domingo, 30 de outubro de 2022

Isaías 5,1-7: mas que videira?

    Somos ramos da videira. Significa dizer que estamos ligados a Jesus. Efetivamente somos tratados pelo Pai, o agricultor. O texto coloca o Pai como o operário da vinha.

   Tão linda, tão esperada e tão cuidada que o menestrel, o trovador de Isaías 5 descreve, em poesia, o cuidado com que o dono da vinha a aguarda. O fruto pretendido é esse que se espera da igreja.

   Vós já estais limpos. Estamos, por definição, limpos. Mas o Pai, continuamente, limpa-nos. Limpar do pecado é outro trabalho, a gente até deve dizer, trabalho limpo que Deus realiza.

    O Espírito Santo que, como indica Jesus, convence do pecado, da justiça e do juízo, operando na conversão, também opera continuamente na santificação.

   E do mesmo modo, como indica Paulo, há luta contra a disposição carnal, para que o fruto do Espírito apareça, no processo da santificação ocorre esse mesmo embate. Como ocorre renúncia de si mesmo, para que a conversão se concretize, na santificação ela continua a ocorrer.

   Porque agora, num certo sentido, somos novo homem, nova mulher, mas noutro, ainda existe, atua e resiste o velho homem, a velha mulher. E esse homem natural, como define Paulo, na carta aos Coríntios, rejeita qualquer sugestão do Espírito Santo.

   O homem natural não aceita as coisas do Espírito, porque lhe são loucura. Já identificamos em nós essa rejeição? Taí algo que não depende de psicoterapia: deve ser natural e agenda permanente de todo cristão.

   Permanecer em  Cristo, para que o fruto apareça, passa antes por esse processo de faxina. Um processo que se dá conscientemente, por meio do convencimento em acolher a palavra de Jesus.

   É ela que desperta para a fé, assim como instrui, promovendo o grau de opção consciente e escolha pelo que agrada a Deus. O velho homem está impregnado, na sua consciência, por tudo que contamina, e sua escolha natural não é aquilo a que o Espírito Santo confere total preferência.

    Com que grau de lucidez fazemos nossa autoanálise? Em que grau damos preferência ao que o Espírito Santo sugere? Lembremos que o que Ele sugere deverá ser aceito, não sem antes exercermos renúncia.

    Paulo, aos Gálatas, denuncia que o Espírito é contra a nossa natureza carnal e ela é contra o Espírito. A insistência aqui em mencionar isso não é dar cartaz, como se pudesse ser dito, a esse trabalho pesado do processo de santificação.

   Mas sim ressaltar que algo em nós que rejeita tudo o que o Espírito Santo sugere precisa estar  em constante controle, somente possível em parceria com o Espírito Ssnto. E numa guerra sem tréguas. Esse é o lado guerrilha da vida cristã.

    O resultado, a cada vitória, é a glorificação em nós, na igreja, do nome de Deus. Porque os frutos são resultado do trabalho do operário da videira, a a vinha, que Deus desejava que fosse Israel, agora Ele a tem configurada na igreja.

   Está descrita nessa fala de Jesus o trabalha realizado pelo Agricultor, pormenorizadamente o que realiza em Sua vinha, quem é o tronco e quem são as varas e, agora sim, o fruto que se espera. A igreja é essa que dá os frutos que Deus espera do trabalho que realiza em sua vinha.

    Há beleza, há poesia, há fruto como resultado detalhado desse empenho. E nossa participação é o alvo da palavra de Jesus registrada. O texto nos indica o modo como se opera a santificação. Somos parceiros de Deus nela.

    Essa parceria se configura no mandamento do amor, concedido por Jesus. Amor não é dom, é fruto do Espírito. Como diz Paulo aos Romanos, derramado em nosso coração pelo Espírito. Em profusão.

    Porque dom é opcional. Pois a igreja, como corpo de Cristo, complementa-se nos dons que lhe são concedidos pelo Espírito. Uns recebem alguns, outros recebem outros. Mas o fruto é para toda a igreja.

   E o amor é mandamento. Essencial na santificação. Porque amor é reflexo da identidade da igreja com Deus. E amor não se modula por preferência ou escolha prazerosa, mas amar como Deus ama.

   E Deus amava inimigos Seus, que éramos cada um de nós, e foi nesse tempo que Deus concedeu Jesus para morrer pelos inimigos. Por isso o nosso modelo de amor, deve ser exercido como Deus o exerce.

   E a dádiva de Jesus em sua morte, confere aos servos o status de amigos, em função da intimidade que Deus revela manter com a igreja: tudo quanto ouço de meu Pai, vos tenho dado a conhecer, afirma Jesus.

    Na conclusão de sua fala, Jesus faz a síntese:
"Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda." João 15:16.

    E em Sua síntese, reforça os resultados do fruto da vinha, grande e permanente expectativa do Pai, em relação à santificação como parceria:

1. Amai-vos, intensamente, uns aos outros;
2. A igreja não é mundo, está no mundo, por isso sua identidade é ser rejeitada por ele: portanto, vai amar intensamente os que a odeiam;
3. Haverão de rejeitar, do mesmo modo, as obras que ela realiza;
4. Termina com a menção de que o Espírito Santo, como prometido, será o agente dessa santificação. Assim como garante a identidade e o ministério da igreja, por meio de seus frutos.

    

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Ai de mim, estou perdido(a).

    Surpreendido. As visões, como comenta o próprio Samuel, não eram (e não são) frequentes. São específicas. Isaías teve a sua.

   Onde se viu, o lugar que pressupôs ser o templo, estava totalmente preenchido pela presença de Deus. Mas ora, afinal, onde se ausentar dela, como tenta o salmista, por meio de seu precário GPS, indicar?

   Mas verificar, desse modo, numa visão, essa presença, fez Isaías se sentir, por todos os lados, constrangido. As vestes enchiam o templo. Acossado pela falta de espaço.

  E vieram as vozes dos anjos, gradação acima, repetindo Santo! Santo! Santo!. Não dá para definir a sensação que tomou de conta do proefeta, como dizemos aqui.

   A profundidade nele do Ai que expressou não foi retórica. Estava enquadrado, definitivamente. Nessa cena não dava para florear, com o misticismo de rotina, o que realmente significa estar diante de Deus.

   Nas Escrituras, por diversas vezes, homens (e mulheres) nela retratados passam por essa experiência. Seja Jacó, no seu sonho, Jonas, na oração no ventre do peixe, ou Isaías, nesta visão, ou ainda John, The Revelator (veja link abaixo), refiro-me ao apóstolo João, em Patmos.

   Estar diante de Deus não se fabrica. Não são sensações internas, flutuações de humor, malabarismos retóricos de orações turbinadas só por emoções ou por uma lucidez de ocasião.

   Depende-se do Espírito para isso. Já diz Paulo, o Espírito nos assiste em nossa fraqueza, porque nem orar como convém a gente sabe. Não dá para fabricar uma visão de Isaías todo dia. Mas ela está aí, para advertir.

   E associada a essa visão da santidade de Deus, do pecado pessoal e individual, está a visão do chamado. Há em Deus uma frequente ansiedade por quem atenda o Seu chamado. Está aí também o texto para isso.

   É a natureza da profecia. Abrir olhos que não querem ver, que pensam enxergar. Abrir ouvidos que pensam ouvir. Despertar para uma falsa suspeita de que se compreendeu a mensgem.

   Como diz Paulo Apóstolo, o evangelho foi pregado e testemunhado desde o Antigo Testamento. Ele diz isso na introdução da carta aos Romanos. Portanto, a atenção para essa mensagem é permanente, desde o tempo de Isaías, e ainda antes dele.

   Pedro adverte que Noé a pregou em seu tempo. O grau máximo de advertência é Jesus quem traz, segundo indica Marcos evangelista, aliás, baseia sua intervenção exatamente na profecia de Isaías, quando escreve:

"Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho; voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas", Marcos 1:1-3.

   E indica o grau, na verdade, o último, de urgência da pregação do evangelho, definido pelo próprio Jesus, o pirmeiro a pregar:

"Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.", Marcos 1:14,15.

   Neste grau a igreja é vocacionada a anunciar. Entendo que, desse modo, coloca a si mesma e a seus interlocutores diante de Deus, para que compreendam a dimensão da santidade do Senhor, o grau de seu pecado, a natureza de sua vocação e a urgência de sua mensagem.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Castelo Forte

      

     "Castelo Forte", Ein feste Burg ist unser Gott, em alemão (Fortaleza Poderosa é o nosso Deus) um dos hinos preferidos da tradição Protestante, considerado o “Hino de Batalha” da Reforma Protestante, pelo efeito produzido no apoio à causa reformista.

   John Julian indica quatro teorias sobre sua origem, segundo: 

1. Heinrich Heine: foi cantado por Martinho Lutero e seus companheiros, quando entraram em Worms em 16 de abril de 1521, para a Dieta; 

2. K.F.T. Schneider: foi um tributo ao amigo de Lutero, Leonhard Kaiser, executado como um mártir protestante, em 16 de agosto de 1527; 

3. Jean-Henri Merle d'Aubigné, cantado pelos príncipes luteranos alemães, quando entraram em Augsburg, para a Dieta em 1530, na qual a Confissão de Augsburgo foi apresentada; e 

4. de que foi composto em conexão com a Dieta de Speyer (1529), na qual os príncipes luteranos alemães apresentaram o seu "protesto" ao Imperador Carlos V, que queria reforçar o seu Édito de Worms (1521).

    O mais antigo hinário em que aparece é o de Andrew Rauscher (1531), sendo provável que ele figurasse no hinário de Wittenberg, de Joseph Klug, de 1529, do qual não existe cópia. 

   Seu título era “Der xxxxvi. Psalm. Deus noster refugium et virtus (Salmo 46. Deus é o nosso refúgio e fortaleza). 

   É provável que tenha figurado no Hinário de Wittenberg, de Hans Weiss de 1528, também extraviado, o que reforça a ideia de que fora escrito entre 1527 e 1529, já que os hinos de Lutero eram impressos imediatamente após serem escritos.

   Sem dúvida, Lutero possuíra o hinário dos morávios, Ein Neu Gesengbuchlein (Um Novo Hinário), editado por Michael Weiss, em 1531. 

  Testemunha do martírio dos anabatistas e conhecendo sua hinologia, concordava com eles que o cântico do culto deveria ser congregacional, e não somente dado ao clero. Por isso, pensava em coletâneas de hinos para a congregação e corais no seu próprio idioma.

   Em 1524, ele se expressou:

   “Desejava, seguindo o exemplo dos profetas e anciãos da igreja, dar salmos alemães ao povo, quer dizer, hinos sacros, para que a palavra de Deus pudesse habitar entre o povo por meio do canto também”. 

   Portanto, procurou outros músicos que com ele se unissem, para providenciar essa nova modalidade de cânticos.

   Exemplo foi o mui hábil Johann Walther que, em 1524, publicou o primeiro de muitos hinários: Geistlich Gesang Buchlein (Caderno de Cântico Espiritual), no prefácio do qual, Lutero escreveu:

  "...que o cantar de cânticos espirituais seja agradável a Deus, não é escondido de qualquer irmão [...] sendo reconhecido por todos e pela cristandade universal. São Paulo também afirma em I Co 14, e ordena aos Colossenses que cantem salmos e cânticos espirituais ao Senhor, nos seus corações, espalhando a Palavra de Deus e o ensino de Cristo por toda a terra, praticados de toda a maneira. Como um bom começo e para encorajar aqueles que possam fazer melhor, eu e outros temos ajuntado certos cânticos espirituais com o intuito de espalhar e dinamizar o Santo Evangelho, que agora, pela graça de Deus, emergiu de novo, gloriando-nos de que Cristo é a nossa Fortaleza e Cântico, não conhecendo nós nada para cantar ou dizer senão Jesus Cristo nosso Salvador, como Paulo diz em I Co 2.”

   Neste hinário, Lutero reuniu muitos hinos e salmos, adaptando as músicas das missas para que expressassem a fé bíblica. Aproveitou também melodias folclóricas do seu povo, que fossem apropriadas para cultuar a Deus, não associadas a letras impróprias.

    Ele disse “Não pretendo deixar para o Inimigo as melhores melodias!”. O bom gosto dele e musicalidade, o estudo cuidadoso da Palavra, provido de fé, concederam idoneidade na escolha da música certa para o culto. 

 Quando Calvino afirmou que somente se deveriam cantar Salmos, entre outros que diziam não se usassem outras modalidades de músicas, Lutero replicou:

   “Não sou da opinião de que, pelo evangelho, todas as artes devessem ser banidas e lançadas fora, como alguns fanáticos querem que creiamos. Quero ver todas as artes, principalmente a música, no serviço daquele que as criou e no-las deu. A música é a bela e gloriosa dádiva de Deus [...] A música transforma os homens em pessoas mais gentis, mais autocontroladas e mais razoáveis.”

   Uso do hino por grandes composotores:

1. João Sebastião Bach tomou-o como tema básico da sua cantata nº 80; 

2. Beethoven dele fez um cânon para vozes masculinas; 

3. Meyerbeer usou-o em sua ópera “Huguenots”; 

4. Mendelssohn utilizou-o em sua Sinfonia da Reforma; 

5. Wagner, na célebre “Marcha do Imperador”, que escreveu para comemorar o vitorioso regresso do Imperador Guilherme, após a Guerra Franco-Prussiana; 

6. Debussy apresentou-o no nº 3 de suas peças a dois pianos, intituladas “Em preto e branco”.

   Isto para só citar as principais apropriações deste renomado Coral de Lutero. Foi traduzido para várias línguas, sendo que a tradução em língua portuguesa é da autoria do professor Eduardo Von Hafe, que trabalhou no Porto, Portugal, datando de 1886.





segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Despedida - Deus vos guarde

 

   Jeremiah Eames Rankin, presidente da Howard University, D.C., pastor veterano, nasceu a 2 de janeiro de 1828, em Thornton, New Hampshire, tornando-se um ministro congregacional, tendo falecido em Cleveland, Ohio, a 28 de novembro de 1904.

     Em 1882, escreveu um hino cristão de despedida, não destinado a nenhuma pessoa ou ocasião, porém, composto deliberadamente com base na etmologia de “Good Bye”, (“Adeus”, em inglês) que literalmente significa “Deus seja contigo”. 

    Enviou a primeira estrofe a dois compositores diferentes, um muito conhecido e o outro totalmente desconhecido e não inteiramente educado em música. 

     Rankin descreve: “Escolhi a composição do último, submetendo-a a J. W. Bischoff, diretor musical de um pequeno livro que estávamos preparando, que a aprovou, porém com algumas emendas adotadas. 

     Foi cantado, pela primeira vez, numa noite na Primeira Igreja Congregacional em Washington, onde eu era pastor, e Bischoff o organista. A sua popularidade deve-se à música escolhida, menos por minha orientação da articulação entre palavras e música, do que do talento de Willian Gould Tomer, o compositor, cuja honra lhe caiba integralmente.”

     Tomer (1883-1896) serviu à União durante a guerra civil. Alemão de origem foi, por vários anos, professor nas escolas públicas de New Jersey, também trabalhando como funcionário do governo em Washington. No tempo em que compôs a música para “Deus Vos Guarde”, era diretor musical da Igreja Metodista Episcopal da Graça nessa cidade.



Santo! Santo! Santo!

  Reginald Heber (1783-1826), bispo da Igreja da Inglaterra, nascido em lar profundamente cristão e educado, desde os 17 anos, na Universidade de Oxford, ali recebeu um prêmio pela autoria de um poema latino. 

  Diplomado em 1807, os 24 anos, iniciou seu ministério em Hodnet, posteriormente também trabalhando, por três anos, na diocese de Calcutá, Índia, onde batizou o primeiro cristão nativo e ordenou ao ministério o primeiro pastor.

   Estendeu seu ministério ao Ceilão e Austrália, entre várias outras regiões, passando por Moscou e alcançando a Crimeia, em 1806. Em 1826, visitava Trichinópolis, onde pregou nas escadarias da Capela Schwartz porque, às 10h, não coube dentro tanta gente que afluiu. 

  Às 12h, retornou para a casa do juiz que o hospedava e foi banhar-se na piscina, antes do almoço. Quando foram chamá-lo, foi encontrado afogado, provavelmente acometido por um mal súbito.

  Havia escrito “Santo! Santo! Santo!” para a celebração da “Trindade”, sendo também autor, ao todo, de 57 hinos, relacionados num caderno, "Hinos Escritos a Adaptados para o Serviço do Ano Litúrgico", que sua esposa, posteriormente, publicou. 

    O músico John Bacchus Dykes (1823-1876) compôs a melodia e fez seu arranjo para publicação. Heber também foi responsável por uma reforma no modelo dos hinos ingleses, aperfeiçoando sua apresentação literária. 

 Entre seus hinos inscreve-se “Nas montanhas geladas da Groelândia”, motivação para o esforço missionário nessas regiões tão remotas e geladas. Em 1888, João Gomes da Rocha, filho adotivo do casal Kalley e segundo pastor da Igreja Evangélica Fluminense, traduziu para o português a letra de "Santo! Santo! Santo!".


domingo, 23 de outubro de 2022

A mensagem da cruz

     O Rev. George Bennard (1873-1958) nasceu nos Estados Unidos, em Youngstown, Ohio, mas a família se mudou para Albia, Iowa, e depois Lucas onde, aos 10 anos, ele se converteu.

  Perdeu o pai com 16 anos e, sobre ele, recaiu a responsabilidades de cuidar das quatro irmãs e a sua mãe. Mudaram para Illinois, onde ele se casou, e George, com sua esposa, encontraram o Exército de Salvação, trabalhando nas fileiras dessa operosa instituição por vários anos.

     Após alguns anos, George Bernnard entrou para a Igreja Metodista Episcopal, com devotado ministério, tendo viajado por Canadá e Estados Unidos, realizando trabalho evangelístico interdenominacional.

   Quando residia em Albion, Michigan, em 1913, realizando um estudo sobre a cruz no plano de Deus, assim como uma série de cultos de reavivamento na igreja de seu amigo Rev. Bostwick, foi que sentiu-se inspirado a escrever esse hino. 

      Ele relata: “O cântico foi mostrado a alguém pela primeira vez quando visitei amigos na paróquia de Pokagon, Parsonage, Michigan. A família Bostwick era dada à música, assim, após o jantar fomos para o piano. Eu estava ansioso por mostrar-lhes meu cântico, e encontrei a oportunidade.”

   E foi na casa dele onde primeiro o cantou, enquanto a esposa do pastor preparava a refeição. Ao final, esqueceram-se do jantar e se dedicaram a ensaiar o hino. Essa irmã foi a pirmeira a custear a impressão gráfica de "A mensgem da cruz" pela primeira vez. Pouco tempo depois, em 7 de junho, foi apresentado numa conferência em Pokagon, Michigan.

   E desde a ocasião em que foi ouvido em público, no “Chicago Evangelistic Institute” (Instituto Evangelístico de Chicago), tornou-se logo popular. Em pouco tempo, igrejas de todos os estados da União estavam cantando “Rude Lenho se Ergueu.”

   Relata Bennard: "Comecei a escrever ‘Rude Lenho se Ergueu‘. Compus primeiro a melodia. As palavras que escrevi no início eram imperfeitas. A letra definitiva do cântico foi posta em meu coração em resposta às minhas próprias necessidades.”

    Bennard escreveu mais de trezentos hinos, mas será lembrado especialmente por este. Em 9 de outubro de 1958, aos 85 anos, depois de levar fielmente sua cruz. George Bennard trocou-a por “uma coroa”. Este hino por muitos anos foi considerado o gospel hymn predileto do povo americano, traduzido por F. A. R. Morgan, em 1924.

Não se turbe o vosso coração

    Não se turbe o vosso coração". Havia muitas razões para que os apóstolos se entristecessem. No círculo íntimo daquela Páscoa, à mesa diante dos apóstolos, Jesus acbara de revelar que seria traído.

   E quando Pedro intervém para dizer que seria fiel em qualquer circunstância, Jesus lhe revela que haveria de negá-lo. Portanto, não era possível, afinal, definir se tratava-se de Pedro ou de outro entre eles.

  Então Jesus prefere essa expressão, que parece soar irônica. Como não se entristecer? Jesus mesmo passa a ilustrar as razões por que não se deixar invadir pela tristeza.

   Primeiro, na verdade, o que para nós, em meio aos caprichos humanos, constitui-se em tristeza? Até o arrependimento, segundo a Bíblia, provém de tristeza segundo Deus. Não temos capacidade nem para ser sinceros ou reconhecer o que, na verdade, vai nos sensibilizar.

    Diante das razões objetivas e plenamente justificáveis de tristeza, Jesus interpõe outras razões por que não se entristecer:

   1. Por causa da fé: a fé: Jesus afirma que crer nEle equivale a crer em Deus. Por isso, ainda que diante do improvável ou da calamidade que nem bem ainda entendiam, prevalecia a fé;

   2. Por estar com Cristo todo o tempo e em todo o lugar: estar com Cristo é tudo nesta vida, estar com ele é ser igreja, estar com ele na peregrinação pelo mundo, dentro, ao abrigo da congregação, ou fora dela, vencedores em todas as batalhas da vida. E ainda nem se menciona a morada eterna.

   3. Por ser Jesus caminho, verdade e vida: a reação realista de Tomé: qual o caminho? Jesus afirma "Eu sou o caminho". Com Jesus seguem-se todos os caminhos, porque a palavra é lâmpada para o caminho.

     Jesus, mais do que o caminho ou os caminhos na vida, Ele é a própria vida. E a própria verdade, para todos os caminhos e para a verdadeira vida.

    Vida biológica? Intelectual? Vida emocional? Vida espiritual? Vida verdadeira. Jesus nos concede e controla verdadeira vida, por meio do Espírito Santo em nós. Deixa de ser simulação, capricho, dengo ou pirraça.

4. Porque quem vê Jesus, vê Deus: a reação de Felipe: "Mostra-nos o Pai". A glória de Jesus se vê no rosto do irmão. Deixando a mística de lado, vamos enxergar a glória de Deus na face do irmão. Isso se chama valorizar igreja.

5. Porque vamos realizar as obras que, no Pai, Jesus realiza: isso é ser igreja. Andar com Cristo é ser igreja. Ver a glória de Cristo no rosto do irmão é igreja. Realizar, por meio de Jesus, a obra que, no Pai, Jesus realiza é ser igreja.

   O valor de ser igreja supera toda a tristeza. Não se turbe o vosso coração, porque vemos Deus na face de Jesus. Porque vida, caminho na vida e verdade são Jesus.

   Porque, em Jesus e por meio de Jesus, temos chance de realizar toda obra e propósito que, por meio da igreja, realizamos no mundo, glorificando e sendo glorificados no nome de Jesus. 

Hora bendita

 O Rev. William W. Walford, (1772-1850), pastor congregacional, nascido na Inglaterra, deficiente visual, era um homem que não possuia grande educação cultural. 

  Muito inteligente, de origem humilde e de memória extraordinária, quando pregava, sempre escolhia bem os textos bíblicos e citava-os de cor, com muita precisão, mencinando-lhes capítulo e versículo.

     Raramente errava na repetição dos Salmos ou nas citações de qualquer parte das Escrituras, quer no Antigo quanto no Novo Testamento. Conhecia tão bem os fatos bíblicos que ganhou a fama de saber a Bíblia inteira de cor.

   Certa ocasião, como resultado de sua intimidade com Deus, em 1842, ditou as palavras de um hino ao amigo, o Rev. Thomas Salmon, pastor congregacional em Coleshill, Inglaterra. Este mandou publicar a letra do hino no jornal New York Observer, em 13 de Setembro de 1845.

  Com o decorrer dos tempos o hino foi traduzido em outras línguas e, em português, temos a tradução de Sara P. Kalley, de 1877, revista pelo Rev. Manoel da Silveira Porto Filho, sendo o número 488 de Salmos & Hinos, na edição de 1975, a mais recente delas.

   A música, muito apropriada para as palavras, é de autoria de William B. Bradbury (1816-1868), composta em 1859, muito conhecido organista, fabricante de pianos, entre outros instrumentos musicais. Compôs outros hinos para a igreja e escolas dominicais.

  Provavelmente o cântico não teria jamais se tornado tão popular como o é, se não tivesse a música de William B. Bradbury, grande hinologista, organista e diretor de coros do século dezenove.



segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Levítico e a congregação: o referencial de culto para a vida - 9

    Em Levítico 17, uma pequena subdivisão do assunto de todo o livro, há uma orientação para a centralização do culto à porta do Tabernáculo e sob orientação dos sacerdotes levitas.

   Cercados como estavam, de povos com tradições religiosas distorcidas, assim como rituais de sangue abomináveis ao Senhor, o povo de Israel precisava se prevenir da idolatria e do simbolismo nocivo daqueles rituais.

   Projetar para si mesmo um ídolo, um deus criado "à imagem e semelhança" do adorador, implicava assimilar as distorções desse culto de ocasião, bem como compartilhar o desvio moral trazido consigo.

   O erro da idolatria nunca vem isolado dos desvios de personalidade. Assim, as normas de santidade em Levítico são claras e o modo detalhado como receita básica dos sacrifícios delimita e previne de erros.

  A vida está no sangue vale o mesmo da afirmativa, em Gênesis, de que Deus soprou nas narinas o fôlego de vida. Tanto a respiração, quanto a circulação sanguínea representam estar vivo ou o sentido da vida biológica.

   Por isso o sangue, na religião de Israel, não tem nenhum valor místico ou ritual, sendo derramado ao lado do altar, para representar derramamento de sangue como preço pago pelo pecado.

   Uma das principais legendas em Levítico, assim interpretada pelo autor de Hebreus, é que: "Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.", Hebreus 9:22.

   Derramamento de sangue, de modo isolado, por parte do homem/mulher, como em Caim, representa assassinato, como a morte de um animal fora do contexto da Tenda do Tabernáculo ou por iniciativa individual.

    O Tabernáculo era uma edificação plena de significados. Para um povo de uma época em que não se dispunham instrumentos de escrita à mão, para todos, ou telas de silk-screen, como temos hoje, tudo no Tabernáculo era audiovisual profético.

   Desde o simbolismo de que, sua simples existência, indicando a presença real de Deus no meio do povo, à significação de cada utensílio, cores, aromas e materiais de que foi construído, bem como a oferta de sacrifícios, cruentos ou não, e a assistência permanente dos levitas, como oficias de culto.

    Não era porque, simplesmente tendo nascido judeu, vinha embutida a fé. A recomendação para que fosse no templo, na tenda da congregação o culto, é para que ali fossem educados na fé no Deus único.

   Como Josué vai lembrar, no seu último discurso no cap. 24, a idolatria os cercava por todos os lados: Tera, pai da Abraão era idólatra, no Egito ficaram 400 anos imersos em idolatria e agora, como nômades no deserto, e um dia sedentários na terra prometida, a idolatria estaria a todo o redor.

    Daí que a congregação deveria ser o referencial. E os levitas e sacerdotes encarregados de lhes ser modelo de ministério e vocação de santidade ao Senhor. O terno hebraico "santidade", qadosh, significava "separado para o Senhor", exclusivo dEle.

    Por isso Israel era chamado a ser modelo entre todas as nações. Terminamos assinalando, no Êxodo, essa distinção: "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel" Ex 19:5,6.

    A tenda da congregação era o lugar referencial de preparação e adestramento para essa identidade e vocação. Como o próprio autor anônimo de Hebreus, o exegeta autorizado de Levítico, diz: 

   "Não abandonemos a congregação, exorta o autor de Hebreus: Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima" ,Hebreus 10:25.

domingo, 16 de outubro de 2022

Dia luminoso no Quinari

    Dia luminoso. Assim afigurava-se. As previsões diziam 20% de probabilidade de chuva. Bom. A torcida se animou. E assim nos preparamos.

   Já de véspera. Ida aos supermercados. Furada pelas lojas de apetrechos. Menu dos cachorros-quentes distribuídos alhures. Panelão do molho arranjado. Bolos assados.

   Tudo no carro e rumo à chácara. O mesmo sol. Lá os ajustes. Chega o pula-pula. Conduzem-se as cadeiras para o galpão. Ajustam-se as madames na cozinha.


   E a criançada começa a chegar. Som instalado. Recomendações criteriosas todas dadas: sem atropelos ou palavras torpes. Chega toda a criançada do bairro: 46 ao todo. Cada grupo dos três formados com suas pulseirinhas.

   Tudo dito. Isso posto. Alguns cânticos, então vem a historinha. Heitor é um menino negro, só de implicância chamado pelos colegas bola de neve. Amedonha-se, e não mais quer ir à escola.



   Compra um sabão que deixa tudo branco, para ver se embranquece. Sem resultado, a mãe percebe o dilema do menino. Uma vez que ela toma altura do problema, sabiamente, conduz a conversa para outra área.

   Fala do coração sujo. Esse sim um problema geral. Então a mãe diz como, a preço do sangue de Jesus, ele pode ser limpo. De preto, pelo vermelho do sangue, fica mais alvo do que a neve. Tudo com as cores do livrinho sem palavras.

   A partir de então, uma vez entendendo, resolveu-se o problema de Heitor. Não liga que o chamem de bola de neve e até arruma uma estratégia inteligente para ajustar-se na escola.

    Terminada a história, cantado o tradicional "O sabão lava meu rostinho", os grupos se ajustaram para as diversões. Pequeninos no pula-pula, com tio Jorge e tia Amanda.



   Médios com Ana Luísa, tios Diego e Karol, nas competições dos jogos interativos. E os grandões com Isaac, nas pulseiras de cores do livro sem palavras e na pintura de rosto. Assim foram as quatro estações com os três grupos revezando.





    Tias Regina e Cristina nas pulseiras, Cristine e Vanessa na pintura e rolam as brincadeiras interativas. Diversão total. Ao final, lanche delicioso com pipoca, guloseimas na sacolinha, bolo e o famoso estouro do balão, com mais guloseimas e alguma farinha.









   Agradecemos todo o empenho dos irmãos que ajudaram, com destaque para o casal do pastor Silas e sua esposa Sônia, do pula-pula, convocados por outro casal, Kairon a Ana.


   Muita alegria para nossas crianças. Um grupo de novatos esteve conosco. E muitos deles bem inteligentes. Dia luminoso. Não caiu nem 1% de chuva. E a gente se deliciou no clima ameno do nosso amado Quinari, apelido do município de Senador Guiomard Santos.





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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Lendo Levítico - o Dia da Expiação - 8

"Porque, naquele dia, se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados, perante o Senhor", Lv 16:30.

     O Dia da Expiação, chamado atualmente Yom Kipur, no último 04/10, o Dia do Perdão, é uma data nacional de contrição e arrependimento, que o povo de Israel, segundo prescreve o Levítico, separava para um ajuntamento solene diante do Tabernáculo.

    Nesse dia, o sumo sacerdote entraria não somente no Santo Lugar, parte anterior da Tenda da Congregação, mas também no mais interior, o denominado Santo dos Santos, ou seja, o lugar mais restrito do Tabernáculo.

   Somente nesse dia e somente essa vez no ano, o sumo sacerdote tem acesso ao Santo dos Santos ou Santíssimo. Ele ficava separado por um véu da parte do Santo Lugar.

    Na parte de fora desse véu, defronte a ele ficava o Altar do Incenso que, como parte integrante do Santíssimo, para alcance dos sacerdotes, usado com maior frequência ritual, situava-se no Santo Lugar.

    Nesse dia o sumo sacerdote, na parte interior da Tenda, terá acesso ao Altar de Incenso e ao Propiciatório, que é a tampa, peça única fundida em ouro, com duas esculturas de querubins, um defronte ao outro, por sobre ela, e todo o conjunto cobrindo a Arca da Aliança.

    Para esse mais interior levará o sangue do bode, sorteado entre os dois, o emissário e o outro, sacrificado pelo pecado de todo o povo, cujo sangue será 7 vezes salpicado por sobre a tampa do Propiciatório, à qual terá acesso unicamente nesse dia, assim como com o sangue bezuntados os chifres do Altar de Incenso.

     O sentido disso é que sem derramamento de sangue não há perdão, remissão ou expiação do pecado e que, somente por esse meio, há acesso, por esse ritual, ao mais interno do Tabernáculo, que reprentava a própria presença de Deus.

    O autor anônimo de Hebreus vai explicar que não é o sangue desse bode que dá acesso a Deus, mas o sangue de Jesus, e que esse Tabernáculo provisório e não mais existente, apenas simbolizava a realidade do lugar onde hoje Jesus está, à direita do Pai, tendo, por Seu sangue, aberto acesso a todo o que crê.

    Na parte exterior o povo verá o sacerdote receber dois bodes, um que será sacrificado pelo pecado do povo, e outro denominado de bode emissário, que será conduzido ao deserto e lá abandonado, simbolizando o esquecimento do pecado, da parte de Deus, mediante o verdadeiro arrependimento.

   O ritual envolvia todo um preparo por parte de Arão, para que não ocorresse o mesmo que com seus filhos, Nadabe e Abiú, que entraram descompostos no Santuário. Um carneiro, para holocausto, um novilho, para ser morto pelos próprios pecados dos oficiantes, e os dois bodes, o emissário ao deserto e o do sacrifício pelo povo.

    O sentido geral era para alertar que Deus habitava em meio ao povo, que este tinha uma vocação permanente de santidade, para exemplo às demais nações e que, portanto, teria constante consciência de sua purificação.

    Não significava mera formalidade ou perdão por atacado, como se bastasse um ritual vazio de senso ou dispersivo em seu sentido, para que o povo cumprisse uma norma apenas imposta.

    Israel habitava um contexto de nações idólatras, praticantes de rituais dedicados a deuses inventados, cercados de superstições e práticas que Deus abominava.

   Pois as celebrações, rituais e normas cerimoniais de Levítico conferiam beleza, solenidade e refletiam a perfeição e a revelação de Deus em Seus atributos.

   A única ressalva, por si só cruenta, eram os sacrifícios de animais. Mas o próprio derramamento de sangue cumpria um sinal profético, porque seria, um dia, pelo derramamento do sangue inocente de Jesus que, verdadeiramente, pecados são perdoados.

    Competia aos sacerdotes e demais levitas preservar esse sentido, educacando o povo para que aprendessem, no dia a dia, a preservar sua santidade, diante de Deus. Um verdadeiro conjunto audiovisual, pleno de lições que, atualmente, no contexto da igreja, temos ao alcance da consciência, por meio da Palavra revelada, e pelo ministério do Espírito Santo em nós.

   E o Dia da Expiação única foi o da crucificação de Jesus, cujo clímax situou-se na expressão do próprio Jesus na cruz, quando expressou "Está consumado", o distintivo tetelestay do grego, expirando, para ressuscitar na madrugada do domingo seguinte. Este o dia que, pela fé, pode ser aplicado, nesse e por meio desse mesmo Espírito, ao que crer.

domingo, 9 de outubro de 2022

Amor

"Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" João 13:15.

     O principal exemplo transmitido por Jesus no ato profético introdutório de sua última ceia com os apóstolos foi de humildade, serviço e amor.

.   Humildade é o primeiro passo com Deus. Paulo, aos Filpenses 2,5-11, destaca essa característica como a principal no caráter de Jesus.

   Marcos, em seu Evangelho, 10,45 destaca que o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, dando sua vida como resgate.

   Todo o cerimonial da Santa Ceia, assim chamada, apontam para essa realidade. Naquela cerimônia Jesus assinala como toda a tradição do Antigo Testamento se cumpre no principal fato indicado pelo Novo Testamento: a cruz de Jesus Cristo.

   João já indicara que a lei, sim, foi dada por meio de Moisés, o principal legado simbólico da revelação de Deus a Israel, mas a graça e a verdade, superior à lei, vêm por meio de Jesus Cristo, superior a Moisés.

   E nessa mesma cerimônia, ao longo de toda a fala de Jesus, registrada por João nos capítulos 13-17, Jesus nos deixa como herança o único mandamento, somente possível de ser efetivado em nossa vida, pela ação do Espírito Santo.

    "O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei" Jo 15:12.

   O amor de Dsus é a principal característica distintiva do crente. Veja em 1 Jo 4:7-21 que o amor: (1) é de Deus e somente quem nasceu de Deus pode amar; (2) quem não conhece a Deus, não ama; (3) o primeiro amor é crer em Jesus, que morreu por nós, como dádiva do amor de Deus; (4) devemos amar igual a Jesus e essa é a prova da comunhão com Deus; (5) é pelo Espírito que alguém pode amar e testificar que ama; (6) quem verdadeiramente ama, de nada tem medo; (7) o cristão não tem outra matriz de sentimento, senão o amor.
   
   Amor não é sentimento. Não é dom, como o editor da Bíblia, versão SBB, indica. É mandamento de Jesus. Não escolhemos a quem amar. Amamos como Deus ama, ou não amamos. É Fake.

    Não existe simpatia como aditivo no amor. Somente empatia. Porque o amor contamina para a salvação. Deus amou de tal maneira que deu o Filho para salvar. E Deus amou o mundo. A igreja tem de amar o mundo.

    A igreja é laboratório de amor. Para a vida pessoal. Para a famiia. Para o mundo. Deus folga e se alegra em meio à igreja. "O Senhor , teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo", Sofonias 3:17.

    Deus habita a igreja para nos tornar permanentemente humildes, para aprender a ser servos, em amor, diante dEle, como Ele, para o outro e para o mundo.

sábado, 8 de outubro de 2022

Minidevocionais

 Devocional 5: Profetas Menores

 Tarefa: ler o profeta Jonas
   
        Jonas é o profeta que demonstra o quanto é difícil aprender amar. Não se iludam: amor não é sentimento (aliás, para a Bílbia amor é mandamento) para amigos: é para inimigos. Leiam Rm 5:8, que mostra como Deus nos amava qdo ainda éramos inimigos dEle.
       Portanto, amor não é compadrio, camaradagem ou compartilhar de afinidades: amor é amor e só com Deus se aprende. Jonas foi chamado a pregar arrependimento, perdão e salvação, mas seu ódio pelos assírios o impediu de amar.
      Veja em 1 Jo 4:7-21 que o amor: (1) é de Deus e somente quem nasceu de Deus pode amar; (2) quem não conhece a Deus, não ama; (3) o primeiro amor é crer em Jesus, que morreu por nós, como dádiva do amor de Deus; (4) devemos amar igual a Jesus e essa é a prova da comunhão com Deus; (5) é pelo Espírito que alguém pode amar e testificar que ama; (6) quem verdadeiramente ama, de nada tem medo; (7) o cristão não tem outra matriz de sentimento, senão o amor.
      Não existe mais ou menos amor, quase amor, um pouquinho de amor: quem não ama, odeia. E acaba o livro de Jonas e não sabemos se ele compreendeu a lição.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Tuda a plenitude de Deus

"... e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus", Efésios 3:19.

    Paulo, em sua oração, na carta aos Efésios, explicita que há uma finalidade, um roteiro percorrido que torna possível "ser tomado de toda a plenitude de Deus".

   Os termos aqui expressos para "ser tomado" e para "plenitude" têm a mesma raiz. Significando ser preenchido, plenificado. Resta saber onde Paulo deseja chegar.

   Isso porque, quando do outro lado da argumentação está Deus, deve haver muita cautela no que se afirma. Pois então, com uma afirmação dessas, Paulo põe a Bíblia num patamar exclusivo.

   Não há, portanto, afirmação mais específica e mais característica do atrevimento das Escrituras quando define até onde vão, com Deus, nossas possibilidades.

   Paulo não menciona somente "ser tomado da plenitude de Deus". Ele interpõe a palavra "toda". Então, avançando a uma culminância que revela duas opções: 1. ser uma fraude, por constatada impossibilidade; 2. ser possível, pela via expressa na própria oração.

    Em que grau ser tomado de toda a plenitide de Deus significa experiência nunca completada. O que Deus já nos proporciona, pela fé, predispõe plenitude, é caminho de senha de acesso, mas nunca é o tudo, o completo.

   A opção de Deus em Seu amor sempre foi o ser humano. Atraí-lo para Si, foi o propósito permanente e original, desde os tempos eternos, muito antes de haver universo: "... nos escolheu nEle antes da fundação do mundo [...] em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos", Paulo já havia dito nessa mesma carta.

   E quanto a nós, foi necessário ter o mínimo de interesse despertado. Pois com muita facilidade se expressa que Ele não existe e, com muita dificuldade, desperta-se no ser humano o interesse por conhecê-Lo.

    Portanto, uma afirmação dessas tem como tendência o descrédito ou a mera mistificação. Para Deus, empolga dedicar-se ao ser humano. Para o ser humano, dispersivo é seu interesse por Deus.

   Para Deus, surpreendeu o ser humano com a revelação completa de Si mesmo, em Pessoa, na Pessoa do seu Filho Jesus Cristo. Se fosse possível dizer que exista, na existência de Deus, um clímax, um ponto máximo, é esse.

   Da parte do homem, relutância em reconhecer. E ainda nós os que cremos, mendigar plenitude. Porque para com Deus, todo o dia é como se fosse o primeiro. Não podemos dizer que dEle nada conhecemos.

   Não podemos dizer que dEle tudo conhecemos. Podemos, sim, afirmar da permanente vocação de Deus por nós. Precisamos, sim, assumir por Ele, em contrapartida, a mesma.