sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Caríssimos
     Adailton e Thaísa Novaes

      Somos muito gratos pelo seu engajamento conosco nos sonhos e projetos aqui no Acre. Cravina tem sido a mediadora, o anjo que Deus tem colocado entre nós, para que seja possível o contato e a ajuda de vocês. 
      Estamos no Acre já há 25 anos, completando agora em janeiro. Quando chegamos aqui era muito diferente, como muito do que ainda se imagina, mas que, nesse período, mudou para melhor. 
      Eu acompanhava a história do casal de missionários, Nelson e Josilene Rosa, que aqui chegaram em 1984, onze anos antes de nós. Quando visitei o campo em 1993, foi amor à primeira vista.
     E Deus nos tem abençoado continuamente desde que aqui pisamos. Minha esposa logo no terceiro ano aqui iniciou como professora de arte numa escola onde está até hoje. Eu, nesse mesmo ano dela, iniciei magistério como professor também. 
     Assim pudemos providenciar nosso sustento e ajudar os irmãos, primeiro de 1998 a 2018, na construção do templo, e a partir de então, como Congregação da Fluminense, iniciar esse ministério com crianças.
      Nossa prioridade foi adquirir a chácara onde hoje as assistimos. Temos duas classes, lideradas por meus filhos: os menores, até 5 ou 6 anos, com Isaac, e os maiores com Ana Luísa. A quantidade flutua entre 15 e 20 crianças, mas cerca de 10 a 12 estão firmes. 
     Colocamos nossas comemorações e classes de domingo, por meio de fotografias, no Face "Projeto Chácara Jesus o Bom Pastor". A Igreja Fluminense esteve conosco, com sua equipe, por três vezes, ajudando-nos a construir o muro (área de 60 X 80 m2).
      Nesses últimos dias, colocamos a cinta de cimento para consolidar todo o perímetro e agora vamos instalar itens de segurança. Orem pela legalização do terreno: 6 lotes já estão sob procuração e os outros 8 precisam ainda de ajustes documentais. 
     Nossa sincera gratidão pela participação de vocês, caminhando conosco em oração, informações e ofertas. É claro que ainda falta uma coisa: vir ao Acre. Mas não há nenhum problema quanto a isso. É só nos avisarem com certa antecedência. 
    Mas há um risco: amor à primeira vista, como ocorreu conosco. Falando em ministério, que envolve fé, amor e muita coragem, lembro de sua mãe,  Thaíse, e querida sogra, Adailton.
    Quando comecei nos acampamentos em Pedra de Guaratiba, ela e suas amigas eram seminaristas e equipantes no Acampamento Ebenézer. Sem dúvida esse time que eles e elas formavam me influenciou nas decisões futuras.
    Deus abençoe vocês. Continuem engajados no ministério. Criem os filhos com essa mesma visão. Nosso tempo requer desafios e diversificação de modelos inteligentes de trabalho missionário. 
    Ainda há muito por fazer em nossa chácara. Mas temos avançado num ritmo animador. Deus nunca nos deixou estacionados. Orem também pela definição de minha aposentadoria. Muito vai contribuir para que eu disponha mais atenção aos nossos objetivos. 
      Grande abraço. Um ano de 2020 com a mesma visão e vitorias ainda maiores para o Reino de Deus. Sejam fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder. Efésios 6,10. Em nome de nossa Congregação,

     Cid Mauro Araujo de Oliveira.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Pai Nosso

     Os discípulos tiveram dúvidas sobre como orar. Pediram ajuda a Jesus. Ele orientou para que sua oração fosse direta, secreta, desprovida de vaidade e repetições desnecessárias.
    O chamado "Pai nosso" não deve ser repetido apenas mecanicamente, no sentido automático, pois contrariaria a própria instrução de seu contexto, dada por Jesus: evitar vã repetição.
    Pode até ser simbolicamente repetido, como se faz costumeiramente, como oração de comunhão entre pessoas de diferentes religiões, emergencialmente, como socorro em situações coletivas de aperto ou no contexto do culto.
    Mas o detalhamento de suas partes cobre um espectro amplo de necessidades imediatas, que todas devem, permanente e diariamente, fazer parte de nossa vida.
    "Santificado seja o teu nome". Já é. Deus é santo, aliás, o único santo, independentemente de atribuirmos santidade ao Seu nome. Esse primeiro rogo significa o compromisso de quem assume, constantemente, santificar o nome de Deus em sua própria vida.
    O "venha a nós o teu reino" significa a ação de Deus na história. Deus existe e age. Senão, se não age presente e constantemente no mundo, nem precisava existir. Ou contrariaria Seu próprio nome se fosse imóvel, muito "na Sua", sem intrometer-se no dia a dia.
     Mas Deus age no homem/mulher e pelo homem/mulher. Quem crê em Deus abre-se à ação de Deus e, por esse meio e dessa forma, Deus age no mundo. Jesus foi matriz e padrão dessa ação. E Paulo Apóstolo diz que sua missão foi formar Cristo em nós.
     Esse é o agir de Deus. Por isso, o "seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" se torna possível. Vontade é o primeiro exercício da autonomia humana. Agora, compartilhar todas as nossas decisões com Deus significa, de modo concreto, tornar reino e vontade de Deus concretos no mundo.
     "O pão nosso de cada dia nos dai hoje". O povo, na antiga Palestina, na época de Jesus, procurou-o na semana seguinte à da multiplicação dos pães para comer pão, de graça, novamente. Jesus estabeleceu a diferença/semelhança entre fé e trabalho.
    Para comer o "pão nosso de cada dia", precisamos de trabalho. E quanto mais e melhor estudos, mais digno e profícuo o trabalho. Desde a mais tenra infância, em casa e na escola, aprende-se o trabalho.
    Agora, quanto à fé, não existe trabalho para obtê-la: é dádiva de Deus. Há muito trabalho, sim, após obtê-la. Por isso Tiago diz, ironicamente, "mostra-me a tua fé sem obras que eu, com minhas obras, mostro a minha fé".
    Mas cuidado para não usar obras como moeda de troca. Elas são um compromisso social e horizontal com o semelhante. Primeiro a fé, antes a fé, para só então autênticas obras como seu fruto. Quanto ao trabalho, esse é obrigatório e gratificante para pagar o pão.
    "Perdoa as nossas dívidas, como perdoamos a nossos devedores". É muito fácil nos tornarmos hipócritas. Vejamos bem: quem é perdoador por excelência é Deus. Não somos, naturalmente bons, ou magnânimos perdoadores.
    Não somos. Bondade se aprende com Deus. Pedir perdão a Deus, na mesma medida que perdoamos, é praticar, em essência, o que Deus pratica. Temos de aprender com Ele. Senão, seremos hipócritas, apenas "religiosos", sem nunca, efetivamente, praticar o perdão.
     "Não nos deixe cair em tentação, mas livrai-nos do mal". Jesus disse que a maldade não está nas ruas, imaginária e equivocadamente falando: está dentro do coração dos homens/mulheres. Todos e todas.
     Querem salvar a Amazônia ou todos os demais ecossistemas no Planeta? Uma praga que externinasse os animais "racionais" no Planeta, salvaria completamente toda a natureza. Porque os animais "irracionais" não destroem o meio ambiente.
      Essa é somente uma faceta da maldade humana. Ela prevalece, porque o ser humano levanta-se contra o Criador, contra si mesmo e contra o outro, simultânea e sistematicamente.
    Mas rogar ao Pai que nos livre do mal não é magia e nem milagre: livrar-se do mal é cada um trabalhar para bloqueá-lo em si mesmo e, quem sabe e só então servir como exemplo e modelo de conduta. Hipocrisia minha será não bloquear o mal em mim e ainda querer dar uma de "profeta", repreendendo o outro.
     "Porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre", nem precisa repetir, porque já é dEle, para quem nisso crê. Mas tornar isso participativo para mim, inclui que eu admita que Deus seja Senhor em minha vida.
     Pronunciar "Deus", defender a própria religião e a dos outros ou simular contrição, até mesmo pela recitação mecânica do "Pai Nosso", não torna ninguém autêntico diante de Deus.
    É necessário fé. Como diz o autor anônimo da epístola aos Hebreus, "sem fé, é impossível agradar a Deus". E Tiago, em sua epístola (carta) logo ao lado diz, novamente de modo irônico, "você tem fé? Pois demônios também têm, e estremecem", diante de Deus.
      Ê  uma questão de autenticidade.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Um Jesus para cada consumo

Um Jesus para cada consumo
   (Siga os links abaixo)

      Certamente as Escrituras indicam um perfil definitivo e suficiente para definir sua principal personagem: Jesus. 
      E o acesso a ela democratizou-se com a Reforma, do séc XVI, quando versões em línguas nativas chegaram às mãos do populacho.
     E a partir de então, ciências para uma interpretação segura do texto também se popularizaram e foi natural que houvesse, aqui e ali, discordâncias de pontos de vista e, historicamente, grupos de diferentes nomes e vieses se formassem. 
    Surgia(m) a(s) ortodoxia(s), ou seja, reivindicações, a partir de cada diferente visão, de linhas bem definidas de síntese e resumos de pontos de fé: quem as professasse estaria quites e bem ajustado à verdade.
    Aplique-se a Jesus e teremos o primeiro perfil de consumo. Qual é a visão ortodoxa de Jesus? Poderíamos pensar, de início, a partir de que ponto de vista? Qual ortodoxia? Dele mesmo? Qual a crítica que Jesus faria a respeito dessa busca humana pela ortodoxia?
    E que outro perfil podemos estabelecer? Talvez o mais popular. Jesus, o homem das massas, do povo, dos marginalizados. Então, o perfil verdadeiro, bem claro e definido viria a partir dessa classe. Precisaríamos estar atentos, de olhos e ouvidos bem fixados, porque a partir deles emergiria a visão precisa do Cristo.
     Ou quem sabe, para ficar nessas três, uma visão mais acéptica, certamente mais precisamente ortodoxa, puritana, quem sabe, escolástica, com certeza, a partir de uma camada  mais ilustre da sociedade, que mais naturalmente reuniria condições, em todos os sentidos, para formar e enunciar um perfil final do Mestre. Uma visão burguesa, diríamos.
     Um mosaico ortodoxo-marginal-burguês de Jesus, para ficar nessas três, sem antecipar o perfil carnavalesco 2020, já delineado na mídia, ou ainda sem comentar o perfil Netflix, ao gosto da comunidade LGBT e mais letras.  Jesus para todos os gostos. Sem mencionar, do mesmo jeito, o perfil neopentecostal, confirmado a partir do sobrenatural, insofismável, apenas questionado por incréus.
     Na conversa com a samaritana Jesus procurou definir seu perfil. A cada conversa nas Escrituras, uma busca por definição, que é um jogo, com peças bem (in)definidas. Certa vez ele disse que seus patrícios escarafunchavam as Escrituras pela vantagem pessoal de auferir vida eterna. Mas não queriam ir a Jesus para ter vida.
     O perfil de Jesus está definido nas Escrituras. Ela é um livro, de uma vez por todas, dado aos homens (e mulheres). Na maioria das vezes, escrito por gente do povo, alguns intelectuais, talvez mulheres anônimas, traduzido desde a antiguidade para que fosse acessível. 
    Ir a Jesus significa procurá-lo, sim, é possível  encontrar. Sempre nas (e pelas) Escrituras. Sempre encontrá-lo a partir de quem já fez a leitura, creu e o conhece, porque antecipadamente o encontrou. Não adianta achar que do encontro com Jesus alguém vai retornar sem perdas. Vai perder tudo, para ganhar Cristo.
    Daí que sua definição ou perfil não cabem nem na ortodoxia, nem na democracia racial, classista, popular, genérica dos marginalizados ou na pretensa crença classuda e impositiva dos bem nascidos. Porque quem encontra Jesus tudo perde. Tem que perder sua vida. Terá de renunciar a tudo. 
     Paulo apóstolo disse "deveras, considero tudo como perda por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar Cristo e ser achado nele sem justiça própria".
    PP - Procedimento Padrão. Não há como se fundir a Cristo, como ser batizado nele sem perder todas as coisas. Desculpem, quem defende toda(s) a(s) ortodoxia(s). Ou quem, sem reservas, defende todos os direitos dos oprimidos. Ou que se impõe, porque está acima de todos os outros, equiparado somente a seus iguais, na faixa de cima acima de todas as outras. 
    Não há como se aproximar de Cristo e voltar sendo o mesmo. A samaritana entendeu isso.  Voltou aliviada por entender isso. Zaqueu entendeu isso. Desceu de seu falso patamar, para igualar-se a todos, porque entendeu isso. A prostituta na casa do fariseu derramou sua vida: broken and spilled out, just for love of you, Jesus.
     Jesus, sim, é perfil de consumo. Mas foca na imagem, para não adquirir "gato por lebre". A responsabilidade é individual. Caia sobre nós o sangue desse justo. Caiu sobre todos e cada um. Para a vida ou para a definitiva morte: problema seu, nosso, de cada um.
Letra:

domingo, 8 de dezembro de 2019

Sermão - Pós-modernidade e a identidade de Jesus


Isaías 52,13-15

13 Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime. 14 Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens), 15 assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão.

 1. Exposição do servo sofredor: identidade;
 2. Imagem e intensidade do sofrimento;
 3. Relevância dele e descaso dos poderosos. 

Isaías 53,1-12

v.1 - Credibilidade e acesso ao evangelho: "Quem creu em nossa pregação?";
- A verdadeira gênese do evangelho: 1. Na época atual, é necessário restaurar as raízes da mensagem evengélica. O kerigma é o principal indicador de identidade, usado na canonicidade dos livros. Ver Mc 1,14-15: Jesus é o primeiro a anunciar o evangelho.
1. Como o servo é visto pelos homens: APARÊNCIA
v.2 - a) renovo e raiz de terra seca: sem aparência ou formosura e nenhuma beleza;
v.3 - b) desprezado/mais rejeitado/homem de dores/sabe o padecimento: como de quem se esconde o rosto e de quem não se faz caso; 2. Vivemos um tempo em que a identidade do “ser” é questionada: niilismo, que significa vir, viver e ir para o nada; a “teologia” da “morte de Deus”: a ressaca do modernismo gerou o pós-modernismo: a ciência desbancou a Bíblia e a própria decepção da humanidade com ela predispõe a um sentido existencialista de vida, vida como acontecimento, apenas um prenúncio de morte.
2. O que o servo conquista para Deus. REALIDADE - Certamente ele:
v.4 - a) tomou sobre si nossas enfermidades/nossas dores tomou sobre si (nós o reputávamos aflito, ferido de Deus é oprimido);
v.5 - b) foi traspassado por nossas transgressões/moído por nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz/sobre ele; por suas ligaduras/sarados; 3. Precisamos destacar e indicar o específico da Bíblia: a) a fé socorre a razão. Esta, destituída de fé, não melhora, não converte, não transforma nem o homem e nem a sociedade; b) o específico da Bíblia não são milagres ou promessas de prosperidade: mas a realidade da morte e ressurreição de Jesus, nosso batismo nEle e da possibilidade real de sermos imitadores de Deus (Ef 5,1-2); c) da realidade de viver uma igreja posta no mundo, vista nas ruas, arriscando-se no testemunho verdadeiro do evangelho, como Jesus viveu e nos dá poder de viver.

COMO ESTÁVAMOS: 4. A realidade do ser humano como a Bíblia a mostra;
v.6 - a) desgarrados como ovelhas;
        b) desviados pelo caminho;
O QUE FEZ O SENHOR 5. A história de Jesus: a pós-modernidade defende o fim da história: não se sustenta como argumento a continuidade histórica: criação, revelação, história da humanidade, termo e juízo final. Essa “ressaca” da modernidade rompe com essa visão teológica. Na virada do séc XV para o XVI, por ocasião do Renascimento/Iluminismo é requerido romper-se definitivamente com essa visão da tradição judaico-cristã.
Mas o Senhor fez cair sobre ele nossa iniquidade;
E O SERVO - v.7 – 6. A identidade do servo: a Bíblia no-la mostra.
a) oprimido/humilhado não abriu a boca;
b) como cordeiro ao matadouro;
c) ovelha muda perante tosquiadores;
                  v.8 -
a) arrebatado por juízo opressor;
b) sem linhagem/cortado da terra;
c) ferido pela transgressão do povo;
                  v.9 -
a) sepultura com perversos/com ricos esteve;
b) nunca injustiça/nem dolo em sua boca;

A DEUS - v. 10 7. A revelação do amor de Deus: a Bíblia é uma história de amor.
a) agradou moer;
b) fez enfermar;
O SERVO -
a) qdo der sua vida oferta pelo pecado;
b) verá posteridade;
c) prolongará seus dias;
d) a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
                  v. 11
a) verá penoso fruto de seu trabalho;
b) ficará satisfeito;
c) justificará a muitos/levando sobre si suas iniquidades.

RECOMPENSA DE DEUS COMPARTILHADA
v.12 - a) dará muitos como sua parte;
           b) repartirá despojos com poderosos;
O SERVO
    a) derramou sua alma na morte;
    b) contado com transgressores/esteve entre ricos;
    c) intercedeu por transgressores;
    d) levou sobre si os pecados de muitos;
       




quinta-feira, 5 de dezembro de 2019


 O casal Gerson e Neli Coelho são fundamentais em minha vida. A primeira igreja que pastoreei, assim como o convite a pastoreá-la estão relacionados a eles.
    E com os demais membros da Congregacional em Cascadura, Igreja que se destacou nas ofertas missionárias, desde 1972, assim como entregou vocacionados ao ministério outros pastores, como o pastor Helio Martins. 
    Formavam essa igreja um grupo homogêneo de heróis da fé, nome de uma galeria de retratos onde figuravam alguns desses irmãos. Aqui mencionados os pastores Amaury e Henrique Jardim, mais outros dois entregues por vocação ao ministério. 
    E foi entre esses membros que saiu um grupo de onze irmãos, na época indicados numa assembleia de membros dirigida pelo pastor Maurilo Neves Moreira que, entre outros, batizou a mim e a minha esposa. 
   Foram indicados a cuidar da Congregação em Curicica, Jacarepaguá, Rio, RJ. Entre esses irmãos o casal Gerson e Neli e, na época, seu filho Gielson, ainda na primeira infância. 
    Eles contavam como, desde recém-nascido, dormindo em esteiras de palha no chão, até nos retiros, sempre os acompanhou em quaisquer das programações nas igrejas. O presbítero Gerson, com sua mãe e irmãos, pertenceu ao grupo de pioneiros da Congregacional de Cascadura, desde 1958, a partir da antiga Congregacional de Piedade. 
    E agora, com sua esposa e filho, aos pioneiros da Congregacional em Curicica. E não somente assim. Certo dia, à noite, num domingo de 1982, Gerson e Valdemir entraram pelo velho portão em Cascadura. 
   Naquela época, o coral sentava atrás do púlpito. Por isso os vi entrando no finalzinho do culto. Vinham de Curicica para me fazer tremer, quando me cercaram à saída do templo, para conferir minha resposta a um convite já feito para pastorear Curicica.
   Tentei, igual a Saul, Jonas ou Moisés, fugir. Não obtive êxito. E foi esse casal que me conduzia, pela estrada Grajaú-Jacarepaguá, no seu Fiat 147, o chamado "caixa de fósforo", na época o único a desbancar o Fusca.
   Gerson foi campeão nessas duas marcas. Com a esposa percorreram o Brasil. Sempre treinaram para ser desbravadores e pioneiros. Esse grupo de Curicica é o que todo e qualquer pastor deseja ver como modelo de fundadores de igrejas. 
   Eu já aqui no Acre acompanhei a dedicação desse casal em efetuar a compra dos imóveis da esquina do terreno da Rua Arália, naquele bairro, para maior largueza aos irmãos, necessidade desde a década de 80, cumprida por bênção de Deus nos anos 90.
    Como foram decisivos no apoio que me deram o casal Gerson e Neli. Quantas visitas fizemos, rodando toda Jacarepaguá naquele Fiat, assim como outras famílias e cultos, até mesmo na Congregacional em Mato Alto, igreja que os sogros do presbítero Gerson iniciaram em seu sítio. 
    E muitas conversas dentro do Fiat, subindo de ida e de vinda, pela estrada Grajaú-Jacarepaguá foram de valor premente numa fase de minha vida ainda de início e confirmação no ministério. 
    A experiência desse casal se espalhou pelo Brasil. Seu empenho missionário é exemplo em toda a denominação dos congregacionais. Eles investiram toda a sua vida no apoio, inclusive financeiro, a um grupo de abnegados desbravadores, que são os nossos missionários. 
    Amplamente suprida, irmão Gerson, sua entrada nos céus, como afirma Pedro, em 2 Pe 1,10-11. Muitos outros carregam consigo essa marca de fidelidade e serviço, influenciados por vocês dois, Gerson e Neli.
    O maior tesouro que Deus concedeu a vocês, Gean e Gabriel, fruto do casal Gielson e Dorinha, certamente hão de cumprir essa mesma vocação, com dedicação, serviço e amor a missionários. Ó, Pai, dê-nos casais que desse mesmo modo se dediquem por levar adiante esse ministério.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019


O retrato
     Meus pais, mal eu me via como gente, mencionavam "tirar retrato", nos anos 60, com revelação em preto e branco. 
     Não era uma Rolleyflex, como na bossa-nova de João Gilberto, mas era uma daquelas sanfonadas alemãs. 
     Hoje chamam foto, em lugar do termo "retrato". Mas este é mais completo. "Foto", que já está abreviado de "fotografia", mais parece mesmo um instantâneo fugidio.
    Retrato pretende mais revelar. Transmite a ideia de "retratar". Uma ideia de permanência dos contornos. Ou que mais ainda se mostre.
    Eventualmente pergunta-se, curiosidade justificável, se a Bíblia descreve com minúcias o retrato de sua mais importante personagem: Jesus. 
    A resposta é sim e não, ao mesmo tempo. A primeira, sim e de modo radical, esclarece que "quem me vê a mim, vê o Pai", como disse a Felipe o próprio Jesus. 
   Nesse caso, está visto, pronto e retratado. Quando dizemos não, é porque não é com a aparência desejada, uma fotografia ou descrição física, cor dos olhos, tipo de cabelo, barba e as vestes de Jesus. 
    Essa informação a Bíblia não tem. Mas descreve o fundamental. Todos os aspectos relevantes. Sem os quais, a identidade de Jesus estaria falseada nas próprias Escrituras. 
    Isaías, o profeta do séc VIII a. C., vivendo em torno de 700 a. C., descreve o Servo Sofredor. Seu retrato. E mistura o retrato dele ao nosso. Isso mesmo. Nosso retrato é Deus que conhece. 
     E no Cântico do Servo Sofredor, Isaías funde o retrato profético de Jesus Cristo ao nosso. Cada um que crer, terá chapado seu retrato ao retrato de Cristo, expresso em Isaías 53,1-12.
    Que começa com a pergunta: "Quem creu em nossa pregação?". Pois "Quem creu", teve chapado o seu retrato ao de Cristo. Ali, no poema, fala-se de Cristo como um renovo que brota desprezado. 
    Que não se dá conta, como raiz de uma terra seca. Feia, sem beleza, quando se olha. Mas aí, começa o nosso retrato. A enfermidade do pecado, as transgressões e iniquidades. Ele carrega com todas.
    Mais do que enfermidades físicas. Mazelas espirituais. Impregnados delas. E todo o peso e o preço delas recaem sobre o Servo Sofredor, que é Jesus. A partir daí se desenha a nossa nova identidade. 
    E se revela a identidade do Cristo de Deus. No gesto da cruz, revelam-se as identidades do Pai, do Filho e a da humanidade. Aí estão retratadas.
    A Deus agradou moer o Filho, fazê-lo enfermo, que desse sua vida como oferta pelo pecado. A única maneira pela qual o amor de Deus poderia ser revelado e compartilhado. 
    A identidade do Pai se revela no gesto de amor do Filho. E enseja a que se creia nessa pregação. Porque a palavra é fiel. 
     O próprio Filho ao entrar na história, no início de seu ministério, pregou: "Arrependei-vos e crede no evangelho". O próprio Filho é a dádiva do evangelho. 
     A mensagem dessa pregação é que Jesus é a única e suficiente oferta pelo pecado. O nosso retrato é medonho. Há quem queira esconder sua imagem.
    Mas nesse Cântico do Servo Sofredor se revela a imagem de Jesus, a nossa imagem e a imagem do Pai. Anunciando como nos restaurar o lindo retrato como resultado final.

domingo, 1 de dezembro de 2019

SERVO SOFREDOR- SERMÃO

Isaías 52,13-15

13 Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime. 14 Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens), 15 assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão.

 1. Exposição do servo sofredor: identidade;
 2. Imagem e intensidade do sofrimento;
 3. Relevância dele e descaso dos poderosos. 

Isaías 53,1-12

v.1 - Credibilidade e acesso ao evangelho: "Quem creu em nossa pregação?";
- A verdadeira gênese do evangelho:
1. Como o servo é visto pelos homens: APARÊNCIA
v.2 - a) renovo e raiz de terra seca: sem aparência ou formosura e nenhuma beleza;
v.3 - b) desprezado/mais rejeitado/homem de dores/sabe o padecimento: como de quem se esconde o rosto e de quem não se faz caso;
2. O que o servo conquista para Deus. REALIDADE - Certamente ele:
v.4 - a) tomou sobre si nossas enfermidades/nossas dores tomou sobre si (nós o reputávamos aflito, ferido de Deus é oprimido);
v.5 - b) foi traspassado por nossas transgressões/moído por nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz/sobre ele; por suas ligaduras/sarados;
COMO ESTÁVAMOS:
v.6 - a) desgarrados como ovelhas;
        b) desviados pelo caminho;
O QUE FEZ O SENHOR
Mas o Senhor fez cair sobre ele nossa iniquidade;
E O SERVO - v.7 -
a) oprimido/humilhado não abriu a boca;
b) como cordeiro ao matadouro;
c) ovelha muda perante tosquiadores;
                  v.8 -
a) arrebatado por juízo opressor;
b) sem linhagem/cortado da terra;
c) ferido pela transgressão do povo;
                  v.9 -
a) sepultura com perversos/com ricos esteve;
b) nunca injustiça/nem dolo em sua boca;

A DEUS - v. 10
a) agradou moer;
b) fez enfermar;
O SERVO -
a) qdo der sua vida oferta pelo pecado;
b) verá posteridade;
c) prolongará seus dias;
d) a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
                  v. 11
a) verá penoso fruto de seu trabalho;
b) ficará satisfeito;
c) justificará a muitos/levando sobre si suas iniquidades.

RECOMPENSA DE DEUS COMPARTILHADA
v.12 - a) dará muitos como sua parte;
           b) repartirá despojos com poderosos;
O SERVO
    a) derramou sua alma na morte;
    b) contado com transgressores/esteve entre ricos;
    c) intercedeu por transgressores;
    d) levou sobre si os pecados de muitos;