adiante comentou, rindo, não adianta. Está assim aérea desde hoje à tarde, quando encontrou o galileu. Galileu?! O homem olhou de lado a outro. Ora, meu amigo, sim, o galileu, aquele mesmo, da moda, passou por Samaria. Ela o encontrou no poço de Jacó. Ficou tão avoada, que largou para lá o cântaro.

    O homem deviou seu olhar do interlocutor ocasional e mirou a mulher, para sondá-la. Ela sorriu ameno, como que a desviar do outro a importância do que ele falava. Mas o que chegara ateve-se ao que ouviu e pelo olhar queria esclarecimento. Ela entreabiu outro sorriso e afirmou decidida: encontrei o Messias. 

    O homem ponderou o que ouvia. Franziu a testa, como a inquirir. Ela mudou todo o seu olhar, como a requerer, por ele, uma reação do homem diante do que ela mesma havia dito. Como assim Messias? Ora, abria-se provocativa toda a expressão do rosto, como que, agora, senhora da conversa, para replicar: então, não sabe do que estou falando? 

     O homem estatelado, mediante tal provocação, reuniu tudo o que sabia sobre Messias. Como poderia vir de uma mulher uma provocação daquelas? O que, de novo, poderia acrescentar ao que sabia sobre Messias? Era vago. Apenas uma promessa. Se bem que ele conhecia tradições que eram preservadas com respeito e grande expectativa.

    Nesse meio tempo, ficara estampada na fisionomia da mulher a pergunta, ao mesmo tempo que, pela expressão radiante e, ao mesmo tempo, desafiadora, uma espera pelo que aquela provocação pudesse propor. Anda, mulher, desembucha, foi a reação dele. O que se deu entre você e esse galileu? Era a pergunta precisa.

Fra(n)camente 4 - Pecado - Parte 2

    No Novo Testamento há, do mesmo modo, na língua grega, o mesmo esforço de definição. Kakós, "algo ruim", termo básico para "mal físico", mas também no sentido moral. Já ponerós também é "mal", mais especificamente no sentido moral.

    Asebês, o "ímpio", aquele carente, por isso mesmo, da salvação de que fala a Bíblia. Énochos, "réu, culpado", passível de condenação por crime cometido. Adikía, genérico para toda conduta errada, também denotativo de não salvo.

    Anomos, a (não) + nomo (lei, norma), "sem lei, transgressor, transgressão, iníquo, iniquidade". Parabátes, "transgressor", para violações específicas da lei. Agnoema, aqui mais específico, "culpado pela prática de adoração falsa", carente então de propiciação.

    Paraptôma, literalmente "cair ao lado, aquém, não atingir o alvo", ou "ofensa", "prática deliberada" no erro. Hipókrisis, ideia de falsidade, "interpretação falsa", fingimento, como um ator que imita. 

   É possível classificar de modo genérico ou por áreas de sentido, mas essas definições apontam para generalidades de sua definição, como 1. falha moral humana, deliberada ou não, 2. queda fora do padrão de Deus, 3. incapacidade, deliberada ou não, de ajuste a um padrão de perfeição.

     A Bíblia também indica, e eu aqui elenco sete modalidades bíblicas, de modo prático, que ilustram com clareza o que é pecado. 1. Em Gênesis, quando na conversa com a mulher, a serpente indica, no seu diálogo, que pecado é exatamente dizer "não" quando Deus diz "sim", ou vice versa.  Gênesis 3,4.

    2. Quando Deus afirma a Caim que nEle há o desejo do pecado, contra ele próprio, no caso, instinto assassino contra o irmão Abel, que a ele, Caim, cumpria dominar. Gn 4,7. No Novo Testamento há uma definição que bem expressa a função pedagógica que foi a concessão da lei, por Deus, no Antigo Testamento.

    3. Transgressão da lei, 1 Jó 3,4. Ela que, segundo Paulo, é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Rm 7,12, foi dada como prova cabal da incapacidade humana. 5. Pecado é o bem não praticado (omissao), Tg 4,7. Daí Tiago afirmar que quem sabe (e todos sabem) fazer (todo o tempo) o bem, e não o faz, nisto está pecando.

    6. Pecado é usar mal, ou seja, perverter o uso do que é bom, Rm 7,13, e exatamente assim se revela como pecado: sai de dentro do ser humano e perverte fora. E ainda Paulo, com chave de ouro, fecha sua argumentação nessa mesma carta, em Rm 14,23: "tudo o que não provém de fé é pecado". Pecado é a contradição da fé.

  Não falta na Bíblia texto que confirme a realidade e natureza do pecado. O Espírito Santo somente ele disso nos convence. E não façamos Deus, mera tentativa, mentiroso. Mas aceitemos que Sua bondade nos conduz ao arrependimento, Rm 2,4. A trindade se empenha por nós: o nome é Jesus, "porque ele salvará o seu povo do pecado deles".

Fra(n)camente 4 - Pecado - Parte 1

    Somente a Bíblia fala de pecado. E se trata mesmo do modo como o rei Davi fala: Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim" .Salmos 51:3.

     Nem tente, porque 1. a natureza exata de pecado em nós e 2. admitir isso não é algo simples. Somente o Espírito de Deus agindo no homem/mulher convence disso.

    Diz Jesus: "Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo". João 16:8. Esse "ele", acima, é o Espírito. E negar essa realidade em nós, não é, simplesmente, mentir. É chamar Deus de mentiroso: "Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós". 1 João 1:10. Esse oblíquo ele + o = lo, refere-se a Deus.

     Portanto, não resta a nós, senão admitir o que, de outro modo, o próprio Jesus afirma: "Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios". Marcos 7:21. Ou seja, só existe pecado porque a raça humana habita o planeta. Uma praga que extinga essa raça infeliz, porá, com ela, o fim ao pecado.

     Mas o que é, objetivamente, o pecado. Tudo o de mal concebível e praticado. A Bíblia afirma que a morte existe para lhe pôr fim. Exatamente. Acho até que científica, biológica e juridicamente: defuntos são, por definição, inocentes.

     Há na Bíblia, seja no Antigo quanto no Novo Testamento definições, palavras que, na generalidade de seus significados, definem pecado. A mais genérica, no hebraico, hatah, "errar o alvo"; no grego, hamartano, daí o termo teológico Hamartiologia, doutrina do pecado.

    Ra, no hebraico, refere-se ao "mal, ao perverso, à maldade, à calamidade". Pecha, esse /ch/ se pronuncia /rr/, significa "rebelião, transgressão ou revolta". Aon, "iniquidade, culpa", assim como shagah, "erro ou extravio".

     Asham, o "culpado ou culpa perante Deus", e rasha, "perverso, perversão, impiedade", como o contrário do que é justo. E Taah, "vaguear, extraviado, deliberadamente, não ocasional ou incidental". Todas essas palavras envolvem o esforço do texto bíblico em definir e denunciar pecado em todas as suas manifestações.

domingo, 16 de janeiro de 2022

Missões no coração de Deus

"Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim". Isaías 6:8.

     Uma angústia da trindade. O mesmo "nós" — "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança", é quem compartilha a urgência por missões.

     E para todos. Não há diferenciação. Porque vocação é da cruz. E não o posterior chamado. Como afirma Paulo: "Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou". 2 Coríntios 5:14,15.

    Constrangimento de amor. Compelido por amor. Significa dizer que o que nos move adiante é o amor de Cristo. E Paulo já conhecia e praticava para si o que afirmou em Atos: "Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus". Atos 20:24.

     Não são os únicos versículos que expressam que, por amor, pela entrega de Jesus por nós e pelo sentido de nossa resposta a ele perdemos, ou melhor, ganhamos o direito de ter nossa vida inteiramente dedicada a ele.

     Então, toda vocação tem origem na cruz. Toda vocação tem origem na conversão. Lembram que era isso que Jesus desejava que o jovem rico aprendesse? Distribui tudo e me segue. Dê tudo e me siga. Perde tudo e me ganha. Então, ganhe vida.

     Deus busca o homem desde o Éden, ainda antes da queda. O amor de Deus não mudou. E em nós somente surge em nossa conversão. "Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim". Gênesis 3:8.

     Deus não "andava no jardim pela viração do dia" porque o casal havia pecado. Era sua rotina. Sempre andava pelo jardim à procura do homem e, depois, do casal. Eles "ouviram a voz do Senhor", também não porque haviam pecado, mas sempre ouviam.

     Não havia mudado a rotina de Deus. Havia mudado a conduta do homem e da mulher. Deus não os abandonara a sua própria sorte, embora já soubesse da desobediência deles. A partir de então, homem e mulher se escondem de Deus.

     As perguntas de Deus buscam a verdade que deveria esclarecer o que havia ocorrido. O homem foi evasivo e a mulher mais sincera. Com os dois filhos do casal, quando Deus busca Caim, mesmo porque Abel já era dEle, também há fuga e evasivas de Caim, já após o crime cometido.

     O autor de Hebreus afirma que Abel é um profeta que, depois de morto, ainda fala. Interessante que não há nenhuma palavra de Abel escrita na Bíblia. Pelo contrário, há palavras de Caim. O que, então, Abel fala?

    Que o sacrifício que Deus aceita é o de Jesus. E que a conversão é do e no coração. "Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus". Romanos 2:29.

     Abel fala que, junto com Deus e somente pelo poder de Deus o pecado pode ser vencido e dominado. Por isso Deus procurou Caim. Abel já lHe pertencia. Deus foi em busca de Caim. E o que disse a ele? Disse o que todo pecador precisa ouvir.

     "...eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo". Gênesis 4:7. Deus já havia falado a Caim que o seu semblante revelava a intenção do seu coração. E que ele tinha que vencer o pecado. Nunca faria isso sozinho. Precisava se voltar para Deus. Não atendeu a esse primeiro chamado.

     Ainda depois de ter assassinado o irmão, poderia e deveria correr na direção de Deus. "Então, disse Caim ao Senhor : É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará". Gênesis 4:13,14.

     Caim se enganou. Deus não o estava expulsando de Sua presença. Ainda ali naquele momento poderia haver arrependimento. "Retirou-se Caim da presença do Senhor e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden". Gênesis 4:16. Não era para que se retirasse.

     Deus inclusive marca Caim de tal modo que ninguém ousasse vingar Abel. Porque recairia num juízo ainda mais rigoroso do que ele próprio. Até na conversa de Deus com Caim e na comparação entre esses dois irmãos, conhecemos sobre a índole de Deus em buscar o perdido.

     "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos". Isaías 53:6. O mesmo amor de Deus, o Filho tem e se lança em busca das ovelhas desgarradas. Perdidas.

     "Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor" (Mt 9,36), do mesmo modo que Jesus. Missões, então, é (1) atender ao clamor de salvação que a própria trindade proclama: "A quem enviarei, quem há de ir por nós?".

     (2) É compreender que nossa vida pertence inteiramente a Jesus, para que somente Ele disponha dela, segundo a sua vontade: "E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou".

      E (3) compreender que o amor de Deus todo ele repousa sobre Jesus, que sai em busca de nós, rebanho sem rumo, para fazer o mesmo apelo feito a Caim. Todos somos como Caim. O que nos diferencia dele é ter, como Abel, ouvido o chamado de Deus.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Fra(n)camente 3 - Vergonha

"Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé". Romanos 1:16,17.

      Vergonha é um termo comum. Pode-se até dizer que seria muito sem vergonha quem não soubesse, fingisse não saber ou afirmasse nunca ter privado dela, por motivo qualquer.

      επαισχυνομαι, epaisxýnomai, no grego, literalmente "cair em desgraça". Vergonha pode ser uma virtude quando, por exemplo, por um erro cometido, ela, como fruto do reconhecimento, torna-se assumida e conduz à retratação.

    Mas, associada à covardia, teria o sentido de não se assumir, em (não) virtude de qualquer pressão externa, uma dada postura requerida. Vamos usar, portanto, um exemplo bíblico.

     Em João 18, quando Jesus é conduzido ao pretório, João Apóstolo o acompanha de perto. Segue-o repartição romana adentro. Não sem antes, autorizado pela encarregada da porta, convidar Pedro que o aguardasse, por ali, sentado fora, entre os circunstantes.

     Pedro titubeia, por vergonha. Covardemente, não quer ter, associada a Jesus, sua própria pessoa. João insiste. Ele entra. É logo reconhecido, como galileu, pronta e naturalmente associado a Jesus.

    Rejeita. Marcos, o Evangelista, é o único a expor que Pedro se levanta a sai praguejando, e tomara que não tenha xingado ninguém. Ora, a tradição associa de modo íntimo Pedro a Marcos. Então, a vergonha de Pedro está bem caracterizada aqui. Entre seus pares, vergonha de ter sido associado a Jesus, a sua personalidade e ao teor de sua mensagem.

    É dessa vergonha que Paulo fala. O evangelho está associado a Jesus Cristo. Tanto um, quanto outro, evangelho, por seu teor, e Jesus, por seu perfil, são alvo de desmerecimento. Paulo mesmo, a partir de sua plataforma na carta à cidade de Corinto, caracteriza bem o que significa, mesmo hoje no mundo moderno, a "mensagem da cruz", uma metonímia para "evangelho".

     Não tenha vergonha do evangelho. Não tenha vergonha de ser associado a Jesus e a sua pregação. Evangelho é o poder de Deus. Deus tem todo o poder. Mas o evangelho é o poder específico para a salvação.

    Salvação do quê? Hoje, como Paulo escreveu no passado aos coríntios, a mensagem da cruz ou é loucura, ou seja, desprovida de razão, ou vergonha, porque está, ridiculamente, associada à morte de um crucificado.

     Não há do que ser salvo, mormente em função de uma palavra de loucura ou de vergonha. Poder de Deus para a salvação do pecado. Poder de Deus para a ressurreição dentre os mortos.

    João descreveu a ressurreição de Lázaro. Sim, essa que uma ampla gama de exegetas bíblicos, teólogos e especialistas do Novo Testamento negam ser literal. João coloca, desta vez, Marta dialogando com Jesus, "se o senhor estivesse aqui, ele não teria morrido".

    Jesus responde "mas ele vai ressuscitar". A mulher replica, vagamente, "eu sei", referindo-se à crença na remota ressurreição. Jesus então afirma para ela "eu sou ressurreição". E chama Lázaro para fora.

    Umas das vergonhas é não crer na possibilidade desses milagres narrados na Bíblia. Ratificando: um montão de gente não crê na literal ressurreição de Lázaro para não pagar mico, não ser envergonhado, não "cair em desgraça" em meio a seu pares.

    Que vergonha! Salvação do pecado. Ressurreição dentre os mortos. Associação a Jesus. Não se envergonhe do evangelho. Tenha até mesmo seus pares. Mas não perca a sua personalidade. 

      

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Vale ouro: sempre soubemos disso.

    Um pastor tem muitas experiências que compartilhar. Na verdade, sua tarefa é gigantesca e, como o próprio apóstolo Paulo escreveu, "a suficiência vem de Deus", 2 Co 3,4-5.

    E através dessa experiência pastoral, nessa missão, a gente recolhe lições que, se prestarmos atenção, reconhecemos o quanto aprendemos no decorrer do tempo. A joia dileta e mais cara, de todo valor e com preço de sangue, e do sangue de Jesus Cristo, é a igreja. Ela nos ensina todo o tempo.

    Esse mesmo rebanho, ao qual Jesus dedicou compaixão, porque "estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor", Mateus 9:36, e pelo modo como escolheu reuni-lo: "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos". Isaías 53,6.

     Ninguém, com um mínimo de bom senso, colocaria esse rebanho assim reunido, a preço de sangue, debaixo dessa plenitude de amor, aos cuidados de homem nenhum. A não ser que a suficiência venha do próprio Deus.

     Na Bíblia, toda a responsabilidade delegada por Deus tem, para quem dela se torna alvo, uma síndrome de recusa. Um rol de homens e mulheres dela tentaram, inutilmente, fugir. Desde o radical Jonas, que tentou o suicídio, Isaías, num rápido argumento sincero, Moisés, que pensou ludibriar Deus com meias desculpas e, por fim, Saul, que se escondeu no meio da bagagem.

    Tentei todas. Só não consegui a fuga, muito provavelmente por covardia. Então, constrangido por amor, 2 Co 5,14, me achei um pastor. E começaram os desfiles de vidas preciosas, que Deus comprou pelo seu sangue, a desfilar, na igreja de Cristo, diante de meus olhos, a deixar-me extasiado desse espetáculo de graça, amor e misericórdia.

     Daí destacar aqui d. Áurea e suas três filhas, Grace, Rose e a caçulinha, Valéria, com quem menos convivi, pois ainda criança mudaram de igreja, saindo da Congregacional de Cascadura, nossa "igrejinha da infância". Uma primeira marca que logo se destacava sempre foi sua elegância, no modo destacado de vestir a si mesma e as meninas.

    A cor da pele é seu maior ganho, pois são todas elas negras e, num tempo como hoje, que ainda é necessário se impor na luta por emancipação, naquele tempo, virada dos anos 1970 para 1980, já se impunham não por pedantismo, mas por pura naturalidade, expansividade e toda identidade: desde sempre totalmente emancipadas, destemidas, determinadas, zero medo de tudo.

    No contexto daquela congregação, resultado de empenho e protesto de um grupo que, nos anos 50, havia resolvido deixar a Congregacional de Piedade e iniciar uma nova igreja, aquela mãe, com suas duas meninas discípulas, logo depois três, estavam muito à frente de seu tempo.

     Já falamos do refinamento de sua elegância, falta mencionar a presença de Áurea, seu timbre de voz e o desenho de seu sorriso. Teve aquele filme, de 1976, acho até que foi por volta desse tempo que aportaram em Cascadura, mas sua entrada em meio àquela congregação foi, positivamente, revolucionária: estranhas no ninho.

     Que houvesse estranhamento naqueles dias, ora, era típico dela provocar revoluções porém, olhando de hoje para aquela cena, invade-nos que saudade, quanto deslumbramento, expansividade e inteligência. Destaque-se essa última qualidade.

     Na virada dos 70 para os 80, achávamos aquele trio sempre polêmico, questionador, inconformado e podemos até atrevermo-nos a dizer irreverentes. Porque a escola dominical e sua participação nas classes sempre foi um destaque a mais. Digamos, como um catalisador para alunos e professores. Mais uma virtude, valorizar a EBD porque, como diz o saudoso pastor Manoel Porto Filho, sim, o autor do hino "Igrejinha Antiga": escola dominical é a escola da igreja.

      Essa quadra de mulheres fez e faz história. Com a palavra, a primogênita das três, um arquivo vivo de memórias e causos dessa magnífica fase. Marcas desse tempo e dessa congregação, dívida permanente temos com essa geração de crentes, também inconformados, também à frente de seu tempo que, um dia, resolveram rebelar-se por uma injustiça, segundo avaliaram, e foram gênese da igrejinha antiga, a congregação de Madureira, que foi ser Igreja Evangélica Congregacional de Cascadura, a partir de 1952.

     Toda história assim escrita nos emociona e faz parte permanente de nossa formação. Faltou dizer da beleza dessas quatro mulheres. Ao longo dos anos, foi aumentando e amadureceu, principalmente pelo fruto que é único e exclusivo, proveniente da fé, cultivado, plantado e dado vida, como fruto, pelo Espírito Santo.

     E isso se dá na congregação. Na igreja que Jesus, e somente ele edifica. Que faz florescer e dar beleza por dentro e por fora. Susto no céu. De repente, pararam para ver, dessa vez, quem chegava. Era Áurea, chegando, sempre rindo, com  sua voz estridente e já fazendo turma. E haja assunto. Medalha de ouro: sempre soubemos disso.

    

Congregacionais no Acre

      A União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil - UIECB, órgão que, desde 1969, reúne a fraternidade das Igrejas Evangélicas Congregacionais, na década de 1980, concentrou esforços para implantar, em cada capital do Brasil, focando os Estados onde ainda não havia Igrejas Congregacionais, pelo menos um Campo Missionário.

         Foi quando o pastor Antônio Limeira Neto, de origem no sertão baiano e que, na década de 1940 havia se formado no então IBP – Instituto Bíblico da Pedra de Guaratiba, RJ, fundado em 1914, ocupou o Departamento de Missões da referida UIECB. Revelou-se um líder destacado no esforço missionário denominacional, despertando a vocação de vários pastores, missionários e missionárias.

        Pelo fato de bem conhecer o Nordeste, pôde então reativar Campos Missionários antigos, que necessitavam de assistência emergencial, assim como desafiar novos missionários e missionárias a abrir novos campos. Uma novidade que, na época, despertou nas igrejas grande motivação, foi seu desafio em abrir campos missionários na Região Norte do Brasil.

       Naquela época, a UIECB promovia uma Campanha de Missões, sempre anual, com culminância no segundo domingo de julho, a cada ano. Eu me lembro que, em 1972, com idade ainda de 15 anos, minha igreja de infância, a Igreja Evangélica Congregacional de Cascadura, no Rio de Janeiro, iniciou um ranking de cultos missionários, bazares de ação social e lanches, após as reuniões de domingo à noite, que rendiam, na época, as maiores ofertas entre todas as demais igrejas.

       Foi nesse período da década de 1980 que o pastor Antônio Limeira desafiou, ao mesmo tempo, missionários para o Amazonas, em Manaus, seu genro, o pastor Nelson Pereira de Sá e sua esposa, Nídia d’Ávila Limeira de Sá, para Boa Vista, RR, uma família inteira, a partir da zona oeste do Rio de Janeiro, em Campo Grande, a família Castro, e para Rio Branco, AC, o pastor Nelson Rosa e sua esposa Josilene Rosa.

       O casal Nelson e Josilene Rosa haviam estudado teologia no Nordeste, ele no Seminário Teológico Congregacional do Nordeste, em Tejipió, Recife, PE, fundado em 1926, e ela no Seminário Betel Brasileiro, em João Pessoa, PB. Uma vez desafiados e recém-casados, chegaram ao Acre em 1984, instalando-se numa residência alugada ao atual Senador Sérgio Petecão, no bairro do Bosque. Ali começaram seu trabalho de evangelização, reunindo um primeiro grupo na própria varanda externa daquela casa.

      Por meio de outros contatos, o casal iniciou outro núcleo na Estação Experimental, assim como na Vila Betel, em função da participação de pastores evangélicos na severa alagação de 1988, quando os desabrigados foram para esse local deslocados, devido ajuda que receberam da Visão Mundial e dos lotes doados a cada denominação evangélica empenhada nessa ajuda. Esse foi o tempo de organização da AMEACRE – Associação dos Ministros Evangélicos do Acre, em função de um órgão que, por meio de registro oficial, pudesse receber desse órgão internacional, World Vision Internacional, para a Visão Mundial Brasil a ajuda dirigida ao Acre naquela época.

      Assim, Vila Betel, Estação Experimental e, posteriormente, com a mudança do casal Rosa para o Tancredo Neves, com o começo de outro núcleo no Alto Alegre, o casal Rosa passou a cuidar desses quatro pontos de congregações. Em agosto 1993, o presidente da mesa executiva da UIECB, pastor Paulo Leite da Costa, juntamente com outros dois pastores, Cid Mauro Araujo de Oliveira e Nilson Ferreira Braga, acompanhados do motorista Julimar Ferreira de Lima, dirigiram-se ao Acre, visando também conhecer Porto Velho, RO, com o objetivo de implantar nesta capital um campo missionário, por ser Rondônia um estado onde ainda não havia igrejas evangélicas congregacionais.

        Nessa viagem, o pastor Nelson Rosa compartilhou seu desejo de buscar trabalhar em outros campos missionários. Não era, ainda, uma decisão assumida, mas estava em estudo com sua esposa. De imediato, o pastor Cid Mauro, recém-casado em janeiro daquele ano, afirmou que, uma vez decido e com a concordância de sua esposa, Regina Coeli Benevides Oliveira, estava disposto a ocupar, em Rio Branco, AC, o lugar do pastor Nelson e sua esposa.

       Com a continuidade do planejamento e por meio da certeza, em oração, ficou acertado que, em janeiro de 1995, o casal Cid Mauro e Regina, com seu filho Isaac Benevides Oliveira, na época com 8 meses, viriam para Rio Branco. O pastor Nelson e sua esposa ficariam nesse ano com o casal recém-chegado, para adaptação dele e, em 1996, seguiriam para Porto Velho, onde implantariam a primeira Igreja Evangélica Congregacional naquele estado. Todo esse planejamento se efetuou.

       Atualmente, há quatro Igrejas Evangélicas Congregacionais em Rio Branco: no Tancredo Neves, na Vila Betel II, no Ilson Ribeiro e no Geraldo Fleming, este sendo o grupo da Estação Experimental que, posteriormente, adquiriu seu terreno para a construção de seu templo, que ocorreu entre 2002 e 2004. Há duas Congregações, assim chamados os núcleos em vias de se tornar igrejas autônomas, como se dá no regime de governo congregacional. Uma na Nova Estação e outra no Eldorado. São quatro os pastores que estão cuidando dessas igrejas e congregações: Cid Mauro, Nelson Rosa, Alexandre Silva Caria e Jeremias de Souza Santos. 

      Recentemente, as igrejas e congregações estão desafiadas a iniciar, em Cruzeiro do Sul, um campo missionário. Os pastores ainda vão se reunir e aguardam a visita de uma família missionária, de origem no município de São Gonçalo, RJ, que estuda a possibilidade e a vocação de se juntar a nós para esse desafio.

Fra(n)camente 2 - Vitupério

 "Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério". Hebreus 13:13.

     Vitupério provém do latim vituperiu, pelo radical vituper-, ligado ao verbo vitupēro. Mais uma daquelas palavras estreitamente associadas ao ser humano porém, definitivamente, repudiadas pelo que revelam de nós, em sua etimologia.

     Significa "descobrir defeitos em", "denegrir, censurar, depreciar". Trata-se de um radical aparentado com vitium, "vício". Por onde nos vem "vício, defeito, falha, imperfeição". Ora, quem visita, ou quando, displicente e prazerosamente, essa seara?

    Como destaca o profeta Obadias, há, sim, folga, alegria e euforia em descobrir, nos outros, essas "qualidades depreciativas". É ele que profetiza: "Mas tu não devias ter olhado com prazer para o dia de teu irmão, o dia da sua calamidade; nem ter-te alegrado sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem ter falado de boca cheia, no dia da angústia". Obadias 1,12.

    Por que? Porque na condição humana todos, um dia, aliás, por repetidos dias experimentamos calamidade, ruína e angústia. Daí a razão por não se alegrar quando identificar no outro tal depressão. "Afronta, injúria, acusação infamante", enfim, "palavra, atitude ou gesto que tem o poder de ofender a dignidade ou a honra de alguém".

     Porém, flexibilizando as justificativas, alguém dirá: "Nunca vilipendiei ninguém. Só acuso quando tenho certeza", plagiando a humorista. Mas negar que se alegrou com a desdita alheia, ou folgou em descobrir no outro o seu vício, isso é muito mais frequente e muito mais difícil de se negar.

    Socorre-nos o autor anônimo da Epístola aos Hebreus. Quando aponta para o vitupério nosso de cada dia. E nos alegra quando diz que, no lugar da vergonha, fora da cidade, onde crucificaram Jesus, saiamos de forma assumida, em direção a Ele, não apontando no outro, mas franqueando em nós mesmos a nossa vergonha.

     Portanto, a receita do encontro com Jesus é assumir que carregou sobre Si tudo o que, em nós, seja dose certa do vício, mais exata ainda do que aquela a nós atribuída. Olhe-se no espelho. Vitupere-se e carrega contigo ao encontro de Cristo. Mas terá de fazer isso saindo da cidade em direção à periferia.

     Definitivamente, Jesus nos faz mergulhar, para logo depois, então, resgatar-nos de escaninhos íntimos que não gostamos de admitir que são nossos, tanto quanto folgamos de alegria ao vê-los em outrem.

    Vergonhoso. Carrega, então, essa vergonha para fora da cidade e caminha em direção à periferia, onde Jesus está. O Gólgota é o lugar de nossa salvação. Cuidado: não gostar de frequentar a tua periferia pode significar que ainda não entendeu o que significa salvação.

domingo, 2 de janeiro de 2022

Caminhos do novo ano

     Ter conosco a Bíblia, ao longo da vida, como legado, é conforto e alento em nossa caminhada nesse mundo. Por isso que, assumir tê-la, de novo, como orientadora para cada dia deste novo ano é a melhor escolha.

      "Em chegando o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha prescrito a Israel". Neemias 8,1.

     Neste recomeço, a cerca de 2.500 anos atrás, o povo de Deus encara a Bíblia como "livro prescrito" para bênçãos. Não poderiam continuar, a partir dali, sem se debruçar sobre ele. Nós, que o temos conosco, completo em sua coleção, vamos hoje nos debruçar sobre as cartas de Paulo.

   Esse apóstolo usou o recurso mais ágil ao seu alcance, num tempo em que digitar e pôr na Internet não existia, que foi o recurso de escrever e enviar por meio de portadores cada uma de suas cartas. E, pela providência de Deus, nós as temos na coleção bíblica hoje em nossas mãos.

    Selecionamos 5 (cinco) delas como representativas da orientação que todas as outras nos dão, assim como os demais livros da Bíblia, assumindo essas amostras como sugestões de orientação para cada dia deste novo ano.

    "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Romanos 12:1,2.

     Esse seria o primeiro recado para nós, na carta de Paulo aos Romanos. Nele ele nos exorta a não nos conformarmos ao século, mas renovarmos a nossa mente. Esse é o espírito do evangelho, da plena e constante modificação que opera em nossa vida. Isso, a todo momento e a toda hora, significa culto.

    "Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus". 1 Coríntios 1:22-24.

    Nessa segunda opção de carta, divisamos a missão essencial da igreja e o que representa, ao mundo, ao século, a notícia que tem a transmitir. Nossa identidade está associada à mensagem que pregamos. E, no século atual, não há nem urgência e nem mensagem maior e de maior efeito do que esta.

     "Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem" 2 Coríntios 2:15. "Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações" 2 Coríntios 3:2,3.  "E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" 2 Coríntios 5:15.

     Da carta aos Coríntios 2 retiramos três textos em que Paulo nos define a identidade, estabelecendo entre nós e Jesus a proximidade e a comunhão que a Bíblia define. Por isso ela é considerada Palavra de Deus e o Livro mais ousado que existe em suas afirmações.

     Cheiramos a Jesus, somos uma carta aberta do que Jesus realizou e pode realizar em nós, isso se chama igreja, e não há outra razão por que viver, do mesmo modo que Jesus cumpriu, em sua vida, a sua razão de viver.

     "... logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão" Gálatas 2:20,21.

     Nesta quarta opção de síntese encaramos a definição que Paulo Apóstolo dá sobre o que seja igreja. A Bíblia tem muitas outras, por vários outros ângulos, mas nesta menciona a fé que nos liga a Jesus e a troca e interdependência que se opera em nós. Longe da fé significar um "salto no escuro", ela é definidora de nossa explícita relação com Jesus.

    "... e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus". Efésios 3:17-19.

     Na quinta opção, da carta aos Efésios, fica difícil selecionar o texto mais significativo. Na verdade, todas essas cartas e as demais de Paulo devem ser esgotadamente lidas e relidas neste ano. Aliás, toda a Bíblia.

    Aqui Paulo nos convida a experimentar a plenitude de Deus. Para isso, menciona a trindade: Cristo habita em nosso coração pelo Espírito, e assim experimentamos, em amor, a plenitude de Deus. Mais uma de tantas afirmações ousadas e verdadeiras da Bíblia.

    Por elas, somos convidados a dar início à caminhada deste ano. Você aceita e assume esse desafio? Diga amém, amém: em verdade em verdade, como Jesus sempre dizia (e diz).