segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Levítico e a congregação: o referencial de culto para a vida - 9

    Em Levítico 17, uma pequena subdivisão do assunto de todo o livro, há uma orientação para a centralização do culto à porta do Tabernáculo e sob orientação dos sacerdotes levitas.

   Cercados como estavam, de povos com tradições religiosas distorcidas, assim como rituais de sangue abomináveis ao Senhor, o povo de Israel precisava se prevenir da idolatria e do simbolismo nocivo daqueles rituais.

   Projetar para si mesmo um ídolo, um deus criado "à imagem e semelhança" do adorador, implicava assimilar as distorções desse culto de ocasião, bem como compartilhar o desvio moral trazido consigo.

   O erro da idolatria nunca vem isolado dos desvios de personalidade. Assim, as normas de santidade em Levítico são claras e o modo detalhado como receita básica dos sacrifícios delimita e previne de erros.

  A vida está no sangue vale o mesmo da afirmativa, em Gênesis, de que Deus soprou nas narinas o fôlego de vida. Tanto a respiração, quanto a circulação sanguínea representam estar vivo ou o sentido da vida biológica.

   Por isso o sangue, na religião de Israel, não tem nenhum valor místico ou ritual, sendo derramado ao lado do altar, para representar derramamento de sangue como preço pago pelo pecado.

   Uma das principais legendas em Levítico, assim interpretada pelo autor de Hebreus, é que: "Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.", Hebreus 9:22.

   Derramamento de sangue, de modo isolado, por parte do homem/mulher, como em Caim, representa assassinato, como a morte de um animal fora do contexto da Tenda do Tabernáculo ou por iniciativa individual.

    O Tabernáculo era uma edificação plena de significados. Para um povo de uma época em que não se dispunham instrumentos de escrita à mão, para todos, ou telas de silk-screen, como temos hoje, tudo no Tabernáculo era audiovisual profético.

   Desde o simbolismo de que, sua simples existência, indicando a presença real de Deus no meio do povo, à significação de cada utensílio, cores, aromas e materiais de que foi construído, bem como a oferta de sacrifícios, cruentos ou não, e a assistência permanente dos levitas, como oficias de culto.

    Não era porque, simplesmente tendo nascido judeu, vinha embutida a fé. A recomendação para que fosse no templo, na tenda da congregação o culto, é para que ali fossem educados na fé no Deus único.

   Como Josué vai lembrar, no seu último discurso no cap. 24, a idolatria os cercava por todos os lados: Tera, pai da Abraão era idólatra, no Egito ficaram 400 anos imersos em idolatria e agora, como nômades no deserto, e um dia sedentários na terra prometida, a idolatria estaria a todo o redor.

    Daí que a congregação deveria ser o referencial. E os levitas e sacerdotes encarregados de lhes ser modelo de ministério e vocação de santidade ao Senhor. O terno hebraico "santidade", qadosh, significava "separado para o Senhor", exclusivo dEle.

    Por isso Israel era chamado a ser modelo entre todas as nações. Terminamos assinalando, no Êxodo, essa distinção: "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel" Ex 19:5,6.

    A tenda da congregação era o lugar referencial de preparação e adestramento para essa identidade e vocação. Como o próprio autor anônimo de Hebreus, o exegeta autorizado de Levítico, diz: 

   "Não abandonemos a congregação, exorta o autor de Hebreus: Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima" ,Hebreus 10:25.

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