quinta-feira, 26 de setembro de 2019

              Uma foto
          Tem o poder de nos mergulhar no tempo. Memórias. Única vez que meu pai veio ao Acre. Setembro/outubro de 1995. Mês 09/10 de nossa chegada, em janeiro daquele ano.
         Muito significativo que o pastor batista segure o batistério congregacional, para que eu ministrasse batismo: Josué, Jorgemar, Claudio e Ducileia, nessa ordem.
       Primícias no Acre. Fruto do ministério de Nelson Rosa. Gratidão que, simbolicamente, eu os batizasse. E dei ao Cid o privilégio de segurar nosso batistério.
     Um dos últimos atos pastorais de Cid Gonçalves. Pelo menos, aqui no Acre. 11 meses depois, quando já avaliava preços para a passagem aérea, de volta ao Acre, fez o voo definitivo. 
     Olhando a foto, imóvel, flash de uma época, permito-me surfar na sua simbologia. Nos significados que ela sugere. Tão notáveis e fundamentais, para uns, irrelevantes e sem significado algum, para outros. 
      Ainda estou lidando com esses sentidos aqui sugeridos. Quando cheguei à idade de confirmar minha fé, não somente pela herança do discurso dos pais, mas pelas Escrituras, chamou minha atenção o sentido do batismo. 
      Pela experiência parecida à do Batista. Perguntaram a ele sobre autoridade e identidade do batismo dele. Ele replicou: entre vocês está quem, verdadeiramente, batiza. Meu batismo aponta para o dele.
     Mesma coisa. Esse batismo da foto tem sentido, na medida em que sinaliza para o batismo que Jesus efetua na vida de quem crê. Se for possível negar o batismo que Jesus efetua, esse da foto não terá nenhum valor. 
     Igreja e fé vêm sendo, começando pelos próprios igrejeiros, menosprezadas. Estão errados os dois: os somente igrejeiros e os pseudo críticos, que querem justificar nesse descaso seu abandono da congregação. 
      Atentem para o batismo de Jesus, porque ele batiza no/com o Espírito Santo. Neguem que esse batismo exista. Então, menosprezem todo o resto. Porque o protocolo do batismo da foto não terá nenhum valor.
      Estão por aqui os quatro batizados. Exceto um deles, o mais próximo da lente, que é pastor em Alta Floresta, MT. E a mocinha, com família, duas filhas e esposo em Natal. Certamente a trajetória vai confirmar o trato dado ao batismo, em forma, apenas, de protocolo ou efetivo, no Espírito. 
      Quanto a mim, avalio que, certas horas, precisamos reduzir ao ponto. A vez em que estive pela PUC/RJ, 1977-1978, pensando que seria Engenheiro Elétrico, cursei Geometria Descritiva. Apreciei muito a definição de ponto.
      Ponto é ponto. É um axioma. Quer dizer, não tem definição. O batismo em Jesus Cristo, levado a efeito pelo Espírito Santo, é o ponto da fé. Se ele existe na tua (ou na minha) vida, então. Se não existe, pode ser pastor, apostolo de ocasião, profeta (falso), igrejeiro, enfim.
     Nenhum valor. Mas se o batismo no Espírito é realidade em sua vida, nenhum protocolo. Faz sentido Cid Gonçalves segurar o batistério congregacional. Faz sentido Cid Mauro, filho dele, aspergir água sobre suas cabeças. 
      Faz sentido o casal Rosa ter pregado. Faz sentido sua vida. Plena. Porque Jesus veio para que tenhamos vida e vida plena. Se a sua não tem sido, não está nele, em Jesus, o problema.  
     Em Jesus está  a solução.

sábado, 14 de setembro de 2019

Máscara

Quem é você?
- Adivinha, se gosta de mim!
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
                             (Chico Buarque)
        Procurando essa letra, achei quase umas 10 começando assim. Algumas eram de gente gospel. Mas eu preferi esse profeta profano. 
      Às vezes, quer dizer, talvez mais frequentemente do que gostaríamos, estão falando melhor. Nesse caso aí em cima, destaco a pergunta e a condição de mascarados. 
     Quem diz ser fácil responder "quem é você?", é porque não entendeu a pergunta ou está fugindo dela. Somos mascarados. Então, como responder?
    Certas atitudes, na condição humana, generalizam-se. Uma delas é a máscara social. Mas não se pode negar que há gente transparente. 
    Serão, prontamente, declaradas hipócritas, ingênuas ou soberbas. Essa primeira alcunha, razão de que dirão ser simulação tal transparência: fingem-na, portanto são, sim, mascarados. 
     A segunda alcunha adverte de que quem age de modo aberto, só pode ser simplório, pois na vida não existe espaço para gente assim. A não ser que queira se fazer de tola.
     E a terceira, porque querem aparecer, posar de sinceros, ou seja, planar acima dos outros e escolheram essa simulação de conduta como "virtude".
    Jesus era um sujeito transparente. E não tinha nenhuma das três alcunhas acima indicadas. Não era hipócrita, ingênuo ou soberbo. Tinha uma só cara, era, como ensinou, "símplice como pombas, prudente como serpentes" e humilde. 
     E viveu, também, para ensinar que retirássemos nossas próprias máscaras. Caíram as máscaras. Se alguém pretende dizer-se portador de relação com Jesus, refiro-me a dizer comunhão, aliás, a única relação possível, caiu a sua máscara. 
     Porque se ainda se luta contra mantê-la, reluta-se em retirar, será necessário rever se, verdadeiramente há, com Jesus, comunhão. Ou se apenas se tornou "Jesus", gospel trademark.
     No filme O Máscara, retirá-la era agonizante. Bom que isso represente um processo. Que talvez seja demorado. E tenha íntima relação com o que, na Bíblia, está definido como luta de si contra si mesmo. 
     Não confie em quem não trava, diuturnamente, essa luta. Porque se diz que não ou a simula, é mascarado. Votando ao homem sem máscara, o dia a dia de Jesus, descrito em algumas cenas dos Evangelhos, revela-nos essa personalidade. 
     Limpar somente o exterior ou ser um sepulcro caiado, expresso aos fariseus, e o "vai e chama teu marido", dirigido à samaritana, são três exemplos de situações em que Jesus reclama autenticidade.
    "Quem é você, diga logo, que eu quero saber o teu jogo", repete o profeta profano. E a letra vai justificar, completando:  "Mas é Carnaval!/Não me diga mais quem é você!/Amanhã tudo volta ao normal./Deixa a festa acabar,/Deixa o barco correr".
     É uma solução. Seja gospel. Deixa o barco correr. Vai ver que a máscara, como no filme, permite que sejamos o que quisermos ser. E a vida vire um Carnaval.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Era uma vez

Era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto das nuvens serem feitas de algodão
Dava pra ser herói no mesmo dia em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche
Um banho quente e talvez um arranhão
Era uma vez, era uma vez, era uma vez, era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Era uma vez
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido
Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou normal
É só não permitir que a maldade do mundo te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real
E entender que ela mora no caminho e não no final
Dava pra ver, a ingenuidade, a inocência cantando no tom
Milhões de mundos, e universos tão reais quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho
E o remédio era beijo e proteção
Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupação
Era uma vez, era uma vez, era uma vez, era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Era uma vez
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido
Era uma vez (era uma vez)

Metaoração

Meta
     Metalinguagem. Meta-: além de, para além de, transformação. Esse radical significa passar além e debruçar-se de volta.
    Metalinguagem, significa debruçar-se sobre a linguagem, refletindo sobre ela mesma. Metacognição, significa refletir sobre o processo do conhecimento. 
    E metaoração, deve ser debruçar-se ou refletir sobre oração. Se não existe o termo, aqui inventamos. Refletir sobre orar deve ser muito útil, em nome de uma oração autêntica. 
    Jesus até faz umas recomendações. A primeira é chamar Deus de "aba", pai. Sumo atrevimento. Muita intimidade. Mas a resposta de Jesus foi essa que, quando orar, disséssemos "Pai nosso que estais nos céus".
    De tão repetida, passa-se batido por essa expressão: "Pai". Sumo atrevimento. Voltando os olhos sobre o que seja "oração", é assim que deve começar. 
     Ora, vem logo a pergunta: e para os que não são filhos, devem assim chamar Deus, desse mesmo modo? Ora, não podemos começar uma oração, simplesmente, por "Deus nosso, que estás nos céus"?
      É uma primeira indagação. É comum reivindicar-se sermos todos "filhos de Deus". Porém, levando-se em conta o básico da condição paterna, serão filhos aqueles assumidos por ele.
     Todos somos filhos, repetir-se-ia. A Bíblia vai dizer que filhos são aqueles a quem Deus gerou. Com respeito ao Filho, Jesus, chamado no Livro "unigênito do Pai", está escrito "Eu hoje te gerei".
     Deus assume os filhos que gerou. Será toda a humanidade, então, indistintamente, composta por "filhos de Deus"? Certamente não. Poderemos listar, por antipatia, assim como por simpatia, lista dupla.
     Numa coluna, somente os(as) filhos(as), segundo ou seguindo nosso critério (claro que estou incluído nesta coluna). E  na outra, os nossos desafetos, os que não queremos que sejam.
     Simples assim. E somente, concordaremos, então, os filhos e filhas poderão chamar, com justiça, Deus de Pai. E assim começam as orações. 
    Somente um detalhe: supondo que há quem não seja filho, a primeira oração feita pode ter sido sem o vocativo "Pai". Ou até usado o vocativo, sensibilizando o Altíssimo, diante da sinceridade da oração. 
     Donde se supõe que sinceridade na oração é tudo. A verdade, no íntimo, como diz Davi no Salmo 51: "Deus se compraz com a verdade no íntimo".
     Sendo assim, certamente, a primeira oração foi feita por não filhos que, uma vez tendo sido, por Deus, sensibilizados, são convidados a chamar, a invocar, o nome do Senhor. 
    E como diz o mesmo salmista, "todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo". E ainda outro salmista, "perto está (Deus) de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade".
       Portanto, desculpem-se, sua lista deve estar furada. Você se inclui como filho(a), mas serão filhos e filhas aqueles a quem Deus gerou, por fé, como filhos e filhas.
     Ou você é daqueles que invocam o nome de Deus, até admitem, hipocritamente, Sua existência, mas descartando que Ele tenha iniciativa?
      Limite-se a orar, no seu íntimo, para que todos se tornem filhos e filhas, experimentado, no íntimo, a verdade e o amor que dizemos, nós que nos consideramos filhos e filhas, experimentarmos.
      Está aí uma bela opção: orarmos por quem não consideramos que sejam filhos. Amá-los intensamente, primeiro, para que, quem sabe, sejam sensibilizados. João Apóstolo diz que "quem não ama o irmão a quem vê, não pode dizer que ama a Deus, a quem não vê".
      Eu discordo que haja permissão para odiar. E ainda digo que há um só tipo de amor. Deus é amor, escreveu esse mesmo João. Portanto, só há uma forma de amar.
     E quem não ama por esse modo único de amar, odeia. Vai "pela vida afora", como dizia meu pai, completando a lista dos que não são filhos ou filhas de Deus: incluindo-se e excluindo quem desejar.
      "Tenha a santa paciência", como também dizia meu pai, em tom de reprovação. 

domingo, 8 de setembro de 2019

Olhai a flor da pitangueira

       Doença crônica é persistente. Não se cura num curto espaço de tempo. E talvez nunca se cure. Minha mãe carregava consigo uma doença crônica. Mas não morreu por causa dela.
      A Bíblia denuncia uma doença crônica que todos carregamos conosco, cuja morte é efeito colateral. Só que, nesse caso, ela define a cura. É o único livro que define como doença, único livro que indica a cura.
      Sim, morte, porque defuntos são de total e inteira confiança. Antes de você criticar o Altíssimo, por ter instituído a morte como o fim da trajetória do pecado, no ser humano, considere que quando for um defunto, você será alguém de inteira confiança. 
      Pois a nossa condição humana, como portadores dessa doença crônica, com todos os seus efeitos colaterais, não nos permite enxergar beleza à volta. Quem viu que a pitangueira floriu?
      No seu tempo. As mangueiras também floriram. E isso é prenúncio dos frutos. As cigarras estão zoando. E cai chuva temporã. A natureza segue seu curso.
     E o ser humano segue o seu próprio. O único ser que se divorcia da natureza. Esse é mais um sintoma de sua doença. A natureza segue um curso, o homem outro, contrário. 
     Ainda depende, direta e indiretamente, dela. Mas a cobiça se tornou seu principal motor. Dadivosa, a natureza poderia, com sobra, suprir-lhe o sustento. Mas o homem entrou em desequilíbrio consigo mesmo, com o outro e com ela.
     Esse tripé do conflito humano drena toda a sua energia. A vida do homem no planeta não segue mais o curso que a natureza ensina. Por isso não enxerga nela os sinais de vida.
     Na perda desse equilíbrio, reside o descaminho na terra. A cegueira para a flor que nasce. A surdez para o passarinho que canta. A insensibilidade para o outro.
     A falta de amor. As compensações para suprir a falta de vida vicejante. Por exemplo, a religião, com seu culto, sua ortodoxia, seus rituais e todo preconceito contra quem inventou outra diferente. 
     Jesus pensava e agia diferente. Olhaí os lírios no campo, que não trabalham ou fiam, mas nem Salomão lhes ultrapassa em beleza. E não estejais ansiosos de coisa alguma.
     Deve ser a ansiedade que nos impede de olhar à volta. Gratidão a Deus por nos ensinar a olhar, ouvir, enxergar, sentir e cheirar a criação.

domingo, 1 de setembro de 2019

Pastores parceiros: 80 anos de bênçãos.

       Cheguei a  Cascadura em 1966. Minha mãe havia sido contratada para professora em Nilópolis, município onde nascera em 1930 e, desde essa época, na Congregacional de Nilópolis. 
         Meu pai havia ganhado no argumento de que, agora professora em Nilópolis, de 2a a 6a feira, deslocando-se de Cascadura, uma ida a mais no domingo era puro estresse.
       Então, fomos para a Congregacional de nosso bairro, porque era sair da Mendes de Aguiar, atravessar a Ernani Cardoso, ladear o atalho pela vila, ao lado da horta, e chegar à João Romeiro 212.
      E foi ali que, aos 7 anos incompletos, comecei a fazer parte da história da igreja, conhecendo os heróis de fé que a fundaram, desde 1953, sem saber que, um dia, seria seu pastor em 1983-1994. 
      Um dos heróis era "seu" Guedes, esse da foto, ao lado de crianças, sua especialidade. Foi nesse tempo que conheci, na Vila das Torres, a comunidade de Magno, em Madureira, apertada entre a linha do trem e a horta.
       Aquela mesma horta que começava (ou terminava) ali, na João Romeiro, encostada na subida do Morro do Fubá. Ali conheci Milton e Edinalva, Possidônio e Rita, Manuel  e Maria Marques. 
     Pastores sabem que eles passam e as igrejas ficam. Mas carregamos essas lembranças. E por alguns, quase que não podemos dizer isso, sem despertar um santo ciúme, ficamos marcados. 
      Esse grupo de Magno me marcou profundamente. Manoel Marques meu soldado de todas as guerras em Curicica. Trabalho tão antigo e tão traumatizado. 
     Pr Zefanias, octogenário já, estagiou nessa igreja que quase, definitivamente, fechou. Cheguei lá em 1982. Era uma Congregação reaberta por Cascadura, que ninguém queria. 
      Manoel Marques agigantava-se. Chuva torrencial. Eu chegava lá, vindo da Uerj, pela Grajaú-Jacarepaguá, lá estava plantado no portão, ainda fechado, debaixo de um enorme guarda-chuva, com seu sorriso angelical. Olhando aquele sorriso, eu sabia como Jesus sorri.
     Possidônio, certa vez, d. Rita, esposa dele, desobedeceu-o. Porque ele atravessou por cima da linha do trem, na Vila das Torres, um carrinho de mão e muito ferro velho, andando até Turiaçu, para vender: era mês de missões em Cascadura. 
     Escondido dele, agora com luxação nos joelhos, pelo esforço feito, mais de 70 anos, ela pedia ajuda. Levei-o ao hospital de Mangueira. Lá ele quis que eu confessasse a arte de d. Rita. Eu disse, deixa pra lá, irmão: afinal, ela tem razão. 
     E com relação à Edinalva, era a família inteira. Aquela de Manoel Marques também era grande. A de Possidônio, apenas um filho, já adulto e casado. Mas principal marca da família Santos era a união. 
     Lembro certa vez, e se torna fácil lembrar, que o telefone tocou no ap do Méier. Dia 5 de julho de 1982, dia da chamada "Tragédia do Sarriá". Edinalva, avisando que Milton estava em casa.
     E o assunto era exortar o marido a estar mais presente na Igreja. Ela pediu que fosse urgente, para cercar o pai das meninas e do menino Enéas. Parti do Méier nesse dia fatídico. Lá se foi o fusca azul entrar na apertada Vila das Torres.
       E cerquei mesmo o Milton na Vila das Torres, para conversarmos sobre a importância de não abandonar a congregação, como diz o autor de Hebreus. Enquanto eu e Milton conversávamos, entre a linha do trem e a casa dele, Paolo Rossi marcava o terceiro contra a seleção de Telê Santana.
     Se alguém disser que não era essa a hora de conversa, é porque não conhece Edinalva. Pelo cuidado com o marido e com os filhos, não media esforços. Ora, se ele estava ligado no jogo do Brasil X Itália, mais do que estratégico cercar o homem. Estratégia de mulher: deixa Telê para lá, entre em campo o pastor. 
       Foi assim que lutou todo o tempo para manter a família unida e unida em torno do evangelho. Sempre existiu reciprocidade. Ela sempre foi grande apoio na União Feminina da igreja e sempre atendeu e reagiu positivamente aos estímulos que, como pastor e liderança da igreja ela recebeu.
      Dorcas, minha mãe, Lourdes, a sogra e Arsylene, esta a esposa do pr Henrique Jardim e, mais atrás no tempo, Rute, esposa do pr Amaury sabiam que era para toda a obra o seu esforço e prontidão. 
     Rute conhecia sua disposição nos dias de 21 de abril, festas do Abrigo em Pedra de Guaratiba. Por isso a história da congregação de Magno e de Cascadura confundem-se, misturadas ao serviço, preocupações e prontidão de Edinalva. 
     Há pessoas que têm a igreja como referência, arrastando-a para o restante da vida. Outras são assíduas, não falham com relação aos seus compromissos com ela. E outras, ainda, como diz o salmista, moram na Igreja ou desejam isso continuamente. 
      Fazem seu ninho na Igreja. Ao longo de sua vida, essa mulher percebeu, e bem rápido, que deveria ser assim com sua família. Por isso, pastoreava seu marido. O filho e todas as filhas. E aposto que também netos e netas.
     Sem dúvida o chamado para o filho, agora pastor, teve  no zelo de Edinalva essa ressalva positiva. Parabéns, Edinalva, por seus muito bem vividos 80 anos. Nós, seus pastores, Nelson Quaotti, Maurilo Moreira, Cid Mauro e Manoel Bernardino carregamos a lição desse seu zelo, que tornou tão bonita a sua família, continuamente exortada a estar sempre ao lado de Jesus.

        Cheguei a  Cascadura em 1966. Minha mãe havia sido contratada para professora em Nilópolis, município onde nascera em 1930 e, desde essa época, na Congregacional de Nilópolis. 
         Meu pai havia ganhado no argumento de que, agora professora em Nilópolis, de 2a a 6a feira, deslocando-se de Cascadura, uma ida a mais no domingo era puro estresse.
       Então, fomos para a Congregacional de nosso bairro, porque era sair da Mendes de Aguiar, atravessar a Ernani Cardoso, ladear o atalho pela vila, ao lado da horta, e chegar à João Romeiro 212.
      E foi ali que, aos 7 anos incompletos, comecei a fazer parte da história da igreja, conhecendo os heróis de fé que a fundaram, desde 1953, se saber que seria seu pastor em 1983-1994. 
      Um dos heróis era "seu" Guedes, esse da foto, ao lado de crianças, sua especialidade. Foi nesse tempo que conheci, na Vila das Torres, a comunidade de Magno, em Madureira, apertada entre a linha do trem e a horta.
       Aquela mesma horta que começava (ou terminava) ali, na João Romeiro, encostada na subida do Morro do Fubá. Ali conheci Milton e Edinalva, Possidônio e Rita, Manuel  e Maria Marques. 
     Pastores sabem que eles passam e as igrejas ficam. Mas carregamos essas lembranças. E por alguns, quase que não podemos dizer isso, sem despertar um santo ciúme, ficamos marcados. 
      Esse grupo de Magno me marcou profundamente. Manoel Marques meu soldado de tosse as guerras em Curicica. Trabalho tão antigo e tão traumatizado. 
     Pr Zefanias, octogenário já, estagiou nessa igreja que quase, definitivamente, fechou. Cheguei lá em 1982. Era uma Congregação reaberta por Cascadura, que ninguém queria. 
      Manoel Marques agigantava-se. Chuva torrencial. Eu chegava lá, vindo da Uerj, pela Grajaú-Jacarepaguá, lá estava plantado no portão, ainda fechado, debaixo de um enorme guarda-chuva, com seu sorriso angelical. Olhando aquele sorriso, eu sabia como Jesus sorri.
     Possidônio, certa vez, d. Rita, esposa dele, desobedeceu-o. Porque ele atravessou por cima da linha do trem, na Vila das Torres, um carrinho de mão e muito ferro velho, andando até Turiaçu, para vender: era mês de missões em Cascadura. 
     Escondido dele, agora com luxação nos joelhos, pelo esforço feito, mais de 70 anos, ela pedia ajuda. Levei-o ao hospital DE Mangueira. Lá ele quis que eu confessasse a arte de d. Rita. Eu disse, deixa pra lá, irmão: afinal, ela tem razão. 
     E com relação à Edinalva, era a família inteira. Aquela de Manoel Marques também era grande. A de Possidônio, apenas um filho, já adulto e casado. Mas principal marca da família Santos era a união. 
     Lembro certa vez, e se torna fácil lembrar, que o telefone tocou no ap do Méier. Dia 5 de julho de 1982, dia da chamada "Tragédia do Sarriá". Edinalva, avisando que Milton estava em casa.
     E o assunto era ezortar o marido a estar mais presente na Igreja. Ela pediu que fosse urgente, para cercar o pai das meninas e do menino Enéas. Parti do Méier nesse dia fatídico. 
       E cerquei mesmo o Milton na Vila das Torres, para conversarmos sobre a importância de não abandonar a congregação, como diz o autor de Hebreus. Enquanto eu a Milton conversávamos, Paolo Rossi marcava o terceiro contra a seleção de Telê Santana.
     Se alguém disser que não era essa a hora de conversa, é porque não conhece Edinalva. Pelo cuidado com o marido e com os filhos, não media esforços. Ora, se ele estava ligado no jogo do Brasil X Itália, mais do que estratégico cercar o homem. Estratégia de mulher: deixa Telê para lá, entre em campo o pastor. 
       Foi assim que lutou todo o tempo para manter a família unida e unida em torno do evangelho. Sempre existiu reciprocidade. Ela sempre foi grande apoio na União Feminina da igreja é sempre atendeu e reagiu positivamente aos estímulos que, como pastor e liderança da igreja ela recebeu.
      Dorcas, minha mãe, Lourdes, a sogra e Arsylene, esta a esposa do pr Henrique Jardim e, mais atrás no tempo, Rute, esposa do pr Amaury sabiam que era para toda a obra o seu esforço e prontidão. 
     Rute conhecia sua disposição nos dias de 21 de abril, festas do Abrigo e Pedra de Guaratiba. Por isso a história da congregação de Magno e de Cascadura confundem-se, misturadas ao serviços, preocupações e prontidão de Edinalva. 
     Há pessoas que têm a igreja como referência, arrastando-a para o restante da vida. Outras são assíduas, não falham com relação aos seus compromissos com ela. E outras, ainda, como diz o salmista, moram na Igreja ou desejam isso continuamente. 
      Fazem seu ninho na Igreja. Ao longo de sua vida, essa mulher percebeu, e bem rápido, que deveria ser assim com sua família. Por isso, pastoreava seu marido. O filho e todas as filhas. E aposto que também netos e netas.
     Sem dúvida o chamado para o filho, agora pastor, teve  no zelo de Edinalva essa ressalva positiva. Parabéns, Edinalva, por seus muito bem vividos 80 anos. Nós, seus pastores, carregamos a lição desse seu zelo, que tornou tão bonita a sua família, continuamente exortada a estar sempre ao lado de Jesus.