quinta-feira, 23 de julho de 2020

Oremos por maravilhas, pelas mãos de Jesus

E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?". Marcos 6,2.

     Carecemos disso. As mãos de Jesus nunca deixaram de operar maravilhas. Principalmente na vida de quem nEle crê. Os que são filhos dEle sempre e mais de perto as experimentam. 
     Algumas vezes carecemos de maravilhas que não vemos Jesus realizar. Explico. Nosso desejo não se realiza, porque, dessa vez, queremos estipular a Jesus o que desejamos que ele faça. 
    Ele é soberano. Em seu ministério terreno dependia do Pai para realizar milagres. Agora contínua a realizar, mantendo com o Pai as mesmas prioridades.
    As nossas prioridades devem ser as mesmas de Deus. O que Ele considera vital, também devemos considerar. Deus é vida, Deus é luz, Deus é amor. Devemos aspirar à vida, à  luz e ao amor de Deus. 
    Guiados pelo amor de Deus, nunca nos faltará luz e vida. Dependentes, desse modo, sempre Jesus estará operando maravilhas em nossa vida.
   Nunca vamos andar em trevas. "Quem há entre vós que tema ao SENHOR e que ouça a voz do seu Servo? Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus". 
    As trevas em que Jesus andou, foi para nos dela resgatar. Não mais andamos nas trevas do medo, da falta de fé e do pecado. Nas trevas do desamor. "O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz". Isaías 9,2.
     O evangelho é a maior maravilha de Jesus. Não. Não maior: não existe maior ou menor maravilha. Como se fazem maravilhas pelas mãos de Jesus! Siga o sinal da profecia.
    Jesus não realizou maravilhas alheias. Somente as que, por sua mão, em comunhão com o Pai, continua a realizar milagres. Hoje oramos. Hoje precisamos de que Jesus opere maravilhas.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Nosso menino Cavuca

    

    A gente aqui da igreja chamava de menino o Cavuca. Josibias Cavalcante Chaves. Cavuca, o apelido carinhoso.
   Chamava de menino, talvez, pelo tamanho. Mas não era só isso. A esperteza também, com os olhinhos sempre assuntando as coisas.
   Cavuca não tinha sossego no trabalho. Para o que nós o contratamos, como manda a lei, carteira assinada e tudo o mais, ele sempre fez muito mais do que o esperado.
   Nosso caseiro. Tudo muito limpinho. A grama a dois dedos do chão. Folhas que caíam, recolhidas logo. Arremates por fazer, como a cinta por cima do muro, no perímetro do terreno, era deixar com ele e descansar. 
    Material, dinheiro na conta dele, prazo de trabalho, fiscalização de tempo e qualidade, tudo com o Cavuca, sem nenhuma preocupação. Nem precisava perguntar onde era mais barato, porque ele já sabia. 
    O camarada das grades atrasou a entrega. Ele foi lá e deu prazo. Ligou, justificando os problemas que o rapaz teve. Ele mesmo deu prazo final e me avisou. Eu disse, Cavuca, sem problema, está bom, veja isso aí você mesmo. 
   Era um contador de histórias. Claro que foi um menino pirracento. Cavuca não teve só acertos em sua vida. Isso porque, nesse sentido, era igual a todo mundo.
   A Bíblia diz isso: quem fala que acerta todo o tempo está mentindo. Mas os amigos e conhecidos de Cavuca que, desde muito tempo o acompanhavam em Rio Branco, não pensaram 2 vezes em indicá-lo para a sua função entre nós da igreja. 
    Principalmente Lúcia e Jorge, amigos de longa data, garantiram que ele seria e pessoa certa. E foi muito além da expectativa de todos. E sempre mais do que um simples funcionário. Amigo. Todo o tempo Cavuca foi nosso amigo. 
    Conquistou nossas crianças e toda a vizinhança à volta também. Para isso adquirimos a chácara: para alcançar as crianças do bairro, procurando encaminhá-las nas escolhas, caminhando com Jesus. 
    E, aos domingos, quando sentávamos com elas, sentávamos támbem com o Cavuca. A gente estava estudando Atos dos Apóstolos. Explicávamos a ele como era continuação da revelação de Jesus Cristo no e por meio do evangelho. 
   Ele ouvia atento. Mesmo que fôssemos só ele, eu e a pastora, que era como ele chamava minha esposa Regina. Todo domingo esperava os quitutes extras que ela levava. Fossem umas bistecas a mais, algum doce ou o famoso bolo cuca. 
    Tínhamos que recomendar a ele que não comesse todo, de uma vez, aquele guloso! Sentado ouvindo a Bíblia, às vezes, aliás, muito frequentemente, seus olhos marejavam com lágrimas. Eu fingia que não percebia.
   Acho que, ali, ele estava absorvendo a mensagem e focando em fases da vida em que deve ter agido desse modo pirracento. E como diz a própria Bíblia, não deixamos de lhe falar toda a mensagem.
    Sejam os aspectos positivos, sejam os menos agradáveis, como quando a mensagem diz que, sem arrependimento dos pecados, não dá para caminhar com Jesus. Arrependimento e confissão de pecados é o lado mais doloroso, mas essencialmente necessário. 
      Falou dos filhos. Eu agora descobri que não falou de todos. Mas ficamos conhecendo mais da metade. E Josy, a caçulinha do primeiro casamento, representou muito bem todos os outros. 
    Já havia estado aqui com o esposo e sua filhinha. Desta vez, veio para cuidar do pai. Incansável, cuidadosa e dedicada. Os momentos mais difíceis, ela viu de perto. Irmãos da igreja dividiram com ela essa ajuda, mas ela encarou, com coragem, o principal. 
    Por isso dizemos que ela representou muito bem toda a família. A mana Alzira veio, com o esposo e o mano Josafá, de Manaus a Rio Branco, pela estrada, mais de 1.400 km, para ver Cavuca. O sobrinho Jorge veio três vezes de Rondônia, cidade vizinha a 540 km daqui.
    Não medimos esforços. Gratidão à grande amiga Regina, a Japonesinha, do Cavuca, que há muitos anos o ajuda em todas as horas, nesta e em outras enfermidades, como na época da cirurgia na vizinha Bolívia. Gratidão à Dra. Alina, cardiologista, e sua secretária Renata: competência, dedicação e diligência no cuidado com esse paciente.
    Numa das conversas que teve com a mana Alzira, os dois falaram em perdão. Esse é o principal sentimento de Deus. É fruto do amor. Não é fácil perdoar. Mas a Bíblia recomenda que, se formos perdoar, que seja como Deus perdoa. 
    Só existe esse tipo de perdão. E, para praticar, só aprendendo com Deus e praticar com a ajuda dEle. Cavuca falou em perdão. Pode até não ter tido o tempo e a oportunidade que desejou para praticar. 
   Mas também, nós ofendemos, tanto, a Deus e, consequentemente, a tantos e tantas vezes à nossa volta, que nem lembramos de todas as mágoas que nós mesmos provocamos.
   Somente Deus para nos ensinar a perdoar e a ter coragem para pedir perdão. O olhar da foto do Cavuca, acima, indica a disposição que o menino tinha para ouvir, assuntar, contar histórias e aprender sempre. 
    O "tá legal" da foto abaixo, na esperança que ele teve, Josy desejou e todos da igreja e da família pedimos a Deus para que ele saísse de mais essa, foi atendida em parte. A gente preferia o Cavuca, de novo, na rotina com que conquistou a todos nós. 
    Deus, o Pai, quis o menino assuntando com Ele, na congregação do céu. Tá legal, Altíssimo. Mas vamos seguir em frente, seguindo Jesus, na parte que nos cabe, como meninos, porque Jesus disse que, quem não se faz como criança, não vê e nem entra no reino de Deus.


terça-feira, 7 de julho de 2020

Lição 16 - Paulo em Éfeso - Atos 18,19-20,21

Paulo em Éfeso 

 
   A estada de Paulo em Éfeso, em sua 3a viagem missionária, permite-nos deduzir algumas injunções que, pelo texto de Lucas e outros textos bíblicos, incluidas outras informações históricas e de pesquisa crítica dos textos nos conduzem a reconhecer a amplitude dos resultados.
 
    Aspectos estratégicos: o início em Éfeso
    Analisando o texto de Atos 18,19-20,1, que descreve sua primeira chegada a Éfeso e sua partida, podemos elencar traços graduais da importância dessa viagem de Paulo em todos o contexto imediato e remoto do Novo Testamento.
1. Sua passagem pela cidade, At 18,19-21, no final da 2a viagem missionária, já desenha uma ação promissora, visto que sua pregação na sinagoga motivou que lhe solicitassem permanecer entre eles, o que, de imediato, não atendeu, mas comprometeu-se a retornar;
2. Nesse meio tempo, cumpriu seu périplo, rotina entre uma viagem e outra: desembarcou em Cesareia, alcançou Jerusalém, retornou à sua igreja de origem em Antioquia da Síria, sempre compartilhando seus relatórios, e voltou confirmando os irmãos, na fé, percorrendo a região frígio-gálatas, At 18,22-24, até chegar a Éfeso;
3. Em At 18,24-28, antes de propriamente o apóstolo alcançar a cidade, pela segunda vez, é narrada a chegada de Apolo, que vai se revelar um obreiro de grande envergadura, em função de seu preparo, arrojo e oratória. Destaca-se, aqui, a assistência dada pelo casal  Áquila e Priscila, que o orientaram, visto somente conhecer o batismo de João Batista. Resolvida essa questão, rumou para a Acaia, onde Paulo já estivera, e promoveu um ministério de grande efeito;
4. Pareceu haver um grupo organizado de irmãos que não tinham conhecimento da continuidade, em Jesus, do ministério e profecia de João Batista, porque Paulo, ao chegar a Éfeso, At 19,1-7, exorta um grupo de 12 homens que, crendo em Jesus, receberam o Espírito Santo, após a oração de Paulo, com os mesmos sinais de Pentecostes e da casa de Cornélio, em Cesareia;
5. Eram discípulos tardios de João Batista. A importância desse profeta, como Jesus mesmo indica em Mt 11,1-19, ele enaltece o profeta, v. 11, em função de ser, em pessoa, a transição da antiga para a nova aliança, apontando Jesus. O próprio apóstolo João indicou, em Jo 1,35-42, quando se deu, na época aprazada, essa transição de seguimento, dos discípulos de João a Jesus;
6. A seguir, Paulo passou três meses explorando sua estratégia de ensinar nas sinagogas: "falando ousadamente, dissertando e persuadindo", o que provocou a reação esperada que os judeus ssempre promoviam. Isso fez com que Paulo levasse seus discípulos para a escola de Tirano, onde permaneceu, diariamente, por 2 anos, o que provocou uma oportunidade grandiosa de expansão do reino de Deus naquela região, At 19,8-10.

     A expansão do reino em Éfeso
     O "espaço de dois anos" de Paulo, na escola de Tirano, "dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos".
    A Ásia Menor, hoje equivalente ao território da Turquia, representava na época de Paulo como que uma vitrine do Mediterrâneo. A situação geográfica estratégica e o colar de igrejas que ali se constituiu, descritas no Apocalipse pelas 7 igrejas, indica a importância desse circuito.
     Situam-se, uma das outras, em média de distância de 200 km, como de Esrmina a Pérgamo. Numa só viagem, é possível visitar Tiatira, Sardes e Filadélfia. E no outro turno, chegar a Laodiceia e a Éfeso.
    A natureza de dificuldade que Paulo vai enfrentar em Éfeso, relacionada às religiões de mistério de tradição grega. Em At 19,19, Lucas relata o resultado do ministério de Paulo na cidade, e como um grupo significativo de praticantes de "artes mágicas", por efeito de sua pregação, queimou em praça pública toda a sua biblioteca, num prejuízo de 50 mil denários.
     Essa quantia, como costuma ser calculada na Bíblia, o denário como o salário de um dia, representa o resultado de cerca de135 anos de trabalho. Avaliar o impacto disso, numa cidade em que, como veremos com detalhe, na causa que se constituiu principal para a saída rápida de Paulo, tem intrincada relação com o orgulho pessoal e corporativismo daquela sociedade e o modo como foi afetada pelo estrondoso efeito do evangelho.
   As consequências do ministério de Paulo em Éfeso podem ser avaliadas:
 (1) em função dessa conversão em massa de mágicos da cidade e do "prejuízo" configurado em denários que isso representou, mais para a mídia, em Éfeso, refletindo na própria cidade, do que a quantia monetária em si;
(2) dos "sinais extraordinários" que Deus permitiu a Paulo exercer, visto que havia uma grande sorte de falsos profetas, curandeiros e mágicos, em Éfeso, enganado o povo. Até mesmo o sinal dos filhos de Ceva, At 19,13-17, que resultou "notório a todos os habitantes de Éfeso" e, por isso, "o nome do Senhor Jesus era engrandecido";
(3) a amplidão do ministério, em termos dos 2 anos de ensinamento diário na escola de Tirano, refletido na observação de Lucas. de que "todos os que habitavam na Ásia, ouviram a palavra do Senhor Jesus". Evidente que "todos" pode ser um exagero, mas pela lavra de Lucas, representa uma imensa amplitude;
(4) e, de modo remoto, ainda sem mencionar o desfecho, a despedida que promoveu quando passou por ali perto, em At 20,17-38, a dimensão do ministério de Paulo, nesse circuito da Ásia Menor, vai se projetar nas Carta aos Efésios, que precisa ser lida no contexto das demais assim chamadas Carta da Prisão (Filipenses, Colossenses e Filemom), com mais o Evangelho de João, francamente desenvolvido no ambiente que essa visita e seus desdobramentos, em Éfeso, bem indicam;
(5) a despedida do apóstolo da cidade, At 19,21-41, deu-se não sem mais um tumulto, desta vez provocado pelo líder dos artífices de prata, que fabricavam nichos com a deusa Diana, certamente um ponto turístico de atração e ainda mais lucro para a cidade. O testemunho do "inimigo", At 19,25-27, tentou incriminar Paulo e o ajuntamento provocou uma confusão que reinou durante 2h. Não fosse a sábia intervenção de um anônimo Escrivão da Cidade, depois de gritarem nesse período de tempo "Grande é a Diana dos efésios", a lógica do escrivão desfez a multidão a Paulo, que desejava se mostrar e mediar, mas foi sabiamente impedido pelos irmãos, o próprio apóstolo se despediu, voltou à Macedônia, percorreu-a, retornou acompanhado de vários companheiros de ministério, At 20,4, e retornou, em direção à Jerusalém, para nela alcançar o Pentecostes, At 20,16, é que vai se encontrar, novamente, com os irmãos em Éfeso, At 20, 1-16.

       Conclusão
      Vários são os resultados positivos e a amplitude do ministério de Paulo em Éfeso:
1. O circuito das cidades que aparecem no Apocalipse, ali indicadas por João, certamente foram permanentemente influenciadas pelo ministério de Paulo em Éfeso. O fato de constarem como as sete igrejas simbólicas do Apocalipse significa que, de certo modo, guardavam entre si conexão;
2. O próprio destaque que a igreja de Éfeso apresenta, em sua descrição, no Apocalipse, assim como na carta que Paulo escreve, em função se sua própria temática, essencialmente eclesiológica e proclamando e mesma ênfase de salvação a judeus e gentios, e caso seja também lida Colossenses, a ênfase da cristologia, reafirmando a doutrina de Cristo frente a ideias gnósticas, destaca p ambiente de religiões mágicas e de mistério tão comuns em Éfeso e, certamente, nesse circuito de igrejas;
3. A tradição situa João apóstolo com alguém especialista na contestação das religiões gregas herméticas, em função do Evangelho de João e seu modo de apresentar Jesus, como o Logos de Deus, além de sua terminologia, nos modos de indicar a ação do Espírito Santo no crente, a noção de novo nascimento, a significação bíblica do batismo em água, a afirmação de Jesus como luz, de mesma natureza de Deus ser luz, enfim, as abordagens de João em seu Evangelho fracamente reafirmar todo o contexto que Paulo vivenciou em Éfeso;
4. Deparamos os efeitos contínuos de um ministério bem vivido, experimentado e demarcado, de modo a atender o tempo e momento de sua atuação, assim como se projetar para o futuro, incluída a atividade por escrito do Espírito Santo, atuando nos autores do texto bíblico, promovendo a inspiração do texto de modo a avançar até os nossos dias. Assim percebemos como as Escrituras têm um contexto definido de composição que se configura no tempo e, segundo a providencia de Deus, projeta-se para o futuro.