sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Teologia do encontro - 1

     Encontros. Pode-se perguntar, lendo o Gênesis, a razão por que, como diz o texto, ao entardecer, Deus foi procurar o casal. Por que Deus foi procurar o casal?

    Vamos alinhar, por economia, três razões por iniciais suposições. Cobrança. Estamos no ponto de partida da obra prima da Criação, Deus escalou o casal para tomar de conta e, como Todo-Onisciente, de antemão conhecendo o deslize dos dois, partiu para a reprimenda.

    Precedência. Exatamente por saber que a coisa ia desandar, como um TeosCEO, Deus se antecipa, de modo a se posicionar, para consertar o malfeito, porque um empreendimento de fôlego tão imenso, como é o de arquitetura do Universo, não poderia se esboroar nas mãos de dois incompetentes.

     Prevenção. Acima de tudo, com Sua divina imagem pessoal afetada, pegaria mal para caramba, depois de um cuidadoso planejamento, desde a eternidade, da ação meticulosa, em 7 etapas, e da avaliação, "viu que (tudo) era (e estava) bom", onde iria parar a Auto-Divino-Imagem com o vexame da obra-pirma da  Criação, ou seja, o casal? Há de se urgir para remediar tudo.

     Nenhum dos três. O que combina com o caráter do Criador é a arte do encontro pelo encontro. O simples prazer do encontro. Movido por amor, celebrar um encontro que, para Ele, sempre quis ser hábito.

     Claro que já sabia, até mesmo de antemão, antes, lá na eternidade, que a coisa, num certo sentido, desandaria. Mas o Filho resolveria, tornando o encontro comunhão, garantido pelo selo do Espírito. Nada protocolar nem burocrático, porém divinamente informal, como um bate-papo com Jesus, à beira mar.

    Guarda consigo, o Divino, esse prazer do encontro. Permanente desejo de que tenhamos esse mesmo sentimento, que Paulo Apóstolos identifica como o "sentimento de Jesus": tende em vós, ele diz.

     Sede de Deus. Deve ter a ver com isso. E também deve haver essa reciprocidade, com essa profundidade e simplicidade. Um passeio no jardim, ao entardecer, era pura sede de Deus. Cada parte do dia (e da noite também) tem seu charme, personalidade e disponibilidade para o encontro.

    Nada formal ou obrigatório. Porém, informal e voluntário. Deus adora, para usar coloquialmente invertido o terno, e anela o encontro. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário