sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Metaoração

Meta
     Metalinguagem. Meta-: além de, para além de, transformação. Esse radical significa passar além e debruçar-se de volta.
    Metalinguagem, significa debruçar-se sobre a linguagem, refletindo sobre ela mesma. Metacognição, significa refletir sobre o processo do conhecimento. 
    E metaoração, deve ser debruçar-se ou refletir sobre oração. Se não existe o termo, aqui inventamos. Refletir sobre orar deve ser muito útil, em nome de uma oração autêntica. 
    Jesus até faz umas recomendações. A primeira é chamar Deus de "aba", pai. Sumo atrevimento. Muita intimidade. Mas a resposta de Jesus foi essa que, quando orar, disséssemos "Pai nosso que estais nos céus".
    De tão repetida, passa-se batido por essa expressão: "Pai". Sumo atrevimento. Voltando os olhos sobre o que seja "oração", é assim que deve começar. 
     Ora, vem logo a pergunta: e para os que não são filhos, devem assim chamar Deus, desse mesmo modo? Ora, não podemos começar uma oração, simplesmente, por "Deus nosso, que estás nos céus"?
      É uma primeira indagação. É comum reivindicar-se sermos todos "filhos de Deus". Porém, levando-se em conta o básico da condição paterna, serão filhos aqueles assumidos por ele.
     Todos somos filhos, repetir-se-ia. A Bíblia vai dizer que filhos são aqueles a quem Deus gerou. Com respeito ao Filho, Jesus, chamado no Livro "unigênito do Pai", está escrito "Eu hoje te gerei".
     Deus assume os filhos que gerou. Será toda a humanidade, então, indistintamente, composta por "filhos de Deus"? Certamente não. Poderemos listar, por antipatia, assim como por simpatia, lista dupla.
     Numa coluna, somente os(as) filhos(as), segundo ou seguindo nosso critério (claro que estou incluído nesta coluna). E  na outra, os nossos desafetos, os que não queremos que sejam.
     Simples assim. E somente, concordaremos, então, os filhos e filhas poderão chamar, com justiça, Deus de Pai. E assim começam as orações. 
    Somente um detalhe: supondo que há quem não seja filho, a primeira oração feita pode ter sido sem o vocativo "Pai". Ou até usado o vocativo, sensibilizando o Altíssimo, diante da sinceridade da oração. 
     Donde se supõe que sinceridade na oração é tudo. A verdade, no íntimo, como diz Davi no Salmo 51: "Deus se compraz com a verdade no íntimo".
     Sendo assim, certamente, a primeira oração foi feita por não filhos que, uma vez tendo sido, por Deus, sensibilizados, são convidados a chamar, a invocar, o nome do Senhor. 
    E como diz o mesmo salmista, "todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo". E ainda outro salmista, "perto está (Deus) de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade".
       Portanto, desculpem-se, sua lista deve estar furada. Você se inclui como filho(a), mas serão filhos e filhas aqueles a quem Deus gerou, por fé, como filhos e filhas.
     Ou você é daqueles que invocam o nome de Deus, até admitem, hipocritamente, Sua existência, mas descartando que Ele tenha iniciativa?
      Limite-se a orar, no seu íntimo, para que todos se tornem filhos e filhas, experimentado, no íntimo, a verdade e o amor que dizemos, nós que nos consideramos filhos e filhas, experimentarmos.
      Está aí uma bela opção: orarmos por quem não consideramos que sejam filhos. Amá-los intensamente, primeiro, para que, quem sabe, sejam sensibilizados. João Apóstolo diz que "quem não ama o irmão a quem vê, não pode dizer que ama a Deus, a quem não vê".
      Eu discordo que haja permissão para odiar. E ainda digo que há um só tipo de amor. Deus é amor, escreveu esse mesmo João. Portanto, só há uma forma de amar.
     E quem não ama por esse modo único de amar, odeia. Vai "pela vida afora", como dizia meu pai, completando a lista dos que não são filhos ou filhas de Deus: incluindo-se e excluindo quem desejar.
      "Tenha a santa paciência", como também dizia meu pai, em tom de reprovação. 

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