sexta-feira, 28 de abril de 2023

Somos

"Suas visões são falsas; suas adivinhações, mentira. Dizem 'Palavra do Senhor', quando o ­Senhor não os enviou; contudo, esperam que as suas palavras se cumpram." Ez 13,6

    Problemático, porém mais comum do que deveria ser, falar em nome de Deus desautorizadamente. São as Escrituras, elas mesmas, que afirmam duas coisas insofismáveis em suas páginas:

    Tanto é possível falar com Deus (ouvi-Lo também), quanto falar, de modo autêntico, em nome de Deus. Aliás, é um profeta que afirma:

     "À lei e ao testemunho!" Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz!" Is 8,20. Então, há um referencial, aqui chamado, pelo proefeta Isaías, de modo genérico, "lei e testemunho".

    Isto significa dizer que Deus falou primeiro. Ora, o Gênesis começa assim: "Disse Deus: haja luz. E houve luz". E luz aqui não é a grandeza física que, por ironia, até o chamado "buraco negro" a desvia de sua rota reta.

   Luz aqui é, exatamente, a palavra de Deus. Bem, aqui divergem as opções. A palavra vem ao homem/mulher de modo místico? Vem de modo consensual? É a prisão da ortodoxia que a valida? Vamos, de novo, queimar quem não ouvir.

    Quem primeiro falou? Como foi confirmada a sua autoridade? Talvez as Escrituras não respondam, de modo direto, às perguntas que fazemos e do modo como as fazemos.

   As exigências do século atual querem reduzir Deus a um objeto de conhecimento, nos moldes como se define hoje o que é conhecer. Estamos no século da razão. Aliás, de novo, por ironia, no "século das luzes".

   Imagina, num contexto desses, atestar a autenticidade da palavra de Deus. O primeiro autor registrou testemunhos retroativos. As Escrituras atestam que homens (e mulheres) falaram da parte de Deus, movidos(as) pelo Espírito.

   Desde muito cedo esses registros se constituíram no referencial que o profeta denomina "lei e testemunho". A partir dele aprendemos que Deus fala.

   Não somente fala, mas vocaciona. Vocacionando, habilita. E usa o habilitado para falar em seu nome. E concede meios pelos quais a palavra é autenticada.

    Pressupor essa impossibilidade, é negar que Deus fale, vocacione, habilite e envie em seu nome. Seria aleijar Deus. Ou afirmar que não existe. Ora, há quem assim proceda gratuitamente.

    E elenca um rol de razões pelas quais ser impossível que Deus exista. Distante e mais próximo ainda. Indecifrável, ao contrário, totalmente revelado. Abscôndito, como diz o teólogo, expresso de forma exata no rosto de Jesus.

    As Escrituras são radicais. Elas são o referencial. Ali tudo se reduz ao absurdo. Elas não servem, senão para revelar. Deus se faz homem em Jesus. A Palavra de fez carne. Não há mais o que (pre)supor.

   Por seu referencial avalia-se a autenticidade do profeta. E generaliza-se tantos e todos os que falam em nome de Deus. Paulo Apóstolo adverte:

     "Mas o que ela diz? "A palavra está perto de você; está em sua boca e em seu coração", isto é, a palavra da fé que estamos proclamando", Rm 10,8.

   E mais: "Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Rm 10,9. Mas salvo do quê? Ora, de sua própria incredulidade. Salvo de si mesmo.

   E também, intérprete autorizado que é das Escrituras, Paulo expressa de que modo é possível testemunhar de Deus de um modo geral e rasteiro:

   "Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo suplicamos: Reconciliem-se com Deus." 2 Co 5,20. Então, somos, cremos e, habilitados, falamos.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

O crente Abraão

"Considerem o exemplo de Abraão: "Ele creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça", Gl 3,6.

    A carta aos Gálatas foi escrita num momento sensível. O judaísmo instituído, após seu envolvimento na crucificação de Jesus, quis assimilar o que os apóstolos divulgavam que representou tudo ocorrido.

   Por isso os chamados judaizantes, infiltrados nas igrejas da Galácia, queriam sabotar e anular o resultado do ministério de Paulo Apóstolo.

   Não havia importância sobre o que era dito. Se conseguissem que aqueles novos convertidos assumissem os rituais judaicos, principalmente a circuncisão, sua tarefa estaria muito bem fundamentada.

   Paulo, de modo lúcido, expõe com clareza o que não é uma novidade. E que se, no período anterior à vinda de Jesus, essa ideia era latente, após a vinda de Jesus, tornou-se patente.

   Porque Paulo vai falar da graça, do batismo no Espírito Santo e da justificação, única exclusivamente, pela fé. Pois todas essas características da relação do homem/mulher com Deus sempre foram válidas.

   Antes da vinda de Jesus, a humanidade já era alvo da graça de Deus, a ação do Espírito Santo nos que creram tornava possível neles a conversão e sua justificação, perante Deus, sempre foi por fé.

   Por isso Paulo evoca Abraão. Crer em Deus e, portanto, ser salvo, única e exclusivamente, por fé, sempre foi válido. E Deus escolhe e chama Abraão de amigo para, por ele, firmar esse princípio único e válido para todos.

   Coincidentemente, Abraão é considerado patriarca tanto do Judaísmo, como do Islamismo e ainda do Cristianismo. Isso é sintoma da marca de sua relevância.

   A humanidade toda, praticamente, subdivide-se sob a influência dessas três grandes religiões. Que até quando se digladiavam, entre si, em guerras fratricidas, marcaram a geopolítica do planeta.

   Pois Deus não é nem do Judaísmo, nem do Islamismo e nem do Cristianismo. Elas, essas grandes religiões, representam sistemas soerguidos ao longo de séculos que, de um modo ou de outro, aspiram por refletir uma fé genérica monteísta.

    São sistemas humanos. Paulo pode ser classificado, sim, como um dos destaques do cristianismo, visto que suas cartas refletem a feição cristã. Nessa carta aos Gálatas ele está definindo, exatamente, fronteiras entre a fé cristã autêntica e feições do Judaísmo.

    Mas Abraão não é cristão, judeu ou muçulmano, no sentido de pertencimento religioso. Abraão reprenta uma escolha e vocação de Deus, a qual firma, mais do que sistemas religiosos seculares, o modelo divino de relacionamento com a humanidade.

   Sem dúvida há de cumprir um papel decisivo, o que vagamente reconhecem essas três grandes religiões. Mas, para Deus, esse papel é lúcido, modelar e definitivo porque, para Deus, o justo viverá por fé.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

"Ó, Deus, sê propício"

 ο θεος ιλασθητι μοι τω αμαρτωλω                                Ó, Deus, propicia-me, o pecador.

     Sem enobação, permitam-me, esta é talvez a oração mais curta das Escrituras. Há duas palavras-chave, no grego, hislasmos, "propiciação", e "hamartólos", pecado.

   A tradução é "Ó, Deus, sê propício a mim, pecador". Mais literalmente, "Ó, Deus, propicia-me, pecador" (que sou).

   Oração pressupõe a possibilidade de fala direta com Deus. Evidente que há uma extensa turma que nega, efetivamente, tal possibilidade.

  Certo. Somente quem se permitiu alcançar pela graça de Deus acha possível esse diálogo. E é claro que há critérios. Não dá para se fazer um Deus à imagem e semelhança do orante.

    Isso seria idolatria. Que é adorar uma projeção de deus ao gosto do cliente. Ora, estudar isso, na história da humanidade, dá pano para mangas.

    Cada vez mais problemático dizer que, se há Deus, revelou-se em Jesus, o qual, como afirma Paulo no preâmbulo aos Gálatas:

     "...que se entregou a si mesmo por nossos pecados a fim de nos resgatar desta presente era perversa, segundo a vontade de nosso Deus e Pai", Gl 1,4.

   Esta oração põe exatamente em destaque, para a vida do publicano, esse expediente aqui exposto por Paulo Apóstolo.

   Essa oração é a primeira que cada um deve fazer, sob o mínimo de reconhecimento, uma vez perante Deus. Consta no contraste entre ela a as invectivas do fariseu.

   Trata-se de dois ilustrados, previamente conscientes com elementos mínimos de teologia ou doutrina. Mas um deles mais vaidoso do que o outro, faz uma lista de suas virtudes.

   Espera com isso autorrecomendar-se diante de Deus. Já o publicano, uma espécie de funcionário público mínimo, na escala social, pede que o próprio Deus lhe propicie acesso, visto que ainda classifica a si mesmo um errante.

    Toda oração é essa. A mínima e a primeira. Ela cabe a todo ser humano. É para ser repetida. Como introdução a quantas depois vierem. E, por favor, que seja sem hipocrisia.

    Viemos da vaidade. Salomão já dizia, tudo é vaidade. Deve ser por contaminação direta do demo. Foi vaidoso, em sua pretensão. O inverso do Filho.

    "...que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens",
Fp 2,6-7.

    A vaidade está lá fora, de onde viemos. Não a deixemos, presença sutil e insinuante, assomar. Humildade é dom para ser imitador de Jesus. Tende em vós, diz Paulo, tenhamos em nós esse sentimento.

    Esta palavra é a mesma, no grego, para pericárdio. Esta é a membrana que envolve o coração de qualquer vivente. Era o sentimento dominante no Filho.

   Ó, Deus, forma em nós. Esse sentimento que, de tão refinadamente Teu, somente há cabimento se for autêntico.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Milagre de Deus

  


   Foi nesse dia aí. Há 29 anos, que a mãe se debruçou sobre o menino, ainda sem ao menos absorver tudo. De dentro de mim. De dentro de nós.

   Na véspera, puro milagre, ela esperava um improvável exame de nome extenso: cardiotocografia. O plano, interestadual, prometia contato até 17h.

   Eram já 15 para as 18h, umas três vezes o técnico já prometera que ia embora, mas sempre, em cima da hora, ali, pertinho do Maracanã, chegava mais uma cliente na clínica.

   E eu no Centro do Rio, às voltas com uma conta bancária da igreja, envolta numa confusão que uma gerente inapta havia feito. Não existiam os celulares. Era um pré-feriado, dia 20 de abril de 1994.

   Eu ligava para a clínica. A pré-mãe havia saído do colégio, último dia antes da licença, direto para o exame, somente com um cafezinho, por volta das 15h. E nada de atenderem em São Paulo.

    A atendente, só por desencargo de consciência, dizia, vou tentando, mas eles fecham lá às 17h. Milagres. Vivemos por eles. Pois o técnico entrou para dizer que agora ia mesmo embora.

   Mas a atendente falava com São Paulo, perto de 18h. O exame estava autorizado. O técnico advertiu, com o laudo na tela, liga para teu médico, Isaac está agitadíssimo para nascer.

   Regina rumou para casa. Eu fui atrás no Scort marrom velho metálico. Dr Marinaldo indicou a São José, no Humaitá. Rumamos com a gestante para esse endereço.

   Como está? A poder de água e um cafezinho às 15h. Assisti a tudo. Antigamente, havia um trem chamado "máquina fotográfica". Mas a minha falhou. Mas não perdi detalhe.

   Desde os beliscões, no abdômen já lambusado de iodo, até o obstetra estender a mão e pedir o bisturi. Sempre perguntado à mãe, meio acordada, está sentindo, está sentindo, e agora?
   
   Já havia era cortado. Muito semelhante à mecânica de automóveis, tudo muito rápido, arrancaram o menino de dentro, deram à pediatra ao lado, ele me chamou para mostrar o painel de onde saíra a cria, e já começou a costurar, camada a camada.

    Chorão que só. Passei a noite perambulando, ida ao berçário, ida ao quarto para ver a agora mãe. Ainda dei uma ligada para o médico, falando das tosses que não a deixavam dormir. Passa aí um xarope, ele disse. Simples.

   Custou aparecer companhia para o menino. Silenciosa. Eu vinha pelas curvas dos corredores ouvindo longe. Ora, deve ser aquele outro, ou outra. Não era. Todos dormiam. Ele chorava.

   Amanheceu devagarinho. Veio para a primeira mamada. Essa foi uma das primeiras fotos, depois que o flash 📸 do que chamavam "máquina fotográfica" resolveu funcionar.

    Debruçados sobre esse menino. Providência e milagre de Deus. Isaac, sorriso. Porque aprendeu e ensina que a alegria no Senhor é a nossa força. Grato, Senhor, por essa dádiva, mais este milagre Teu.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Quando Nietzsche não ouviu Eu sou o que sou

   A Internet medeia conteúdos diversos. Alguns, até estupendamemte construtivos, pode-se dizer, outros absolutamente destrutivos. Tudo ao alcance de um touch-screen.

   Pois ontem, inadvertidamente, assisti a uma boa aula, diga-se de passagem, de filosofia. Considerado o suporte, o Instagram, tanto o professor, quanto o tema escolhido foram deveras ilustrativos.

   Cheguei até estabelecer uma correlação, típica para os homens daquela época, entre Robert Kalley e Nietzsche. Ambos filhos de pais protestantes, perderam o pai muito cedo em sua vida e tornaram-se ateus.

   Quando Nietzsche, o filólogo, nasceu, em 1844, Kalley, o pastor, estava no ápice de seu ministério missionário na Ilha da Madeira, onde fundou hospital, escolas e igreja. Isto porque, posteriormente, converteu-se ao cristianismo.

   Nietzsche, que até começara cristão, pelo menos aparentemente, tornou-se, posteriormente para ele, inimigo da fé cristã. Meu professor de ontem resumiu afirmando ser ele o responsável pela morte de Deus.

   Não que fosse loucura, explicou esse mestre em filosofia, porque nem mesmo o filósofo, como mais tarde ficou reconhecido, acreditava que Deus, ao menos, existisse.

   Mas porque combateu veementemente a ideia mestra dessa religião, que, segundo ele, aviltava o homem, tornando-o prostrado e inútil para a existência neste mundo.

   O ser humano está condenado, segundo ele afirmava sobre a fé cristã, a penitenciar-se por toda a vida, rejeitar desejos inatos, condenando-os como pecado, afligindo o corpo e depurando o espírito para a próxima vida, etérea, no além céu.

   Embora taxasse como ridícula essa ideia, Nietzsche reconheceu-a poderosíssima, a ponto de ter subvertido todo o Ocidente. Daí ter-se tornado inimigo dela, ensejando o resgate da condição humana, propondo, já em sua época, o Superman de Nietzsche, despido da moral cristã, firmado a partir de uma nova moral propositiva, desse modo virtuoso para a vida terrena.

    Faltou a Nietzsche uma sarça. Para ouvir, de Deus, o que Moisés ouviu: Eu sou o que sou. Nada enigmática, essa sentença é a revelação de Deus. Ou uma profecia dela. Para quem não viveu a sarça, sem problemas. Há uma cruz.

   A sarça perdeu sua vigência. Serviu a Moisés. A cruz ainda não perdeu a sua. A sarça apontava para a cruz, porque nela houve um homem chamado Jesus. Nunca foi e nunca será Superman.

    Querendo Nietzsche ou não, somente um homem, verdadeiramente, se humilha e se avilta diante de Deus, de forma perfeita e única, dignificando todos e todas as demais. O nome dEle é Jesus.

   Desculpe o filósofo, mas a sabedoria de Deus contradiz a sabedoria (de qualquer) homem. O que é força, para o homem, é nada, para Deus. E o que, para Deus, é um homem crucificado, é toda a força.

   Dizem que a filosofia de Nietzsche marcou, definitivamente, toda a Europa. Meu professor fortuito de filosofia, ontem, mencionou o nome dos quatro filósofos franceses que surfaram na onda levantanda por Nietzsche.

   Por isso a Europa vive uma ressaca do cristianismo. Não sei se por desavisado ou por má fé o filósofo, como o pastor, não avançou adiante, quando enfim reconheceria o tipo de homem que as Escrituras propõem como padrão.

    Não é um Jesus fracassado. A moral cristã depura-se no reconhecimento de onde, precipuamente, opera no homem a força desagregadora e potencialmente motivadora de seu fracasso.

   A visão de Nietzsche, se está certo o meu professor e se eu não o ofendo em minha reconhecida incapacidade filosófica, é superficial em relação ao evangelho, o poder de Deus. Eu o sou, disse Jesus à samaritana.

    Quando Jesus afirma "Eu o sou", revela-se como evangelho. E revela Deus em plenitude. O homem Jesus é o rosto de Deus. Não sei se o filósofo foi, por pura mágoa, capcioso, lutando contra si mesmo em admitir que estava sendo superficial em sua avaliação.

   Eu creio também que o século, ou seja, o arcabouço da época em que a humanidade avizinhava entrar, privilegiando a razão em detrimento da fé, contribuiu para que essa visão superficial da mensagem cristã vingasse.

   E, aí Nietzsche, embora por outra via, está certo: a mensagem das Escrituras, como diz Jesus, é vinho novo em odre velho. O que significa dizer que ela contesta, de verdade, essa tal virtude, total liberdade e vida sem peias que o século propõe.

    Fico com Kalley, embora reconheça que, numa avaliação, de fora para dentro, vão me considerar, como dizer, um cidadão provinciano. Paciência. Posso até ler e apreciar as três principais obras que, na opinião de meu ocasional mestre, Nietzsche nos deixou.

   Mas lamento sua visão acanhada. Mas ainda creio que ouvir Nietzsche nos dá um GPS, por assim dizer, das tendências vigentes neste velho e cansado mundo. Quem sabe assim nos apiedemos do que vai no íntimo de homens como o filósofo e depuremos nossa pregação.

domingo, 16 de abril de 2023

Lembrai-vos

 Ef 2,11-21

1. Lembrem-se: Paulo Apóstolo faz uma ligação entre o antes e o depois. Situa, nessa transição, o que consistia a vida sem Cristo para a vida com Cristo. Características: 1. Sem Cristo; 2. Fora da comunidade da fé; 3. Estranhos aos termos da aliança; 4. Sem esperança de fé; 5. No mundo, mas sem Deus.
LIÇÕES: 1. EXISTE UMA ESPÉCIE DE FILTRO PELO QUAL AVANÇAM OU NÃO AS SEQUELAS, OS VÍCIOS DA VIDA PASSADA. QUEM MANIPULA ESSA TRANSIÇÃO POR ESSA "MEMBRANA"? VOCÊ, SATANÁS OU O ESPÍRITO SANTO?
    Para o antes ou depois, todos encerrados numa comunhão de identidade entre si, mas fora de qualquer comunhão com Deus.
Antes:
1. Não existe comunhão entre os sem Cristo, mas apenas identidade de condição;
2. Nenhuma associação entre si pode ser considerada igreja de Cristo, senão somente a que existe depois;
3. A relação prevalece sendo de inimizade contra Deus e de inimizade entre si mesmos.
Depois:
1. Deus e somente Deus premove comunhão, imprescindível a cooperação entre cada qual: isso se chama igreja;
2. Não cessa a condição de iguais, não existe hierarquia na igreja e ninguém maior ou melhor: não existe o pedigree da "síndrome de Maria Zebedeu";
3. Mas luta contra o que impede a comunhão continua e só é verdadeira com a autenticação do Autor. Vide Jo 17,21-22 e Ef 4,3.
LIÇÕES: O QUE EXISTE ANTES DA CONVERSÃO É UMA LUTA, PORÉM DE NÓS CONTRA DEUS, CONTRA NÓS MESMOS E CONTRA QUALQUER UM, CONTRA TODOS, CONTRA QUALQUER OUTRO. INIMIZADE NÃO É CONUNHÃO.

Após a fé: o que Jesus realizou:
1. Em Xto aproximados: 1.1. Ele é a nossa paz; 1.2. De ambos fez um; 1.3. Desfez a parede de separação, a inimizade; 1.4. Aboliu na sua carne a lei; 1.5. Criou em si mesmo um novo(a) homem/mulher fazendo a paz;  1.6. Reconciliou ambos em um só corpo com Deus, destruindo a inimizade; 1.7. Evangelizou paz aos de perto e aos de longe, dando acesso ao Pai em um só Espírito.
LIÇÕES: SOMENTE CRISTO OPERA COMUNHÃO. É MILAGRE AUTÊNTICO. NÃO TENTE SIMULAR, MANIPULAR OU FALSIFICAR: VAI SER RIDÍCULA E HIPÓCRITA A SUA TENTATIVA. NÃO TENTE.
No que nos tornamos:
1. Concidadãos dos santos: somos da família de Deus e não mais estrangeiros e peregrinos;
2. Estamos edificados sobre Jesus, o fundamento dos apóstolos e profetas;
3. Jesus é a pedra angular do edifício igreja, não há outra e ninguém mais é;
4. Como edifício bem ajustados, vamos crescer, para santuário dedicado ao Senhor (evidente que, desajustados, nem crescimento, nem santuário e nem dedicação verdadeira);
5. Estamos sendo, constante e sem solução de continuidade, edificados para habitação de Deus (estamos? Nesta obra, o acabamento não termina nunca). Fp 1,6 - sem determinismo.
LIÇÕES: SOMENTE POR ESSES CRITÉRIOS A IGREJA É AUTÊNTICA. ELA NÃO É UMA ESCOLHA SUA OU MINHA OU NOSSA. NÃO ESTAMOS JUNTOS NISSO PORQUE NOS ESCOLHEMOS. DEUS NOS ESCOLHEU, REUNIU E PROMOVE COMUNHÃO. A NÃO SER QUE ESTEJAMOS TRABALHANDO CONTRA ELA.

domingo, 9 de abril de 2023

Páscoa sem coelho 🐰

 Páscoa na mídia:

1. Amplitude de significados (a maioria polêmicos ou distorcidos); 2. Objetivo financeiro, para efeito de lucro e consumo;3. O personagem maior no coelhinho da Páscoa (tradição alemã no sul do Brasil - Osterhase - ou lenda da mulher pobre que colore vários ovos, enquanto um coelho é visto nas redondezas). Tem a ver com a associação entre tradições pagãs e o cristianismo.

Páscoa na Bíblia:

1. Eminentemente profética. Surge no contexto da última refeição, antes da saída apressada do Egito. Consistia: 1. Consumir a carne de um sacrifício de cordeiro, sem deixar  nenhuma sobra para o amanhecer; 2. Enquanto comiam, nas casas marcadas com sangue nos umbrais, cumpria-se em meio ao Egito o juízo de Deus, atingindo os primogênitos; 3. Essa data se repetiria continuamente recordando essa noite de libertação, e a morte do cordeiro se constitui no principal sinal do sentido profético da Páscoa. Ex 12,14.
2. Então era comemorada, às vezes esquecida, outras vezes lembrada, no período dos reis, aqueles mais consagrado sempre a comprava, restaurando o templo para poder fazer. Com Josué, logo na entrada da terra prometida, ele comemora, pouco antes da travessia do rio Jordão. Logo após a celebração, com Josué, cessou de vir o maná, que era encontrado ao amanhecer, como símbolo e profecia do pão vivo, Jesus, que desce do céu. Js 5,12.

Páscoa para mim:

1. Jesus é a nossa Páscoa: 1.1. 1 Co 5,7: 1.1 - é a nossa libertação permanente; 1.2.  Rm 6,4-7 - fomos libertados do pecado por meio de Jesus: nele se concretiza a nossa salvação (não é religião, não algo externo a nós, mas interno, por meio de Jesus, cofirmado pelo Espírito Santo; 1.3. Na Pessoa de Jesus somos apresentados a Deus santos, inculpáveis e irrepreensíveis, Cl 1,22-23, e todo o nosso escrito de dívida foi carreado à cruz no corpo dele, Cl 2,13-15. 

sábado, 8 de abril de 2023

Conhecimento de Deus

 Afinal, que conhecimento de Deus Paulo ora para que tenhamos? Deus não se subdivide ou se faz conhecer por frações. Ao mesmo tempo que não cabe em nosso entendimento.

   Menciona em Ef 1,17: "Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, dê a vocês espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele."

  Assim como em Ef 3,19: "...e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus."

   As palavras "pleno conhecimento" e "plenitude de Deus", nos dois trechos, estabelecem uma amplitude proibitiva. Ora, como pleno conhecimento? Ora, plenitide de Deus em que sentido?

   Eu acho que o problema vai estar no que avaliamos que seja esse conhecimento. De que natureza ele é? Certamente, não específica e corriqueiramente o que denominamos conhecimento. Assim como nem pense em algo ainda mais místico ou vago.

    Devemos estar próximos, pelo que significam as palavras "pleno" e "plenitude", muito próximos e íntimos do propósito objetivo de Deus. A primeira coisa que esse conhecimento não é seria um instrumento de vaidade.

   Para logo não ser também um grau iniciático dos mistérios profundos da personalidade divina, insondável, indistintamente distante do reles mortal. Não será quantidade.

   Mas relacionada ao fato de que, se Deus se faz homem, revela-se totalmente nesse gesto, assim como se coloca ao alcance. Por exemplo, se está em jogo o amor, como mencionado, Deus se contenta nisso, em revelar-se em amor e desejar que o imitemos.

   Aliás, noutra parte dessa carta, Paulo menciona isso: "Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e andai em amor, como também Cristo nos amou", Ef 5,1-2a. Deus se mostra todo no gesto de amar. Deus dá-se a Si mesmo no Filho.

   Sugere que haja em nós a mesma atitude. Ele nos acolhe e compartilha conosco sua própria Pessoa, Sua própria personalidade. E caso haja dúvida, qualquer e legítima que seja, está expresso na Pessoa e personalidade do Filho.

   Pois Deus amou o mundo, de tal maneira, que deu(-Se no) seu Filho. Conhecer o amor de Deus está, totalmente, ao nosso alcance. Conhecer amor. Nesse propósito Deus se coloca por inteiro.

    Deus se revela nesse propósito. Põe-Se acessível a nós. Compartilha amor conosco. Deseja que compreendamos amor e ponhamos em prática. Não se envergonha de ser chamado nosso Deus.

    "Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles", Hb 11,16. Deus tem um propósito. Ele nos atrai para Si com cordas de amor: "Eu os atraí com cordas humanas, com laços de amor", Os 11,4a.

   Em amor Deus se dá todo a conhecer. Ao nosso alcance. Revela-se todo no Filho. Anseia que o imitemos e andemos em amor do mesmo modo que o Filho. No qual Ele tem todo o prazer.

domingo, 2 de abril de 2023

Comunhão

"Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste."

   A Bíblia começa com uma afirmação: "No princípio Deus criou os céus e a terra". Portanto, ela começa subentendida a existência de Deus. Como explicar Deus?

  Caso exista, antes de existir a razão humana Ele existe. Então, não caberá nela. Isso não deprecia a razão humana. Ao contrário, enaltece. Porque a razão nunca aspira a ser mais do que, na verdade, ela é.

  Caso ela assim experimentasse, deixaria de ser racional. Ninguém mais do que ou acima dela reconhece suas limitações. E ela as têm.

  Aliás, a fé, único meio pelo qual conhecer Deus, é plenamente racional. Ela cabe dentro do entendimento humano. Porque concebe um Deus que tudo criou, existindo antes de tudo o que a razão enxerga ou, apenas, supõe.

   Pois bem. A razão tem seus limites. Ela própria reconhece. A fé não tem limites. A própria razão assim reconhece. Uma das principais orações de Paulo Apóstolo, nas Escrituras, é que conheçamos Deus.

   Porque Ele se revela. E fala ao entendimento, porque não despreza ou deprecia a razão. Porque por meio dela concede inteligência ao ser humano. Como escrito a respeito dos companheiros de Daniel:

    "A esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspec­tos da cultura e da ciência", Dn 1,17. E como escreve Paulo aos Efésios:

   "Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, dê a vocês espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele", Ef 1,17.

   Que tipo de conhecimento é esse pelo qual Paulo ora? Nos capítulos iniciais dessa carta o apóstolo vai mencionar a que se refere. Começa, no primeiro, com uma lista detalhada do que Deus fez por nós.

   Caso seja absurdo referir cada passso, supondo como algo que  Deus não fez, então denunciemos. Com destaque para: 1. em amor nos predestinou para Ele: abençoando-nos, escolhendo-nos e adotando-nos como filhos.

   2. NEle, por meio de Seu propósito em Cristo, temos redenção, perdão dos pecados, sabedoria e entendimento; 3. E destinados para o louvor da glória de Deus, firmados na esperança de Jesus, escolhidos por Deus e predestinados para o amor.

   Tudo isso nos chega por meio do evangelho: "Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa", Ef 1,13.

   Esse Deus que existe, não somente anuncia que existe, não somente realiza o que promete, não somente se revela ao homem e à mulher, aos quais criou a sua imagem e semelhança. Mas anseia por comunhão.

    "Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.",
Jo 17,22.

   Nesta oração, uma oração de Jesus, ele roga pelos que vierem a crer. E supõe uma comunhão participativa nEle, com ele mesmo e com o Pai, no mesmo modelo que os dois, e somente os dois privam.

   Essa comunhão é uma construção do Espírito. Ela é fruto e plenitude do Espírito. "Esforçando-vos, diligentemente, por preservar a unidade do Espírito, no vínculo da paz", Ef 4,3. Nestas cartas da prisão, Paulo apresenta vários textos que orientam quanto a aspectos práticos dessa comunhão.

   Por exemplo, Fp 2,1-4, ou em Cl 3,12-17, ou ainda Ef 3,14-21. Essa comunhão acontece e define-se pelo que significa ser igreja. Não automaticamente, mas construída em nós, pelo Espírito. Voluntariamente construída.

   A identidade da igreja, que se define pela identidade de Deus, pois a Bíblia afirma que somos para o louvor de Sua glória, que a glória da igreja se reflete nEle e a glória dEle se reflete na igreja. Desse modo o mundo reconhece Deus na igreja, assim como a igreja em Deus.

   Pois a igreja é esse lugar de comunhão. Não sendo o templo, meramente identificado pelo GPS. Nem o registro feito no Cartório, meramente o senso legalmente obrigatório para a identidade documental da igreja.

  Mas a construção viva, atual e atualizada, permaemente e eterna do Espírito, naqueles que verdadeiramente creem. Por essa comunhão, Deus anseia, nela se deleita e, por meio dela, o mundo atesta que, em Cristo, Deus se tem revelado.