quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Tive um sonho

Tia Nadir e Vanderleia juntas,
em 7 de junho de 2016, fiéis,
na despedida de tia Maninha

       Não canso de repetir que a nossa família é grande e bonita. Não somente no aspecto físico. Mas também interiormente. E essa virtude vem de nossos pais.

     Ajudou, sim, o lugar e época onde todos nasceram, porque era época e lugar de gente humilde, de poucos recursos, mas ligados à terra, ao rio, à natuteza, de um modo geral.

    E ligados uns aos outros. Lembro de uma tragédia, que foi a partida de Adalgiza, a matiraca, no nascimento de Isaías, em 1932. Mas logo nosso avô Antônio foi socorrido pelos vizinhos.

   A família Macedo socorreu e, posteriormente, em 1951, Cid o reencontra no Rio de Janeiro, mais tarde esse nosso tio abandona o ateísmo e, junto com o mano, tornam-se advogados e pastores.

    Nem sei quantos primos somos. Não conheci ainda as primas, filhas de Maria, aquela que permaneceu na roça, como costumamos falar. Mas agora, estão todos e todas juntos: José, Maria, Cid, Dejanira, Jani, Mário, Isaías e agora Nadir. Entre nós ainda o Antônio, filho do segundo matrimônio de nosso avô.

     Neste final de madrugada sonhei com tia Nadir. Certamente ficou em minha mente a fala de Zilneia, ontem, repassando as notícias que nos colocavam em alerta.

    Vanderleia, a mana que eu tenho, estava numa entrada de porta, me viu descendo uma escada, e me veio abraçar. O rosto era da época de 1977, quando ela foi lá para o Méier.

    E eu vi, sentada numa saleta pequena, tia Nadir, bem asseada a cuidada, como sempre, pelas filhas. Entrei para abraçá-la. Ela quis se levantar, mas eu insisti que ficasse como estava.

    Mas ela se levantou e me abraçou bem apertadinho. Para nós, que acolhemos no coração as promessas de Jesus, reconhecemos como apenas sonho. Mas essa sensação de paz e conforto é real. Porque a turma lá no céu agora está completa. Isso está garantido na Bíblia. Todos eles criam nessa promessa: Jesus como nosso precursor junto ao Pai.

     Somos gratos por essa história tão linda. Primos e primas espalhados por esse país. Ana Lúcia lá na América do Norte. A gente vai longe! A gente também vai fundo, no coração. E a gente vai alto, muito alto, lá no céu, onde Jesus está.

    Todos eles nos legaram essa herança. A mais preciosa. A que mais nos enriquece. E a que mais bonitos nos faz.

Esq. para dir.: Nadir, Odete (esposa de José), 
Cid, Isaías, Mário de Jani, no ap do Meier.


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Teologia do encontro - 2

       O encontro com o casal. Um vexame a justificativa do homem. Nessa história do diálogo com Deus no encontro desse dia, nós os homens ficamos com os maiores micos primordiais.

    Vergonhosas justificativas. Não foi, definitivamente, coisa de homem, no sentido lato, dizer que havia se escondido porque estava nu. Por etapas, ele disse: 1. Ouvi a tua voz, ok, isso era rotina e esperado: a voz de Deus sempre está disponível.

     2. Porque estava nu, desculpa esfarrapada, porque nu Deus o havia feito, mas sim, estava, sem saber, certo no que disse: a nudez começava a ser outra, sem inocência e cheia de vergonha.

    3. Tive medo, ora, sintomática a razão desse medo: o temor de Deus (e tremor), como diz Paulo, mas aí já misturado ao sentimento de culpa. E 4. Eu me escondi, aqui a recamada vergonha, vexame e covardia: deveria ter dito, como a mulher, fomos enganados e comemos. Ah, sim, tem mais esta: como se esconder de Deus? 

     Que encontro esse. Avaliando, a gente diria, caramba, eu não queria ser esse casal. Mas somos. E estamos nus. E fora do paraíso. Ao inverso, se quisermos repassar essa lição, podemos caminhar de trás para a frente.

     1. Reconhecer a culpa, sabendo que também somos Adão e Eva e, dessa culpa, não estamos livres, herdamos essa síndrome do pecado e carecemos desse encontro.

   2. Sim, reaprender o temor e o tremor do Senhor, mas sem fobia, sem essa doença do medo e da covardia, porque o fruto do pecado, ele que nos corrói e devora, por dentro, rouba o nossa vocação para a alegria e somente há cura no diagnóstico que Deus revela.

    3. Nus todos estamos. Vamos, definitivamente, retirar a nossa máscara. Tenhamos vergonha na cara. Façamos a oração, Deus, me revela em minha nudez e me veste com Tuas roupas. Deus nos criou numa nudez de inocência e nós assimilamos a nudez da vergonha e da culpa. E nem sabemos, como diz João Apóstolo, que estamos pobres, cegos, miseráveis e nus e, por isso, infelizes.

    4. O encontro, enfim, o caminho de retorno. Até Vinicius de Moares entendeu que a vida é a arte do encontro. Bela definição para vida. Jesus se autointitulou caminho, verdade (que também nudez) e vida. Só há um caminho a trilhar, e esse é o do encontro com Deus, para viver vida em plenitude.

     Jesus disse: eu vim para que tenham vida e vida em plenitude. Faça o caminho de retorno. 

Teologia do encontro - 1

     Encontros. Pode-se perguntar, lendo o Gênesis, a razão por que, como diz o texto, ao entardecer, Deus foi procurar o casal. Por que Deus foi procurar o casal?

    Vamos alinhar, por economia, três razões por iniciais suposições. Cobrança. Estamos no ponto de partida da obra prima da Criação, Deus escalou o casal para tomar de conta e, como Todo-Onisciente, de antemão conhecendo o deslize dos dois, partiu para a reprimenda.

    Precedência. Exatamente por saber que a coisa ia desandar, como um TeosCEO, Deus se antecipa, de modo a se posicionar, para consertar o malfeito, porque um empreendimento de fôlego tão imenso, como é o de arquitetura do Universo, não poderia se esboroar nas mãos de dois incompetentes.

     Prevenção. Acima de tudo, com Sua divina imagem pessoal afetada, pegaria mal para caramba, depois de um cuidadoso planejamento, desde a eternidade, da ação meticulosa, em 7 etapas, e da avaliação, "viu que (tudo) era (e estava) bom", onde iria parar a Auto-Divino-Imagem com o vexame da obra-pirma da  Criação, ou seja, o casal? Há de se urgir para remediar tudo.

     Nenhum dos três. O que combina com o caráter do Criador é a arte do encontro pelo encontro. O simples prazer do encontro. Movido por amor, celebrar um encontro que, para Ele, sempre quis ser hábito.

     Claro que já sabia, até mesmo de antemão, antes, lá na eternidade, que a coisa, num certo sentido, desandaria. Mas o Filho resolveria, tornando o encontro comunhão, garantido pelo selo do Espírito. Nada protocolar nem burocrático, porém divinamente informal, como um bate-papo com Jesus, à beira mar.

    Guarda consigo, o Divino, esse prazer do encontro. Permanente desejo de que tenhamos esse mesmo sentimento, que Paulo Apóstolos identifica como o "sentimento de Jesus": tende em vós, ele diz.

     Sede de Deus. Deve ter a ver com isso. E também deve haver essa reciprocidade, com essa profundidade e simplicidade. Um passeio no jardim, ao entardecer, era pura sede de Deus. Cada parte do dia (e da noite também) tem seu charme, personalidade e disponibilidade para o encontro.

    Nada formal ou obrigatório. Porém, informal e voluntário. Deus adora, para usar coloquialmente invertido o terno, e anela o encontro. 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Jesus e o valor do simples

    Certa vez escrevi um texto que falava de como Jesus saía, por ali, pelas cercanias do chamado Mar da Galileia, provocando conversa com um e com outros. Sem dúvida um bonachão conversador, sem que perdesse nenhuma oportunidade.

     E que conversas. Também já escrevi sobre crentes que marcam nossas vidas, pelas igrejas por onde passamos, com seu modelo de vida, capacidade e profundidade, principalmente simplicidade com que compreendem e reproduzem, em suas vidas, o modo genuinamente evangélico de ser.

     Desta vez quero escrever sobre uma antiga amizade, de vizinhas chegadas e apegadas, cuja conversa, entre tantas outras, era Jesus. Maria Alcir e Antônia "Bebé", desde sempre nessa calçada da foto, certo dia começaram a conversar sobre Jesus.

     Esse tipo de conversa chegou a Alcir, por  meio do pastor Nelson Rosa, que começava ali, pelas quebradas da Rua Formosa, uma escolinha bíblica com um grupo de crianças. As casas de Alcir e Bebé era vizinhas, na esquina de Isaura Parente com a antiga Rua dos Buritis, hoje Saldanha Marinho.

      Hoje Alcir reside numa casa de alvenaria, bem pertinho, colada mesmo à casa de sua amiga de mais de 30 anos. Naquela época, nesse terreno havia uma casinha de madeira, onde Nelson e esses novos convertidos, incluindo Alcir, sua irmã Graça, os dois filhos e o grupo inicial da futura igreja começaram a se reunir.

      Na casa da esquina, fosse na varanda da frente ou na garagem dos fundos, o grupo continuou a se reunir. Constituíam a Congregação da Isaura Parente. Até que, em 1998, Bebé alugou, por um preço simbólico, uma outra casinha de madeira grudada a essa casa de esquina, onde a agora igreja recém-organizada se instalou.

     O grupo também esteve abrigado nas salas da Escola Lindaura Leitão, prédio que precisou ser demolido, por causa de problemas estruturais. O trabalho com crianças, à beira do igarapé, rendeu frutos, como diz Jesus, a 100 por 1. Muitas delas hoje estão casadas, firmes na igreja, discipulando os filhos nos caminhos de Jesus.

     A amizade entre Alcir e Bebé simboliza e concretiza esse estilo de Jesus, de sair por aí espalhando as boas novas do evangelho. Em sua conversa, Alcir ajudava Bebé a compreender, de maneira exata, o evangelho, tendo a Bíblia como referência.

    São fotos do mesmo dia, com umas 2 h de diferença, essa de Bebé, como faz todas as manhãs, lendo sua Bíblia na porta de casa, e essa, emblemática, de Alcir e sua amiga, pondo em dia sua conversa sadia.

     Esse tal Jesus e seu costume de se dedicar a dar de seu tempo às conversas e às pessoas. Quanto ainda temos de aprender com ele, pondo em prática em nossa vida. A conversa com Alcir despertou em Bebé, ela conta, uma santa ansiedade. Deve ser o que o salmista chama de "sede de Deus", no Salmo 42: "A minha alma tem sede de Deus".

     Bem sabia Bebé que, um dia, hospedaria em sua casa, como Alcir e Graça o fizeram, a igreja de Jesus. Mais uma igreja que começa numa casa, ou melhor, em duas casas, uma sua e outra da vizinha.

     Essas duas têm toda a eternidade para bater papo juntas. Gozado esse Jesus e coisas simples que nos ensina. Como seria muito melhor, cada vez e mais ainda melhor a vida, pondo em prática as coisas simples que Jesus ensina. 

As três amigas: Bebé, Alcir e a mana Graça.

A casa da esquina, de Graça Daniel,
que hospedou a congregação. 

A casa grudada à da esquina:
nela Bebé hospedou a igreja.

De novo, Bebé, amiga de 
Graça e Alcir, como sempre,
lendo sua Bíblia ao amanhecer. 








segunda-feira, 13 de setembro de 2021

"Eu escolho você".

      

        Todo filho já, de antemão, é um milagre. No caso de Isaac, mais ainda, porque Regina contraiu oligodramia, que é a absorção silenciosa, pelo organismo da mãe, do líquido amniótico, o qual supre o bebê ainda na placenta.

      Na tarde do dia 20 de abril de 1994, uma quarta-feira, eu estava no centro da cidade do Rio de Janeiro, tentando resolver um problema da conta bancária da igreja, enquanto Regina estava na Tijuca, para onde foi, direto do Colégio Pentágono, onde lecionava, tentando autorizar, pelo plano de saúde, um exame que confirmaria a hora precisa do parto.

    Já sabíamos que seria cesariana, porque o menino insistia em permanecer sentado, de boa. Não havia celular. A toda a hora eu solicitava à gerente do banco que me permitisse ligar para a clinica onde a mãe se encontrava, e ela me dizia ainda não, repetidamente. O prazo para autorização, em São Paulo, encerrava às 17h, e estávamos em contagem regressiva.

     O milagre começou aí. Porque o técnico que faria o exame, cardiotocografia, a toda hora, dizia que ia sair às 17h, que o próximo seria o último a ser atendido, e esse suspense foi até 17h45, quando o rapaz veio dizer que ia sair, a secretária, por desencargo de consciência insistia num contato já fora do prazo que, dentro do prazo não surtiu efeito.

     Deus interveio. São Paulo atendeu. Autorizou. O técnico disse: quando você teve sua última refeição? Regina respondeu: "Um cafezinho, às 15h". O rapaz sentenciou: "Liga para o seu médico, porque Isaac está em "sofrimento de parto".

     Recebi o contato. Resolvido o caso no banco, rumei para a clinica, levei Regina a casa, ela pegou sua malinha, e disse: "Vou ali, ganhar o Isaac". Eu falei, ora, se vamos: Amanda não pode ficar solteira. Havia ligado para o Dr Marinaldo, cuja esposa, Ana, era secretária, no consultório, e instrumentadora cirúrgica. Assisti ao parto. Era o mais chorão naquele berçário.

     Já nasceu reclamando. Passei a noite indo e vindo para vê-lo através da parede de vidro. Manhã seguinte, tirei a primeira foto. Porque a "máquina de retrato", essa peça de museu, falhou em seu flash. Então, vamos às seções de fotos, porque legenda também é texto.

A mãe, compenetradíssima: "E agora?". O pai, bobo. E com a bisavó materna, Eunice.        

                         

Apresentação da igreja.