domingo, 17 de setembro de 2023

Conexão Abraão

 O autor de Hebreus escolhe focar no que esses nativos mais encaram como sagrado, para lhes demonstrar que essa herança apontava, de modo profético, para Jesus.

   A Lei de Moisés, o sacerdócio levítico, o chamado do patriarca Abraão, com todas as promessas feitas a ele, o autor anônimo traça um arco, em sua argumentação, promovendo uma conexão em seu texto.

   Trata-se da "conexão Abraão". A fé que o povo de Israel tem em Deus foca Abraão como modelo. Tanto Paulo Apóstolo, quanto esse autor, indicam ser essa fé a única possibilidade de contato com Deus.

   Ele escreve, em Hb 11,6, que "sem fé, é impossível agradar a Deus". Há um ponto de partida: Deus existe. Quem nEle crê, priva, nesse contato de fé, de todas as promessas que, um dia, feitas a Abraão, têm em Jesus Cristo a sua consumação.

   O autor de Hebreus, em 12,2, aponta Jesus como autor e consumador da fé. Essa afirmação é mais uma indicação da natureza sublime do Filho, como desde a introdução do livro ele vem demonstrando.

   Como no Evangelho de João, quando numa discussão com os judeus Jesus usa a frase proibida, para afirmar "antes que Abraão existisse, eu sou", Jo 8,58, Jesus é o autor da fé que supriu a Abraão, a mesma que nos supre.

   E essa metade final do livro, a partir dr Hb 7, demonstra como Deus, a cada passo da história de Israel, nunca se deixou sem testemunho, At 14,17, e como toda a estrutura cerimonial desse povo apontava para a revelação do Filho.

   A conexão Abraão é o modo como, segundo indicam as Escrituras, a fé atende Abraão. E também o modo como essas mesmas Escrituras apontam para Jeusus como, em quem, a benção de Abraão alcança todos nós, Gl 3,13-14.

   Interessante como Abraão é modelo de fé. Não que tenha sido infalível. Mas que tenha demonstrado toda a sua carência, do mesmo modo que cada um de nós.

   E o autor de Hebreus, em 11,13, demonstra que crer não se trata de filtrar benefícios, mas esperar nas promessas de Deus. Não se trata do que se obtém, mas do que se oferece no altar do Senhor.

   E ainda nesse capítulo, em 11,24-25, demonstra, tomando Moisés como exemplo, que fé também representa rejeitar a ampla oferta do que o mundo oferece, para acomher o que o Espírito de Cristo tem a oferecer.

   E que também, mais adiante, em 11,35-37, demonstra que os milagres da fé podem envolver feitos maravilhosos, mas também amparo do Senhor em torturas, perseguições e apedrejamentos.

   A conexão Abraão nos coloca diante de Jesus, para conferirmos a fé genuína e, por ela, sermos conduzidos. Fé é certeza. Ela vem pela pregação. E as Escrituras são o único meio de se garantir e conferir a fidelidade dessa boa nova.

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