quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Lendo Levítico - o Dia da Expiação - 8

"Porque, naquele dia, se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados, perante o Senhor", Lv 16:30.

     O Dia da Expiação, chamado atualmente Yom Kipur, no último 04/10, o Dia do Perdão, é uma data nacional de contrição e arrependimento, que o povo de Israel, segundo prescreve o Levítico, separava para um ajuntamento solene diante do Tabernáculo.

    Nesse dia, o sumo sacerdote entraria não somente no Santo Lugar, parte anterior da Tenda da Congregação, mas também no mais interior, o denominado Santo dos Santos, ou seja, o lugar mais restrito do Tabernáculo.

   Somente nesse dia e somente essa vez no ano, o sumo sacerdote tem acesso ao Santo dos Santos ou Santíssimo. Ele ficava separado por um véu da parte do Santo Lugar.

    Na parte de fora desse véu, defronte a ele ficava o Altar do Incenso que, como parte integrante do Santíssimo, para alcance dos sacerdotes, usado com maior frequência ritual, situava-se no Santo Lugar.

    Nesse dia o sumo sacerdote, na parte interior da Tenda, terá acesso ao Altar de Incenso e ao Propiciatório, que é a tampa, peça única fundida em ouro, com duas esculturas de querubins, um defronte ao outro, por sobre ela, e todo o conjunto cobrindo a Arca da Aliança.

    Para esse mais interior levará o sangue do bode, sorteado entre os dois, o emissário e o outro, sacrificado pelo pecado de todo o povo, cujo sangue será 7 vezes salpicado por sobre a tampa do Propiciatório, à qual terá acesso unicamente nesse dia, assim como com o sangue bezuntados os chifres do Altar de Incenso.

     O sentido disso é que sem derramamento de sangue não há perdão, remissão ou expiação do pecado e que, somente por esse meio, há acesso, por esse ritual, ao mais interno do Tabernáculo, que reprentava a própria presença de Deus.

    O autor anônimo de Hebreus vai explicar que não é o sangue desse bode que dá acesso a Deus, mas o sangue de Jesus, e que esse Tabernáculo provisório e não mais existente, apenas simbolizava a realidade do lugar onde hoje Jesus está, à direita do Pai, tendo, por Seu sangue, aberto acesso a todo o que crê.

    Na parte exterior o povo verá o sacerdote receber dois bodes, um que será sacrificado pelo pecado do povo, e outro denominado de bode emissário, que será conduzido ao deserto e lá abandonado, simbolizando o esquecimento do pecado, da parte de Deus, mediante o verdadeiro arrependimento.

   O ritual envolvia todo um preparo por parte de Arão, para que não ocorresse o mesmo que com seus filhos, Nadabe e Abiú, que entraram descompostos no Santuário. Um carneiro, para holocausto, um novilho, para ser morto pelos próprios pecados dos oficiantes, e os dois bodes, o emissário ao deserto e o do sacrifício pelo povo.

    O sentido geral era para alertar que Deus habitava em meio ao povo, que este tinha uma vocação permanente de santidade, para exemplo às demais nações e que, portanto, teria constante consciência de sua purificação.

    Não significava mera formalidade ou perdão por atacado, como se bastasse um ritual vazio de senso ou dispersivo em seu sentido, para que o povo cumprisse uma norma apenas imposta.

    Israel habitava um contexto de nações idólatras, praticantes de rituais dedicados a deuses inventados, cercados de superstições e práticas que Deus abominava.

   Pois as celebrações, rituais e normas cerimoniais de Levítico conferiam beleza, solenidade e refletiam a perfeição e a revelação de Deus em Seus atributos.

   A única ressalva, por si só cruenta, eram os sacrifícios de animais. Mas o próprio derramamento de sangue cumpria um sinal profético, porque seria, um dia, pelo derramamento do sangue inocente de Jesus que, verdadeiramente, pecados são perdoados.

    Competia aos sacerdotes e demais levitas preservar esse sentido, educacando o povo para que aprendessem, no dia a dia, a preservar sua santidade, diante de Deus. Um verdadeiro conjunto audiovisual, pleno de lições que, atualmente, no contexto da igreja, temos ao alcance da consciência, por meio da Palavra revelada, e pelo ministério do Espírito Santo em nós.

   E o Dia da Expiação única foi o da crucificação de Jesus, cujo clímax situou-se na expressão do próprio Jesus na cruz, quando expressou "Está consumado", o distintivo tetelestay do grego, expirando, para ressuscitar na madrugada do domingo seguinte. Este o dia que, pela fé, pode ser aplicado, nesse e por meio desse mesmo Espírito, ao que crer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário