sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Prof e Pastor Henry Bacon - Nosso professor no Seminário de 1978 a 1981

 O Professor e Pastor paraquedista 

                   
Aviões mencionados pelo Prof e Pr Henry Bacon: sem cor, Withley, do treinamento e, em cores, o Stirling, que os levou à Normandia, no Dia D, 6 de junho de 1944.

"Sou pacifista não para continuar vivo, mas para não matar"

Se o leitor quiser conversar em português mesmo com um dos pára-quedistas britânicos que desceu na Normandia no Dia D, vá até a praia de Meaípe, no litoral do Espírito Santo, pela manhã. Você verá um homem magro de 84 anos nadando os seus 800 metros diários. Não o interrompa, por favor. Imagine-se, então, num campo a uns 3 quilômetros da praia no litoral francês, e no dia 6 de junho de 1944. Você verá na sombra da noite alguns homens descendo de pára-quedas a 100 metros do solo. Entre eles está o veterano de Meaípe, Henry Bacon, nascido em Londres no dia 18 de maio de 1920, casado, cinco filhos (todos residentes no Brasil), bacharel em letras pelo Queen Mary College (Universidade de Londres) e em teologia pelo St. Luke’s College, em Londres, missionário aposentado da Latin Link no Brasil desde 1952, ex-professor de teologia e arqueologia em seminários evangélicos de São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, especialista em Euclides da Cunha e atual pastor da Igreja Batista de Meaípe.

Por Henry Bacon

Cedo na Segunda Guerra Mundial, fui alistado para servir no exército britânico. Registrei-me como pacifista, e fui colocado num “corpo não-combatente”. Porém, foi feito apelo a voluntários para desarmar bombas lançadas pelos aviões alemães que não explodiram. Eu me ofereci. O secretário que recebeu o meu registro disse: “Olha, Bacon, se os riscos fossem razoáveis, eu aceitaria seu nome sem dizer nada. Mas os acidentes são tantos, com tantas mortes... Você realmente quer se registrar?” Respondi: “Não sou pacifista para não morrer, mas para não matar outros”.

Fui colocado numa seção de dezoito homens. Nos dois anos de trabalho, desarmamos centenas de bombas, e não perdemos um só homem por acidente.

Fomos tirados daquele trabalho, mas outra possibilidade se abriu. Estavam sendo preparadas brigadas de paraquedistas para descer no litoral da França, ocupado pelos alemães, para proteger o desembarque de tropas que vinham pelo mar. Não podiam mandar pára-quedistas sem ambulâncias de campo para acompanhar. Apelaram para os “não-combatentes” para se oferecer como enfermeiros. Então fui com muitos outros.

Tivemos de fazer oito saltos de treinamento. Antes de fazer o primeiro, vimos um soldado que não conseguiu se livrar da correia com que saltou ser arrastado no ar atrás do avião, até que morreu. Trata-se de um acidente raro, mas desanimador! No treinamento, o avião do qual saltamos foi o Whitley, conhecido como “caixão voador”. A abertura para saltar era pequena. Para o dia D, tivemos o Stirling para nos levar a França. Podíamos ficar de pé, e a abertura para o salto daria para jogar um jipe.

Soubemos quando o dia D estava perto. Toda permissão para viagens de licença foi cancelada, e fomos para um acampamento ao lado do rio Tâmisa. Fomos levados para dentro de uma barraca, muito bem guardada, onde havia fotografias e lentes estereoscópicas para examiná-las. Era exatamente o terreno onde íamos descer e ocupar na França. Pouco depois, fomos ao aeródromo para embarcar. Lá havia filas e filas de grandes aviões, os Stirlings, prontos para levar duas brigadas de pára-quedistas e soltá-las em território francês, onde o inimigo esperava para repulsá-las. Era 11h30 da noite, mas durante a guerra a Inglaterra observava horário de verão dobrado, de maneira que ainda não estava escuro. Havia chá quente para nós, bem adoçado e à vontade. O nosso comandante andava para lá e para cá com a mão cheia de rosas vermelhas, dando uma para cada um dos seus oficiais. Eu me aproximei de meu amigo e disse: “John, se eu voltar são e salvo desta, saberei que minha vida pertence a Deus”. Nenhum de nós sabia o que estava à nossa espera quando chegássemos à terra, mas podíamos imaginar.

Embarcamos, e o nosso avião decolou. Uma hora depois, sobrevoamos a França. Um amigo da onça na minha frente, que olhava pelo buraco para baixo, nos informou: “Há bastante fogo antiaéreo subindo contra nós”. (Para o salto ser eficiente, o vôo deveria ser não muito alto, nem muito rasante, mas justamente dentro do alcance da artilharia antiaérea.) Então veio o momento do salto. Eu aterrissei num campo arado. Livrei-me do pára-quedas e peguei meu equipamento. Então uma figura apareceu da escuridão. Pensei: “Se esse é um alemão, já sou prisioneiro de guerra”. Mas falou em inglês: “Oi, amigo, sabe onde o 13º batalhão está reunindo?” Olhei ao redor. Aquele batalhão tinha uma luz por sinal visível e um chifre de caça por sinal audível. Mas havia luzes de vários pára-quedas de carga pelo campo e barulho de muitos aviões e do fogo das metralhadoras. Não pude ajudá-lo, e ele foi embora em busca da sua unidade. Minutos depois, o cirurgião e mais um da nossa equipe apareceram. O cirurgião começou a nos guiar para o ponto de concentração. De repente, uma faixa de metralha luminosa passou pela nossa frente. Esperamos um pouco; o cirurgião disse: “Acho que estamos seguros agora”, e atravessamos o campo em direção ao lugar onde o resto da nossa unidade estava reunida, numa vala ao lado de uma estrada. Ouvimos o barulho de uma moto, depois um tiro, e apareceu um preso, ferido numa perna, um jovem alemão mensageiro, que nem imaginava que havia ingleses por perto. A essa altura, havia bastante barulho. Então, vi uma coisa que nunca vou esquecer: um planador, alto no céu, inteiramente envolto em chamas. (Uma brigada de tropas em planadores completava a divisão. Um planador levava um pelotão de homens, ou um tanque leve, ou uma peça de artilharia.) Quantos homens pereceram naquele planador, não sei.

Para um colega, cristão, o pára-quedas foi uma armadilha, pois pegou numa árvore. Ele ficou suspenso no ar e morreu furado por balas. Outro desceu num quintal onde havia tanques alemães estacionados e luzes na casa. Era o quartel-general de uma divisão de tanques. Ele escalou o muro o mais depressa possível, mas lembrou que havia deixado o saco de equipamento médico no quintal. Voltou pelo muro, pegou o equipamento, saiu outra vez e atravessou os campos para se juntar a nós.

Outro, ainda, era padioleiro com um pelotão de infantaria. O avião deles os deixou fora da “nossa” área. Quando se reuniram, o líder se declarou incapaz de achar um caminho para se juntar à nossa divisão. O padioleiro então os guiou através das linhas inimigas até encontrar a massa dos companheiros. (Perto do fim da guerra, esse mesmo padioleiro morreu em ação na Alemanha. Seu irmão mais novo que estava servindo junto teve de enterrá-lo às pressas, para continuar a marcha.)

Naquela primeira noite, esperamos na vala, até que a infantaria tirou os alemães do lugarejo mais perto, Ramville. Perto da alvorada, nós os seguimos e ocupamos o chateau escolhido para o nosso centro cirúrgico. Fomos avisados de que havia franco-atiradores alemães no sótão por cima de nós, mas estávamos ocupados demais para ligar para isso. O cirurgião indicou um quarto para nosso teatro cirúrgico. Conformando-me com o meu treinamento, lavei e escovei tudo naquele cômodo. Então, fui para o quarto contíguo para comer um lanche. Ouvimos o barulho de morteiros perto. Foi quando o inimigo chegou quase a tomar o chateau onde estávamos. Depois do lanche, fui ver como estava o meu trabalho. O nosso “teatro” era um montão de entulho; a poeira enchia o ar.

Os feridos dos nossos rapazes começaram a entrar. O dia inteiro trabalhamos no que restava do chateau. Os dois cirurgiões faziam operações continuamente. Perto da noite, fui ver os meus pertences, que tinha deixado ao pé de uma árvore. A capa antigás e a mochila haviam sido perfuradas por uma bala. Aquele franco-atirador havia tido um dia ativo! Apressamo-nos em cavar trincheiras onde pudéssemos descansar. O meu couro cabeludo nunca se recuperou bem depois que fiquei três meses dormindo na terra.

No primeiro dia, estávamos isolados das forças que vinham pelo mar. Somente um corpo de elite, dos Comandos, chegou até nós. O líder deles, Lord Lovat, chegou ao nosso centro com um corte profundo em uma nádega. Colocamos-lhe uma atadura, e ele voltou para liderar a sua turma. No segundo dia, as outras forças nos alcançaram, e os feridos que estávamos atendendo foram evacuados.

Mudamos da casa, por ser um alvo perigoso, para o fundo de uma pedreira. Lá, um avião do Luftwaffe resolveu nos atacar. Quando vi as faíscas do seu canhão brilhando em todas as direções, sabia que eu era o alvo. Joguei-me dentro de uma vala, do esgoto das nossas pias. Momentos depois, levantei-me, encharcado de água ensaboada, mas são e salvo.

Dias depois, tive de acompanhar numa ambulância dois cadáveres para a praia. Lá estavam ainda os detritos do desembarque, mas também vi o porto improvisado, construído seguindo uma sugestão de Churchill: imensos cascos de concreto tinham sido rebocados através do mar e assentados sobre o fundo ainda em água bastante, para formar um molhe e cais onde navios de grande porte pudessem atracar e descarregar. Somente assim o suprimento de munições e provisões de todo tipo pôde ser mantido.

Da nossa pedreira, fomos espectadores da sucessão de tanques, artilharia, tropas motorizadas e tudo mais que Montgomery levou avante no seu ataque contra Caen. Também vimos o terrível bombardeio noturno de mil aviões sobre Caen, que iluminou o céu inteiro com uma triste luz vermelha. Depois, avançando, passamos no meio de Caen, entre altos barrancos de entulho.

Horas antes do embarque para o salto no campo de batalha, eu estava orando com dois companheiros numa barraca de lona, ao lado do rio Tâmisa. Quarenta e oito horas depois, eu e os mesmos dois fizemos oração numa trincheira na França. Creio que tivemos a proteção de Deus nos perigos daqueles dias. Mas hoje não penso que tivemos razão em ser “não-combatentes”. Depois da guerra veio à tona a verdade a respeito do esforço nazista de extinguir totalmente a nação judaica e dos horrores dos campos de concentração. O domínio do regime nazista seria um mal pior que a guerra.

Este texto está em Ultimato:

https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/288/sou-pacifista-nao-para-continuar-vivo-mas-para-nao-matar

Veja também sobre a comemoração dos 60 anos do desembarque na Normandia:

https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/288/o-dia-d-60-aniversario-da-mais-dificil-e-complicada-operacao-militar-de-todos-os-tempos

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Os 28 Artigos - Robert Reid Kalley

 Doutrina congregacional

A igreja local possui autonomia para sua própria reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras congregações e seleção de seu ministério. O congregacionalismo está baseado nos seguintes princípios:

Cada congregação de fiéis, unida pela adoração, observação dos sacramentos e disciplina cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qualquer outra autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembleia, que é a autoridade decisória final do governo de cada igreja local.

Não existe nenhuma outra organização ou entidade maior ou mais extensa do que uma Igreja local a quem pode ser dada prerrogativas eclesiásticas ou ser chamada de Igreja.

As igrejas locais estão em comunhão umas com as outras, são interdependentes e estão intercomprometidas no cumprimento de todos os deveres resultantes dessa comunhão. Por isso, se organizam em concílios, sínodos ou associações. Entretanto, essas organizações não são Igrejas, mas são formadas por elas e estão a serviço delas.

O congregacionalismo é o regime de governo mais comum em denominações como anabatistasIgreja BatistaDiscípulos de Cristo, Igreja de Cristo no Brasil, Igreja Evangélica de Panorama e obviamente a própria denominação que deu nome ao termo: a Igreja Congregacional.

28 Artigos (Síntese doutrinária do congregacionalismo)

(Os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo)

Art. 1º – Do Testemunho da Natureza quanto à Existência de Deus – Existe um só Deus(1), vivo e pessoal(2); suas obras no céu e na terra manifestam, não meramente que existe, mas que possui sabedoria, poder e bondade tão vastos que os homens não podem compreender(3); conforme sua soberana e livre vontade, governa todas as coisas(4). (1) Dt.6:4; (2) Jr 10:10; (3) Sl 8:1; (4) Rm 9:15,16.

Art. 2º – Do Testemunho da Revelação a Respeito de Deus e do Homem – Ao testemunho das suas obras Deus acrescentou informações(5) a respeito de si mesmo(6) e do que requer dos homens(7). Estas informações se acham nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento(*) nas quais possuímos a única regra perfeita para nossa crença sobre o Criador, e preceitos infalíveis para todo o nosso proceder nesta vida(8).(5) Hb 1:1; (6) Ex 34-5-7; (7); II Tm.3.15,16; (8); Is.8.19,20.(*) Os livros apócrifos não são parte da Escritura devidamente inspirada.

Art. 3º – Da Natureza dessa Revelação – As Escrituras Sagradas foram escritas por homens santos, inspirados por Deus, de maneira que as palavras que escreveram são as palavras de Deus(9). Seu valor é incalculável(10), e devem ser lidas por todos os homens(1). (9) II Pe 1:19-21; (10) Rm 3:1,2. (1) Jo 5:39.

Art. 4º – Da Natureza de Deus – Deus o Soberano Proprietário do Universo é Espírito(2), Eterno(3), Infinito(4) e Imutável(5) em sabedoria(6), poder(7), santidade(8), justiça(9), bondade(10) e verdade(1). (2) Jo 4:24; (3) Dt 32:40; (4) Jr 23:24; (5) Ml 3; (6) Sl 146:5; (7) Gn 17:1; (8) Sl 144:17; (9) Dt 32: 4; (10) Mt 19:17; (1) Jo 7:28.

Art. 5º – Da Trindade da Unidade – Embora seja um grande mistério que existam diversas pessoas em um só Ente, é verdade que na Divindade exista uma distinção de pessoas indicadas nas Escrituras Sagradas pelos nomes de Pai, Filho e Espírito Santo(2) e pelo uso dos pronomes Eu, Tu e Ele, empregados por Elas, mutuamente entre si(3). (2) Mt 28:19: (3) Jo 14:16,17

Art. 6º – Da Criação do Homem – Deus, tendo preparado este mundo para a habitação do gênero humano, criou o homem(4), constituindo-o de uma alma que é espírito(5), e de um corpo composto de matérias terrestres(6). O primeiro homem foi feito à semelhança de Deus(7), puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade livre, sujeito Àquele que o criou, mas com domínio sobre todas as outras criaturas deste mundo(8). (4) Gn 1:2-27; (5) Ec 12:7; (6) Gn 2:7; (7) Gn 1:26,27; (8) Gn 1:28

Art. 7º – Da Queda do Homem – O homem assim dotado e amado pelo Criador era perfeitamente feliz(9), mas tentado por um espírito rebelde (chamado por Deus, Satanás), desobedeceu ao seu Criador(10); destruiu a harmonia em que estivera com Deus, perdeu a semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável, deste modo vieram sobre ela a ruína e a morte(1). (9) Gn 1:31; (10) Gn 2: 16,17; (1) Rm 5:12.

Art. 8º – Da Conseqüência da Queda – Estas não se limitam ao primeiro pecador. Seus descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça a inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o que Deus manda(2); por conseqüência todos pecam, todos merecem ser condenados, e de fato todos morrem(3).(2) Sl 50:7; (3) I Co 15:21

Art. 9º – Da Imortalidade da Alma – A alma humana não acaba quando o corpo morre. Destinada por seu Criador a uma existência perpétua, continua capaz de pensar, desejar, lembrar-se do passado e gozar da mais perfeita paz e regozijo; e também de temer o futuro, sentir remorso e horror e sofrer agonias tais, que mais quereria acabar do que continuar a existir(4); o pecado da rebelião contra o seu Criador, merece para sempre esta miséria, que é chamada por Deus de segunda morte(5). (4) Lc 16:20-31; (5) Ap 21:8

Art. 10º – Da Consciência e do Juízo Final – Deus constituiu a consciência juiz da alma do homem(6). Deu-lhes mandamentos pelos quais se decidissem todos os casos(7), mas reservou para si o julgamento final, que será em harmonia com seu próprio caráter(8). Avisou aos homens da pena com que com punirá toda injustiça, maldade, falsidade e desobediência ao seu governo(9); cumprirá suas ameaças, punindo todo pecado em exata proporção à culpa(10).(6) Rm 2:14,15; (7) Mt. 22:36-40; (8) Sl 49:6; (9) Gl 3:10; (10) II Co 5:10

Art. 11º – Da Perversidade do Homem e do Amor de Deus – Deus vendo a perversidade, a ingratidão e o desprezo com que os homens lhe retribuem seus benefícios e o castigo que merecem(1), cheio de misericórdia compadeceu-se deles; jurou que não desejava a morte dos ímpios(2); além disso, tomou-os e mandou declarar-lhes, em palavras humanas, sua imensa bondade para com eles; e quando os pecadores nem com tais palavras se importavam, ele lhes deu a maior prova do seu amor(3) enviando-lhes um salvador que os livrasse completamente da ruína e miséria, da corrupção e condenação e os restabelecesse para sempre no seu favor(4).(1) Hb 4:13; (2) Ez 33:11; (3) Rm 5:8,9; (4) II Co 5: 18-20.

Art. 12º – Da Origem da Salvação – Esta Salvação, tão preciosa e digna do Altíssimo (porque está perfeitamente em harmonia com seu caráter) procede do infinito amor do Pai, que deu seu unigênito Filho para salvar os seus inimigos(5). (5) I Jo 4:9

Art. 13º – Do Autor da Salvação – Foi adquirida, porém, pelo Filho, não com ouro, nem com prata, mas com Seu sangue(6), pois tomou para Si um corpo humano e alma humana(7) preparados pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem(8); assim, sendo Deus e continuando a sê-Lo se fez homem(9). Nasceu da Virgem Maria, viveu entre os homens(10), como se conta nos evangelhos, cumpriu todos os preceitos divinos(1) e sofreu a morte e a maldição como como o substituto dos pecadores(2), ressuscitou(3) e subiu ao céu(4). Ali intercede pelos seus remidos(5) e para valer-lhes tem todo o poder no céu e na terra(6). É nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo(7), que oferece, de graça, a todo o pecador o pleno proveito de sua obediência e sofrimentos, e o assegura a todos os que, crendo nEle, aceitam-no por Seu Salvador(8).(6) I Pe1:18,19; (7) Hb 2:14; (8) Mt 1:20; (9) Jo 1:1,14; (10) At 10:38; (1) I Pe 2:22; (2) Gl 3:13; (3) Mt 28:5,6; (4) Mc 16:19; (5) Hb 7:25; (6) Mt 28:18; (7) At 5:31; (8) Jo 1:14.

Art. 14º – Da Obra do Espírito Santo no Pecador – O Espírito Santo enviado pelo Pai(9) e pelo Filho(10), usando das palavras de Deus(1), convence o pecador dos seus pecados e da ruína(2) e mostra-lhe e excelência do Salvador(3), move-o a arrepender-se, a aceitar e a confiar em Jesus Cristo. Assim produz uma grande mudança espiritual chamada nascer de Deus(4). O pecador nascido de Deus está desde já perdoado, justificado e salvo; tem a vida eterna e goza das bênçãos da Salvação(5).(9) Jo 14:16,26; (10) Jo 16:7; (1) Ef 6:17; (2) Jo 16:8; (3) Jo 16:14; (4) Jo1:12,13; (5) Gl 3:26

Art. 15º – Do Impenitente – Os pecadores que não crerem no Salvador e não aceitarem a Salvação que lhes está oferecida de graça, hão de levar a punição de suas ofensas(6), pelo modo e no lugar destinados para os inimigos de Deus(7). (6) Jo 3:36; (7) II Ts 1: 8,9

Art. 16º – Da Única Esperança de Salvação – Para os que morrem sem aproveitar-se desta salvação, não existe por vir além da morte um raio de esperança(8). Deus não deparou remédio para os que, até o fim da vida neste mundo, perseveraram nos seus pecados. Perdem-se. Jamais terão alívio(9). (8) Jo 8:24; (9) Mc 9:42,43

Art. 17º – Da Obra do Espírito Santo no Crente – O Espírito santo continua a habitar e a operar naquele que faz nascer de Deus(10); esclarece-lhe a mente mais e mais com as verdades divinas(1), eleva e purifica-lhe as afeições adiantando nele a semelhança de Jesus(2), estes fruto do espírito são prova de que passaram da morte para a vida, e que são de Cristo(3).(10) Jo 14:16,17; (1) Jo 16:13; (2) II Co 3:18; (3) Gl 5:22,23

Art. 18º – Da União do Crente com Cristo e do Poder para o Seu Serviço – Aqueles que tem o Espírito de Cristo estão unidos com Cristo(4), e como membro do seu corpo recebem a capacidade de servi-Lo(5). Usando desta capacidade, procuram viver, e realmente vivem, para a glória de Deus, seu Salvador(6).(4) Ef 5:29,30 ( 5) Jo 15:4,7 (6) I Co 6:20

Art. 19º – Da União do Corpo de Cristo – A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma(7) só e compõe-se de todos os sinceros crentes no Redentor(8), os quais foram escolhidos por Deus, antes de haver mundo(9), para serem chamados e convertidos nesta vida e glorificados durante a eternidade(10). (7) Ef 3:15; (8) I Co 12:13; (9) Ef 1:11; (10) Rm 8: 29,30.

Art. 20º – Dos Deveres do Crente – É obrigação dos membros de uma Igreja local, reunirem-se(1) para fazer oração e dar louvores a Deus, estudarem sua Palavra, celebrarem os ritos ordenados por Ele, valerem um dos outros e promoverem o bem de todos os irmãos; receberem(2) entre si como membros aqueles que o pedem e que parecem verdadeiramente filhos de Deus pela fé; excluírem(3) aqueles que depois mostram a sua desobediência aos preceitos do Salvador que não são de Cristo; e procurarem o auxílio e proteção do Espírito Santo em todos os seus passos(4).(1)Hb 10:25; (2) Rm 14:1; (3) I Co 5:3-5; (4) Rm 8:5,16.

Art. 21º – Da Obediência dos Crentes – Ainda que os salvos não obtenham a salvação pela obediência à lei senão pelos merecimentos de Jesus Cristo(5), recebem a lei e todos os preceitos de Deus como um meio pelo qual Ele manifesta sua vontade sobre o procedimento dos remidos(6) e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratamente por se si acharem salvos de graça(7).(5) Ef 2:8,9; (6) I Jo 5:2,3; (7) Tt 3:4-8.

Art. 22º – Do Sacerdócio dos Crentes e dos Dons do Espírito – Todos os crentes sinceros são sacerdotes para oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo(8), que é o Mestre(9), Pontífice(10) e Único Cabeça de sua Igreja(1); mas como Governador de sua casa(2) estabeleceu nela diversos cargos(3) como de Pastor(4), Presbítero(5), Diácono(6), e Evangelista; para eles escolhe e habilita, com talentos próprios, aos que ele quer para cumprirem os deveres desses ofícios(7), e quando existem devem ser reconhecidos pela igreja e preparados e dados por Deus(8). (8) I Pe 2:5-9; (9) Mt 23:8-10; (10) Hb 3:1; (1) Ef. 1:22; (2) Hb 3:6; (3) I Co 12:28; (4) Ef 4:2; (5) I Tm 3:1-7; (6) I Tm 3: 8-13; (7) I Pe 5:1; (8) Fl 2:29.

Art. 23º – Da Relação de Deus para com Seu Povo – O Altíssimo Deus atende as orações(9) que, com fé, e, em nome de Jesus, único Mediador(10) entre Deus e os homens, lhe são apresentadas pelos crentes, aceita os louvores(1) e reconhece como feito a Ele, todo o bem feito aos Seus(2). (9) Mt 18:19; (10) I Tm 2:5; (1) Cl 3:16,17; (2) Mt 25:40,45; (3) Hb 10:1; (4) At 10:47,48; (5) Mt 26:26-28.

Art. 24º – Da Cerimônia e dos Ritos Cristãos – Os ritos judaicos, divinamente instruídos pelo Ministério de Moisés , eram sombras dos bens vindouros e cessaram quando os mesmos bens vieram(3): os ritos cristãos são somente dois: o batismo com água(4) e a Ceia do Senhor(5).

Art. 25º – Do Batismo com Água – O batismo com água foi ordenado por Nosso Senhor Jesus Cristo como figura do batismo verdadeiro e eficaz, feito pelo Salvador , quando envia o Espírito Santo para regenerar o pecador(6). Pela recepção do batismo com água, a pessoa declara que aceita os termos do pacto em que Deus assegura as bênçãos da salvação(7). (6) Mt. 3:11; (7) At 2:41

Art. 26º – Da Ceia do Senhor – Na Ceia do Senhor foi instituída pelo Senhor Jesus Cristo, o pão e o vinho representam vivamente ao coração do crente o corpo que foi morto e o sangue derramado no Calvário(8); participar do pão e do vinho representa o fato de que a alma recebeu seu Salvador. O crente faz isso em memória do Senhor, mas é da sua obrigação examinar-se primeiro fielmente quanto a sua fé, seu amor e o seu procedimento(9). (8) I Co 10:16; (9) I Co 11:28,29.

Art. 27º – Da Segunda Vinda do Senhor – Nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu como homem(10), em Sua própria glória(1) e na glória de Seu Pai(2), com todos os santos e anjos; assentar-se-á no trono de Sua glória e julgará todas as nações. (10) At 1:11; (1) Mt 25:31; (2) Mt 16:27

Art. 28º – Da Ressurreição para a Vida ou para a Condenação – Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e ressuscitarão(3); os mortos em Cristo ressurgirão primeiro(4); os crentes que neste tempo estiverem vivos serão mudados(5), e sendo arrebatados estarão para sempre com o Senhor(6), os outros também ressuscitarão, mas para a condenação(7). (3) Jo 5:25-29; (4) I Co 15:22,23;(5) I Co 15:51,52; (6) I Ts 4:16; (7) Jo 5:29.

Os Vinte e oito artigos da ” BREVE EXPOSIÇÃO DAS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DO CRISTIANISMO ” foram lavrados pelo Dr. Robert Reid Kalley e aprovados em 02 de julho de 1876 e este documento, de memorável valor histórico, consagrou-se como síntese doutrinária das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

 Retirados do link abaixo: história da Igreja Evangélica Congregacional Pernambucana:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Evang%C3%A9lica_Congregacional_Pernambucana_%28IECP%29

domingo, 24 de setembro de 2023

Sacerdócio da igreja

 "¹ Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados, ² e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas. ³ E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo. ⁴ Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão". Hebreus 5:1-4.

   1. Sumo sacerdote tomado dentre os homens (nesse mesmo sentido, o próprio Jesus foi escolhido);
   2. Constituído no que concerne a Deus (Jesus, de forma absoluta, toda a igreja, de forma vocacionada);
   3. Oferecer sacrifícios pelos pecados (Jesus deu-se a si mesmo, os sacerdotes humanos ofereciam o que tipificava essa profecia);
   4. Ninguém toma para si essa honra (é Deus quem vocaciona, unge e capacita para esse ministério).

   Para que o ministério da igreja tenha a identidade de sacerdócio, foi necessário que, pelo ministério de Cristo, essa capacitação se tornasse possível.

    É Pedro que define, para a igreja: "⁹ Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz", 1 Pe 2.

   Em função do sacerdócio, o que é a igreja:
1. Raça eleita: a partir do novo nascimento em Jesus, Jo 1,11-12;
2. Sacerdócio real: capaz de repartir, com os demais homens e mulheres, o que Deus realizou em sua vida, 1 Co 4,1-2;
3. Nação santa: a santidade não está no cumprimento externo das normas da lei, mas na ação da propiciação de Jesus e da ação do Espírito Santo na santificação, Cl 1,21-22 e Rm 8,1;
4. Povo de propriedade exclusiva de Deus: comprados autenticamente por Jesus e santificados continuamente pelo Espírito, 1 Co 6,19-20;

   A igreja vive para proclamar as virtudes de Deus, o que equivale, no texto de Hebreus 5,1, no que concerne, diz respeito a Deus. Como a igreja proclama as virtudes de Deus:

1. Pela obra nela realizada por Deus, em Jesus Cristo: o Espírito, na igreja, opera a obra que Deus realiza: Ef 3,14-17;

2. Pelo testemunho, em palavra de autoridade, também legitimada pelo Espírito naqueles que creem, At 5,31-32;

3. Pelo exaltação e glorificação, dela em Cristo e dEle nela, do mesmo modo que Jesus Cristo exaltou o Pai: 2 Ts 1,12 e Ef 1,22-23.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Get the revolution - pegue-a para si

    Eric Clapton, "guitarrista, cantor e compositor britânico de rock e blues. É considerado um dos mais influentes e bem-sucedidos da história do rock". Escreveu sua autobiografia, a quem interessar possa.

   Aqui destaco sua música Revolution. Numa tradução livre, nela reclama dos conselhos não atendidos, dados a um interlocutor que, agora numa situação adversa, tardiamente, quer uma revolução.

   Se queremos outro referencial dele, pertence à geração de Chico Buarque, este, com 79, apenas um ano mais velho do que aquele. Mas não vamos comparar o acervo dos dois. Apenas sacar o título da música🎶, aposta ao final deste texto.

   Para dizer que a proposta do evangelho é revolucionária. Em si, ele próprio é revolução. E uma que não termina. Em Efésios 4,22, Paulo indica isso em três menções: 1. ἀναστροφὴν τὸν παλαιὸν ἀνθρώπων (anastrofén ton palaion anthrópon) - assassinem o velho homem.

   E em Ef 4,23, a etapa 2. ἀνανεοῦσθαι δὲ τῷ πνεύματι τοῦ νοὸς ὑμῶν (ananeusthai de to pneúmati tu voos umon) - turbinem (para o alto) o cerne de vosso entendimento. E em Ef 4,24, a etapa 3. ἐνδύσασθαι τὸν καινὸν ἄνθρωπον (endysasthai ton kainon anthopon) - formar, de dentro para fora, o novo homem.

   São ações simultâneas. Um processo contínuo. E o modelo de revestimento desse "novo homem (ou nova mulher)", genericamente falando, é τὸν κατὰ θεὸν κτισθέντα (ton kata Theon ktisthenta) - criado, do nada, a partir de Deus.

   Se fosse no inglês, pedindo licença a Clapton, eu diria you get a revolution. Quero dizer, caso queira, obtenha para si (essa) revolução. Somente o evangelho produz, no viver, esse tipo específico de revolução.

   Vivê-lo é, continuamente, experimentar, simultâneo, pelo optante, 1. assassínio do velho homem + 2. renovação contínua do modelo de compreensão + 3. revestimento do novo, segundo Deus, procedente do que é justo e sancionado pela verdade.

   You get a revolution? Essa revolução? Somente pelo evangelho. Aliás, aos Romanos, Paulo o define como τὸ εὐαγγέλιον δύναμις γὰρ θεοῦ (tô euaggelion dynamis gar Theu) - o evangelho poder de Deus.

  Assim deve ser entendido. Somente possível desse modo. Fora disso, invencionice e performance (execução) humana, não divina. O amigo do Clapton, na música, não lhe aceitou os conselhos, pelo menos duas vezes advertido.

   Agora queria a sua revolução. Daí, a crítica expressa na letra da canção. Opte pela revolução de Deus. You get the revolution. Have you got the revolution? Você tem para si a revolução?


Revolution

domingo, 17 de setembro de 2023

Conexão Abraão

 O autor de Hebreus escolhe focar no que esses nativos mais encaram como sagrado, para lhes demonstrar que essa herança apontava, de modo profético, para Jesus.

   A Lei de Moisés, o sacerdócio levítico, o chamado do patriarca Abraão, com todas as promessas feitas a ele, o autor anônimo traça um arco, em sua argumentação, promovendo uma conexão em seu texto.

   Trata-se da "conexão Abraão". A fé que o povo de Israel tem em Deus foca Abraão como modelo. Tanto Paulo Apóstolo, quanto esse autor, indicam ser essa fé a única possibilidade de contato com Deus.

   Ele escreve, em Hb 11,6, que "sem fé, é impossível agradar a Deus". Há um ponto de partida: Deus existe. Quem nEle crê, priva, nesse contato de fé, de todas as promessas que, um dia, feitas a Abraão, têm em Jesus Cristo a sua consumação.

   O autor de Hebreus, em 12,2, aponta Jesus como autor e consumador da fé. Essa afirmação é mais uma indicação da natureza sublime do Filho, como desde a introdução do livro ele vem demonstrando.

   Como no Evangelho de João, quando numa discussão com os judeus Jesus usa a frase proibida, para afirmar "antes que Abraão existisse, eu sou", Jo 8,58, Jesus é o autor da fé que supriu a Abraão, a mesma que nos supre.

   E essa metade final do livro, a partir dr Hb 7, demonstra como Deus, a cada passo da história de Israel, nunca se deixou sem testemunho, At 14,17, e como toda a estrutura cerimonial desse povo apontava para a revelação do Filho.

   A conexão Abraão é o modo como, segundo indicam as Escrituras, a fé atende Abraão. E também o modo como essas mesmas Escrituras apontam para Jeusus como, em quem, a benção de Abraão alcança todos nós, Gl 3,13-14.

   Interessante como Abraão é modelo de fé. Não que tenha sido infalível. Mas que tenha demonstrado toda a sua carência, do mesmo modo que cada um de nós.

   E o autor de Hebreus, em 11,13, demonstra que crer não se trata de filtrar benefícios, mas esperar nas promessas de Deus. Não se trata do que se obtém, mas do que se oferece no altar do Senhor.

   E ainda nesse capítulo, em 11,24-25, demonstra, tomando Moisés como exemplo, que fé também representa rejeitar a ampla oferta do que o mundo oferece, para acomher o que o Espírito de Cristo tem a oferecer.

   E que também, mais adiante, em 11,35-37, demonstra que os milagres da fé podem envolver feitos maravilhosos, mas também amparo do Senhor em torturas, perseguições e apedrejamentos.

   A conexão Abraão nos coloca diante de Jesus, para conferirmos a fé genuína e, por ela, sermos conduzidos. Fé é certeza. Ela vem pela pregação. E as Escrituras são o único meio de se garantir e conferir a fidelidade dessa boa nova.

sábado, 16 de setembro de 2023

Gratidão e louvor

    Então nos reunimos na casa da irmã Neli, hospedada com seu filho e nora, para agradecermos a Deus a vitória obtida nessa renhida luta sua em seu tratamento quimioterápico.

   Foram quase 7 meses no total, no Rio de Janeiro, 2 meses inteiros no hospital, entre entradas e saídas da UTI, estadas no quarto, altas e retorno ao hospital, muitas vezes em emergência.

   Emocionante ter ouvido dela dizer que agarrou-se, com seus dois braços, às curvas da cabeceira do leito, para dizer ao Pai estou preparada, mas caso ainda me dês mais tempo, estarei pronta a servir.

   Como sempre serviram, ela e seu esposo. Tive o privilégio de pregar nesse culto de gratidão. Falei, baseado em João 15,9-17, sobre amizade e amor. Estes dois elementos vitais da existência, quando verdadeiros, somente Cristo produz em nós.

   Pude relembrar como, na igreja de um bairro de nome sui generis, no Rio de Janeiro, em Cascadura, desde as décadas de 50 e 60, as raízes dessa família brotam frutos. Cheguei a conhecer Gerson, esposo de Neli, antes dela.

   Brinquei, recordando o namoro anterior dele, e ela arrematou meu argumento, quando lembrou que Gerson trocou um namoro de 6 anos pela convicção em casar com Neli.

   Clássica a foto (veja após este texto), que mostra três dos quatro filhos de Clauderval e Madalena, um deles pastor, não aparece. Conheci mais os três da foto: Gerson, Sérgio e Josias. Mas com Gerson e Neli convivi com marcas profundas.

   Esses bisavós paternos dos garotos Gian e Gabriel tinham um Itamaraty Willis. Residiam em Ricardo de Albuquerque e nos davam carona, a mim e minha mãe, de onde pegávamos o ônibus até Nilópolis, o município da Baixada Fluminense onde moravam meus avós maternos.

   Acho que acertei na marca do carro. Se ainda entre nós, Gerson saberia com precisão, pois entendia tudo de carro, fosse qual fosse a marca. Desde seu Fusca 1200, ao Fiat 147, no qual cansei de ver funcionando uma luzinha de um dispositivo extra que havia instalado para medir sei-lá-o-quê de que não lembro.

   Surpreendeu indo com seu sogro, esposa e filho, de seus 5 ou 6 anos, até os limites dos marcos da Transamazônica, nos anos próximos à sua inauguração. Contou, já retornando, como ajudou o mecânico numa emergência do rolamento traseiro, ele mesmo ajustando a ferramenta que, centralizada de modo concêntrico, retira-o do eixo.

    Diácono Gerson, no meu tempo, em Curicica, 1982-1988, e presbítero, no tempo de Lourival Ortega, meu colega de turma no Seminário e pastor que assumiu a igreja, em meu lugar, formava uma dupla sem igual com Valdemir.

   Qualquer igreja que os tivesse, estaria muito bem suprida. Valdemir era encarregado de uma tecelagem. Seu turno era noturno. A noite que folgada era na madrugada de domingo para segunda. Saía de seu plantão, madrugada de domingo, seguia para Vila Kennedy, bairro situado na Av Brasil, a uns 16 km de Curicica.

   Ia buscar a família, esposa Elzair e um casal de filhos, para trazê-los para a igreja. Ainda dirigia uma das classes de escola dominical, para tirar um cochilo à tarde, mas não que não houvesse tempo para as visitas e evangelização no loteamento da igreja.

   O diácono Gerson conhecia todos os labirintos de Jacarepaguá, a partir da Taquara, como Boiuna, o recanto da Colônia Juliano Moreira, antigo e já desativado hospital psiquiátrico, entre tantos outros recantos.

   A noite completa de sono de Valdemir seria somente a de domingo para segunda. Aposentou-se, beneficiado pelo trabalho com sobrecarga, mas resolveu voltar a trabalhar na mesma função. Ora, nenhum chefe dispensaria um operário desses. Seu coração não aguentou. Partiu muito cedo para casa.

    Além de seu empenho missionário, com Missões na Melhor Idade, o casal Gerson e Neli esteve empenhado na compra do contorno da esquina onde se situava o terreno da igreja congregacional em Curicica.

   O link abaixo, ao final, reserva seu depoimento nesse culto. Também louvamos a Deus pela entrada de seu neto primogênito, Gian, no curso de Medicina, na Federal do Acre, UFAC.

   Linda a história dessa família, sejam os Cabral, de Mato Alto, sejam os Coelho, de Cascadura. Assim o evangelho frutifica. Assim produz seus frutos. E como nos ensina a Bíblia, os anciãos, como carvalhos plantandos na casa do Senhor, deixam marcas e pegadas que as gerações procedentes devem seguir.

       
Presbítero José Carlos     Aspecto geral do culto.
   e Pr. Jeremias no
 momento de oração.

A seguir, link do depoimento sobre a vizinha que chega na reunião de oração para ser bênção:

Abaixo, o hino Marcas, do grupo Logos:
https://youtu.be/IucWGh6wigU

Ah, sim, os carros: eram (mais ou menos) assim:

Fusca 1200

Fiat 147

Itamaraty Willis

Foto clássica: bem no primeiro 
banco, os três "meninos" de 
d. Madalena e "seu" Clauderval,
esq. para dir. Gerson, Sérgio e 
Josias. Bem, um deles, 
d. Neli levou com ela.

domingo, 10 de setembro de 2023

O crente Abraão: sem adjetivos

Textos bíblicos:

 ¹⁷ Disse o Senhor: Ocultarei a Abraão o que estou para fazer, ¹⁸ visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra? ¹⁹ Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito. Gn 18

Quem foi Abraão para:

1. Tiago:  ²³"... e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e:  Foi chamado amigo de Deus." Tiago 2:23;
2. Paulo: ¹ "Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? ² Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. ³ Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça." Romanos 4:1-3;
3. Autor de Hebreus: ¹³ "Pois, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo,¹⁴ dizendo: Certamente, te abençoarei e te multiplicarei.¹⁵ E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa.  Hb 6

¹³ Pois, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, ¹⁴ dizendo: Certamente, te abençoarei e te multiplicarei.¹⁵ E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa. ¹⁶ Pois os homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo de garantia, para eles, é o fim de toda contenda. ¹⁷ Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, ¹⁸ para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; ¹⁹ a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, ²⁰ onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Hb 6

Lições de Abraão:

1Por que o pai da fé? Porque ouviu a voz de Deus. Crer é dar ouvidos à voz de Deus. Rm 10,17. Crer é ter certeza. Hb 11,1.
2. Exemplo de fidelidade dizimal.
Porque deu sua vida a Deus. Dízimo é o mínimo. Sinal de que tudo pertence a Deus. Por isso que reter é avareza, que é idolatria. Cl 3,5.
3. Firme nas promessas de Deus.
Deus não cumpre as promessas que desejo, mas as que Ele fez. Minha vida está a serviço dEle, para cumprir Sua vontade, e não Ele a meu serviço. At 20,24.

  Por que simplesmente crer em Deus? Como assim? Como é a fé? Abraão é modelo de fé.

   Por que o dízimo? Abraão a Melquisedeque: Hb 7,1-3. No deserto, eles deram até se dizer que bastava. Ex 36,6-7. Na igreja primitiva, dava-se tudo e ninguém tinha falta. At 2,44-45. E a igreja também recolhia ofertas, à medida que se necessitava. 2 Co 8,1-5.

   Como amigo de Deus? Pelo amor: Jo 15,13-15. Não é Abraão que nos faz amigo de Deus. É Jesus.

1. Deus jura a e por Abraão, sem que seja necessário;
2. Temos uma esperança que é âncora da alma;
3. Jesus é nosso precursor.

    A maior benção é ter as garantias que Jesus nos conceder, em tê-lo como âncora de nossa alma. Porém, neste mundo, viver como amigo de Deus, do modo como Abraão, na forma em que Cristo nos coloca, na relação com o Pai. "Sois meus amigos (se e quando) fazeis o que vos mando.

Os 28 Artigos - Parte Final

 Art. 16º - Da Única Esperança de Salvação


Para os que morrem sem aproveitar-se desta salvação, não existe por vir além da morte um raio de esperança(8). Deus não deparou remédio para os que, até o fim da vida neste mundo, perseveraram nos seus pecados. Perdem-se. Jamais terão alívio(9).

(8) Jo 8:24; (9) Mc 9:42,43


Art. 17º - Da Obra do Espírito Santo no Crente

O Espírito santo continua a habitar e a operar naquele que faz nascer de Deus(10); esclarece-lhe a mente mais e mais com as verdades divinas(1), eleva e purifica-lhe as afeições adiantando nele a semelhança de Jesus(2), estes fruto do espírito são prova de que passaram da morte para a vida, e que são de Cristo(3).

(10) Jo 14:16,17; (1) Jo 16:13; (2) II Co 3:18; (3) Gl 5:22,23


Art. 18º - Da União do Crente com Cristo e do Poder para o Seu Serviço.

Aqueles que tem o Espírito de Cristo estão unidos com Cristo(4), e como membro do seu corpo recebem a capacidade de servi-Lo(5). Usando desta capacidade, procuram viver, e realmente vivem, para a glória de Deus, seu Salvador(6).

(4) Ef 5:29,30 ( 5) Jo 15:4,7 (6) I Co 6:20


Art. 19º - Da União do Corpo de Cristo

A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma(7) só e compõe-se de todos os sinceros crentes no Redentor(8), os quais foram escolhidos por Deus, antes de haver mundo(9), para serem chamados e convertidos nesta vida e glorificados durante a eternidade(10).

(7) Ef 3:15; (8) I Co 12:13; (9) Ef 1:11; (10) Rm 8: 29,30.


Art. 20º - Dos Deveres do Crente

É obrigação dos membros de uma Igreja local, reunirem-se(1) para fazer oração e dar louvores a Deus, estudarem sua Palavra, celebrarem os ritos ordenados por Ele, valerem um dos outros e promoverem o bem de todos os irmãos; receberem(2) entre si como membros aqueles que o pedem e que parecem verdadeiramente filhos de Deus pela fé; excluírem(3) aqueles que depois mostram a sua desobediência aos preceitos do Salvador que não 
são de Cristo; e procurarem o auxílio e proteção do Espírito Santo em todos os seus passos(4).

(1)Hb 10:25; (2) Rm 14:1; (3) I Co 5:3-5; (4) Rm 8:5,16.


Art. 21º - Da Obediência dos Crentes

Ainda que os salvos não obtenham a salvação pela obediência à lei senão pelos merecimentos de Jesus Cristo(5), recebem a lei e todos os preceitos de Deus como um meio pelo qual Ele manifesta sua vontade sobre o procedimento dos remidos(6) e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratamente por se si acharem salvos de graça(7).

(5) Ef 2:8,9; (6) I Jo 5:2,3; (7) Tt 3:4-8.


Art. 22º - Do Sacerdócio dos Crentes e dos Dons do Espírito

Todos os crentes sinceros são sacerdotes para oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo(8), que é o Mestre(9), Pontífice(10) e Único Cabeça de sua Igreja(1); mas como Governador de sua casa(2) estabeleceu nela diversos cargos(3) como de Pastor(4), Presbítero(5), Diácono(6), e Evangelista; para eles escolhe e habilita, com talentos próprios, aos que ele quer para cumprirem os deveres desses ofícios(7), e quando existem devem ser reconhecidos pela igreja e preparados e dados por Deus(8).

(8) I Pe 2:5-9; (9) Mt 23:8-10; (10) Hb 3:1; (1) Ef. 1:22; (2) Hb 3:6; (3) I Co 12:28; (4) Ef 4:2; (5) I Tm 3:1-7; (6) I Tm 3: 8-13; (7) I Pe 5:1; (8) Fl 2:29.


Art. 23º - Da Relação de Deus para com Seu Povo

O Altíssimo Deus atende as orações(9) que, com fé, e, em nome de Jesus, único Mediador(10) entre Deus e os homens, lhe são apresentadas pelos crentes, aceita os louvores(1) e reconhece como feito a Ele, todo o bem feito aos Seus(2).

(9) Mt 18:19; (10) I Tm 2:5; (1) Cl 3:16,17; (2) Mt 25:40,45; (3) Hb 10:1; (4) At 10:47,48; (5) Mt 26:26-28.


Art. 24º - Da Cerimônia e dos Ritos Cristãos

Os ritos judaicos, divinamente instruídos pelo Ministério de Moisés , eram sombras dos bens vindouros e cessaram quando os mesmos bens vieram(3): os ritos cristãos são somente dois: o batismo com água(4) e a Ceia 
do Senhor(5).


Art. 25º - Do Batismo com Água

O batismo com água foi ordenado por Nosso Senhor Jesus Cristo como figura do batismo verdadeiro e eficaz, feito pelo Salvador , quando envia o Espírito Santo para regenerar o pecador(6). Pela recepção do batismo com água, a pessoa declara que aceita os termos do pacto em que Deus assegura as bênçãos da salvação(7).

(6) Mt. 3:11; (7) At 2:41


Art. 26º - Da Ceia do Senhor

Na Ceia do Senhor foi instituída pelo Senhor Jesus Cristo, o pão e o vinho representam vivamente ao coração do crente o corpo que foi morto e o sangue derramado no Calvário(8); participar do pão e do vinho representa o fato de que a alma recebeu seu Salvador. O crente faz isso em memória do Senhor, mas é da sua obrigação examinar-se primeiro fielmente quanto a sua fé, seu amor e o seu procedimento(9).

(8) I Co 10:16; (9) I Co 11:28,29.


Art. 27º - Da Segunda Vinda do Senhor

Nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu como homem(10), em Sua própria glória(1) e na glória de Seu Pai(2), com todos os santos e anjos; assentar-se-á no trono de Sua glória e julgará todas as nações.

(10) At 1:11; (1) Mt 25:31; (2) Mt 16:27


Art. 28º - Da Ressurreição para a Vida ou para a Condenação

Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e ressuscitarão(3); os mortos em Cristo ressurgirão primeiro(4); os crentes que neste tempo estiverem vivos serão mudados(5), e sendo arrebatados estarão para sempre com o Senhor(6), os outros também ressuscitarão, mas para a condenação(7).

(3) Jo 5:25-29; (4) I Co 15:22,23;(5) I Co 15:51,52; (6) I Ts 4:16; (7) Jo 5:29.


Os Vinte e oito artigos da "BREVE EXPOSIÇÃO DAS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DO CRISTIANISMO" foram lavrados pelo Dr. Robert Reid Kalley e aprovados em 02 de julho de 1876 e este documento, de memorável valor histórico, consagrou-se como síntese doutrinária das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

A aceitação destas "Doutrinas Fundamentais" serviu de base para rejeição de várias doutrinas anti-bíblicas e encorajou os congregacionais ao crescimento e a implantação sólida e definitiva desta Grande Denominação.

Os 28 Artigos - Parte 3

 Art. 11º - Da Perversidade do Homem e do Amor de Deus


Deus vendo a perversidade, a ingratidão e o desprezo com que os homens lhe retribuem seus benefícios e o castigo que merecem(1), cheio de misericórdia compadeceu-se deles; jurou que não desejava a morte dos ímpios(2); além disso, tomou-os e mandou declarar-lhes, em palavras humanas, sua imensa bondade para com eles; e quando os pecadores nem com tais palavras se importavam, ele lhes deu a maior prova do seu amor(3) enviando-lhes um salvador que os livrasse completamente da ruína e miséria, da corrupção e condenação e os restabelecesse para sempre no seu favor(4).

(1) Hb 4:13; (2) Ez 33:11; (3) Rm 5:8,9; (4) II Co 5: 18-20.


Art. 12º - Da Origem da Salvação

Esta Salvação, tão preciosa e digna do Altíssimo (porque está perfeitamente em harmonia com seu caráter) procede do infinito amor do Pai, que deu seu unigênito Filho para salvar os seus inimigos(5).

(5) I Jo 4:9


Art. 13º - Do Autor da Salvação

Foi adquirida, porém, pelo Filho, não com ouro, nem com prata, mas com Seu sangue (
6), pois tomou para Si um corpo humano e alma humana(7) preparados pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem(8); assim, sendo Deus e continuando a sê-Lo se fez homem(9). Nasceu da Virgem Maria, viveu entre os homens(10), como se conta nos evangelhos, cumpriu todos os preceitos divinos(1) e sofreu a morte e a maldição como como o substituto dos pecadores(2), ressuscitou(3) e subiu ao céu(4). Ali intercede pelos seus remidos(5) e para valer-lhes tem todo o poder no céu e na terra(6). É nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo(7), que oferece, de graça, a todo o pecador o pleno proveito de sua obediência e sofrimentos, e o assegura a todos os que, crendo nEle, aceitam-no por Seu Salvador(8).

(6) I Pe1:18,19; (7) Hb 2:14; (8) Mt 1:20; (9) Jo 1:1,14; (10) At 10:38; (1) I Pe 2:22; (2) Gl 3:13; (3) Mt 28:5,6; (4) Mc 16:19; (5) Hb 7:25; (6) Mt 28:18; (7) At 5:31; (8) Jo 1:14.


Art. 14º - Da Obra do Espírito Santo no Pecador

O Espírito Santo enviado pelo Pai(9) e pelo Filho(10), usando das palavras de Deus(1), convence o pecador dos seus pecados e da ruína(2) e mostra-lhe e excelência do Salvador(3), move-o a arrepender-se, a aceitar e a confiar em Jesus Cristo. Assim produz uma grande mudança espiritual chamada nascer de Deus(4). O pecador nascido de Deus está desde já perdoado, justificado e salvo; tem a vida eterna e goza das bênçãos da Salvação(5).

(9) Jo 14:16,26; (10) Jo 16:7; (1) Ef 6:17; (2) Jo 16:8; (3) Jo 16:14; (4) Jo1:12,13; (5) Gl 3:26


Art. 15º - Do Impenitente

Os pecadores que não crerem no Salvador e não aceitarem a Salvação que lhes está oferecida de graça, hão de levar a punição de suas ofensas(6), pelo modo e no lugar destinados para os inimigos de Deus(7).

(6) Jo 3:36; (7) II Ts 1: 8,9



Os 28 Artigos - Parte 2

 Art. 6º - Da Criação do Homem


Deus, tendo preparado este mundo para a habitação do gênero humano, criou o homem(4), constituindo-o de uma alma que é espírito(5), e de um corpo composto de matérias terrestres(6). O primeiro homem foi feito à semelhança de Deus(7), puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade livre, sujeito Àquele que o criou, mas com domínio sobre todas as outras criaturas deste mundo(8).

(4) Gn 1:2-27; (5) Ec 12:7; (6) Gn 2:7; (7) Gn 1:26,27; (8) Gn 1:28


Art. 7º - Da Queda do Homem

O homem assim dotado e amado pelo Criador era perfeitamente feliz(9), mas tentado por um espírito rebelde (chamado por Deus, Satanás), desobedeceu ao seu Criador(10); destruiu a harmonia em que estivera com Deus, perdeu a semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável, deste modo vieram sobre ela a ruína e a morte(1).

(9) Gn 1:31; (10) Gn 2: 16,17; (1) Rm 5:12.


Art. 8º - Da Conseqüência da Queda

Estas não se limitam ao primeiro pecador. Seus descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça a inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o que Deus manda(2); por conseqüência todos pecam, todos merecem ser condenados, e de fato todos morrem(3).

(2) Sl 50:7; (3) I Co 15:21


Art. 9º - Da Imortalidade da Alma

A alma humana não acaba quando o corpo morre. Destinada por seu Criador a uma existência perpétua, continua capaz de pensar, desejar, lembrar-se do passado e gozar da mais perfeita paz e regozijo; e também de temer o futuro, sentir remorso e horror e sofrer agonias tais, que mais quereria acabar do que continuar a existir(4); o pecado da rebelião contra o seu Criador, merece para sempre esta miséria, que é chamada por Deus de segunda morte(5).

(4) Lc 16:20-31; (5) Ap 21:8


Art. 10º - Da Consciência e do Juízo Final

Deus constituiu a consciência juiz da alma do homem(6). Deu-lhes mandamentos pelos quais se decidissem todos os casos(7), mas reservou para si o julgamento final, que será em harmonia com seu próprio caráter(8). Avisou aos homens da pena com que com punirá toda 
injustiça, maldade, falsidade e desobediência ao seu governo(9); cumprirá suas ameaças, punindo todo pecado em exata proporção à culpa(10).

(6) Rm 2:14,15; (7) Mt. 22:36-40; (8) Sl 49:6; (9) Gl 3:10; (10) II Co 5:10

domingo, 3 de setembro de 2023

Ocupação de Deus

 ¹⁷ Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles!"

   Tu me sondas. O cara disse assim para Deus. Davi, velho conhecido nosso. Tem exposta sua personalidade (e reputação) nas Escrituras.

  E é sobre isso mesmo que versa este poema escrito. Diante de Deus, estamos expostos. Resta saber quão rasa é nossa personalidade.

  Acho que a profundidade requerida nesse salmo se escora no valor que Deus nos dá. O salmista atina com isso, quando menciona esse "modo assombrosamente maravilhoso" com que Deus nos formou.

   Paulo se aproxima dessa menção, quando nos denomina "poesia de Deus" (αὐτοῦ γάρ ἐσμεν ποίημα). Acho que aqui se dá a conexão.

  O salmista quer atinar com o que Deus, desde sempre, planejou que sejamos. E esse desde sempre, de novo Paulo nos ajuda, é amor antes da fundação do mundo.

   Nem importa a discussão besta entre criacionismo/evolucionismo, pois esse amor precede, no tempo, aliás, Deus está para fora do tempo.

   Focando no autor, Davi, pelo que conhecemos de sua personalidade, literalmente altos e baixos, nem sei por que pediu ou supôs que Deus tivesse interesse em sondá-lo.

   Porque para Deus não há novidade. Mas deve haver expectativa. Pode ser aí, a razão dEle perder (ou ganhar) esse tempo nos sondando.

   Porque não desiste de Suas expectativas. E não dá para fugir. Pode ser ainda mais fundo do que o suficiente para implodir um submersível mal feito.

   Ou ainda mais longe do que supôs o post do pastor que, em sua argumentação, calculou em 93 bilhões de anos luz o diâmetro do universo. Não dá para se esconder.

   Avalio como rasa a minha personalidade. Absolutamente previsível. Repetitivo nas orações. Acho que nunca pediria a Deus que me sondasse.

   Por supor que, onisciente que é, já de antemão sabendo tudo, não se ocuparia, jamais, em sondar o que sou. Ou no que me tornei.

   Mas os pensamentos dEle são preciosos a meu respeito. Outro poeta, Jeremias, o profeta, chega perto, ao dizer, de Deus, a nosso respeito:

¹¹ Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Jeremias 29:11.

   Sondar, nessa expectativa, vale a pena.