quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Porque é 31 de outubro


   Ecclesia Reformata et Semper Reformanda est” . Gilbertus Voet  (1589-1676)

      Esse teólogo reformado holandês concorda com o Apóstolo Paulo, que escreveu: "E vos renoveis no espírito da vosso entendimento". Efésios 4:23

       Reforma não deve ser vista como revanche. É claro que ela teve seu momento histórico e todos os condicionantes de época. Mas o seu espírito é condizente com a ideia de missão, identidade e finalidade da igreja. 

      Esta é concepção de Jesus. Edificarei a minha igreja, Jesus disse. Quem quiser ser dono da igreja, falseou a ideia original. Mas ela é composta por homens, específica e genericamente falando. 
    
        Portanto, haverá avanços, recuos, erros e acertos. Por isso a sentença "igreja reformada sempre se reformando". Ora, se a Bíblia mesma afirma que Jesus "crescia em sabedoria, estatura e graça" e que ainda "aprendeu a obedecer" mesmo e precipuamente pelo que sofreu, como não a própria igreja não terá essa experiência?

      Qual igreja? De que tipo a igreja? Aqui vão entrar as reivindicações de autenticidade exaustiva e reincidentemente requeridas. E a costumeira discussão sobre quem tem o selo de marca. Ora, o selo é o Espírito, que Jesus ensinou a Nicodemos que vem, vai ou venta onde quer. 

      A Igreja está no mundo. Deveria estar nas ruas, boêmia, como Jesus sempre esteve encarnado. Por razões históricas, que se institucionalizasse, até, mas que não tentasse nunca aprisionar o Espírito em suas celas.

     Mas Jesus nas ruas não significa encontrá-lo e sair o mesmo, como aquele jovem rico, cioso de guardar todos os mandamentos, mas o amor, o único, demonstrou não querer como opção para a sua vida.

      Ninguém encontra Jesus e sai o mesmo desse encontro. E não se trata de ortodoxia ou um banho galvanizado de qualquer pensamento, filosofia ou ideologia de ocasião. A metanoia de Jesus tem a marca de autenticidade dEle. 

      Tem um lado místico sim. Se Jesus, que derramou o Espírito, como Pedro atestou na primeira pregação após a ressureição do Cristo, não batizar no Espírito, como João, o Batista, atestou que somente Jesus faz, pode até haver reinvidicação legal de pertença a uma igreja qualquer, mas não haverá selo de autenticidade. 

      Jesus é o Senhor da igreja. Isso não é reivindicação de senhorio político ou legenda de exclusão. Não. É marca de autenticidade. O grupo que anda com ele. O grupo marginal, que seja, dentro do tecido social, ainda que autêntico, que decidiu chamar-se por esse nome, associado a Cristo. É mais roda que instituição. 

     Sem placa. Sem nome. Chamada igreja. Ou a reforma preserva a identidade e prevalece a marca de presença do Espírito. Ou a placa, o nome barato que seja, até às vezes carismático, que a ela emprestaram, ou outros ricos em sinônimos galácticos, mundiais ou siderais, roubam a sua identidade.

domingo, 6 de outubro de 2019

Simples assim.

    Uma camarada chamado Eli Shukron afirma, peremptoriamente, que encontrou o lugar onde Abraão ofertou a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, o dízimo. v'hu' cohen l''el "elion, no hebraico, quer dizer "e era sacerdote do Deus altíssimo", Gn 14,18. 
   Esse arqueólogo descreve o aparato despojado do local. Uma pedra como mesa, uma canaleta para escorrer as sobras do sacrifício, fosse sangue ou a gordura, é mais nada.
    Confirmado ou não como o local exato, o que importa é a simplicidade e o despojamento sugeridos. A reportagem destaca: "O arqueólogo lembra que em outros povos como no Egito e Mesopotâmia a adoração era feita em templos, com ouro e ídolos, mas apenas os hebreus usavam pedras".
     E acrescenta: “A pedra é a casa de Deus, não há ouro nem diamantes, tudo é simples, é o que Deus quer que sejamos, simples. É fantástico. Por quê? Por que razão? Para nos conectar com Deus”, declarou Shukron.
     O mais importante foi a dimensão do encontro. Entre os dois e deles com Deus. Não que o Altíssimo os esperasse ali. O lugar, mesmo despojado de regalias, ainda não era o mais importante.
     Histórias antes desta a Bíblia já havia definido o diferencial: andar com Deus. Esses dois homens andavam com Deus. Seu encontro celebrava essa parceria.
     E Abraão, na época em processo de se declarar patriarca, seu nome significa "pai do povo", aplicou a si o principio que Paulo destaca aos filipenses: "considerar o outro superior a si mesmo".
     Todos somos sacerdotes do Deus Altíssimo. E dar o dízimo significa que nos demos a Ele que, antes ainda, havia se dado por nós e em nosso lugar na cruz.
    Vivamos para ele, porque vivemos por ele, e ele morreu "para que os que vivem (por ele) não vivam mais para si mesmos". Simplicidade e despojamento.
     Como atesta Paulo, de novo ele, "a palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração". Ter perto a palavra, significa ter ao alcance, compreender, saber dela compartilhar e tê-la segura no coração.
    Simples assim. A comunhão é assim simples e despojada. Mas foi conquistada a preço de sangue. A canaleta, pela qual escorreu sangue e óleo.